Paleontólogo acha ninhada com ovos de crocodilo e dinossauro no interior de São Paulo


Descoberta rara em Presidente Prudente pode trazer novas luzes para o estudo da fauna mais remota que já viveu no Estado durante o período cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás

Por José Maria Tomazela

SOROCABA - Uma ninhada de ovos fossilizados da época dos dinossauros, encontrada em um sítio paleontológico de Presidente Prudente, pode trazer novas luzes para o estudo da fauna mais remota que já viveu no interior de São Paulo. O paleontólogo William Nava anunciou nessa quinta-feira, 10, ter encontrado cerca de 20 ovos que podem ser de crocodilos que conviveram com os dinossauros no período cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás. Ele achou ainda um ovo que pode ser de um terópode, pequeno dinossauro carnívoro. "É uma descoberta importante e rara, uma vez que ovos fossilizados são difíceis de preservar, devido à sua estrutura frágil", disse.

William Nava encontrou uma ninhada de ovos fósseis que podem ser de crocodilos jurássicos e de um dinossauro, em Presidente Prudente, interior de São Paulo Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Os achados aconteceram em um sítio que vem sendo escavado desde 2004 pelo pesquisador nos arredores da cidade. Os ovos, medindo entre seis e oito centímetros, estavam muito próximos um do outro, caracterizando a ninhada, possivelmente, de um crocodilomorfo, um réptil ancestral. Já um ovo um pouco maior pode ser do dinossauro carnívoro, segundo ele. "Ainda dependemos de análise desse material em lâmina (microscópio) para confirmar, mas ovos fossilizados de dinossauros ainda não tinham sido encontrados no Estado de São Paulo", disse.

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Sobre os ovos do crocodilo jurássico, ele tem poucas dúvidas, pois já encontrou dois exemplares semelhantes no início dos anos 2000, em Marília. "Estes têm casca e formato típicos daqueles que encontramos próximo do esqueleto fóssil que foi identificado como Mariliasuchus amarali, o crocodilo de Marília. Na época, a pesquisadora Claudia Magalhães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou os ovos como sendo de crocodilo. Só que, desta vez, os ovos estavam isolados, sem a presença de ossos por perto", disse.

O paleontólogo Willian Nava exibe a ninhada de ovos fossilizados que encontrou no sítio paleontológico de Presidente Prudente. Análises devem apontar se são ovos de crocodilos pré-históricos e, um deles, de um dinossauro carnívoro Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Nava lembra que o encontro de ninhadas é raríssimo, sem precedentes no Brasil. "Sabemos de ovos de crocodilomorfos achados em Monte Alto (SP), associados ao Baurusuchus, mas nunca mais do que quatro ou cinco. Aqui temos entre 20 e 22, o que merece um estudo mais cauteloso", disse. Na época, segundo ele, a região era quente e árida, com rios entremeados e, provavelmente, os crocodilomorfos faziam a postura em buracos na areia ou eles mesmos cavavam um buraco para pôr os ovos à beira da água. "Pode ter havido um soterramento que encobriu a ninhada, mantendo os ovos intactos", afirmou.

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Os ovos foram levados para o Museu de Paleontologia de Marília, do qual Nava é o curador. Ele conta que o material será analisado nos laboratórios da Universidade de Brasília (UnB) por uma equipe de especialistas como o paleontólogo Rodrigo Santucci, da UnB e da Sociedade Brasileira de Paleontologia, e o argentino Agustin Martinelli, do Museu de Ciências Naturais de Buenos Aires. Para a identificação, fragmentos da casca são submetidos a análises microscópicas que medem a presença de carbonatos e outros minerais.

O estudo pode indicar a possível presença de um embrião no interior dos ovos, o que facilitaria determinar a espécie do animal que o produziu. "Que eu saiba, ainda não se achou ovo fóssil com embrião no Brasil", disse. Depois de identificados, os ovos devem ser expostos no Museu de Marília, que atualmente passa por reformas. No sítio onde achou a ninhada, Nava já havia encontrado grande quantidade de fósseis de pequenas aves-dinossauros que estão sendo estudadas em parceria com o museu argentino e o Museu de História Natural de Los Angeles (EUA).

Ele conta que os ovos foram encontrados por acaso, a 40 metros das escavações onde achou os fósseis de pássaros. "Em agosto do ano passado, a meu pedido, a prefeitura de Presidente Prudente mandou cercar o terreno com alambrado para proteger o sítio paleontológico. Na abertura dos buracos para sustentar a cerca, apareceram algumas cascas de ovos fossilizados. Isso nos deixa a impressão de que temos muito material ainda enterrado nesse local." O sítio ganhou o nome de William’s Quarry (pedreira do William) em homenagem ao paleontólogo.

SOROCABA - Uma ninhada de ovos fossilizados da época dos dinossauros, encontrada em um sítio paleontológico de Presidente Prudente, pode trazer novas luzes para o estudo da fauna mais remota que já viveu no interior de São Paulo. O paleontólogo William Nava anunciou nessa quinta-feira, 10, ter encontrado cerca de 20 ovos que podem ser de crocodilos que conviveram com os dinossauros no período cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás. Ele achou ainda um ovo que pode ser de um terópode, pequeno dinossauro carnívoro. "É uma descoberta importante e rara, uma vez que ovos fossilizados são difíceis de preservar, devido à sua estrutura frágil", disse.

William Nava encontrou uma ninhada de ovos fósseis que podem ser de crocodilos jurássicos e de um dinossauro, em Presidente Prudente, interior de São Paulo Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Os achados aconteceram em um sítio que vem sendo escavado desde 2004 pelo pesquisador nos arredores da cidade. Os ovos, medindo entre seis e oito centímetros, estavam muito próximos um do outro, caracterizando a ninhada, possivelmente, de um crocodilomorfo, um réptil ancestral. Já um ovo um pouco maior pode ser do dinossauro carnívoro, segundo ele. "Ainda dependemos de análise desse material em lâmina (microscópio) para confirmar, mas ovos fossilizados de dinossauros ainda não tinham sido encontrados no Estado de São Paulo", disse.

Sobre os ovos do crocodilo jurássico, ele tem poucas dúvidas, pois já encontrou dois exemplares semelhantes no início dos anos 2000, em Marília. "Estes têm casca e formato típicos daqueles que encontramos próximo do esqueleto fóssil que foi identificado como Mariliasuchus amarali, o crocodilo de Marília. Na época, a pesquisadora Claudia Magalhães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou os ovos como sendo de crocodilo. Só que, desta vez, os ovos estavam isolados, sem a presença de ossos por perto", disse.

O paleontólogo Willian Nava exibe a ninhada de ovos fossilizados que encontrou no sítio paleontológico de Presidente Prudente. Análises devem apontar se são ovos de crocodilos pré-históricos e, um deles, de um dinossauro carnívoro Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Nava lembra que o encontro de ninhadas é raríssimo, sem precedentes no Brasil. "Sabemos de ovos de crocodilomorfos achados em Monte Alto (SP), associados ao Baurusuchus, mas nunca mais do que quatro ou cinco. Aqui temos entre 20 e 22, o que merece um estudo mais cauteloso", disse. Na época, segundo ele, a região era quente e árida, com rios entremeados e, provavelmente, os crocodilomorfos faziam a postura em buracos na areia ou eles mesmos cavavam um buraco para pôr os ovos à beira da água. "Pode ter havido um soterramento que encobriu a ninhada, mantendo os ovos intactos", afirmou.

Os ovos foram levados para o Museu de Paleontologia de Marília, do qual Nava é o curador. Ele conta que o material será analisado nos laboratórios da Universidade de Brasília (UnB) por uma equipe de especialistas como o paleontólogo Rodrigo Santucci, da UnB e da Sociedade Brasileira de Paleontologia, e o argentino Agustin Martinelli, do Museu de Ciências Naturais de Buenos Aires. Para a identificação, fragmentos da casca são submetidos a análises microscópicas que medem a presença de carbonatos e outros minerais.

O estudo pode indicar a possível presença de um embrião no interior dos ovos, o que facilitaria determinar a espécie do animal que o produziu. "Que eu saiba, ainda não se achou ovo fóssil com embrião no Brasil", disse. Depois de identificados, os ovos devem ser expostos no Museu de Marília, que atualmente passa por reformas. No sítio onde achou a ninhada, Nava já havia encontrado grande quantidade de fósseis de pequenas aves-dinossauros que estão sendo estudadas em parceria com o museu argentino e o Museu de História Natural de Los Angeles (EUA).

Ele conta que os ovos foram encontrados por acaso, a 40 metros das escavações onde achou os fósseis de pássaros. "Em agosto do ano passado, a meu pedido, a prefeitura de Presidente Prudente mandou cercar o terreno com alambrado para proteger o sítio paleontológico. Na abertura dos buracos para sustentar a cerca, apareceram algumas cascas de ovos fossilizados. Isso nos deixa a impressão de que temos muito material ainda enterrado nesse local." O sítio ganhou o nome de William’s Quarry (pedreira do William) em homenagem ao paleontólogo.

SOROCABA - Uma ninhada de ovos fossilizados da época dos dinossauros, encontrada em um sítio paleontológico de Presidente Prudente, pode trazer novas luzes para o estudo da fauna mais remota que já viveu no interior de São Paulo. O paleontólogo William Nava anunciou nessa quinta-feira, 10, ter encontrado cerca de 20 ovos que podem ser de crocodilos que conviveram com os dinossauros no período cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás. Ele achou ainda um ovo que pode ser de um terópode, pequeno dinossauro carnívoro. "É uma descoberta importante e rara, uma vez que ovos fossilizados são difíceis de preservar, devido à sua estrutura frágil", disse.

William Nava encontrou uma ninhada de ovos fósseis que podem ser de crocodilos jurássicos e de um dinossauro, em Presidente Prudente, interior de São Paulo Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Os achados aconteceram em um sítio que vem sendo escavado desde 2004 pelo pesquisador nos arredores da cidade. Os ovos, medindo entre seis e oito centímetros, estavam muito próximos um do outro, caracterizando a ninhada, possivelmente, de um crocodilomorfo, um réptil ancestral. Já um ovo um pouco maior pode ser do dinossauro carnívoro, segundo ele. "Ainda dependemos de análise desse material em lâmina (microscópio) para confirmar, mas ovos fossilizados de dinossauros ainda não tinham sido encontrados no Estado de São Paulo", disse.

Sobre os ovos do crocodilo jurássico, ele tem poucas dúvidas, pois já encontrou dois exemplares semelhantes no início dos anos 2000, em Marília. "Estes têm casca e formato típicos daqueles que encontramos próximo do esqueleto fóssil que foi identificado como Mariliasuchus amarali, o crocodilo de Marília. Na época, a pesquisadora Claudia Magalhães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou os ovos como sendo de crocodilo. Só que, desta vez, os ovos estavam isolados, sem a presença de ossos por perto", disse.

O paleontólogo Willian Nava exibe a ninhada de ovos fossilizados que encontrou no sítio paleontológico de Presidente Prudente. Análises devem apontar se são ovos de crocodilos pré-históricos e, um deles, de um dinossauro carnívoro Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Nava lembra que o encontro de ninhadas é raríssimo, sem precedentes no Brasil. "Sabemos de ovos de crocodilomorfos achados em Monte Alto (SP), associados ao Baurusuchus, mas nunca mais do que quatro ou cinco. Aqui temos entre 20 e 22, o que merece um estudo mais cauteloso", disse. Na época, segundo ele, a região era quente e árida, com rios entremeados e, provavelmente, os crocodilomorfos faziam a postura em buracos na areia ou eles mesmos cavavam um buraco para pôr os ovos à beira da água. "Pode ter havido um soterramento que encobriu a ninhada, mantendo os ovos intactos", afirmou.

Os ovos foram levados para o Museu de Paleontologia de Marília, do qual Nava é o curador. Ele conta que o material será analisado nos laboratórios da Universidade de Brasília (UnB) por uma equipe de especialistas como o paleontólogo Rodrigo Santucci, da UnB e da Sociedade Brasileira de Paleontologia, e o argentino Agustin Martinelli, do Museu de Ciências Naturais de Buenos Aires. Para a identificação, fragmentos da casca são submetidos a análises microscópicas que medem a presença de carbonatos e outros minerais.

O estudo pode indicar a possível presença de um embrião no interior dos ovos, o que facilitaria determinar a espécie do animal que o produziu. "Que eu saiba, ainda não se achou ovo fóssil com embrião no Brasil", disse. Depois de identificados, os ovos devem ser expostos no Museu de Marília, que atualmente passa por reformas. No sítio onde achou a ninhada, Nava já havia encontrado grande quantidade de fósseis de pequenas aves-dinossauros que estão sendo estudadas em parceria com o museu argentino e o Museu de História Natural de Los Angeles (EUA).

Ele conta que os ovos foram encontrados por acaso, a 40 metros das escavações onde achou os fósseis de pássaros. "Em agosto do ano passado, a meu pedido, a prefeitura de Presidente Prudente mandou cercar o terreno com alambrado para proteger o sítio paleontológico. Na abertura dos buracos para sustentar a cerca, apareceram algumas cascas de ovos fossilizados. Isso nos deixa a impressão de que temos muito material ainda enterrado nesse local." O sítio ganhou o nome de William’s Quarry (pedreira do William) em homenagem ao paleontólogo.

SOROCABA - Uma ninhada de ovos fossilizados da época dos dinossauros, encontrada em um sítio paleontológico de Presidente Prudente, pode trazer novas luzes para o estudo da fauna mais remota que já viveu no interior de São Paulo. O paleontólogo William Nava anunciou nessa quinta-feira, 10, ter encontrado cerca de 20 ovos que podem ser de crocodilos que conviveram com os dinossauros no período cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás. Ele achou ainda um ovo que pode ser de um terópode, pequeno dinossauro carnívoro. "É uma descoberta importante e rara, uma vez que ovos fossilizados são difíceis de preservar, devido à sua estrutura frágil", disse.

William Nava encontrou uma ninhada de ovos fósseis que podem ser de crocodilos jurássicos e de um dinossauro, em Presidente Prudente, interior de São Paulo Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Os achados aconteceram em um sítio que vem sendo escavado desde 2004 pelo pesquisador nos arredores da cidade. Os ovos, medindo entre seis e oito centímetros, estavam muito próximos um do outro, caracterizando a ninhada, possivelmente, de um crocodilomorfo, um réptil ancestral. Já um ovo um pouco maior pode ser do dinossauro carnívoro, segundo ele. "Ainda dependemos de análise desse material em lâmina (microscópio) para confirmar, mas ovos fossilizados de dinossauros ainda não tinham sido encontrados no Estado de São Paulo", disse.

Sobre os ovos do crocodilo jurássico, ele tem poucas dúvidas, pois já encontrou dois exemplares semelhantes no início dos anos 2000, em Marília. "Estes têm casca e formato típicos daqueles que encontramos próximo do esqueleto fóssil que foi identificado como Mariliasuchus amarali, o crocodilo de Marília. Na época, a pesquisadora Claudia Magalhães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou os ovos como sendo de crocodilo. Só que, desta vez, os ovos estavam isolados, sem a presença de ossos por perto", disse.

O paleontólogo Willian Nava exibe a ninhada de ovos fossilizados que encontrou no sítio paleontológico de Presidente Prudente. Análises devem apontar se são ovos de crocodilos pré-históricos e, um deles, de um dinossauro carnívoro Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Nava lembra que o encontro de ninhadas é raríssimo, sem precedentes no Brasil. "Sabemos de ovos de crocodilomorfos achados em Monte Alto (SP), associados ao Baurusuchus, mas nunca mais do que quatro ou cinco. Aqui temos entre 20 e 22, o que merece um estudo mais cauteloso", disse. Na época, segundo ele, a região era quente e árida, com rios entremeados e, provavelmente, os crocodilomorfos faziam a postura em buracos na areia ou eles mesmos cavavam um buraco para pôr os ovos à beira da água. "Pode ter havido um soterramento que encobriu a ninhada, mantendo os ovos intactos", afirmou.

Os ovos foram levados para o Museu de Paleontologia de Marília, do qual Nava é o curador. Ele conta que o material será analisado nos laboratórios da Universidade de Brasília (UnB) por uma equipe de especialistas como o paleontólogo Rodrigo Santucci, da UnB e da Sociedade Brasileira de Paleontologia, e o argentino Agustin Martinelli, do Museu de Ciências Naturais de Buenos Aires. Para a identificação, fragmentos da casca são submetidos a análises microscópicas que medem a presença de carbonatos e outros minerais.

O estudo pode indicar a possível presença de um embrião no interior dos ovos, o que facilitaria determinar a espécie do animal que o produziu. "Que eu saiba, ainda não se achou ovo fóssil com embrião no Brasil", disse. Depois de identificados, os ovos devem ser expostos no Museu de Marília, que atualmente passa por reformas. No sítio onde achou a ninhada, Nava já havia encontrado grande quantidade de fósseis de pequenas aves-dinossauros que estão sendo estudadas em parceria com o museu argentino e o Museu de História Natural de Los Angeles (EUA).

Ele conta que os ovos foram encontrados por acaso, a 40 metros das escavações onde achou os fósseis de pássaros. "Em agosto do ano passado, a meu pedido, a prefeitura de Presidente Prudente mandou cercar o terreno com alambrado para proteger o sítio paleontológico. Na abertura dos buracos para sustentar a cerca, apareceram algumas cascas de ovos fossilizados. Isso nos deixa a impressão de que temos muito material ainda enterrado nesse local." O sítio ganhou o nome de William’s Quarry (pedreira do William) em homenagem ao paleontólogo.

SOROCABA - Uma ninhada de ovos fossilizados da época dos dinossauros, encontrada em um sítio paleontológico de Presidente Prudente, pode trazer novas luzes para o estudo da fauna mais remota que já viveu no interior de São Paulo. O paleontólogo William Nava anunciou nessa quinta-feira, 10, ter encontrado cerca de 20 ovos que podem ser de crocodilos que conviveram com os dinossauros no período cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos atrás. Ele achou ainda um ovo que pode ser de um terópode, pequeno dinossauro carnívoro. "É uma descoberta importante e rara, uma vez que ovos fossilizados são difíceis de preservar, devido à sua estrutura frágil", disse.

William Nava encontrou uma ninhada de ovos fósseis que podem ser de crocodilos jurássicos e de um dinossauro, em Presidente Prudente, interior de São Paulo Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Os achados aconteceram em um sítio que vem sendo escavado desde 2004 pelo pesquisador nos arredores da cidade. Os ovos, medindo entre seis e oito centímetros, estavam muito próximos um do outro, caracterizando a ninhada, possivelmente, de um crocodilomorfo, um réptil ancestral. Já um ovo um pouco maior pode ser do dinossauro carnívoro, segundo ele. "Ainda dependemos de análise desse material em lâmina (microscópio) para confirmar, mas ovos fossilizados de dinossauros ainda não tinham sido encontrados no Estado de São Paulo", disse.

Sobre os ovos do crocodilo jurássico, ele tem poucas dúvidas, pois já encontrou dois exemplares semelhantes no início dos anos 2000, em Marília. "Estes têm casca e formato típicos daqueles que encontramos próximo do esqueleto fóssil que foi identificado como Mariliasuchus amarali, o crocodilo de Marília. Na época, a pesquisadora Claudia Magalhães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificou os ovos como sendo de crocodilo. Só que, desta vez, os ovos estavam isolados, sem a presença de ossos por perto", disse.

O paleontólogo Willian Nava exibe a ninhada de ovos fossilizados que encontrou no sítio paleontológico de Presidente Prudente. Análises devem apontar se são ovos de crocodilos pré-históricos e, um deles, de um dinossauro carnívoro Foto: William Nava/Museu de Paleontologia de Marília/Divulgação

Nava lembra que o encontro de ninhadas é raríssimo, sem precedentes no Brasil. "Sabemos de ovos de crocodilomorfos achados em Monte Alto (SP), associados ao Baurusuchus, mas nunca mais do que quatro ou cinco. Aqui temos entre 20 e 22, o que merece um estudo mais cauteloso", disse. Na época, segundo ele, a região era quente e árida, com rios entremeados e, provavelmente, os crocodilomorfos faziam a postura em buracos na areia ou eles mesmos cavavam um buraco para pôr os ovos à beira da água. "Pode ter havido um soterramento que encobriu a ninhada, mantendo os ovos intactos", afirmou.

Os ovos foram levados para o Museu de Paleontologia de Marília, do qual Nava é o curador. Ele conta que o material será analisado nos laboratórios da Universidade de Brasília (UnB) por uma equipe de especialistas como o paleontólogo Rodrigo Santucci, da UnB e da Sociedade Brasileira de Paleontologia, e o argentino Agustin Martinelli, do Museu de Ciências Naturais de Buenos Aires. Para a identificação, fragmentos da casca são submetidos a análises microscópicas que medem a presença de carbonatos e outros minerais.

O estudo pode indicar a possível presença de um embrião no interior dos ovos, o que facilitaria determinar a espécie do animal que o produziu. "Que eu saiba, ainda não se achou ovo fóssil com embrião no Brasil", disse. Depois de identificados, os ovos devem ser expostos no Museu de Marília, que atualmente passa por reformas. No sítio onde achou a ninhada, Nava já havia encontrado grande quantidade de fósseis de pequenas aves-dinossauros que estão sendo estudadas em parceria com o museu argentino e o Museu de História Natural de Los Angeles (EUA).

Ele conta que os ovos foram encontrados por acaso, a 40 metros das escavações onde achou os fósseis de pássaros. "Em agosto do ano passado, a meu pedido, a prefeitura de Presidente Prudente mandou cercar o terreno com alambrado para proteger o sítio paleontológico. Na abertura dos buracos para sustentar a cerca, apareceram algumas cascas de ovos fossilizados. Isso nos deixa a impressão de que temos muito material ainda enterrado nesse local." O sítio ganhou o nome de William’s Quarry (pedreira do William) em homenagem ao paleontólogo.

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