‘Tubarão raro’ foi achado na Grécia, mas cientistas desconfiam que é algo diferente; entenda


Cientistas revisaram estudo que mostrou tubarão-duende achado em uma praia grega depois que outros pesquisadores levantaram dúvidas sobre a descoberta

Por Annie Roth
Atualização:

Os tubarões-duende são peixes cujas mandíbulas protuberantes e assustadoras serviram de inspiração para as criaturas aterrorizantes da franquia de filmes Alien. Pouco se sabe sobre esses tubarões elusivos, e os avistamentos são extraordinariamente raros. Eles são conhecidos por viver em águas costeiras profundas em todo o mundo, mas nunca foram encontrados no Mar Mediterrâneo.

Mas, recentemente, os cientistas relataram a descoberta do que eles disseram ser um tubarão-duende que teria aparecido em uma praia grega. O anúncio da descoberta, feito na revista Mediterranean Marine Science no ano passado, levou a uma série de eventos quase tão bizarros quanto a própria espécie, envolvendo narrativas científicas conflitantes, uma retratação e a possibilidade de que talvez um brinquedo infantil de plástico tenha provocado toda a confusão.

De acordo com o artigo científico original, o tubarão-duende foi descoberto em agosto de 2020 por um homem chamado Giannis Papadakis. Depois de encontrar o espécime, segundo a publicação, Papadakis o colocou em pedras e fez uma foto. A imagem chegou às mãos de um grupo de cientistas locais, que, dois anos depois, a publicaram junto com registros de outras espécies encontradas no Mediterrâneo pela primeira vez.

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O artigo parecia um sucesso da ciência cidadã, em que pessoas sem formação científica formal auxiliam cientistas profissionais em suas pesquisas. Mas não demorou muito para que especialistas em tubarões de todo o mundo começassem a expor suas dúvidas em um grupo no Facebook sobre a autenticidade do tubarão-duende.

“Não parecia certo”, disse David Ebert, autor do livro Sharks of the World (Tubarões do Mundo). Segundo ele, vários aspectos sobre o tubarão encontrado na Grécia eram incomuns. “Ele é muito pequeno e suas brânquias não parecem realmente estar abertas”, disse. “Não parece nada natural.”

Ebert e outros também estavam céticos porque nenhum exame havia sido feito no tubarão. O artigo foi baseado apenas em uma foto e em uma breve descrição fornecida por Papadakis.

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Em novembro, um grupo de pesquisadores de tubarões publicaram um artigo questionando se o peixe encontrado na Grécia era de fato um animal real. “Temos dúvidas” de que é “um espécime natural”, escreveram eles.

Os pesquisadores argumentaram que a ausência de dentes, suas babartanas excessivamente arredondadas e seu baixo número de aberturas branquiais não eram características de um tubarão-duende.

Logo depois, foi compartilhada nas redes sociais uma outra imagem que faria o ceticismo crescer. Era um tubarão-duende de plástico vendido pela empresa de brinquedos italiana DeAgostini e tinha uma semelhança incrível com o encontrado na Grécia.

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As imagens mostram uma comparação entre o "espécime" de tubarão-duende encontrado por um cientista cidadão na ilha de Anafi, na Grécia, acima, e uma fêmea jovem encontrada nas águas do Japão. Foto: Giannis Papadakis e Nicholas Straube via The New York Times

DeAgostini, o fabricante de brinquedos, não foi encontrado para comentar.

O brinquedo “mostra uma grande semelhança com o espécime na imagem publicada”, disse Jürgen Pollerspöck, pesquisador de tubarões e autor do artigo que apresentou as dúvidas sobre a autenticidade do tubarão-duende grego.

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Os autores do artigo original reiteraram as afirmações neste mês, em resposta às dúvidas levantadas por Pollerspöck e seus colegas. Eles também alteraram sua estimativa de tamanho de 30 polegadas para 7 polegadas e sugeriram que o tubarão-duende em questão poderia ser um embrião. “Embriões deste tamanho não são viáveis”, respondeu Pollerspöck.

Então, na semana passada, os autores retrataram o artigo original, assim como a resposta que deram às dúvidas levantadas pelo pesquisador independente, e admitiram que havia muita incerteza em torno da descoberta. Contatado por e-mail, um dos autores do artigo se recusou a responder a mais perguntas.

Assim terminou uma saga que durou quase um ano e levou muitos “detetives” de tubarões” a questionarem o que viam nas telas de seus computadores.

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Pollerspöck disse ser possível que haja tubarões-duende à espreita nas profundezas do Mar Mediterrâneo, mas até o momento nenhum foi encontrado.

Seja o tubarão nesta imagem considerado um peixe real ou apenas um pedaço de poluição plástica, os críticos dizem que a publicação da imagem em uma revista científica chama a atenção para as imperfeições do processo científico de revisão por pares.

“Na minha opinião, o problema e a responsabilidade são do editor da revista e dos revisores”, disse Pollerspöck.

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Para ele, a aparência incomum do tubarão não era o único alerta para os revisores da revista científica. O fato de a alegação na publicação ter sido baseada em uma imagem fornecida por um cidadão cientista justificaria um exame mais apurado.

O editor da Mediterranean Marine Science não respondeu a um pedido de entrevista. Com ou sem retratação, Ebert disse que não se surpreenderá se algo assim voltar a acontecer, dados os problemas com a revisão por pares e as taxas de poluição plástica nos mares. “Tudo é possível”, observou.

Os tubarões-duende são peixes cujas mandíbulas protuberantes e assustadoras serviram de inspiração para as criaturas aterrorizantes da franquia de filmes Alien. Pouco se sabe sobre esses tubarões elusivos, e os avistamentos são extraordinariamente raros. Eles são conhecidos por viver em águas costeiras profundas em todo o mundo, mas nunca foram encontrados no Mar Mediterrâneo.

Mas, recentemente, os cientistas relataram a descoberta do que eles disseram ser um tubarão-duende que teria aparecido em uma praia grega. O anúncio da descoberta, feito na revista Mediterranean Marine Science no ano passado, levou a uma série de eventos quase tão bizarros quanto a própria espécie, envolvendo narrativas científicas conflitantes, uma retratação e a possibilidade de que talvez um brinquedo infantil de plástico tenha provocado toda a confusão.

De acordo com o artigo científico original, o tubarão-duende foi descoberto em agosto de 2020 por um homem chamado Giannis Papadakis. Depois de encontrar o espécime, segundo a publicação, Papadakis o colocou em pedras e fez uma foto. A imagem chegou às mãos de um grupo de cientistas locais, que, dois anos depois, a publicaram junto com registros de outras espécies encontradas no Mediterrâneo pela primeira vez.

O artigo parecia um sucesso da ciência cidadã, em que pessoas sem formação científica formal auxiliam cientistas profissionais em suas pesquisas. Mas não demorou muito para que especialistas em tubarões de todo o mundo começassem a expor suas dúvidas em um grupo no Facebook sobre a autenticidade do tubarão-duende.

“Não parecia certo”, disse David Ebert, autor do livro Sharks of the World (Tubarões do Mundo). Segundo ele, vários aspectos sobre o tubarão encontrado na Grécia eram incomuns. “Ele é muito pequeno e suas brânquias não parecem realmente estar abertas”, disse. “Não parece nada natural.”

Ebert e outros também estavam céticos porque nenhum exame havia sido feito no tubarão. O artigo foi baseado apenas em uma foto e em uma breve descrição fornecida por Papadakis.

Em novembro, um grupo de pesquisadores de tubarões publicaram um artigo questionando se o peixe encontrado na Grécia era de fato um animal real. “Temos dúvidas” de que é “um espécime natural”, escreveram eles.

Os pesquisadores argumentaram que a ausência de dentes, suas babartanas excessivamente arredondadas e seu baixo número de aberturas branquiais não eram características de um tubarão-duende.

Logo depois, foi compartilhada nas redes sociais uma outra imagem que faria o ceticismo crescer. Era um tubarão-duende de plástico vendido pela empresa de brinquedos italiana DeAgostini e tinha uma semelhança incrível com o encontrado na Grécia.

As imagens mostram uma comparação entre o "espécime" de tubarão-duende encontrado por um cientista cidadão na ilha de Anafi, na Grécia, acima, e uma fêmea jovem encontrada nas águas do Japão. Foto: Giannis Papadakis e Nicholas Straube via The New York Times

DeAgostini, o fabricante de brinquedos, não foi encontrado para comentar.

O brinquedo “mostra uma grande semelhança com o espécime na imagem publicada”, disse Jürgen Pollerspöck, pesquisador de tubarões e autor do artigo que apresentou as dúvidas sobre a autenticidade do tubarão-duende grego.

Os autores do artigo original reiteraram as afirmações neste mês, em resposta às dúvidas levantadas por Pollerspöck e seus colegas. Eles também alteraram sua estimativa de tamanho de 30 polegadas para 7 polegadas e sugeriram que o tubarão-duende em questão poderia ser um embrião. “Embriões deste tamanho não são viáveis”, respondeu Pollerspöck.

Então, na semana passada, os autores retrataram o artigo original, assim como a resposta que deram às dúvidas levantadas pelo pesquisador independente, e admitiram que havia muita incerteza em torno da descoberta. Contatado por e-mail, um dos autores do artigo se recusou a responder a mais perguntas.

Assim terminou uma saga que durou quase um ano e levou muitos “detetives” de tubarões” a questionarem o que viam nas telas de seus computadores.

Pollerspöck disse ser possível que haja tubarões-duende à espreita nas profundezas do Mar Mediterrâneo, mas até o momento nenhum foi encontrado.

Seja o tubarão nesta imagem considerado um peixe real ou apenas um pedaço de poluição plástica, os críticos dizem que a publicação da imagem em uma revista científica chama a atenção para as imperfeições do processo científico de revisão por pares.

“Na minha opinião, o problema e a responsabilidade são do editor da revista e dos revisores”, disse Pollerspöck.

Para ele, a aparência incomum do tubarão não era o único alerta para os revisores da revista científica. O fato de a alegação na publicação ter sido baseada em uma imagem fornecida por um cidadão cientista justificaria um exame mais apurado.

O editor da Mediterranean Marine Science não respondeu a um pedido de entrevista. Com ou sem retratação, Ebert disse que não se surpreenderá se algo assim voltar a acontecer, dados os problemas com a revisão por pares e as taxas de poluição plástica nos mares. “Tudo é possível”, observou.

Os tubarões-duende são peixes cujas mandíbulas protuberantes e assustadoras serviram de inspiração para as criaturas aterrorizantes da franquia de filmes Alien. Pouco se sabe sobre esses tubarões elusivos, e os avistamentos são extraordinariamente raros. Eles são conhecidos por viver em águas costeiras profundas em todo o mundo, mas nunca foram encontrados no Mar Mediterrâneo.

Mas, recentemente, os cientistas relataram a descoberta do que eles disseram ser um tubarão-duende que teria aparecido em uma praia grega. O anúncio da descoberta, feito na revista Mediterranean Marine Science no ano passado, levou a uma série de eventos quase tão bizarros quanto a própria espécie, envolvendo narrativas científicas conflitantes, uma retratação e a possibilidade de que talvez um brinquedo infantil de plástico tenha provocado toda a confusão.

De acordo com o artigo científico original, o tubarão-duende foi descoberto em agosto de 2020 por um homem chamado Giannis Papadakis. Depois de encontrar o espécime, segundo a publicação, Papadakis o colocou em pedras e fez uma foto. A imagem chegou às mãos de um grupo de cientistas locais, que, dois anos depois, a publicaram junto com registros de outras espécies encontradas no Mediterrâneo pela primeira vez.

O artigo parecia um sucesso da ciência cidadã, em que pessoas sem formação científica formal auxiliam cientistas profissionais em suas pesquisas. Mas não demorou muito para que especialistas em tubarões de todo o mundo começassem a expor suas dúvidas em um grupo no Facebook sobre a autenticidade do tubarão-duende.

“Não parecia certo”, disse David Ebert, autor do livro Sharks of the World (Tubarões do Mundo). Segundo ele, vários aspectos sobre o tubarão encontrado na Grécia eram incomuns. “Ele é muito pequeno e suas brânquias não parecem realmente estar abertas”, disse. “Não parece nada natural.”

Ebert e outros também estavam céticos porque nenhum exame havia sido feito no tubarão. O artigo foi baseado apenas em uma foto e em uma breve descrição fornecida por Papadakis.

Em novembro, um grupo de pesquisadores de tubarões publicaram um artigo questionando se o peixe encontrado na Grécia era de fato um animal real. “Temos dúvidas” de que é “um espécime natural”, escreveram eles.

Os pesquisadores argumentaram que a ausência de dentes, suas babartanas excessivamente arredondadas e seu baixo número de aberturas branquiais não eram características de um tubarão-duende.

Logo depois, foi compartilhada nas redes sociais uma outra imagem que faria o ceticismo crescer. Era um tubarão-duende de plástico vendido pela empresa de brinquedos italiana DeAgostini e tinha uma semelhança incrível com o encontrado na Grécia.

As imagens mostram uma comparação entre o "espécime" de tubarão-duende encontrado por um cientista cidadão na ilha de Anafi, na Grécia, acima, e uma fêmea jovem encontrada nas águas do Japão. Foto: Giannis Papadakis e Nicholas Straube via The New York Times

DeAgostini, o fabricante de brinquedos, não foi encontrado para comentar.

O brinquedo “mostra uma grande semelhança com o espécime na imagem publicada”, disse Jürgen Pollerspöck, pesquisador de tubarões e autor do artigo que apresentou as dúvidas sobre a autenticidade do tubarão-duende grego.

Os autores do artigo original reiteraram as afirmações neste mês, em resposta às dúvidas levantadas por Pollerspöck e seus colegas. Eles também alteraram sua estimativa de tamanho de 30 polegadas para 7 polegadas e sugeriram que o tubarão-duende em questão poderia ser um embrião. “Embriões deste tamanho não são viáveis”, respondeu Pollerspöck.

Então, na semana passada, os autores retrataram o artigo original, assim como a resposta que deram às dúvidas levantadas pelo pesquisador independente, e admitiram que havia muita incerteza em torno da descoberta. Contatado por e-mail, um dos autores do artigo se recusou a responder a mais perguntas.

Assim terminou uma saga que durou quase um ano e levou muitos “detetives” de tubarões” a questionarem o que viam nas telas de seus computadores.

Pollerspöck disse ser possível que haja tubarões-duende à espreita nas profundezas do Mar Mediterrâneo, mas até o momento nenhum foi encontrado.

Seja o tubarão nesta imagem considerado um peixe real ou apenas um pedaço de poluição plástica, os críticos dizem que a publicação da imagem em uma revista científica chama a atenção para as imperfeições do processo científico de revisão por pares.

“Na minha opinião, o problema e a responsabilidade são do editor da revista e dos revisores”, disse Pollerspöck.

Para ele, a aparência incomum do tubarão não era o único alerta para os revisores da revista científica. O fato de a alegação na publicação ter sido baseada em uma imagem fornecida por um cidadão cientista justificaria um exame mais apurado.

O editor da Mediterranean Marine Science não respondeu a um pedido de entrevista. Com ou sem retratação, Ebert disse que não se surpreenderá se algo assim voltar a acontecer, dados os problemas com a revisão por pares e as taxas de poluição plástica nos mares. “Tudo é possível”, observou.

Os tubarões-duende são peixes cujas mandíbulas protuberantes e assustadoras serviram de inspiração para as criaturas aterrorizantes da franquia de filmes Alien. Pouco se sabe sobre esses tubarões elusivos, e os avistamentos são extraordinariamente raros. Eles são conhecidos por viver em águas costeiras profundas em todo o mundo, mas nunca foram encontrados no Mar Mediterrâneo.

Mas, recentemente, os cientistas relataram a descoberta do que eles disseram ser um tubarão-duende que teria aparecido em uma praia grega. O anúncio da descoberta, feito na revista Mediterranean Marine Science no ano passado, levou a uma série de eventos quase tão bizarros quanto a própria espécie, envolvendo narrativas científicas conflitantes, uma retratação e a possibilidade de que talvez um brinquedo infantil de plástico tenha provocado toda a confusão.

De acordo com o artigo científico original, o tubarão-duende foi descoberto em agosto de 2020 por um homem chamado Giannis Papadakis. Depois de encontrar o espécime, segundo a publicação, Papadakis o colocou em pedras e fez uma foto. A imagem chegou às mãos de um grupo de cientistas locais, que, dois anos depois, a publicaram junto com registros de outras espécies encontradas no Mediterrâneo pela primeira vez.

O artigo parecia um sucesso da ciência cidadã, em que pessoas sem formação científica formal auxiliam cientistas profissionais em suas pesquisas. Mas não demorou muito para que especialistas em tubarões de todo o mundo começassem a expor suas dúvidas em um grupo no Facebook sobre a autenticidade do tubarão-duende.

“Não parecia certo”, disse David Ebert, autor do livro Sharks of the World (Tubarões do Mundo). Segundo ele, vários aspectos sobre o tubarão encontrado na Grécia eram incomuns. “Ele é muito pequeno e suas brânquias não parecem realmente estar abertas”, disse. “Não parece nada natural.”

Ebert e outros também estavam céticos porque nenhum exame havia sido feito no tubarão. O artigo foi baseado apenas em uma foto e em uma breve descrição fornecida por Papadakis.

Em novembro, um grupo de pesquisadores de tubarões publicaram um artigo questionando se o peixe encontrado na Grécia era de fato um animal real. “Temos dúvidas” de que é “um espécime natural”, escreveram eles.

Os pesquisadores argumentaram que a ausência de dentes, suas babartanas excessivamente arredondadas e seu baixo número de aberturas branquiais não eram características de um tubarão-duende.

Logo depois, foi compartilhada nas redes sociais uma outra imagem que faria o ceticismo crescer. Era um tubarão-duende de plástico vendido pela empresa de brinquedos italiana DeAgostini e tinha uma semelhança incrível com o encontrado na Grécia.

As imagens mostram uma comparação entre o "espécime" de tubarão-duende encontrado por um cientista cidadão na ilha de Anafi, na Grécia, acima, e uma fêmea jovem encontrada nas águas do Japão. Foto: Giannis Papadakis e Nicholas Straube via The New York Times

DeAgostini, o fabricante de brinquedos, não foi encontrado para comentar.

O brinquedo “mostra uma grande semelhança com o espécime na imagem publicada”, disse Jürgen Pollerspöck, pesquisador de tubarões e autor do artigo que apresentou as dúvidas sobre a autenticidade do tubarão-duende grego.

Os autores do artigo original reiteraram as afirmações neste mês, em resposta às dúvidas levantadas por Pollerspöck e seus colegas. Eles também alteraram sua estimativa de tamanho de 30 polegadas para 7 polegadas e sugeriram que o tubarão-duende em questão poderia ser um embrião. “Embriões deste tamanho não são viáveis”, respondeu Pollerspöck.

Então, na semana passada, os autores retrataram o artigo original, assim como a resposta que deram às dúvidas levantadas pelo pesquisador independente, e admitiram que havia muita incerteza em torno da descoberta. Contatado por e-mail, um dos autores do artigo se recusou a responder a mais perguntas.

Assim terminou uma saga que durou quase um ano e levou muitos “detetives” de tubarões” a questionarem o que viam nas telas de seus computadores.

Pollerspöck disse ser possível que haja tubarões-duende à espreita nas profundezas do Mar Mediterrâneo, mas até o momento nenhum foi encontrado.

Seja o tubarão nesta imagem considerado um peixe real ou apenas um pedaço de poluição plástica, os críticos dizem que a publicação da imagem em uma revista científica chama a atenção para as imperfeições do processo científico de revisão por pares.

“Na minha opinião, o problema e a responsabilidade são do editor da revista e dos revisores”, disse Pollerspöck.

Para ele, a aparência incomum do tubarão não era o único alerta para os revisores da revista científica. O fato de a alegação na publicação ter sido baseada em uma imagem fornecida por um cidadão cientista justificaria um exame mais apurado.

O editor da Mediterranean Marine Science não respondeu a um pedido de entrevista. Com ou sem retratação, Ebert disse que não se surpreenderá se algo assim voltar a acontecer, dados os problemas com a revisão por pares e as taxas de poluição plástica nos mares. “Tudo é possível”, observou.

Os tubarões-duende são peixes cujas mandíbulas protuberantes e assustadoras serviram de inspiração para as criaturas aterrorizantes da franquia de filmes Alien. Pouco se sabe sobre esses tubarões elusivos, e os avistamentos são extraordinariamente raros. Eles são conhecidos por viver em águas costeiras profundas em todo o mundo, mas nunca foram encontrados no Mar Mediterrâneo.

Mas, recentemente, os cientistas relataram a descoberta do que eles disseram ser um tubarão-duende que teria aparecido em uma praia grega. O anúncio da descoberta, feito na revista Mediterranean Marine Science no ano passado, levou a uma série de eventos quase tão bizarros quanto a própria espécie, envolvendo narrativas científicas conflitantes, uma retratação e a possibilidade de que talvez um brinquedo infantil de plástico tenha provocado toda a confusão.

De acordo com o artigo científico original, o tubarão-duende foi descoberto em agosto de 2020 por um homem chamado Giannis Papadakis. Depois de encontrar o espécime, segundo a publicação, Papadakis o colocou em pedras e fez uma foto. A imagem chegou às mãos de um grupo de cientistas locais, que, dois anos depois, a publicaram junto com registros de outras espécies encontradas no Mediterrâneo pela primeira vez.

O artigo parecia um sucesso da ciência cidadã, em que pessoas sem formação científica formal auxiliam cientistas profissionais em suas pesquisas. Mas não demorou muito para que especialistas em tubarões de todo o mundo começassem a expor suas dúvidas em um grupo no Facebook sobre a autenticidade do tubarão-duende.

“Não parecia certo”, disse David Ebert, autor do livro Sharks of the World (Tubarões do Mundo). Segundo ele, vários aspectos sobre o tubarão encontrado na Grécia eram incomuns. “Ele é muito pequeno e suas brânquias não parecem realmente estar abertas”, disse. “Não parece nada natural.”

Ebert e outros também estavam céticos porque nenhum exame havia sido feito no tubarão. O artigo foi baseado apenas em uma foto e em uma breve descrição fornecida por Papadakis.

Em novembro, um grupo de pesquisadores de tubarões publicaram um artigo questionando se o peixe encontrado na Grécia era de fato um animal real. “Temos dúvidas” de que é “um espécime natural”, escreveram eles.

Os pesquisadores argumentaram que a ausência de dentes, suas babartanas excessivamente arredondadas e seu baixo número de aberturas branquiais não eram características de um tubarão-duende.

Logo depois, foi compartilhada nas redes sociais uma outra imagem que faria o ceticismo crescer. Era um tubarão-duende de plástico vendido pela empresa de brinquedos italiana DeAgostini e tinha uma semelhança incrível com o encontrado na Grécia.

As imagens mostram uma comparação entre o "espécime" de tubarão-duende encontrado por um cientista cidadão na ilha de Anafi, na Grécia, acima, e uma fêmea jovem encontrada nas águas do Japão. Foto: Giannis Papadakis e Nicholas Straube via The New York Times

DeAgostini, o fabricante de brinquedos, não foi encontrado para comentar.

O brinquedo “mostra uma grande semelhança com o espécime na imagem publicada”, disse Jürgen Pollerspöck, pesquisador de tubarões e autor do artigo que apresentou as dúvidas sobre a autenticidade do tubarão-duende grego.

Os autores do artigo original reiteraram as afirmações neste mês, em resposta às dúvidas levantadas por Pollerspöck e seus colegas. Eles também alteraram sua estimativa de tamanho de 30 polegadas para 7 polegadas e sugeriram que o tubarão-duende em questão poderia ser um embrião. “Embriões deste tamanho não são viáveis”, respondeu Pollerspöck.

Então, na semana passada, os autores retrataram o artigo original, assim como a resposta que deram às dúvidas levantadas pelo pesquisador independente, e admitiram que havia muita incerteza em torno da descoberta. Contatado por e-mail, um dos autores do artigo se recusou a responder a mais perguntas.

Assim terminou uma saga que durou quase um ano e levou muitos “detetives” de tubarões” a questionarem o que viam nas telas de seus computadores.

Pollerspöck disse ser possível que haja tubarões-duende à espreita nas profundezas do Mar Mediterrâneo, mas até o momento nenhum foi encontrado.

Seja o tubarão nesta imagem considerado um peixe real ou apenas um pedaço de poluição plástica, os críticos dizem que a publicação da imagem em uma revista científica chama a atenção para as imperfeições do processo científico de revisão por pares.

“Na minha opinião, o problema e a responsabilidade são do editor da revista e dos revisores”, disse Pollerspöck.

Para ele, a aparência incomum do tubarão não era o único alerta para os revisores da revista científica. O fato de a alegação na publicação ter sido baseada em uma imagem fornecida por um cidadão cientista justificaria um exame mais apurado.

O editor da Mediterranean Marine Science não respondeu a um pedido de entrevista. Com ou sem retratação, Ebert disse que não se surpreenderá se algo assim voltar a acontecer, dados os problemas com a revisão por pares e as taxas de poluição plástica nos mares. “Tudo é possível”, observou.

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