THE WASHINGTON POST - O planeta atingiu um marco sinistro na sexta-feira, 17, o primeiro dia em que o calor global ultrapassou um limiar, ainda que brevemente, que os cientistas climáticos alertaram que poderia ter consequências calamitosas. Dados preliminares mostram que as temperaturas globais estavam, em média, mais de 2ºC acima da média histórica, que considera o período anterior ao consumo de combustíveis fósseis e à aceleração das emissões de gases de efeito estuda.
Isso não significa que os esforços para limitar o aquecimento global tenham falhado – ainda. As temperaturas teriam de ultrapassar a referência de 2ºC por meses e anos antes que os cientistas considerassem que a batalha foi perdida. Mas é um lembrete impressionante de que o clima avança para um território desconhecido.
O marco de sexta-feira ocorre após meses de calor recorde que surpreenderam muitos cientistas, desafiando algumas expectativas sobre a rapidez com que as temperaturas acelerariam este ano. “Embora não devamos interpretar muito sobre um único dia acima de 2ºC, é um sinal surpreendente sobre o nível de temperaturas globais extremas que enfrentamos em 2023″, disse Zeke Hausfather, cientista climático do Stripe e Berkeley Earth.
Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, disse no domingo na plataforma X (antigo Twitter_ que as temperaturas globais de sexta estavam 1,17°C acima da média de 1991-2020. Dada a quantidade de aquecimento causado pelo homem ocorrido antes desse período, isso significa que a temperatura global mfoi 2,06°C superior ao período pré-industrial, disse ela.
A estimativa do calor global tem base em um modelo europeu, que trabalha com os mesmos tipos de observações utilizadas nas previsões meteorológicas para, em vez disso, olhar para trás e estimar as condições climáticas globais quase em tempo real.
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Mesmo antes de sábado, os cientistas disseram que era praticamente certo que 2023 ultrapassaria 2016 como o período mais quente já registado no globo, e provavelmente marcaria um dos períodos mais quentes em 125 mil anos, remontando a uma época anterior à última era glacial da Terra.
Essa estimativa baseia-se em registros paleoclimáticos, que mostram que não houve nenhum período prolongado do tipo de calor que o planeta experimenta agora - e que as temperaturas estão a aumentar a uma velocidade sem precedentes.
O aquecimento planetário deverá acelerar nos próximos meses devido ao aprofundamento do El Niño, o fenômeno climático que provoca extremos e aumenta as temperaturas globais ao liberar vastas reservas de calor do Oceano Pacífico para a atmosfera.