O sol está voltando a se animar.
Um painel internacional de cientistas anunciou na terça-feira que o sol emergiu da parte mais tranquila de seu ciclo de 11 anos, entrando agora no 25º ciclo já registrado. (A numeração dos ciclos solares remonta a 1755).
Os pesquisadores previram que o próximo ciclo será bastante silencioso.
Cientistas solares rastreiam os ciclos por meio do fluxo e refluxo das manchas solares, as quais refletem o nível de ferocidade dos campos magnéticos do sol. As manchas solares podem disparar rajadas de radiação chamadas erupções solares, bem como imensas erupções de partículas conhecidas como ejeções de massa coronal. Se uma ejeção de massa coronal gigante atingisse a Terra, poderia acabar com a civilização moderna, derrubando satélites e provocando apagões em continentes inteiros.
Em 1859, uma explosão solar desse tipo, conhecida como o Evento Carrington, interrompeu os sistemas telegráficos. Hoje, o mundo está mais interconectado eletricamente, e os transformadores gigantes que compõem as redes de energia são considerados particularmente vulneráveis.
Assim como os economistas esperam meses para declarar o início ou o fim de uma recessão, os cientistas fazem adiamentos semelhantes no caso dos ciclos solares, pois calculam a média dos números das manchas solares ao longo de 13 meses para evitar serem enganados por flutuações de curto prazo na atividade solar. Nove meses atrás, em dezembro, o ciclo de manchas solares atingiu seu estado mais calmo.
“Desde então, tem aumentado lenta, mas constantemente”, disse Lisa Upton, cientista solar da Space Systems Research Corporation e copresidente do Solar Cycle 25 Prediction Panel, que é patrocinado pela NASA e pela National Oceanic and Atmospheric Administration.
Ao longo do último meio século, os ciclos solares foram ficando cada vez mais fracos, o que levou alguns cientistas a especular que o Sol pode estar à beira de um prolongado período de tranquilidade. O último máximo solar, com média de 114 manchas solares, foi o mais fraco desde 1928 e o quarto mais fraco de todos.
O painel de predição espera que a atividade durante este ciclo solar estará bem abaixo da média, com um pico de 115 no número de manchas solares, dentro de uma margem de erro de 10 para mais ou para menos. Será quase o mesmo que o último ciclo. O máximo está previsto para ocorrer em julho de 2025.
“Se isto de fato acontecer, fará com que o Ciclo 25 seja quase idêntico ao Ciclo Solar 24”, disse Douglas A. Biesecker, do Centro de Previsão do Clima Espacial em Boulder, Colorado, o outro copresidente do painel. Um ciclo muito ativo atingiria um número de manchas solares superior a 200, disse ele.
As previsões dos cientistas ainda variam muito: alguns preveem um ciclo ainda mais silencioso, outros preveem uma recuperação para níveis mais elevados. Mas Upton e Biesecker disseram que o painel chegou a um consenso com bastante facilidade, baseando-se em modelos que usam medições dos campos magnéticos nas regiões polares do Sol para inferir o que aconteceria nos próximos anos.
“Nós nos ficamos muito bons em traçar modelos da evolução dos campos magnéticos polares”, disse Dra. Upton. “É um dos melhores indicadores da amplitude do ciclo vindouro e foi uma das principais características analisadas pelo painel de previsão”.
Ela disse que havia outros indicadores de que este ciclo permaneceria tranquilo, entre eles um grande número de dias sem manchas durante o mínimo solar. Mas, se nos próximos meses o ciclo de manchas solares aumentar mais rápido do que o esperado, isto será um sinal de que talvez os especialistas tenham subestimado a intensidade do ciclo que se aproxima, disse ela.
Mesmo durante ciclos solares mais fracos, o sol pode desencadear explosões gigantescas. Em 2012, uma erupção que rivaliza com o Evento Carrington eclodiu na superfície do Sol – mas felizmente não foi direcionada à Terra.
Ainda assim, um sol mais silencioso aumenta as chances de que nosso planeta não seja atingido por um cataclismo solar nos próximos 11 anos. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU