Placentas humanas com microplástico: novo estudo acende alerta entre cientistas


Pesquisa americana identificou material em 62 amostras de tecido; além de serem uma ameaça para a saúde, materiais poluentes prejudicam a biodiversidade, sobretudo marinha

Por Ramana Rech
Atualização:

Um novo estudo encontrou microplásticos em placentas de seres humanos. Os resultados preocupam cientistas, já que podem indicar problemas de saúde no futuro à medida que o uso desses materiais têm aumentado rapidamente.

Contaminação por microplásticos tem sido uma das principais ameaças em ambientes marinhos Foto: Pcess609/Adobe Stock

Pesquisadores liderados por Matthew Campen, professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Novo México (EUA), analisaram 62 tecidos de placentas doados. Eles identificaram que a concentração de microplásticos varia entre 6,5 microgramas e 690 microgramas por grama de tecido. Os resultados foram publicados na revista Toxicological Sciences.

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Os microplásticos são partículas minúsculas, com menos de cinco milímetros de diâmetro. Eles são eliminados a partir de materiais plásticos comuns. Estão no ar, na água e no solo a partir da decomposição de garrafas, embalagens, tinta e outros produtos feitos de plástico.

Na pesquisa americana, o polímero mais comum encontrado nas placentas foi o polietileno, que também compõe o material de bolsas e garrafas de plástico. Eles somaram 54% do total de microplásticos encontrados nas placentas.

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Outros 10% do grupo consiste em partículas de policloreto de vinil (mais conhecido como PVC) e nylon. Os pesquisadores observaram ainda outros nove polímeros diferentes nos tecidos.

Campen destacou que os efeitos na saúde humana podem piorar com o aumento dos microplásticos no meio ambiente. Por ora, o impacto deles no corpo humano não está claro.

Para o cientista, concentrações crescentes de microplásticos podem estar ligados ao aumento de alguns problemas de saúde, como inflamações intestinais e até certos tipos de câncer.

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A presença de microplástico na placenta é ainda mais preocupante, já que o órgão tem apenas oito meses de idade (a placenta começa a se formar após o primeiro mês de gestação). Outros órgãos, portanto, pode acumular plástico por muito mais tempo.

Outro pesquisador do trabalho, Marcus Garcia, destacou as dificuldades de quantificar os microplásticos presentes no tecido humano. Isso porque, normalmente, cientistas costumam contar o número de partículas de plástico por meio de um microscópio.

Mas muitas partículas são pequenas demais para serem vistas apenas com a ajuda da ferramenta. Na pesquisa coordenada por Campen, para conseguir analisar os microplásticos, a equipe usou uma técnica chamada de saponificação.

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Seguindo esse método, os pesquisadores precisaram retirar a camada de plástico das placentas para, em seguida, a esquentar sob 600 ºC. Eles conseguem identificar os diferentes tipos de polímeros a partir da temperatura de combustão de cada um deles.

Aumento dos microplásticos

O uso mundial de plásticos cresce de forma exponencial desde 1950, sendo que cerca de dois terços do que já foi produzido já foram descartados. As partículas dos produtos deixados em aterros sanitários logo chegam ao solo e às águas subterrâneas.

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Plantas e outros animais, que servirão para a alimentação humana, são atingidos por essa contaminação. A poluição com esses materiais, sobretudo nos ambientes marinhos, é uma das principais ameaças à biodiversidade.

“Mesmo se parássemos agora (de produzir plástico), em 2050 haverá três vezes mais plástico no ambiente do que atualmente. E nós não vamos parar hoje”, alerta Campen. O professor afirma que a quantidade de microplásticos no planeta deve dobrar a cada período entre 10 e 15 anos.

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Médicos encontram microplástico no coração

Em 2023, médicos chineses encontraram microplásticos no coração humano pela primeira vez. A descoberta, feita por meio da aplicação de laser infravermelho e microscopia eletrônica durante cirurgias cardíacas, foi publicada na revista científica Environmental Science & Technology.

Até então, o microplástico já havia sido encontrado no sangue e em partes do corpo humano mais expostas ao ambiente, como pulmões, útero, boca e anus. O coração é, portanto, o órgão mais profundo e fechado no qual o material já foi encontrado.

Os efeitos potenciais da presença desses materiais nos órgão internos na saúde humana ainda estão sendo estudados. Porém, pesquisas anteriores já demonstraram que esse poluente tem potencial de causar:

Um novo estudo encontrou microplásticos em placentas de seres humanos. Os resultados preocupam cientistas, já que podem indicar problemas de saúde no futuro à medida que o uso desses materiais têm aumentado rapidamente.

Contaminação por microplásticos tem sido uma das principais ameaças em ambientes marinhos Foto: Pcess609/Adobe Stock

Pesquisadores liderados por Matthew Campen, professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Novo México (EUA), analisaram 62 tecidos de placentas doados. Eles identificaram que a concentração de microplásticos varia entre 6,5 microgramas e 690 microgramas por grama de tecido. Os resultados foram publicados na revista Toxicological Sciences.

Os microplásticos são partículas minúsculas, com menos de cinco milímetros de diâmetro. Eles são eliminados a partir de materiais plásticos comuns. Estão no ar, na água e no solo a partir da decomposição de garrafas, embalagens, tinta e outros produtos feitos de plástico.

Na pesquisa americana, o polímero mais comum encontrado nas placentas foi o polietileno, que também compõe o material de bolsas e garrafas de plástico. Eles somaram 54% do total de microplásticos encontrados nas placentas.

Outros 10% do grupo consiste em partículas de policloreto de vinil (mais conhecido como PVC) e nylon. Os pesquisadores observaram ainda outros nove polímeros diferentes nos tecidos.

Campen destacou que os efeitos na saúde humana podem piorar com o aumento dos microplásticos no meio ambiente. Por ora, o impacto deles no corpo humano não está claro.

Para o cientista, concentrações crescentes de microplásticos podem estar ligados ao aumento de alguns problemas de saúde, como inflamações intestinais e até certos tipos de câncer.

A presença de microplástico na placenta é ainda mais preocupante, já que o órgão tem apenas oito meses de idade (a placenta começa a se formar após o primeiro mês de gestação). Outros órgãos, portanto, pode acumular plástico por muito mais tempo.

Outro pesquisador do trabalho, Marcus Garcia, destacou as dificuldades de quantificar os microplásticos presentes no tecido humano. Isso porque, normalmente, cientistas costumam contar o número de partículas de plástico por meio de um microscópio.

Mas muitas partículas são pequenas demais para serem vistas apenas com a ajuda da ferramenta. Na pesquisa coordenada por Campen, para conseguir analisar os microplásticos, a equipe usou uma técnica chamada de saponificação.

Seguindo esse método, os pesquisadores precisaram retirar a camada de plástico das placentas para, em seguida, a esquentar sob 600 ºC. Eles conseguem identificar os diferentes tipos de polímeros a partir da temperatura de combustão de cada um deles.

Aumento dos microplásticos

O uso mundial de plásticos cresce de forma exponencial desde 1950, sendo que cerca de dois terços do que já foi produzido já foram descartados. As partículas dos produtos deixados em aterros sanitários logo chegam ao solo e às águas subterrâneas.

Plantas e outros animais, que servirão para a alimentação humana, são atingidos por essa contaminação. A poluição com esses materiais, sobretudo nos ambientes marinhos, é uma das principais ameaças à biodiversidade.

“Mesmo se parássemos agora (de produzir plástico), em 2050 haverá três vezes mais plástico no ambiente do que atualmente. E nós não vamos parar hoje”, alerta Campen. O professor afirma que a quantidade de microplásticos no planeta deve dobrar a cada período entre 10 e 15 anos.

Médicos encontram microplástico no coração

Em 2023, médicos chineses encontraram microplásticos no coração humano pela primeira vez. A descoberta, feita por meio da aplicação de laser infravermelho e microscopia eletrônica durante cirurgias cardíacas, foi publicada na revista científica Environmental Science & Technology.

Até então, o microplástico já havia sido encontrado no sangue e em partes do corpo humano mais expostas ao ambiente, como pulmões, útero, boca e anus. O coração é, portanto, o órgão mais profundo e fechado no qual o material já foi encontrado.

Os efeitos potenciais da presença desses materiais nos órgão internos na saúde humana ainda estão sendo estudados. Porém, pesquisas anteriores já demonstraram que esse poluente tem potencial de causar:

Um novo estudo encontrou microplásticos em placentas de seres humanos. Os resultados preocupam cientistas, já que podem indicar problemas de saúde no futuro à medida que o uso desses materiais têm aumentado rapidamente.

Contaminação por microplásticos tem sido uma das principais ameaças em ambientes marinhos Foto: Pcess609/Adobe Stock

Pesquisadores liderados por Matthew Campen, professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Novo México (EUA), analisaram 62 tecidos de placentas doados. Eles identificaram que a concentração de microplásticos varia entre 6,5 microgramas e 690 microgramas por grama de tecido. Os resultados foram publicados na revista Toxicological Sciences.

Os microplásticos são partículas minúsculas, com menos de cinco milímetros de diâmetro. Eles são eliminados a partir de materiais plásticos comuns. Estão no ar, na água e no solo a partir da decomposição de garrafas, embalagens, tinta e outros produtos feitos de plástico.

Na pesquisa americana, o polímero mais comum encontrado nas placentas foi o polietileno, que também compõe o material de bolsas e garrafas de plástico. Eles somaram 54% do total de microplásticos encontrados nas placentas.

Outros 10% do grupo consiste em partículas de policloreto de vinil (mais conhecido como PVC) e nylon. Os pesquisadores observaram ainda outros nove polímeros diferentes nos tecidos.

Campen destacou que os efeitos na saúde humana podem piorar com o aumento dos microplásticos no meio ambiente. Por ora, o impacto deles no corpo humano não está claro.

Para o cientista, concentrações crescentes de microplásticos podem estar ligados ao aumento de alguns problemas de saúde, como inflamações intestinais e até certos tipos de câncer.

A presença de microplástico na placenta é ainda mais preocupante, já que o órgão tem apenas oito meses de idade (a placenta começa a se formar após o primeiro mês de gestação). Outros órgãos, portanto, pode acumular plástico por muito mais tempo.

Outro pesquisador do trabalho, Marcus Garcia, destacou as dificuldades de quantificar os microplásticos presentes no tecido humano. Isso porque, normalmente, cientistas costumam contar o número de partículas de plástico por meio de um microscópio.

Mas muitas partículas são pequenas demais para serem vistas apenas com a ajuda da ferramenta. Na pesquisa coordenada por Campen, para conseguir analisar os microplásticos, a equipe usou uma técnica chamada de saponificação.

Seguindo esse método, os pesquisadores precisaram retirar a camada de plástico das placentas para, em seguida, a esquentar sob 600 ºC. Eles conseguem identificar os diferentes tipos de polímeros a partir da temperatura de combustão de cada um deles.

Aumento dos microplásticos

O uso mundial de plásticos cresce de forma exponencial desde 1950, sendo que cerca de dois terços do que já foi produzido já foram descartados. As partículas dos produtos deixados em aterros sanitários logo chegam ao solo e às águas subterrâneas.

Plantas e outros animais, que servirão para a alimentação humana, são atingidos por essa contaminação. A poluição com esses materiais, sobretudo nos ambientes marinhos, é uma das principais ameaças à biodiversidade.

“Mesmo se parássemos agora (de produzir plástico), em 2050 haverá três vezes mais plástico no ambiente do que atualmente. E nós não vamos parar hoje”, alerta Campen. O professor afirma que a quantidade de microplásticos no planeta deve dobrar a cada período entre 10 e 15 anos.

Médicos encontram microplástico no coração

Em 2023, médicos chineses encontraram microplásticos no coração humano pela primeira vez. A descoberta, feita por meio da aplicação de laser infravermelho e microscopia eletrônica durante cirurgias cardíacas, foi publicada na revista científica Environmental Science & Technology.

Até então, o microplástico já havia sido encontrado no sangue e em partes do corpo humano mais expostas ao ambiente, como pulmões, útero, boca e anus. O coração é, portanto, o órgão mais profundo e fechado no qual o material já foi encontrado.

Os efeitos potenciais da presença desses materiais nos órgão internos na saúde humana ainda estão sendo estudados. Porém, pesquisas anteriores já demonstraram que esse poluente tem potencial de causar:

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