Últimos mamutes foram extintos por falta de água


Estudo a partir de sedimentos de lago revela que animais desapareceram há 5,6 mil anos, depois de ficarem isolados pela elevação do nível do mar

Por Fabio de Castro
Fim dos mamutes da ilha St. Paul é agora uma das extinções com a datação mais precisa Foto: WIKIMEDIA COMMONS

Uma das últimas populações de mamutes da Terra foi extinta há cerca de 5,6 mil anos, em uma ilha próxima ao atual Alasca (Estados Unidos), depois de ficar isolada pela elevação do nível do mar e sofrer com o reduzido acesso à água doce, de acordo com um novo estudo.

A pesquisa, publicada nesta terça na revista científica PNAS, foi liderada por cientistas da Universidade do Alasca em Fairbanks e da Universidade Estadual da Pensilvânia (Estados Unidos).

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Depois de analisar as datações de camadas de sedimentos em um lago da ilha de St. Paul, os cientistas concluíram que o mamute lanoso (Mammuthus primigenius) foi extinto no local há 5.650 anos - com margem de erro de apenas 80 anos -, alguns milhares de anos depois do desaparecimento das últimas populações da mesma espécie remanescentes em terra firme.

A ilha St. Paul fica no Mar de Bering - situado entre o oeste Alasca e o leste da Rússia - cerca de 640 quilômetros ao norte das Ilhas Aleutas. Durante a última glaciação, a ilha fazia parte da ligação por terra firme que existia entre a Ásia e a América do Norte.

Com o fim do período glacial, há 10 mil anos, a elevação do nível do mar separou os dois continentes. A ilha St. Paul já havia se formado há cerca de 14 mil anos e começou a encolher rapidamente. Há 9 mil anos, a redução do tamanho diminuiu de ritmo, até que há 6 mil anos a ilha chegou ao seu tamanho atual, de 108 quilômetros quadrados.

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O estudo também indicou que a ilha no Mar de Bering passou por uma fase extremamente seca, com o declínio da qualidade da água doce exatamente na época em que os mamutes desapareceram. De acordo com um dos autores do estudo, Matthew Wooller, da Universidade do Alasca, a reconstituição dos eventos passados na ilha St. Paul fornecem uma oportunidade única para a pesquisa. Segundo ele, nos continentes, os mamutes foram extintos há cerca de 12 mil anos por causa das mudanças climáticas, mas na ilha as coisas ocorreram de outra forma.

"Os mamutes ficaram isolados quando o nível dos oceanos se elevou. Ali, na ilha que se formou - sem nenhuma presença humana -, os animais sobreviveram quase 5 mil anos a mais que as populações isoladas em terra firme", afirmou Wooller.

Segundo ele, a redução do tamanho da ilha também diminuiu as oportunidades para que os mamutes encontrassem novas áreas com água. Os humanos começaram a chegar à ilha apenas no ano de 1787.

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Em 2013, a equipe de cientistas coletou sedimentos do leito de alguns lagos de água doce da ilha St. Paul. Ali, Wooller e seu colega Kyungcheol Choy, também da Universidade do Alasca, mediram os níveis de isótopos estáveis de oxigênio presentes nos restos pré-históricos de insetos aquáticos preservados nos sedimentos, antes, durante e depois da extinção dos mamutes.

Os organismos aquáticos que viviam nos lagos mantiveram em seus corpos assinaturas específicas dos isótopos e, com isso, os cientistas puderam estudar seus exoesqueletos para descobrir que os níveis dos lagos haviam diminuído, reduzindo a qualidade da água e levando os mamutes à extinção.

Situação sombria. A análise de isótopos de nitrogênio de ossos e dentes datados de mamutes também mostrou que as condições climáticas ficaram cada vez mais secas, acelerando a extinção. Segundo Wooller, essas "diversas linhas de evidências" da redução do nível dos lagos são uma forte indicação de que essa foi a razão da extinção dos animais. "Os resultados nos dão um retrato sombrio da situação desses mamutes. As fontes de água doce parecem ser o indício do que os levou àquela situação insustentável", disse Wooller.

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O estudo não apenas revelou uma das extinções pré-históricas mais bem datadas, mas também mostrou a vulnerabilidade de populações de pequenas ilhas às mudanças climáticas. De acordo com outro dos autores, Russel Graham, da Universidade da Pensilvânia, com o novo estudo, o fim dos mamutes da ilha St. Paul é agora uma das extinções com a datação mais precisa.

"É incrível que tudo se encaixe tão precisamente com a datação da extinção há 5,6 mil anos", afirmou Graham. Além dos mamutes, os únicos mamíferos que viveram na ilha na pré-história foram raposas do Ártico, musaranhos e ursos polares - mas estes últimos só apareceram há cerca de 4 mil anos.    

Fim dos mamutes da ilha St. Paul é agora uma das extinções com a datação mais precisa Foto: WIKIMEDIA COMMONS

Uma das últimas populações de mamutes da Terra foi extinta há cerca de 5,6 mil anos, em uma ilha próxima ao atual Alasca (Estados Unidos), depois de ficar isolada pela elevação do nível do mar e sofrer com o reduzido acesso à água doce, de acordo com um novo estudo.

A pesquisa, publicada nesta terça na revista científica PNAS, foi liderada por cientistas da Universidade do Alasca em Fairbanks e da Universidade Estadual da Pensilvânia (Estados Unidos).

Depois de analisar as datações de camadas de sedimentos em um lago da ilha de St. Paul, os cientistas concluíram que o mamute lanoso (Mammuthus primigenius) foi extinto no local há 5.650 anos - com margem de erro de apenas 80 anos -, alguns milhares de anos depois do desaparecimento das últimas populações da mesma espécie remanescentes em terra firme.

A ilha St. Paul fica no Mar de Bering - situado entre o oeste Alasca e o leste da Rússia - cerca de 640 quilômetros ao norte das Ilhas Aleutas. Durante a última glaciação, a ilha fazia parte da ligação por terra firme que existia entre a Ásia e a América do Norte.

Com o fim do período glacial, há 10 mil anos, a elevação do nível do mar separou os dois continentes. A ilha St. Paul já havia se formado há cerca de 14 mil anos e começou a encolher rapidamente. Há 9 mil anos, a redução do tamanho diminuiu de ritmo, até que há 6 mil anos a ilha chegou ao seu tamanho atual, de 108 quilômetros quadrados.

O estudo também indicou que a ilha no Mar de Bering passou por uma fase extremamente seca, com o declínio da qualidade da água doce exatamente na época em que os mamutes desapareceram. De acordo com um dos autores do estudo, Matthew Wooller, da Universidade do Alasca, a reconstituição dos eventos passados na ilha St. Paul fornecem uma oportunidade única para a pesquisa. Segundo ele, nos continentes, os mamutes foram extintos há cerca de 12 mil anos por causa das mudanças climáticas, mas na ilha as coisas ocorreram de outra forma.

"Os mamutes ficaram isolados quando o nível dos oceanos se elevou. Ali, na ilha que se formou - sem nenhuma presença humana -, os animais sobreviveram quase 5 mil anos a mais que as populações isoladas em terra firme", afirmou Wooller.

Segundo ele, a redução do tamanho da ilha também diminuiu as oportunidades para que os mamutes encontrassem novas áreas com água. Os humanos começaram a chegar à ilha apenas no ano de 1787.

Em 2013, a equipe de cientistas coletou sedimentos do leito de alguns lagos de água doce da ilha St. Paul. Ali, Wooller e seu colega Kyungcheol Choy, também da Universidade do Alasca, mediram os níveis de isótopos estáveis de oxigênio presentes nos restos pré-históricos de insetos aquáticos preservados nos sedimentos, antes, durante e depois da extinção dos mamutes.

Os organismos aquáticos que viviam nos lagos mantiveram em seus corpos assinaturas específicas dos isótopos e, com isso, os cientistas puderam estudar seus exoesqueletos para descobrir que os níveis dos lagos haviam diminuído, reduzindo a qualidade da água e levando os mamutes à extinção.

Situação sombria. A análise de isótopos de nitrogênio de ossos e dentes datados de mamutes também mostrou que as condições climáticas ficaram cada vez mais secas, acelerando a extinção. Segundo Wooller, essas "diversas linhas de evidências" da redução do nível dos lagos são uma forte indicação de que essa foi a razão da extinção dos animais. "Os resultados nos dão um retrato sombrio da situação desses mamutes. As fontes de água doce parecem ser o indício do que os levou àquela situação insustentável", disse Wooller.

O estudo não apenas revelou uma das extinções pré-históricas mais bem datadas, mas também mostrou a vulnerabilidade de populações de pequenas ilhas às mudanças climáticas. De acordo com outro dos autores, Russel Graham, da Universidade da Pensilvânia, com o novo estudo, o fim dos mamutes da ilha St. Paul é agora uma das extinções com a datação mais precisa.

"É incrível que tudo se encaixe tão precisamente com a datação da extinção há 5,6 mil anos", afirmou Graham. Além dos mamutes, os únicos mamíferos que viveram na ilha na pré-história foram raposas do Ártico, musaranhos e ursos polares - mas estes últimos só apareceram há cerca de 4 mil anos.    

Fim dos mamutes da ilha St. Paul é agora uma das extinções com a datação mais precisa Foto: WIKIMEDIA COMMONS

Uma das últimas populações de mamutes da Terra foi extinta há cerca de 5,6 mil anos, em uma ilha próxima ao atual Alasca (Estados Unidos), depois de ficar isolada pela elevação do nível do mar e sofrer com o reduzido acesso à água doce, de acordo com um novo estudo.

A pesquisa, publicada nesta terça na revista científica PNAS, foi liderada por cientistas da Universidade do Alasca em Fairbanks e da Universidade Estadual da Pensilvânia (Estados Unidos).

Depois de analisar as datações de camadas de sedimentos em um lago da ilha de St. Paul, os cientistas concluíram que o mamute lanoso (Mammuthus primigenius) foi extinto no local há 5.650 anos - com margem de erro de apenas 80 anos -, alguns milhares de anos depois do desaparecimento das últimas populações da mesma espécie remanescentes em terra firme.

A ilha St. Paul fica no Mar de Bering - situado entre o oeste Alasca e o leste da Rússia - cerca de 640 quilômetros ao norte das Ilhas Aleutas. Durante a última glaciação, a ilha fazia parte da ligação por terra firme que existia entre a Ásia e a América do Norte.

Com o fim do período glacial, há 10 mil anos, a elevação do nível do mar separou os dois continentes. A ilha St. Paul já havia se formado há cerca de 14 mil anos e começou a encolher rapidamente. Há 9 mil anos, a redução do tamanho diminuiu de ritmo, até que há 6 mil anos a ilha chegou ao seu tamanho atual, de 108 quilômetros quadrados.

O estudo também indicou que a ilha no Mar de Bering passou por uma fase extremamente seca, com o declínio da qualidade da água doce exatamente na época em que os mamutes desapareceram. De acordo com um dos autores do estudo, Matthew Wooller, da Universidade do Alasca, a reconstituição dos eventos passados na ilha St. Paul fornecem uma oportunidade única para a pesquisa. Segundo ele, nos continentes, os mamutes foram extintos há cerca de 12 mil anos por causa das mudanças climáticas, mas na ilha as coisas ocorreram de outra forma.

"Os mamutes ficaram isolados quando o nível dos oceanos se elevou. Ali, na ilha que se formou - sem nenhuma presença humana -, os animais sobreviveram quase 5 mil anos a mais que as populações isoladas em terra firme", afirmou Wooller.

Segundo ele, a redução do tamanho da ilha também diminuiu as oportunidades para que os mamutes encontrassem novas áreas com água. Os humanos começaram a chegar à ilha apenas no ano de 1787.

Em 2013, a equipe de cientistas coletou sedimentos do leito de alguns lagos de água doce da ilha St. Paul. Ali, Wooller e seu colega Kyungcheol Choy, também da Universidade do Alasca, mediram os níveis de isótopos estáveis de oxigênio presentes nos restos pré-históricos de insetos aquáticos preservados nos sedimentos, antes, durante e depois da extinção dos mamutes.

Os organismos aquáticos que viviam nos lagos mantiveram em seus corpos assinaturas específicas dos isótopos e, com isso, os cientistas puderam estudar seus exoesqueletos para descobrir que os níveis dos lagos haviam diminuído, reduzindo a qualidade da água e levando os mamutes à extinção.

Situação sombria. A análise de isótopos de nitrogênio de ossos e dentes datados de mamutes também mostrou que as condições climáticas ficaram cada vez mais secas, acelerando a extinção. Segundo Wooller, essas "diversas linhas de evidências" da redução do nível dos lagos são uma forte indicação de que essa foi a razão da extinção dos animais. "Os resultados nos dão um retrato sombrio da situação desses mamutes. As fontes de água doce parecem ser o indício do que os levou àquela situação insustentável", disse Wooller.

O estudo não apenas revelou uma das extinções pré-históricas mais bem datadas, mas também mostrou a vulnerabilidade de populações de pequenas ilhas às mudanças climáticas. De acordo com outro dos autores, Russel Graham, da Universidade da Pensilvânia, com o novo estudo, o fim dos mamutes da ilha St. Paul é agora uma das extinções com a datação mais precisa.

"É incrível que tudo se encaixe tão precisamente com a datação da extinção há 5,6 mil anos", afirmou Graham. Além dos mamutes, os únicos mamíferos que viveram na ilha na pré-história foram raposas do Ártico, musaranhos e ursos polares - mas estes últimos só apareceram há cerca de 4 mil anos.    

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