Tartaruga-gigante viveu na Amazônia e tem nome inspirado em obra de Stephen King


Carapaça do ‘Peltochephalus maturin’ media 1,80 metros e seus dentes tinham quase 30 centímetros, um dos maiores encontrados nesse tipo de animal

Por Ramana Rech
Atualização:

A última tartaruga-gigante de água doce do mundo viveu na Amazônia e pode ser uma das que viram a chegada dos humanos na região. Sua carapaça media mais cerca de 1,8 metro e os dentes, de quase 30 centímetros, estão entre os maiores encontrados em tartarugas.

O desaparecimento da espécie chamada de Peltocephalus maturin, supõem os autores do estudo, pode estar ligado a atividades predatória dos Homo sapiens. Mas são necessários mais dados para avaliar melhor essa hipótese.

O animal habitou a floresta há cerca de entre 40 e 9 mil anos, durante o final do Pleistoceno, também conhecido como Era do Gelo. Foi nesse período em que a chamada megafauna ocupou o planeta, como os mamutes e bichos-preguiça gigantes.

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Gabriel Ferreira, um dos autores do estudo e pesquisador do Centro para Evolução Humana e Paleoambiente de Senckenberg, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, explica não há registros de vida humana na Amazônia 40 mil anos atrás. Mas existem indícios de que os homens já estavam na região há 9 mil anos.

O "Pe. maturin" viveu entre 9 mil e 40 mil anos atrás na Amazônia e foi a maior tartaruga de água doce do Pleistoceno Foto: Júlia d'Oliveira/Ilustração

“As tartarugas de água-doce são frequentemente esquecidas como espécies gigantes”, afirma o artigo. Hoje, as maiores tartarugas de água-doce medem 140 centímetros. No passado, apenas uma parte delas ultrapassou os 150 centímetros. Até a pesquisa publicada nesta semana, não havia um grande representante das tartarugas de água doce.

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Para calcular o período em que o Pe. maturin viveu, os cientistas enviaram três amostras de ossos a Universidade da Geórgia (EUA), que utilizou o método de datação por radiocarbono. Mineradores encontraram o holótipo no Rio Madeira, em Porto Velho, em Rondônia.

O nome dado ao animal faz referência a uma história do escritor Stephen King, em que uma tartaruga-gigante vomita o universo. O autor, por sua vez, se inspirou pelo livro H.M.S. Surprise, da série Aubrey-Maturin, escrita por Patrick O’Brians. Nele, a personagem Stephen Maturin descobre uma espécie de tartaruga-gigante.

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Segundo Ferreira, todas as espécies de tartaruga que vivem hoje na Amazônia já habitavam a região há 40 mil anos. “Nosso estudo mostra que existia ao menos uma espécie a mais dentre essa diversidade, e uma bem distinta das atuais. Ou seja, era uma fauna mais rica”, afirma.

Como os registros de fósseis amazônicos são pouco estudados, o Pe. maturin é a única espécie extinta conhecida de tartaruga da região. “O que esperamos é que nosso estudo traga mais interesse e investimentos pra área pra que novos estudos possam enriquecer nosso conhecimento da história da Amazônia”, diz Ferreira.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores de todo o mundo, inclusive de instituições brasileiras, como Universidade de São Paulo (USP), Federal de Minas (UFMG), Federal de Rondônia (Unir) e Federal de São Carlos (UFSCar).

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Espécies irmãs

De acordo com o estudo, tartarugas-gigantes de água doce são raras, e os maiores tamanhos costumam ficar por conta das espécies marinha ou terrestre. A espécie Pe. maturin tem afinidade com a espécie Peltocephalus dumerilianus. Os pesquisadores conseguiram chegar a essa conclusão com base nas semelhanças da mandíbula inferior dos animais.

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Apelidado de cabeçudo no Brasil, o Pe. dumerilianus é um cágado da Amazônia e o único representante do gênero. Ele tem uma carapaça bem menor do que a do irmão recém-identificado, que mede entre 47 centímetros – no caso das fêmeas – e 52 centímetros – para machos. Seu peso varia entre 8 kg e 10 kg.

A morfologia dos dentes do Pe. maturin, que conta com superfície trituradora, sugere que eles mantinham dieta onívora, parecida com a do Pe. dumerilianus. O cágado da carapaça menor tem uma dieta com maior porcentagem de alimentos de origem animal do que outros representantes da mesma família e, com frequência, preda caracóis.

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Desaparecimento do P. maturin

Segundo a pesquisa, o P. maturin pode ter sofrido o mesmo destino que outros animais que fizeram parte da megafauna no fim do Pleistoceno, em especial, dos grandes mamíferos. No caso das tartarugas, há muitas evidências de que foram caçadas por humanos em ilhas do Caribe e da Oceania.

“A possibilidade de que o Pe. maturin foi parte da megafauna da América do Sul extinta pela chegada dos humanos é fascinante. Porém, mais dados dados dos depósitos da bacia da Amazônia do fim do Pleistoceno e início do Holoceno são necessários para avaliar essa hipótese”, afirma o estudo.

A predileção dos Homo sapiens pelas tartarugas-gigantes está vinculado à redução do tamanho desses animais. Grandes tartarugas terrestres faziam parte da dieta humana por serem mais fáceis de serem capturadas.

Leia a pesquisa completa na revista Biology Letters.

A última tartaruga-gigante de água doce do mundo viveu na Amazônia e pode ser uma das que viram a chegada dos humanos na região. Sua carapaça media mais cerca de 1,8 metro e os dentes, de quase 30 centímetros, estão entre os maiores encontrados em tartarugas.

O desaparecimento da espécie chamada de Peltocephalus maturin, supõem os autores do estudo, pode estar ligado a atividades predatória dos Homo sapiens. Mas são necessários mais dados para avaliar melhor essa hipótese.

O animal habitou a floresta há cerca de entre 40 e 9 mil anos, durante o final do Pleistoceno, também conhecido como Era do Gelo. Foi nesse período em que a chamada megafauna ocupou o planeta, como os mamutes e bichos-preguiça gigantes.

Gabriel Ferreira, um dos autores do estudo e pesquisador do Centro para Evolução Humana e Paleoambiente de Senckenberg, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, explica não há registros de vida humana na Amazônia 40 mil anos atrás. Mas existem indícios de que os homens já estavam na região há 9 mil anos.

O "Pe. maturin" viveu entre 9 mil e 40 mil anos atrás na Amazônia e foi a maior tartaruga de água doce do Pleistoceno Foto: Júlia d'Oliveira/Ilustração

“As tartarugas de água-doce são frequentemente esquecidas como espécies gigantes”, afirma o artigo. Hoje, as maiores tartarugas de água-doce medem 140 centímetros. No passado, apenas uma parte delas ultrapassou os 150 centímetros. Até a pesquisa publicada nesta semana, não havia um grande representante das tartarugas de água doce.

Para calcular o período em que o Pe. maturin viveu, os cientistas enviaram três amostras de ossos a Universidade da Geórgia (EUA), que utilizou o método de datação por radiocarbono. Mineradores encontraram o holótipo no Rio Madeira, em Porto Velho, em Rondônia.

O nome dado ao animal faz referência a uma história do escritor Stephen King, em que uma tartaruga-gigante vomita o universo. O autor, por sua vez, se inspirou pelo livro H.M.S. Surprise, da série Aubrey-Maturin, escrita por Patrick O’Brians. Nele, a personagem Stephen Maturin descobre uma espécie de tartaruga-gigante.

Segundo Ferreira, todas as espécies de tartaruga que vivem hoje na Amazônia já habitavam a região há 40 mil anos. “Nosso estudo mostra que existia ao menos uma espécie a mais dentre essa diversidade, e uma bem distinta das atuais. Ou seja, era uma fauna mais rica”, afirma.

Como os registros de fósseis amazônicos são pouco estudados, o Pe. maturin é a única espécie extinta conhecida de tartaruga da região. “O que esperamos é que nosso estudo traga mais interesse e investimentos pra área pra que novos estudos possam enriquecer nosso conhecimento da história da Amazônia”, diz Ferreira.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores de todo o mundo, inclusive de instituições brasileiras, como Universidade de São Paulo (USP), Federal de Minas (UFMG), Federal de Rondônia (Unir) e Federal de São Carlos (UFSCar).

Espécies irmãs

De acordo com o estudo, tartarugas-gigantes de água doce são raras, e os maiores tamanhos costumam ficar por conta das espécies marinha ou terrestre. A espécie Pe. maturin tem afinidade com a espécie Peltocephalus dumerilianus. Os pesquisadores conseguiram chegar a essa conclusão com base nas semelhanças da mandíbula inferior dos animais.

Apelidado de cabeçudo no Brasil, o Pe. dumerilianus é um cágado da Amazônia e o único representante do gênero. Ele tem uma carapaça bem menor do que a do irmão recém-identificado, que mede entre 47 centímetros – no caso das fêmeas – e 52 centímetros – para machos. Seu peso varia entre 8 kg e 10 kg.

A morfologia dos dentes do Pe. maturin, que conta com superfície trituradora, sugere que eles mantinham dieta onívora, parecida com a do Pe. dumerilianus. O cágado da carapaça menor tem uma dieta com maior porcentagem de alimentos de origem animal do que outros representantes da mesma família e, com frequência, preda caracóis.

Desaparecimento do P. maturin

Segundo a pesquisa, o P. maturin pode ter sofrido o mesmo destino que outros animais que fizeram parte da megafauna no fim do Pleistoceno, em especial, dos grandes mamíferos. No caso das tartarugas, há muitas evidências de que foram caçadas por humanos em ilhas do Caribe e da Oceania.

“A possibilidade de que o Pe. maturin foi parte da megafauna da América do Sul extinta pela chegada dos humanos é fascinante. Porém, mais dados dados dos depósitos da bacia da Amazônia do fim do Pleistoceno e início do Holoceno são necessários para avaliar essa hipótese”, afirma o estudo.

A predileção dos Homo sapiens pelas tartarugas-gigantes está vinculado à redução do tamanho desses animais. Grandes tartarugas terrestres faziam parte da dieta humana por serem mais fáceis de serem capturadas.

Leia a pesquisa completa na revista Biology Letters.

A última tartaruga-gigante de água doce do mundo viveu na Amazônia e pode ser uma das que viram a chegada dos humanos na região. Sua carapaça media mais cerca de 1,8 metro e os dentes, de quase 30 centímetros, estão entre os maiores encontrados em tartarugas.

O desaparecimento da espécie chamada de Peltocephalus maturin, supõem os autores do estudo, pode estar ligado a atividades predatória dos Homo sapiens. Mas são necessários mais dados para avaliar melhor essa hipótese.

O animal habitou a floresta há cerca de entre 40 e 9 mil anos, durante o final do Pleistoceno, também conhecido como Era do Gelo. Foi nesse período em que a chamada megafauna ocupou o planeta, como os mamutes e bichos-preguiça gigantes.

Gabriel Ferreira, um dos autores do estudo e pesquisador do Centro para Evolução Humana e Paleoambiente de Senckenberg, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, explica não há registros de vida humana na Amazônia 40 mil anos atrás. Mas existem indícios de que os homens já estavam na região há 9 mil anos.

O "Pe. maturin" viveu entre 9 mil e 40 mil anos atrás na Amazônia e foi a maior tartaruga de água doce do Pleistoceno Foto: Júlia d'Oliveira/Ilustração

“As tartarugas de água-doce são frequentemente esquecidas como espécies gigantes”, afirma o artigo. Hoje, as maiores tartarugas de água-doce medem 140 centímetros. No passado, apenas uma parte delas ultrapassou os 150 centímetros. Até a pesquisa publicada nesta semana, não havia um grande representante das tartarugas de água doce.

Para calcular o período em que o Pe. maturin viveu, os cientistas enviaram três amostras de ossos a Universidade da Geórgia (EUA), que utilizou o método de datação por radiocarbono. Mineradores encontraram o holótipo no Rio Madeira, em Porto Velho, em Rondônia.

O nome dado ao animal faz referência a uma história do escritor Stephen King, em que uma tartaruga-gigante vomita o universo. O autor, por sua vez, se inspirou pelo livro H.M.S. Surprise, da série Aubrey-Maturin, escrita por Patrick O’Brians. Nele, a personagem Stephen Maturin descobre uma espécie de tartaruga-gigante.

Segundo Ferreira, todas as espécies de tartaruga que vivem hoje na Amazônia já habitavam a região há 40 mil anos. “Nosso estudo mostra que existia ao menos uma espécie a mais dentre essa diversidade, e uma bem distinta das atuais. Ou seja, era uma fauna mais rica”, afirma.

Como os registros de fósseis amazônicos são pouco estudados, o Pe. maturin é a única espécie extinta conhecida de tartaruga da região. “O que esperamos é que nosso estudo traga mais interesse e investimentos pra área pra que novos estudos possam enriquecer nosso conhecimento da história da Amazônia”, diz Ferreira.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores de todo o mundo, inclusive de instituições brasileiras, como Universidade de São Paulo (USP), Federal de Minas (UFMG), Federal de Rondônia (Unir) e Federal de São Carlos (UFSCar).

Espécies irmãs

De acordo com o estudo, tartarugas-gigantes de água doce são raras, e os maiores tamanhos costumam ficar por conta das espécies marinha ou terrestre. A espécie Pe. maturin tem afinidade com a espécie Peltocephalus dumerilianus. Os pesquisadores conseguiram chegar a essa conclusão com base nas semelhanças da mandíbula inferior dos animais.

Apelidado de cabeçudo no Brasil, o Pe. dumerilianus é um cágado da Amazônia e o único representante do gênero. Ele tem uma carapaça bem menor do que a do irmão recém-identificado, que mede entre 47 centímetros – no caso das fêmeas – e 52 centímetros – para machos. Seu peso varia entre 8 kg e 10 kg.

A morfologia dos dentes do Pe. maturin, que conta com superfície trituradora, sugere que eles mantinham dieta onívora, parecida com a do Pe. dumerilianus. O cágado da carapaça menor tem uma dieta com maior porcentagem de alimentos de origem animal do que outros representantes da mesma família e, com frequência, preda caracóis.

Desaparecimento do P. maturin

Segundo a pesquisa, o P. maturin pode ter sofrido o mesmo destino que outros animais que fizeram parte da megafauna no fim do Pleistoceno, em especial, dos grandes mamíferos. No caso das tartarugas, há muitas evidências de que foram caçadas por humanos em ilhas do Caribe e da Oceania.

“A possibilidade de que o Pe. maturin foi parte da megafauna da América do Sul extinta pela chegada dos humanos é fascinante. Porém, mais dados dados dos depósitos da bacia da Amazônia do fim do Pleistoceno e início do Holoceno são necessários para avaliar essa hipótese”, afirma o estudo.

A predileção dos Homo sapiens pelas tartarugas-gigantes está vinculado à redução do tamanho desses animais. Grandes tartarugas terrestres faziam parte da dieta humana por serem mais fáceis de serem capturadas.

Leia a pesquisa completa na revista Biology Letters.

A última tartaruga-gigante de água doce do mundo viveu na Amazônia e pode ser uma das que viram a chegada dos humanos na região. Sua carapaça media mais cerca de 1,8 metro e os dentes, de quase 30 centímetros, estão entre os maiores encontrados em tartarugas.

O desaparecimento da espécie chamada de Peltocephalus maturin, supõem os autores do estudo, pode estar ligado a atividades predatória dos Homo sapiens. Mas são necessários mais dados para avaliar melhor essa hipótese.

O animal habitou a floresta há cerca de entre 40 e 9 mil anos, durante o final do Pleistoceno, também conhecido como Era do Gelo. Foi nesse período em que a chamada megafauna ocupou o planeta, como os mamutes e bichos-preguiça gigantes.

Gabriel Ferreira, um dos autores do estudo e pesquisador do Centro para Evolução Humana e Paleoambiente de Senckenberg, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, explica não há registros de vida humana na Amazônia 40 mil anos atrás. Mas existem indícios de que os homens já estavam na região há 9 mil anos.

O "Pe. maturin" viveu entre 9 mil e 40 mil anos atrás na Amazônia e foi a maior tartaruga de água doce do Pleistoceno Foto: Júlia d'Oliveira/Ilustração

“As tartarugas de água-doce são frequentemente esquecidas como espécies gigantes”, afirma o artigo. Hoje, as maiores tartarugas de água-doce medem 140 centímetros. No passado, apenas uma parte delas ultrapassou os 150 centímetros. Até a pesquisa publicada nesta semana, não havia um grande representante das tartarugas de água doce.

Para calcular o período em que o Pe. maturin viveu, os cientistas enviaram três amostras de ossos a Universidade da Geórgia (EUA), que utilizou o método de datação por radiocarbono. Mineradores encontraram o holótipo no Rio Madeira, em Porto Velho, em Rondônia.

O nome dado ao animal faz referência a uma história do escritor Stephen King, em que uma tartaruga-gigante vomita o universo. O autor, por sua vez, se inspirou pelo livro H.M.S. Surprise, da série Aubrey-Maturin, escrita por Patrick O’Brians. Nele, a personagem Stephen Maturin descobre uma espécie de tartaruga-gigante.

Segundo Ferreira, todas as espécies de tartaruga que vivem hoje na Amazônia já habitavam a região há 40 mil anos. “Nosso estudo mostra que existia ao menos uma espécie a mais dentre essa diversidade, e uma bem distinta das atuais. Ou seja, era uma fauna mais rica”, afirma.

Como os registros de fósseis amazônicos são pouco estudados, o Pe. maturin é a única espécie extinta conhecida de tartaruga da região. “O que esperamos é que nosso estudo traga mais interesse e investimentos pra área pra que novos estudos possam enriquecer nosso conhecimento da história da Amazônia”, diz Ferreira.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores de todo o mundo, inclusive de instituições brasileiras, como Universidade de São Paulo (USP), Federal de Minas (UFMG), Federal de Rondônia (Unir) e Federal de São Carlos (UFSCar).

Espécies irmãs

De acordo com o estudo, tartarugas-gigantes de água doce são raras, e os maiores tamanhos costumam ficar por conta das espécies marinha ou terrestre. A espécie Pe. maturin tem afinidade com a espécie Peltocephalus dumerilianus. Os pesquisadores conseguiram chegar a essa conclusão com base nas semelhanças da mandíbula inferior dos animais.

Apelidado de cabeçudo no Brasil, o Pe. dumerilianus é um cágado da Amazônia e o único representante do gênero. Ele tem uma carapaça bem menor do que a do irmão recém-identificado, que mede entre 47 centímetros – no caso das fêmeas – e 52 centímetros – para machos. Seu peso varia entre 8 kg e 10 kg.

A morfologia dos dentes do Pe. maturin, que conta com superfície trituradora, sugere que eles mantinham dieta onívora, parecida com a do Pe. dumerilianus. O cágado da carapaça menor tem uma dieta com maior porcentagem de alimentos de origem animal do que outros representantes da mesma família e, com frequência, preda caracóis.

Desaparecimento do P. maturin

Segundo a pesquisa, o P. maturin pode ter sofrido o mesmo destino que outros animais que fizeram parte da megafauna no fim do Pleistoceno, em especial, dos grandes mamíferos. No caso das tartarugas, há muitas evidências de que foram caçadas por humanos em ilhas do Caribe e da Oceania.

“A possibilidade de que o Pe. maturin foi parte da megafauna da América do Sul extinta pela chegada dos humanos é fascinante. Porém, mais dados dados dos depósitos da bacia da Amazônia do fim do Pleistoceno e início do Holoceno são necessários para avaliar essa hipótese”, afirma o estudo.

A predileção dos Homo sapiens pelas tartarugas-gigantes está vinculado à redução do tamanho desses animais. Grandes tartarugas terrestres faziam parte da dieta humana por serem mais fáceis de serem capturadas.

Leia a pesquisa completa na revista Biology Letters.

A última tartaruga-gigante de água doce do mundo viveu na Amazônia e pode ser uma das que viram a chegada dos humanos na região. Sua carapaça media mais cerca de 1,8 metro e os dentes, de quase 30 centímetros, estão entre os maiores encontrados em tartarugas.

O desaparecimento da espécie chamada de Peltocephalus maturin, supõem os autores do estudo, pode estar ligado a atividades predatória dos Homo sapiens. Mas são necessários mais dados para avaliar melhor essa hipótese.

O animal habitou a floresta há cerca de entre 40 e 9 mil anos, durante o final do Pleistoceno, também conhecido como Era do Gelo. Foi nesse período em que a chamada megafauna ocupou o planeta, como os mamutes e bichos-preguiça gigantes.

Gabriel Ferreira, um dos autores do estudo e pesquisador do Centro para Evolução Humana e Paleoambiente de Senckenberg, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, explica não há registros de vida humana na Amazônia 40 mil anos atrás. Mas existem indícios de que os homens já estavam na região há 9 mil anos.

O "Pe. maturin" viveu entre 9 mil e 40 mil anos atrás na Amazônia e foi a maior tartaruga de água doce do Pleistoceno Foto: Júlia d'Oliveira/Ilustração

“As tartarugas de água-doce são frequentemente esquecidas como espécies gigantes”, afirma o artigo. Hoje, as maiores tartarugas de água-doce medem 140 centímetros. No passado, apenas uma parte delas ultrapassou os 150 centímetros. Até a pesquisa publicada nesta semana, não havia um grande representante das tartarugas de água doce.

Para calcular o período em que o Pe. maturin viveu, os cientistas enviaram três amostras de ossos a Universidade da Geórgia (EUA), que utilizou o método de datação por radiocarbono. Mineradores encontraram o holótipo no Rio Madeira, em Porto Velho, em Rondônia.

O nome dado ao animal faz referência a uma história do escritor Stephen King, em que uma tartaruga-gigante vomita o universo. O autor, por sua vez, se inspirou pelo livro H.M.S. Surprise, da série Aubrey-Maturin, escrita por Patrick O’Brians. Nele, a personagem Stephen Maturin descobre uma espécie de tartaruga-gigante.

Segundo Ferreira, todas as espécies de tartaruga que vivem hoje na Amazônia já habitavam a região há 40 mil anos. “Nosso estudo mostra que existia ao menos uma espécie a mais dentre essa diversidade, e uma bem distinta das atuais. Ou seja, era uma fauna mais rica”, afirma.

Como os registros de fósseis amazônicos são pouco estudados, o Pe. maturin é a única espécie extinta conhecida de tartaruga da região. “O que esperamos é que nosso estudo traga mais interesse e investimentos pra área pra que novos estudos possam enriquecer nosso conhecimento da história da Amazônia”, diz Ferreira.

A pesquisa foi realizada por pesquisadores de todo o mundo, inclusive de instituições brasileiras, como Universidade de São Paulo (USP), Federal de Minas (UFMG), Federal de Rondônia (Unir) e Federal de São Carlos (UFSCar).

Espécies irmãs

De acordo com o estudo, tartarugas-gigantes de água doce são raras, e os maiores tamanhos costumam ficar por conta das espécies marinha ou terrestre. A espécie Pe. maturin tem afinidade com a espécie Peltocephalus dumerilianus. Os pesquisadores conseguiram chegar a essa conclusão com base nas semelhanças da mandíbula inferior dos animais.

Apelidado de cabeçudo no Brasil, o Pe. dumerilianus é um cágado da Amazônia e o único representante do gênero. Ele tem uma carapaça bem menor do que a do irmão recém-identificado, que mede entre 47 centímetros – no caso das fêmeas – e 52 centímetros – para machos. Seu peso varia entre 8 kg e 10 kg.

A morfologia dos dentes do Pe. maturin, que conta com superfície trituradora, sugere que eles mantinham dieta onívora, parecida com a do Pe. dumerilianus. O cágado da carapaça menor tem uma dieta com maior porcentagem de alimentos de origem animal do que outros representantes da mesma família e, com frequência, preda caracóis.

Desaparecimento do P. maturin

Segundo a pesquisa, o P. maturin pode ter sofrido o mesmo destino que outros animais que fizeram parte da megafauna no fim do Pleistoceno, em especial, dos grandes mamíferos. No caso das tartarugas, há muitas evidências de que foram caçadas por humanos em ilhas do Caribe e da Oceania.

“A possibilidade de que o Pe. maturin foi parte da megafauna da América do Sul extinta pela chegada dos humanos é fascinante. Porém, mais dados dados dos depósitos da bacia da Amazônia do fim do Pleistoceno e início do Holoceno são necessários para avaliar essa hipótese”, afirma o estudo.

A predileção dos Homo sapiens pelas tartarugas-gigantes está vinculado à redução do tamanho desses animais. Grandes tartarugas terrestres faziam parte da dieta humana por serem mais fáceis de serem capturadas.

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