O Sol é branco ou amarelo? É um debate quente e todos estão errados


A 150 milhões de quilômetros de distância, o Sol geralmente parece uma mancha branca no céu. Mas a razão pela qual muitas pessoas percebem uma tonalidade amarela tem a ver com a forma como a luz se espalha

Por María Luisa Paúl
Atualização:

THE WASHINTON POST - As crianças do mundo todo sempre desenham o Sol de um jeito um pouco diferente. As americanas tendem a esboçar um círculo amarelo cercado por linhas retas – às vezes com um rosto sorridente ou tons de preto. As japonesas fazem um círculo vermelho, não muito diferente da bandeira de seu país.

Agora, os adultos estão debatendo ferozmente sobre a cor da estrela do nosso sistema solar, com alguns insistindo que ela mudou de tonalidade desde sua infância.

Tudo começou quando a escritora Jacqui Deevoy twittou que o sol redondo e amarelo de sua infância de repente ficou branco e com uma aparência instável. Em questão de dias, o post acumulou mais de 6 milhões de visualizações e dividiu os usuários em dois campos: os que concordavam com Deevoy e os que diziam que o sol sempre pareceu branco.

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Então, de que cor é a estrela gigante: amarelo ou branco? De acordo com a ciência, é um pouco dos dois, mas também nenhum dos dois.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa. “Basicamente, quando você olha para o sol, ele tem todas as cores diferentes e é tão brilhante que os olhos disparam feito loucos e dizem: ‘É brilhante demais para eu dizer a cor’. É por isso que o sol nos parece branco.”

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A 150 milhões de quilômetros de distância, o Sol geralmente parece uma mancha branca no céu. Mas a razão pela qual muitas pessoas percebem uma tonalidade amarela tem a ver com a forma como a luz se espalha, disse Pesnell.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa Foto: REUTERS/NASA/STEREO

Moléculas no ar redirecionam os comprimentos de onda azul e violeta da luz solar, permitindo que mais amarelos e vermelhos atinjam nossos olhos. (É também por isso que o céu parece azul.) À medida que o dia se transforma em noite, a luz do sol tem de passar por uma atmosfera mais espessa – assim, mais moléculas espalham seus tons de azul e levam a exibições deslumbrantes de laranjas e vermelhos durante o pôr do sol, acrescentou ele.

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“Essencialmente”, disse Pesnell, “é uma estrela verde que parece branca porque é muito brilhante e também pode aparecer amarela, laranja ou vermelha devido ao funcionamento de nossa atmosfera”.

O que percebemos como a tonalidade do sol é, na verdade, a luz refletida nas superfícies. Quando se trata de estrelas, a cor é igual à temperatura, disse Pesnell. Quanto mais quente a estrela, mais luz azul ela emite, enquanto estrelas mais frias parecem vermelhas.

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Com uma temperatura que chega a 15 milhões de graus Celsius em seu núcleo, o Sol está “em algum lugar no meio, nesse espaço estranho onde não conseguimos perceber sua cor”, disse Pesnell – mas a massa imensa e brilhante de gases está fadada a mudar de tonalidade em um futuro muito, muito distante.

O sol é a fonte de toda a luz e calor que faz as flores desabrocharem, os pássaros cantarem e os banhistas sorrirem devido à conversão de hidrogênio em hélio que ocorre no fundo de seu núcleo. No entanto, esse gás hidrogênio vai acabar. O Sol vai crescer e ganhar um tom vermelho escuro antes de engolir a Terra e outros planetas próximos. Então, disse Pesnell, o Sol vai brilhar azul brilhante por um tempo – e depois escurecer em uma temperatura tão baixa que sua cor se tornará imperceptível.

Pessoas observam eclipse em cidade da Itália Foto: REUTERS/Antonio Parrinello
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Esse dia do juízo final, no entanto, não está previsto para pelo menos de 4 bilhões a 5 bilhões de anos.

“O Sol está na meia-idade e ainda tem muitos anos antes de mudar de cor”, disse Pesnell. “Ainda não diminuiu nem um pouco.”

Então, por que algumas pessoas estão convencidas de que ficou mais branco? Tem mais a ver com a percepção do sol do que com a astrofísica, disse Pesnell. E as percepções podem diferir de pessoa para pessoa.

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“Quando os astrônomos dizem cor, eles realmente querem dizer temperatura”, disse ele. “Mas, para qualquer pessoa comum, cor significa apenas a cor que você vê e como você enxerga o mundo”.

No sentido mais físico, cor é o que as pessoas veem quando um comprimento de onda entra nos seus olhos. Ali, células especializadas enviam sinais ao cérebro, que traduz as ondas nas cores que vemos. E embora todos recebam essencialmente as mesmas informações, o que fazemos delas é marcado por experiências de vida e pela maneira como cada pessoa foi criada, disse Alice Skelton, que pesquisa ciência da cor na Universidade de Sussex, na Inglaterra.

“Pensamos na percepção e na visão como coisas simples, com essa ideia de ‘eu tenho olhos, então eu vejo’”, disse Skelton. “Mas, na verdade, não é nada disso. É algo influenciado por onde você cresce, quando você cresce e com quem você cresce.”

Veja o famoso debate “vestido branco ou vestido azul” que dividiu o mundo em 2015. As pessoas acreditavam que a roupa era de uma cor ou de outra dependendo de sua percepção, Skelton disse: “É o mesmo estímulo, mas o que você traz consigo gera respostas diferentes. Para as pessoas que estão mais acostumadas a ficar na luz do sol, o vestido parecia de um jeito. Para aquelas que estão mais acostumadas às sombras, parecia de outro.”

A mesma coisa acontece no Círculo Polar Ártico, onde algumas crianças nascem durante longos períodos de escuridão e outras experimentam sol prolongado. Pesquisas mostraram, disse Skelton, que a hora do nascimento influencia sua capacidade de distinguir diferentes tons quando adultos. A linguagem também pode desempenhar um papel importante, acrescentou ela: algumas culturas não têm uma palavra para diferenciar entre azul e verde, por exemplo.

A criação das pessoas e como elas aprendem a associar cores a objetos também pode afetar nossas percepções, disse Skelton, o que pode estar contribuindo para o debate sobre o sol amarelo ou branco que está acontecendo no Twitter.

“Quando você é criança, não necessariamente presta muita atenção a essas questões filosóficas profundas sobre a natureza da cor e da luz da maneira que pode começar a pensar quando está sentado no seu escritório, olhando pela janela num dia ensolarado. Então, talvez você esteja só sobrepondo à sua memória aquela associação aprendida de ‘amarelo é igual a sol’, na qual você se apoiou fortemente quando criança”, disse ela.

“É só mais um bom exemplo de como é a vida que pinta as cores”, acrescentou Skelton./TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINTON POST - As crianças do mundo todo sempre desenham o Sol de um jeito um pouco diferente. As americanas tendem a esboçar um círculo amarelo cercado por linhas retas – às vezes com um rosto sorridente ou tons de preto. As japonesas fazem um círculo vermelho, não muito diferente da bandeira de seu país.

Agora, os adultos estão debatendo ferozmente sobre a cor da estrela do nosso sistema solar, com alguns insistindo que ela mudou de tonalidade desde sua infância.

Tudo começou quando a escritora Jacqui Deevoy twittou que o sol redondo e amarelo de sua infância de repente ficou branco e com uma aparência instável. Em questão de dias, o post acumulou mais de 6 milhões de visualizações e dividiu os usuários em dois campos: os que concordavam com Deevoy e os que diziam que o sol sempre pareceu branco.

Então, de que cor é a estrela gigante: amarelo ou branco? De acordo com a ciência, é um pouco dos dois, mas também nenhum dos dois.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa. “Basicamente, quando você olha para o sol, ele tem todas as cores diferentes e é tão brilhante que os olhos disparam feito loucos e dizem: ‘É brilhante demais para eu dizer a cor’. É por isso que o sol nos parece branco.”

A 150 milhões de quilômetros de distância, o Sol geralmente parece uma mancha branca no céu. Mas a razão pela qual muitas pessoas percebem uma tonalidade amarela tem a ver com a forma como a luz se espalha, disse Pesnell.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa Foto: REUTERS/NASA/STEREO

Moléculas no ar redirecionam os comprimentos de onda azul e violeta da luz solar, permitindo que mais amarelos e vermelhos atinjam nossos olhos. (É também por isso que o céu parece azul.) À medida que o dia se transforma em noite, a luz do sol tem de passar por uma atmosfera mais espessa – assim, mais moléculas espalham seus tons de azul e levam a exibições deslumbrantes de laranjas e vermelhos durante o pôr do sol, acrescentou ele.

“Essencialmente”, disse Pesnell, “é uma estrela verde que parece branca porque é muito brilhante e também pode aparecer amarela, laranja ou vermelha devido ao funcionamento de nossa atmosfera”.

O que percebemos como a tonalidade do sol é, na verdade, a luz refletida nas superfícies. Quando se trata de estrelas, a cor é igual à temperatura, disse Pesnell. Quanto mais quente a estrela, mais luz azul ela emite, enquanto estrelas mais frias parecem vermelhas.

Com uma temperatura que chega a 15 milhões de graus Celsius em seu núcleo, o Sol está “em algum lugar no meio, nesse espaço estranho onde não conseguimos perceber sua cor”, disse Pesnell – mas a massa imensa e brilhante de gases está fadada a mudar de tonalidade em um futuro muito, muito distante.

O sol é a fonte de toda a luz e calor que faz as flores desabrocharem, os pássaros cantarem e os banhistas sorrirem devido à conversão de hidrogênio em hélio que ocorre no fundo de seu núcleo. No entanto, esse gás hidrogênio vai acabar. O Sol vai crescer e ganhar um tom vermelho escuro antes de engolir a Terra e outros planetas próximos. Então, disse Pesnell, o Sol vai brilhar azul brilhante por um tempo – e depois escurecer em uma temperatura tão baixa que sua cor se tornará imperceptível.

Pessoas observam eclipse em cidade da Itália Foto: REUTERS/Antonio Parrinello

Esse dia do juízo final, no entanto, não está previsto para pelo menos de 4 bilhões a 5 bilhões de anos.

“O Sol está na meia-idade e ainda tem muitos anos antes de mudar de cor”, disse Pesnell. “Ainda não diminuiu nem um pouco.”

Então, por que algumas pessoas estão convencidas de que ficou mais branco? Tem mais a ver com a percepção do sol do que com a astrofísica, disse Pesnell. E as percepções podem diferir de pessoa para pessoa.

“Quando os astrônomos dizem cor, eles realmente querem dizer temperatura”, disse ele. “Mas, para qualquer pessoa comum, cor significa apenas a cor que você vê e como você enxerga o mundo”.

No sentido mais físico, cor é o que as pessoas veem quando um comprimento de onda entra nos seus olhos. Ali, células especializadas enviam sinais ao cérebro, que traduz as ondas nas cores que vemos. E embora todos recebam essencialmente as mesmas informações, o que fazemos delas é marcado por experiências de vida e pela maneira como cada pessoa foi criada, disse Alice Skelton, que pesquisa ciência da cor na Universidade de Sussex, na Inglaterra.

“Pensamos na percepção e na visão como coisas simples, com essa ideia de ‘eu tenho olhos, então eu vejo’”, disse Skelton. “Mas, na verdade, não é nada disso. É algo influenciado por onde você cresce, quando você cresce e com quem você cresce.”

Veja o famoso debate “vestido branco ou vestido azul” que dividiu o mundo em 2015. As pessoas acreditavam que a roupa era de uma cor ou de outra dependendo de sua percepção, Skelton disse: “É o mesmo estímulo, mas o que você traz consigo gera respostas diferentes. Para as pessoas que estão mais acostumadas a ficar na luz do sol, o vestido parecia de um jeito. Para aquelas que estão mais acostumadas às sombras, parecia de outro.”

A mesma coisa acontece no Círculo Polar Ártico, onde algumas crianças nascem durante longos períodos de escuridão e outras experimentam sol prolongado. Pesquisas mostraram, disse Skelton, que a hora do nascimento influencia sua capacidade de distinguir diferentes tons quando adultos. A linguagem também pode desempenhar um papel importante, acrescentou ela: algumas culturas não têm uma palavra para diferenciar entre azul e verde, por exemplo.

A criação das pessoas e como elas aprendem a associar cores a objetos também pode afetar nossas percepções, disse Skelton, o que pode estar contribuindo para o debate sobre o sol amarelo ou branco que está acontecendo no Twitter.

“Quando você é criança, não necessariamente presta muita atenção a essas questões filosóficas profundas sobre a natureza da cor e da luz da maneira que pode começar a pensar quando está sentado no seu escritório, olhando pela janela num dia ensolarado. Então, talvez você esteja só sobrepondo à sua memória aquela associação aprendida de ‘amarelo é igual a sol’, na qual você se apoiou fortemente quando criança”, disse ela.

“É só mais um bom exemplo de como é a vida que pinta as cores”, acrescentou Skelton./TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINTON POST - As crianças do mundo todo sempre desenham o Sol de um jeito um pouco diferente. As americanas tendem a esboçar um círculo amarelo cercado por linhas retas – às vezes com um rosto sorridente ou tons de preto. As japonesas fazem um círculo vermelho, não muito diferente da bandeira de seu país.

Agora, os adultos estão debatendo ferozmente sobre a cor da estrela do nosso sistema solar, com alguns insistindo que ela mudou de tonalidade desde sua infância.

Tudo começou quando a escritora Jacqui Deevoy twittou que o sol redondo e amarelo de sua infância de repente ficou branco e com uma aparência instável. Em questão de dias, o post acumulou mais de 6 milhões de visualizações e dividiu os usuários em dois campos: os que concordavam com Deevoy e os que diziam que o sol sempre pareceu branco.

Então, de que cor é a estrela gigante: amarelo ou branco? De acordo com a ciência, é um pouco dos dois, mas também nenhum dos dois.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa. “Basicamente, quando você olha para o sol, ele tem todas as cores diferentes e é tão brilhante que os olhos disparam feito loucos e dizem: ‘É brilhante demais para eu dizer a cor’. É por isso que o sol nos parece branco.”

A 150 milhões de quilômetros de distância, o Sol geralmente parece uma mancha branca no céu. Mas a razão pela qual muitas pessoas percebem uma tonalidade amarela tem a ver com a forma como a luz se espalha, disse Pesnell.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa Foto: REUTERS/NASA/STEREO

Moléculas no ar redirecionam os comprimentos de onda azul e violeta da luz solar, permitindo que mais amarelos e vermelhos atinjam nossos olhos. (É também por isso que o céu parece azul.) À medida que o dia se transforma em noite, a luz do sol tem de passar por uma atmosfera mais espessa – assim, mais moléculas espalham seus tons de azul e levam a exibições deslumbrantes de laranjas e vermelhos durante o pôr do sol, acrescentou ele.

“Essencialmente”, disse Pesnell, “é uma estrela verde que parece branca porque é muito brilhante e também pode aparecer amarela, laranja ou vermelha devido ao funcionamento de nossa atmosfera”.

O que percebemos como a tonalidade do sol é, na verdade, a luz refletida nas superfícies. Quando se trata de estrelas, a cor é igual à temperatura, disse Pesnell. Quanto mais quente a estrela, mais luz azul ela emite, enquanto estrelas mais frias parecem vermelhas.

Com uma temperatura que chega a 15 milhões de graus Celsius em seu núcleo, o Sol está “em algum lugar no meio, nesse espaço estranho onde não conseguimos perceber sua cor”, disse Pesnell – mas a massa imensa e brilhante de gases está fadada a mudar de tonalidade em um futuro muito, muito distante.

O sol é a fonte de toda a luz e calor que faz as flores desabrocharem, os pássaros cantarem e os banhistas sorrirem devido à conversão de hidrogênio em hélio que ocorre no fundo de seu núcleo. No entanto, esse gás hidrogênio vai acabar. O Sol vai crescer e ganhar um tom vermelho escuro antes de engolir a Terra e outros planetas próximos. Então, disse Pesnell, o Sol vai brilhar azul brilhante por um tempo – e depois escurecer em uma temperatura tão baixa que sua cor se tornará imperceptível.

Pessoas observam eclipse em cidade da Itália Foto: REUTERS/Antonio Parrinello

Esse dia do juízo final, no entanto, não está previsto para pelo menos de 4 bilhões a 5 bilhões de anos.

“O Sol está na meia-idade e ainda tem muitos anos antes de mudar de cor”, disse Pesnell. “Ainda não diminuiu nem um pouco.”

Então, por que algumas pessoas estão convencidas de que ficou mais branco? Tem mais a ver com a percepção do sol do que com a astrofísica, disse Pesnell. E as percepções podem diferir de pessoa para pessoa.

“Quando os astrônomos dizem cor, eles realmente querem dizer temperatura”, disse ele. “Mas, para qualquer pessoa comum, cor significa apenas a cor que você vê e como você enxerga o mundo”.

No sentido mais físico, cor é o que as pessoas veem quando um comprimento de onda entra nos seus olhos. Ali, células especializadas enviam sinais ao cérebro, que traduz as ondas nas cores que vemos. E embora todos recebam essencialmente as mesmas informações, o que fazemos delas é marcado por experiências de vida e pela maneira como cada pessoa foi criada, disse Alice Skelton, que pesquisa ciência da cor na Universidade de Sussex, na Inglaterra.

“Pensamos na percepção e na visão como coisas simples, com essa ideia de ‘eu tenho olhos, então eu vejo’”, disse Skelton. “Mas, na verdade, não é nada disso. É algo influenciado por onde você cresce, quando você cresce e com quem você cresce.”

Veja o famoso debate “vestido branco ou vestido azul” que dividiu o mundo em 2015. As pessoas acreditavam que a roupa era de uma cor ou de outra dependendo de sua percepção, Skelton disse: “É o mesmo estímulo, mas o que você traz consigo gera respostas diferentes. Para as pessoas que estão mais acostumadas a ficar na luz do sol, o vestido parecia de um jeito. Para aquelas que estão mais acostumadas às sombras, parecia de outro.”

A mesma coisa acontece no Círculo Polar Ártico, onde algumas crianças nascem durante longos períodos de escuridão e outras experimentam sol prolongado. Pesquisas mostraram, disse Skelton, que a hora do nascimento influencia sua capacidade de distinguir diferentes tons quando adultos. A linguagem também pode desempenhar um papel importante, acrescentou ela: algumas culturas não têm uma palavra para diferenciar entre azul e verde, por exemplo.

A criação das pessoas e como elas aprendem a associar cores a objetos também pode afetar nossas percepções, disse Skelton, o que pode estar contribuindo para o debate sobre o sol amarelo ou branco que está acontecendo no Twitter.

“Quando você é criança, não necessariamente presta muita atenção a essas questões filosóficas profundas sobre a natureza da cor e da luz da maneira que pode começar a pensar quando está sentado no seu escritório, olhando pela janela num dia ensolarado. Então, talvez você esteja só sobrepondo à sua memória aquela associação aprendida de ‘amarelo é igual a sol’, na qual você se apoiou fortemente quando criança”, disse ela.

“É só mais um bom exemplo de como é a vida que pinta as cores”, acrescentou Skelton./TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINTON POST - As crianças do mundo todo sempre desenham o Sol de um jeito um pouco diferente. As americanas tendem a esboçar um círculo amarelo cercado por linhas retas – às vezes com um rosto sorridente ou tons de preto. As japonesas fazem um círculo vermelho, não muito diferente da bandeira de seu país.

Agora, os adultos estão debatendo ferozmente sobre a cor da estrela do nosso sistema solar, com alguns insistindo que ela mudou de tonalidade desde sua infância.

Tudo começou quando a escritora Jacqui Deevoy twittou que o sol redondo e amarelo de sua infância de repente ficou branco e com uma aparência instável. Em questão de dias, o post acumulou mais de 6 milhões de visualizações e dividiu os usuários em dois campos: os que concordavam com Deevoy e os que diziam que o sol sempre pareceu branco.

Então, de que cor é a estrela gigante: amarelo ou branco? De acordo com a ciência, é um pouco dos dois, mas também nenhum dos dois.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa. “Basicamente, quando você olha para o sol, ele tem todas as cores diferentes e é tão brilhante que os olhos disparam feito loucos e dizem: ‘É brilhante demais para eu dizer a cor’. É por isso que o sol nos parece branco.”

A 150 milhões de quilômetros de distância, o Sol geralmente parece uma mancha branca no céu. Mas a razão pela qual muitas pessoas percebem uma tonalidade amarela tem a ver com a forma como a luz se espalha, disse Pesnell.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa Foto: REUTERS/NASA/STEREO

Moléculas no ar redirecionam os comprimentos de onda azul e violeta da luz solar, permitindo que mais amarelos e vermelhos atinjam nossos olhos. (É também por isso que o céu parece azul.) À medida que o dia se transforma em noite, a luz do sol tem de passar por uma atmosfera mais espessa – assim, mais moléculas espalham seus tons de azul e levam a exibições deslumbrantes de laranjas e vermelhos durante o pôr do sol, acrescentou ele.

“Essencialmente”, disse Pesnell, “é uma estrela verde que parece branca porque é muito brilhante e também pode aparecer amarela, laranja ou vermelha devido ao funcionamento de nossa atmosfera”.

O que percebemos como a tonalidade do sol é, na verdade, a luz refletida nas superfícies. Quando se trata de estrelas, a cor é igual à temperatura, disse Pesnell. Quanto mais quente a estrela, mais luz azul ela emite, enquanto estrelas mais frias parecem vermelhas.

Com uma temperatura que chega a 15 milhões de graus Celsius em seu núcleo, o Sol está “em algum lugar no meio, nesse espaço estranho onde não conseguimos perceber sua cor”, disse Pesnell – mas a massa imensa e brilhante de gases está fadada a mudar de tonalidade em um futuro muito, muito distante.

O sol é a fonte de toda a luz e calor que faz as flores desabrocharem, os pássaros cantarem e os banhistas sorrirem devido à conversão de hidrogênio em hélio que ocorre no fundo de seu núcleo. No entanto, esse gás hidrogênio vai acabar. O Sol vai crescer e ganhar um tom vermelho escuro antes de engolir a Terra e outros planetas próximos. Então, disse Pesnell, o Sol vai brilhar azul brilhante por um tempo – e depois escurecer em uma temperatura tão baixa que sua cor se tornará imperceptível.

Pessoas observam eclipse em cidade da Itália Foto: REUTERS/Antonio Parrinello

Esse dia do juízo final, no entanto, não está previsto para pelo menos de 4 bilhões a 5 bilhões de anos.

“O Sol está na meia-idade e ainda tem muitos anos antes de mudar de cor”, disse Pesnell. “Ainda não diminuiu nem um pouco.”

Então, por que algumas pessoas estão convencidas de que ficou mais branco? Tem mais a ver com a percepção do sol do que com a astrofísica, disse Pesnell. E as percepções podem diferir de pessoa para pessoa.

“Quando os astrônomos dizem cor, eles realmente querem dizer temperatura”, disse ele. “Mas, para qualquer pessoa comum, cor significa apenas a cor que você vê e como você enxerga o mundo”.

No sentido mais físico, cor é o que as pessoas veem quando um comprimento de onda entra nos seus olhos. Ali, células especializadas enviam sinais ao cérebro, que traduz as ondas nas cores que vemos. E embora todos recebam essencialmente as mesmas informações, o que fazemos delas é marcado por experiências de vida e pela maneira como cada pessoa foi criada, disse Alice Skelton, que pesquisa ciência da cor na Universidade de Sussex, na Inglaterra.

“Pensamos na percepção e na visão como coisas simples, com essa ideia de ‘eu tenho olhos, então eu vejo’”, disse Skelton. “Mas, na verdade, não é nada disso. É algo influenciado por onde você cresce, quando você cresce e com quem você cresce.”

Veja o famoso debate “vestido branco ou vestido azul” que dividiu o mundo em 2015. As pessoas acreditavam que a roupa era de uma cor ou de outra dependendo de sua percepção, Skelton disse: “É o mesmo estímulo, mas o que você traz consigo gera respostas diferentes. Para as pessoas que estão mais acostumadas a ficar na luz do sol, o vestido parecia de um jeito. Para aquelas que estão mais acostumadas às sombras, parecia de outro.”

A mesma coisa acontece no Círculo Polar Ártico, onde algumas crianças nascem durante longos períodos de escuridão e outras experimentam sol prolongado. Pesquisas mostraram, disse Skelton, que a hora do nascimento influencia sua capacidade de distinguir diferentes tons quando adultos. A linguagem também pode desempenhar um papel importante, acrescentou ela: algumas culturas não têm uma palavra para diferenciar entre azul e verde, por exemplo.

A criação das pessoas e como elas aprendem a associar cores a objetos também pode afetar nossas percepções, disse Skelton, o que pode estar contribuindo para o debate sobre o sol amarelo ou branco que está acontecendo no Twitter.

“Quando você é criança, não necessariamente presta muita atenção a essas questões filosóficas profundas sobre a natureza da cor e da luz da maneira que pode começar a pensar quando está sentado no seu escritório, olhando pela janela num dia ensolarado. Então, talvez você esteja só sobrepondo à sua memória aquela associação aprendida de ‘amarelo é igual a sol’, na qual você se apoiou fortemente quando criança”, disse ela.

“É só mais um bom exemplo de como é a vida que pinta as cores”, acrescentou Skelton./TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE WASHINTON POST - As crianças do mundo todo sempre desenham o Sol de um jeito um pouco diferente. As americanas tendem a esboçar um círculo amarelo cercado por linhas retas – às vezes com um rosto sorridente ou tons de preto. As japonesas fazem um círculo vermelho, não muito diferente da bandeira de seu país.

Agora, os adultos estão debatendo ferozmente sobre a cor da estrela do nosso sistema solar, com alguns insistindo que ela mudou de tonalidade desde sua infância.

Tudo começou quando a escritora Jacqui Deevoy twittou que o sol redondo e amarelo de sua infância de repente ficou branco e com uma aparência instável. Em questão de dias, o post acumulou mais de 6 milhões de visualizações e dividiu os usuários em dois campos: os que concordavam com Deevoy e os que diziam que o sol sempre pareceu branco.

Então, de que cor é a estrela gigante: amarelo ou branco? De acordo com a ciência, é um pouco dos dois, mas também nenhum dos dois.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa. “Basicamente, quando você olha para o sol, ele tem todas as cores diferentes e é tão brilhante que os olhos disparam feito loucos e dizem: ‘É brilhante demais para eu dizer a cor’. É por isso que o sol nos parece branco.”

A 150 milhões de quilômetros de distância, o Sol geralmente parece uma mancha branca no céu. Mas a razão pela qual muitas pessoas percebem uma tonalidade amarela tem a ver com a forma como a luz se espalha, disse Pesnell.

“O Sol pareceria verde se nossos olhos conseguissem olhar direto para ele”, disse W. Dean Pesnell, cientista do projeto do Solar Dynamics Observatory da Nasa Foto: REUTERS/NASA/STEREO

Moléculas no ar redirecionam os comprimentos de onda azul e violeta da luz solar, permitindo que mais amarelos e vermelhos atinjam nossos olhos. (É também por isso que o céu parece azul.) À medida que o dia se transforma em noite, a luz do sol tem de passar por uma atmosfera mais espessa – assim, mais moléculas espalham seus tons de azul e levam a exibições deslumbrantes de laranjas e vermelhos durante o pôr do sol, acrescentou ele.

“Essencialmente”, disse Pesnell, “é uma estrela verde que parece branca porque é muito brilhante e também pode aparecer amarela, laranja ou vermelha devido ao funcionamento de nossa atmosfera”.

O que percebemos como a tonalidade do sol é, na verdade, a luz refletida nas superfícies. Quando se trata de estrelas, a cor é igual à temperatura, disse Pesnell. Quanto mais quente a estrela, mais luz azul ela emite, enquanto estrelas mais frias parecem vermelhas.

Com uma temperatura que chega a 15 milhões de graus Celsius em seu núcleo, o Sol está “em algum lugar no meio, nesse espaço estranho onde não conseguimos perceber sua cor”, disse Pesnell – mas a massa imensa e brilhante de gases está fadada a mudar de tonalidade em um futuro muito, muito distante.

O sol é a fonte de toda a luz e calor que faz as flores desabrocharem, os pássaros cantarem e os banhistas sorrirem devido à conversão de hidrogênio em hélio que ocorre no fundo de seu núcleo. No entanto, esse gás hidrogênio vai acabar. O Sol vai crescer e ganhar um tom vermelho escuro antes de engolir a Terra e outros planetas próximos. Então, disse Pesnell, o Sol vai brilhar azul brilhante por um tempo – e depois escurecer em uma temperatura tão baixa que sua cor se tornará imperceptível.

Pessoas observam eclipse em cidade da Itália Foto: REUTERS/Antonio Parrinello

Esse dia do juízo final, no entanto, não está previsto para pelo menos de 4 bilhões a 5 bilhões de anos.

“O Sol está na meia-idade e ainda tem muitos anos antes de mudar de cor”, disse Pesnell. “Ainda não diminuiu nem um pouco.”

Então, por que algumas pessoas estão convencidas de que ficou mais branco? Tem mais a ver com a percepção do sol do que com a astrofísica, disse Pesnell. E as percepções podem diferir de pessoa para pessoa.

“Quando os astrônomos dizem cor, eles realmente querem dizer temperatura”, disse ele. “Mas, para qualquer pessoa comum, cor significa apenas a cor que você vê e como você enxerga o mundo”.

No sentido mais físico, cor é o que as pessoas veem quando um comprimento de onda entra nos seus olhos. Ali, células especializadas enviam sinais ao cérebro, que traduz as ondas nas cores que vemos. E embora todos recebam essencialmente as mesmas informações, o que fazemos delas é marcado por experiências de vida e pela maneira como cada pessoa foi criada, disse Alice Skelton, que pesquisa ciência da cor na Universidade de Sussex, na Inglaterra.

“Pensamos na percepção e na visão como coisas simples, com essa ideia de ‘eu tenho olhos, então eu vejo’”, disse Skelton. “Mas, na verdade, não é nada disso. É algo influenciado por onde você cresce, quando você cresce e com quem você cresce.”

Veja o famoso debate “vestido branco ou vestido azul” que dividiu o mundo em 2015. As pessoas acreditavam que a roupa era de uma cor ou de outra dependendo de sua percepção, Skelton disse: “É o mesmo estímulo, mas o que você traz consigo gera respostas diferentes. Para as pessoas que estão mais acostumadas a ficar na luz do sol, o vestido parecia de um jeito. Para aquelas que estão mais acostumadas às sombras, parecia de outro.”

A mesma coisa acontece no Círculo Polar Ártico, onde algumas crianças nascem durante longos períodos de escuridão e outras experimentam sol prolongado. Pesquisas mostraram, disse Skelton, que a hora do nascimento influencia sua capacidade de distinguir diferentes tons quando adultos. A linguagem também pode desempenhar um papel importante, acrescentou ela: algumas culturas não têm uma palavra para diferenciar entre azul e verde, por exemplo.

A criação das pessoas e como elas aprendem a associar cores a objetos também pode afetar nossas percepções, disse Skelton, o que pode estar contribuindo para o debate sobre o sol amarelo ou branco que está acontecendo no Twitter.

“Quando você é criança, não necessariamente presta muita atenção a essas questões filosóficas profundas sobre a natureza da cor e da luz da maneira que pode começar a pensar quando está sentado no seu escritório, olhando pela janela num dia ensolarado. Então, talvez você esteja só sobrepondo à sua memória aquela associação aprendida de ‘amarelo é igual a sol’, na qual você se apoiou fortemente quando criança”, disse ela.

“É só mais um bom exemplo de como é a vida que pinta as cores”, acrescentou Skelton./TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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