A Via Láctea, galáxia que abriga o Sistema Solar e a Terra, já foi observada pelo ser humano de diferentes maneiras, mas sempre pela detecção de energia eletromagnética – por meio das luzes de estrelas, ou até ondas de rádio. Agora, pela primeira vez, cientistas conseguiram captar imagens da galáxia a partir da captação de matéria – mais especificamente neutrinos, uma partícula cósmica minúscula, muito difícil de detectar.
A descoberta foi feita por uma equipe internacional e com o uso de uma inteligência artificial capaz analisar grandes quantidades de dados. A imagem foi registrada pelo observatório IceCube, por meio de um telescópio que fica embutido no gelo da Antártida. O resultado foi publicado na revista Science na quinta-feira, 29.
Os neutrinos, conhecidos como “partículas fantasma”, carecem de carga elétrica e têm uma massa pequena que interage apenas com matéria comum. Segundo cientistas, há milhares deles cruzando a Terra e nossos corpos todos os dias sem que percebamos.
Para enxergar essas partículas, o telescópio tem uma lente especial que identifica neutrinos em azul. O resultado, ao avistar a Via Láctea, é uma imagem fantasmagórica e azulada, nunca antes vista.
O observatório IceCube
O observatório IceCube é uma rede de milhares de sensores localizados nas profundezas do gelo antártico. Esses sensores levam mais de dez anos monitorando os rastros deixados por essas partículas e, graças aos seus dados, os pesquisadores relataram a primeira prova estatisticamente robusta de emissão de neutrinos de alta energia das partes internas da Via Láctea.
“A forte evidência de que a Via Láctea é uma fonte de neutrinos de alta energia sobreviveram a testes rigorosos,” disse Ignacio Taboada, professor de física do Instituto de Tecnologia da Georgia e porta-voz do IceCube. O próximo passo, segundo Taboada, é identificar as fontes específicas de neutrinos dentro da galáxia.
Segundo Denise Caldwell, da National Science Foundation (EUA), as capacidades deste observatório e as novas ferramentas para a análise de dados fornecem uma visão completamente nova da Via Láctea. A expectativa é de que essa possa ser uma resolução crescente, capaz de “revelar características ocultas de nossa galáxia nunca antes visto pela humanidade”. /com informações da EFE