A partir de lasers que atravessam a vegetação, o Centro de Arqueologia de São Paulo (CASP) conseguiu mapear o tamanho de uma das escavações de onde era extraído de ouro na capital paulista. A cava, localizada no Jaraguá, zona norte de São Paulo, deve ter funcionado durante os séculos 18 e 19. Mas a história de mineração aurífera no local é ainda mais antiga. Em 1562, foram encontradas no Pico do Jaraguá as primeiras jazidas de ouro do Brasil.
- As chamadas cavas são difíceis de serem identificadas porque boa parte está coberta por matas. Mas os feixes de lasers permitiram mapear o terreno em três dimensões e formar uma imagem 3D da área.
- As cavas são de difícil ocupação até hoje por serem bastante íngremes. Os modelos construídos a partir da nova tecnologia conseguiram identificar com precisão que os buracos tem 20 metros de profundidade e 100 metros de extensão.
De acordo com o geólogo da CASP, Francisco Adrião Neves da Silva, o mapeamento é importante para ajudar na visualização da área. O geólogo explica que, por meio de uma visão aérea ou andando pelo terreno, não é possível ter uma ideia das dimensões da cava. “A gente fez a impressão 3D justamente para as pessoas poderem pegar na mão e olhar, dar uma ideia do tamanho e saber que aquilo existe de fato”, diz.
O modelo foi elaborado em 2019, pouco tempo depois que a Prefeitura de São Paulo disponibilizou a tecnologia para levantamento de dados do município.
O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) tombou as quatro cavas históricas de exploração de ouro em Jaraguá em 2012, após um relatório sobre as estruturas. O mapeamento 3D também foi publicado online.
Passado minerador
Por uma carta de 1562, o rei de Portugal e Brasil recebeu a notícia de que no atual Estado de São Paulo, nas proximidades de Jaraguá, teria ouro. A notícia veio antes mesmo da descoberta do Estado de Minas Gerais, onde houve grande parte da mineração brasileira. A partir disso, os paulistas partiram em expedições à procura de mais ouro.
A região começou a ser explorada em 1600 nas margens do rio, com o chamado ouro de aluvião. O geólogo conta que as cavas foram construídas mais tarde, quando já se havia esgotado o minério das beiradas. Essas estruturas foram muito empregadas na mineração de Minas Gerais, em que o ouro é retirado do solo em encostas. A técnica, mais tarde, chegou até São Paulo.
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Francisco Adrião afirma que as encostas representam as últimas fases de exploração aurífera em Jaraguá, quando houve um retorno da exploração para o Estado paulista, já que a produção de ouro havia decaído em Minas Gerais.
Outra evidência da exploração de ouro em Jaraguá são estruturas identificadas como tanques de ouro. Tratam-se de caixas de alvenaria de pedra destinadas à lavagem do minério. Essas estruturas estão localizadas na reserva indígena Guarani.