Você consegue visualizar imagens mentalmente? Saiba o que isso tem a ver com memória e distúrbios


Redescoberta de extremos na visualização de imagens abriu janelas para entender as relações entre imagem, memória, neurodesenvolvimento e saúde mental

Por Ramana Rech
Atualização:

Em 1880, o psicólogo britânico Francis Galton descreveu pela primeira vez que algumas pessoas não tinham a capacidade de visualizar imagens mentalmente. O outro extremo também chama atenção: aqueles que conseguem enxergar tão bem em suas mentes que a imagem é vívida a ponto de parecer algo real.

O assunto havia sido negligenciado até que a criação de termos para designar os dois casos despertou o interesse público e científico sobre o assunto. Afantasia, condição de não conseguir formar imagens na mente, tem prevalência de 1%; e o seu oposto, a hiperfantasia, de 3%.

Um novo estudo publicado no mês passado na revista Trends in Cognitive Science afirma que a redescoberta de extremos na visualização de imagens abriu janelas para entender as relações entre imagem, memória, neurodesenvolvimento e saúde mental.

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O estudo conclui que os trabalhos realizados sobre afantasia até o momento mostram que imagens sensoriais não são um pré-requisito para criatividade ou cognição.

Nenhum dos dois extremos representa um transtorno, já que não afetam as atividades diárias ou o bem-estar mental Foto: Adobe stock

Nenhum dos dois extremos representa um transtorno, já que não afetam as atividades diárias ou o bem-estar mental em um grau que mereça essa classificação. Mas ambos podem trazer vantagens e desvantagens.

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A afantasia, por exemplo, reduz a capacidade a memória sobre a própria vida e a percepção facial, além de ser associado com autismo. Mas oferece proteção contra alguns sofrimentos mentais. Por outro lado, a hiperfantasia parece aumentar a propensão a esquizofrenia, alucinações ou mesmo Doença de Parkinson.

  • Uma das diferenças observadas pelo estudo entre pessoas com afantasia e hiperfantasia são as ocupações que escolheram. Enquanto profissões que envolvem matemática, computadores e ciência têm maior representação de pessoas com afantasia, nas tradicionais indústrias criativas há prevalência de hiperfantasia.
  • A riqueza da descrição de memórias autobiográficas também é menor entre pessoas com afantasia. Em alguns casos severos, há coexistência com uma síndrome em que o paciente não tem memórias vívidas de suas próprias experiências. Pelo menos um em cada três indivíduos com essa síndrome também apresenta afantasia.
  • Cerca de 40% das pessoas com afantasia disseram ter dificuldade em reconhecer o rosto das pessoas. A porcentagem representa mais do que o dobro em relação àqueles que apresentam uma vivacidade média de imagens ou hiperfantasia.
  • A afantasia não impede as pessoas de terem sonhos visuais. Mas na hora de descrevê-los pessoas com essa condição falam mais dos acontecimentos, dos sons e emoções despertadas, já que não se lembram das imagens.
  • A falta de imagens vívidas pode ser uma forma de proteção contra distúrbios emocionais, já que elas são uma forma de amplificar os sentimentos.

Como saber se alguém tem afantasia ou hipervisualização?

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A forma mais utilizada em estudos recentes para verificar a prevalência dos dois extremos das imagens é o chamado Questionário de Nitidez de Visualização de Imagens (VVIQ, da sigla em inglês).

No teste, o participante tem que visualizar 16 cenários e depois dar uma nota de 1 a 5 para a nitidez das imagens. O número 1 representa “sem imagem, você apenas sabe que está pensando no objeto” e o 5, “perfeitamente claro e vívido como se fosse real”.

Nesses estudos, cerca de 1% da população tirou a nota 16 do total 80, caracterizando o quadro de afantasia. Entre 2% e 6% das pessoas tiraram nota máxima.

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Apesar de não haver diferença entre gêneros para afantasia, as mulheres são mais propensas a terem hiperfantasia.

Para aqueles insatisfeitos com os resultados de um teste feito de forma introspectiva e com julgamento pessoal, outros experimentos psicológicos e neurais foram realizados. Os resultados coletados corroboraram os dados conseguidos a partir do VVIQ.

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Em um desses experimentos, os participantes foram colocados para escutar histórias assustadoras. Enquanto a maioria começou a suar, pessoas com afantasia não apresentaram essa reação. Mas, quando colocados diante de uma imagem que provoca aversão, o suor veio.

Outro estudo observou que a pupila de indivíduos com afantasia não dilata ao imaginar um ambiente de pouco luz nem se contrai ao tentar visualizar um cenário iluminado. A pupila aumenta ou diminui de tamanho para regular a entrada de luz nos olhos. Essa reação pôde ser observada em outras pessoas ao imaginarem as diferenças de iluminação de ambientes.

Leia o estudo completo na revista Trends in Cognitive Science.

Em 1880, o psicólogo britânico Francis Galton descreveu pela primeira vez que algumas pessoas não tinham a capacidade de visualizar imagens mentalmente. O outro extremo também chama atenção: aqueles que conseguem enxergar tão bem em suas mentes que a imagem é vívida a ponto de parecer algo real.

O assunto havia sido negligenciado até que a criação de termos para designar os dois casos despertou o interesse público e científico sobre o assunto. Afantasia, condição de não conseguir formar imagens na mente, tem prevalência de 1%; e o seu oposto, a hiperfantasia, de 3%.

Um novo estudo publicado no mês passado na revista Trends in Cognitive Science afirma que a redescoberta de extremos na visualização de imagens abriu janelas para entender as relações entre imagem, memória, neurodesenvolvimento e saúde mental.

O estudo conclui que os trabalhos realizados sobre afantasia até o momento mostram que imagens sensoriais não são um pré-requisito para criatividade ou cognição.

Nenhum dos dois extremos representa um transtorno, já que não afetam as atividades diárias ou o bem-estar mental Foto: Adobe stock

Nenhum dos dois extremos representa um transtorno, já que não afetam as atividades diárias ou o bem-estar mental em um grau que mereça essa classificação. Mas ambos podem trazer vantagens e desvantagens.

A afantasia, por exemplo, reduz a capacidade a memória sobre a própria vida e a percepção facial, além de ser associado com autismo. Mas oferece proteção contra alguns sofrimentos mentais. Por outro lado, a hiperfantasia parece aumentar a propensão a esquizofrenia, alucinações ou mesmo Doença de Parkinson.

  • Uma das diferenças observadas pelo estudo entre pessoas com afantasia e hiperfantasia são as ocupações que escolheram. Enquanto profissões que envolvem matemática, computadores e ciência têm maior representação de pessoas com afantasia, nas tradicionais indústrias criativas há prevalência de hiperfantasia.
  • A riqueza da descrição de memórias autobiográficas também é menor entre pessoas com afantasia. Em alguns casos severos, há coexistência com uma síndrome em que o paciente não tem memórias vívidas de suas próprias experiências. Pelo menos um em cada três indivíduos com essa síndrome também apresenta afantasia.
  • Cerca de 40% das pessoas com afantasia disseram ter dificuldade em reconhecer o rosto das pessoas. A porcentagem representa mais do que o dobro em relação àqueles que apresentam uma vivacidade média de imagens ou hiperfantasia.
  • A afantasia não impede as pessoas de terem sonhos visuais. Mas na hora de descrevê-los pessoas com essa condição falam mais dos acontecimentos, dos sons e emoções despertadas, já que não se lembram das imagens.
  • A falta de imagens vívidas pode ser uma forma de proteção contra distúrbios emocionais, já que elas são uma forma de amplificar os sentimentos.

Como saber se alguém tem afantasia ou hipervisualização?

A forma mais utilizada em estudos recentes para verificar a prevalência dos dois extremos das imagens é o chamado Questionário de Nitidez de Visualização de Imagens (VVIQ, da sigla em inglês).

No teste, o participante tem que visualizar 16 cenários e depois dar uma nota de 1 a 5 para a nitidez das imagens. O número 1 representa “sem imagem, você apenas sabe que está pensando no objeto” e o 5, “perfeitamente claro e vívido como se fosse real”.

Nesses estudos, cerca de 1% da população tirou a nota 16 do total 80, caracterizando o quadro de afantasia. Entre 2% e 6% das pessoas tiraram nota máxima.

Apesar de não haver diferença entre gêneros para afantasia, as mulheres são mais propensas a terem hiperfantasia.

Para aqueles insatisfeitos com os resultados de um teste feito de forma introspectiva e com julgamento pessoal, outros experimentos psicológicos e neurais foram realizados. Os resultados coletados corroboraram os dados conseguidos a partir do VVIQ.

Em um desses experimentos, os participantes foram colocados para escutar histórias assustadoras. Enquanto a maioria começou a suar, pessoas com afantasia não apresentaram essa reação. Mas, quando colocados diante de uma imagem que provoca aversão, o suor veio.

Outro estudo observou que a pupila de indivíduos com afantasia não dilata ao imaginar um ambiente de pouco luz nem se contrai ao tentar visualizar um cenário iluminado. A pupila aumenta ou diminui de tamanho para regular a entrada de luz nos olhos. Essa reação pôde ser observada em outras pessoas ao imaginarem as diferenças de iluminação de ambientes.

Leia o estudo completo na revista Trends in Cognitive Science.

Em 1880, o psicólogo britânico Francis Galton descreveu pela primeira vez que algumas pessoas não tinham a capacidade de visualizar imagens mentalmente. O outro extremo também chama atenção: aqueles que conseguem enxergar tão bem em suas mentes que a imagem é vívida a ponto de parecer algo real.

O assunto havia sido negligenciado até que a criação de termos para designar os dois casos despertou o interesse público e científico sobre o assunto. Afantasia, condição de não conseguir formar imagens na mente, tem prevalência de 1%; e o seu oposto, a hiperfantasia, de 3%.

Um novo estudo publicado no mês passado na revista Trends in Cognitive Science afirma que a redescoberta de extremos na visualização de imagens abriu janelas para entender as relações entre imagem, memória, neurodesenvolvimento e saúde mental.

O estudo conclui que os trabalhos realizados sobre afantasia até o momento mostram que imagens sensoriais não são um pré-requisito para criatividade ou cognição.

Nenhum dos dois extremos representa um transtorno, já que não afetam as atividades diárias ou o bem-estar mental Foto: Adobe stock

Nenhum dos dois extremos representa um transtorno, já que não afetam as atividades diárias ou o bem-estar mental em um grau que mereça essa classificação. Mas ambos podem trazer vantagens e desvantagens.

A afantasia, por exemplo, reduz a capacidade a memória sobre a própria vida e a percepção facial, além de ser associado com autismo. Mas oferece proteção contra alguns sofrimentos mentais. Por outro lado, a hiperfantasia parece aumentar a propensão a esquizofrenia, alucinações ou mesmo Doença de Parkinson.

  • Uma das diferenças observadas pelo estudo entre pessoas com afantasia e hiperfantasia são as ocupações que escolheram. Enquanto profissões que envolvem matemática, computadores e ciência têm maior representação de pessoas com afantasia, nas tradicionais indústrias criativas há prevalência de hiperfantasia.
  • A riqueza da descrição de memórias autobiográficas também é menor entre pessoas com afantasia. Em alguns casos severos, há coexistência com uma síndrome em que o paciente não tem memórias vívidas de suas próprias experiências. Pelo menos um em cada três indivíduos com essa síndrome também apresenta afantasia.
  • Cerca de 40% das pessoas com afantasia disseram ter dificuldade em reconhecer o rosto das pessoas. A porcentagem representa mais do que o dobro em relação àqueles que apresentam uma vivacidade média de imagens ou hiperfantasia.
  • A afantasia não impede as pessoas de terem sonhos visuais. Mas na hora de descrevê-los pessoas com essa condição falam mais dos acontecimentos, dos sons e emoções despertadas, já que não se lembram das imagens.
  • A falta de imagens vívidas pode ser uma forma de proteção contra distúrbios emocionais, já que elas são uma forma de amplificar os sentimentos.

Como saber se alguém tem afantasia ou hipervisualização?

A forma mais utilizada em estudos recentes para verificar a prevalência dos dois extremos das imagens é o chamado Questionário de Nitidez de Visualização de Imagens (VVIQ, da sigla em inglês).

No teste, o participante tem que visualizar 16 cenários e depois dar uma nota de 1 a 5 para a nitidez das imagens. O número 1 representa “sem imagem, você apenas sabe que está pensando no objeto” e o 5, “perfeitamente claro e vívido como se fosse real”.

Nesses estudos, cerca de 1% da população tirou a nota 16 do total 80, caracterizando o quadro de afantasia. Entre 2% e 6% das pessoas tiraram nota máxima.

Apesar de não haver diferença entre gêneros para afantasia, as mulheres são mais propensas a terem hiperfantasia.

Para aqueles insatisfeitos com os resultados de um teste feito de forma introspectiva e com julgamento pessoal, outros experimentos psicológicos e neurais foram realizados. Os resultados coletados corroboraram os dados conseguidos a partir do VVIQ.

Em um desses experimentos, os participantes foram colocados para escutar histórias assustadoras. Enquanto a maioria começou a suar, pessoas com afantasia não apresentaram essa reação. Mas, quando colocados diante de uma imagem que provoca aversão, o suor veio.

Outro estudo observou que a pupila de indivíduos com afantasia não dilata ao imaginar um ambiente de pouco luz nem se contrai ao tentar visualizar um cenário iluminado. A pupila aumenta ou diminui de tamanho para regular a entrada de luz nos olhos. Essa reação pôde ser observada em outras pessoas ao imaginarem as diferenças de iluminação de ambientes.

Leia o estudo completo na revista Trends in Cognitive Science.

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