A fórmula do quanto mais simples melhor


Diretor acerta a mão e assina seu filme mais charmoso

Por Crítica Luiz Carlos Merten

Por conta do que é a grande novidade de 3Efes - o lançamento simultâneo do novo filme de Carlos Gerbase em quatro mídias -, o diretor gaúcho corre o risco de não ter a sua obra avaliada adequadamente, do ponto de vista estético. Pois se trata do melhor longa de Gerbase, bem superior a Tolerância e, principalmente, Sal de Prata, cuja pretensão só encontrava paralelo na mediocridade do produto final. Talvez seja esse, afinal de contas, o problema não só de Gerbase, mas da própria empresa produtora, a Casa de Cinema de Porto Alegre - uma necessidade, ainda não lograda, de equilibrar ambição e simplicidade. Veja trailer do filme 3 efes, de Carlos Gerbase Não é a primeira vez que a TV se antecipa ao cinema no lançamento de um filme nacional. Em fevereiro de 1990, às vésperas da apresentação de Dias Melhores Virão no Festival de Berlim, a Globo exibiu o filme de Cacá Diegues em primeiríssima mão, selando um acordo na época inédito. Em plena crise, depois que o governo Collor desmantelou as estruturas de financiamento e distribuição do cinema brasileiro, Cacá buscou na TV, e na Globo, uma parceira para enfrentar a crise. O objetivo era transformar a televisão em produtora, ou co-produtora, dos filmes, como já ocorria em outros países. O próprio Cacá fez, em seguida - em 1994 -, Veja Esta Canção, em parceria com a TV Cultura. A Globo realmente passou a investir na produção, por meio da Globo Filmes, mas sua entrada no mercado sempre foi cercada de polêmica. Os filmes com o aval da Globo estão entre as maiores bilheterias do cinema da Retomada - a fase que começa com Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, de Carla Camurati, em 1995 -, mas isso não significa que a associação seja garantia antecipada de sucesso. Bons filmes feitos com a chancela da Globo fracassaram na bilheteria, sinal de que o chamariz funciona até certo ponto. O público pode ir, mas só vai fazer publicidade espontânea - o boca-a-boca que alavanca a bilheteria - se o produto satisfizer sua expectativa. E sempre foi muito discutido o fato de os filmes co-produzidos, ou apoiados, pela Globo buscarem recursos por meio da Lei do Audiovisual. A idéia de que a TV, e a Globo, investissem dinheiro próprio, como ocorre na Europa, principalmente - casos das TVs francesa, alemã e italiana -, não se concretizou, salvo exceções raríssimas (para documentários e curtas). É importante destacar que, 17 anos depois de Dias Melhores Virão, Carlos Gerbase recupera e amplia a proposta de Cacá Diegues, em outro momento crítico do cinema nacional. Após a euforia de 2003, quando o cinema brasileiro bateu nos 30% de participação no próprio mercado, o que tem havido é um encolhimento dessa participação. Todo ano surgem um, dois, três filmes que arrebentam nas bilheterias, mas a média da freqüência é muito baixa. O mercado não está formatado para exibir a produção nacional, queixam-se diretores e produtores. Faltam salas populares para atingir a população de baixa renda, que não freqüenta shoppings. A equação de 3 Efes é diferente - além do cinema (exibição digital), o filme está sendo lançado na TV (Canal Brasil, da TV paga), DVD e internet. Isso aumenta o espaço de circulação do filme, com certeza, mas ainda permanece num circuito que se pode chamar de elitizado. Carlos Gerbase está fazendo história. Esteticamente, ele também dá um salto de qualidade. O paradoxo é que 3 Efes, como narrativa, é menos ambicioso do que Sal de Prata (e, mesmo, Tolerância). Sua trama mistura vários personagens em histórias de sexo e comida que se passam em Porto Alegre. Comer, beber, viver. Aconselhada por uma amiga, uma jovem resolve o impasse de sua vida profissional virando garota de programa. Um casal vai mal e termina chegando ao adultério. Nenhuma tragédia - tudo é tratado com leveza e humor. O barato de 3 Efes é que o filme, rodado em 20 dias, com uma mini-DV, faz dessa simplicidade a sua arma para tentar ganhar o público. Desde que Jorge Furtado ganhou o Urso de Ouro de curta-metragem em Berlim, por Ilha das Flores, a Casa de Cinema de Porto Alegre - da qual ele é a estrela - age sempre pressionada pela grande expectativa que seus filmes provocam. O próprio Jorge fez da falta de pretensão a maior virtude de Houve Uma Vez Dois Verões. Nada contra a ambição (autoral, intelectual, profissional). Mas no caso dos longas da Casa de Cinema, quanto mais simples têm sido melhor. Serviço 3 Efes (Brasil/2007, 100 min.) - Comédia dramática. Dir. Carlos Gerbase. 16 anos Unibanco Arteplex 7 - 16 h, 18 h, 20 h, 22 h (sáb. também 0 h; sáb. e dom. não haverá 16 h). Cotação: Bom Na tevê: Canal Brasil - Hoje, 22 h; dom., 1h30

Por conta do que é a grande novidade de 3Efes - o lançamento simultâneo do novo filme de Carlos Gerbase em quatro mídias -, o diretor gaúcho corre o risco de não ter a sua obra avaliada adequadamente, do ponto de vista estético. Pois se trata do melhor longa de Gerbase, bem superior a Tolerância e, principalmente, Sal de Prata, cuja pretensão só encontrava paralelo na mediocridade do produto final. Talvez seja esse, afinal de contas, o problema não só de Gerbase, mas da própria empresa produtora, a Casa de Cinema de Porto Alegre - uma necessidade, ainda não lograda, de equilibrar ambição e simplicidade. Veja trailer do filme 3 efes, de Carlos Gerbase Não é a primeira vez que a TV se antecipa ao cinema no lançamento de um filme nacional. Em fevereiro de 1990, às vésperas da apresentação de Dias Melhores Virão no Festival de Berlim, a Globo exibiu o filme de Cacá Diegues em primeiríssima mão, selando um acordo na época inédito. Em plena crise, depois que o governo Collor desmantelou as estruturas de financiamento e distribuição do cinema brasileiro, Cacá buscou na TV, e na Globo, uma parceira para enfrentar a crise. O objetivo era transformar a televisão em produtora, ou co-produtora, dos filmes, como já ocorria em outros países. O próprio Cacá fez, em seguida - em 1994 -, Veja Esta Canção, em parceria com a TV Cultura. A Globo realmente passou a investir na produção, por meio da Globo Filmes, mas sua entrada no mercado sempre foi cercada de polêmica. Os filmes com o aval da Globo estão entre as maiores bilheterias do cinema da Retomada - a fase que começa com Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, de Carla Camurati, em 1995 -, mas isso não significa que a associação seja garantia antecipada de sucesso. Bons filmes feitos com a chancela da Globo fracassaram na bilheteria, sinal de que o chamariz funciona até certo ponto. O público pode ir, mas só vai fazer publicidade espontânea - o boca-a-boca que alavanca a bilheteria - se o produto satisfizer sua expectativa. E sempre foi muito discutido o fato de os filmes co-produzidos, ou apoiados, pela Globo buscarem recursos por meio da Lei do Audiovisual. A idéia de que a TV, e a Globo, investissem dinheiro próprio, como ocorre na Europa, principalmente - casos das TVs francesa, alemã e italiana -, não se concretizou, salvo exceções raríssimas (para documentários e curtas). É importante destacar que, 17 anos depois de Dias Melhores Virão, Carlos Gerbase recupera e amplia a proposta de Cacá Diegues, em outro momento crítico do cinema nacional. Após a euforia de 2003, quando o cinema brasileiro bateu nos 30% de participação no próprio mercado, o que tem havido é um encolhimento dessa participação. Todo ano surgem um, dois, três filmes que arrebentam nas bilheterias, mas a média da freqüência é muito baixa. O mercado não está formatado para exibir a produção nacional, queixam-se diretores e produtores. Faltam salas populares para atingir a população de baixa renda, que não freqüenta shoppings. A equação de 3 Efes é diferente - além do cinema (exibição digital), o filme está sendo lançado na TV (Canal Brasil, da TV paga), DVD e internet. Isso aumenta o espaço de circulação do filme, com certeza, mas ainda permanece num circuito que se pode chamar de elitizado. Carlos Gerbase está fazendo história. Esteticamente, ele também dá um salto de qualidade. O paradoxo é que 3 Efes, como narrativa, é menos ambicioso do que Sal de Prata (e, mesmo, Tolerância). Sua trama mistura vários personagens em histórias de sexo e comida que se passam em Porto Alegre. Comer, beber, viver. Aconselhada por uma amiga, uma jovem resolve o impasse de sua vida profissional virando garota de programa. Um casal vai mal e termina chegando ao adultério. Nenhuma tragédia - tudo é tratado com leveza e humor. O barato de 3 Efes é que o filme, rodado em 20 dias, com uma mini-DV, faz dessa simplicidade a sua arma para tentar ganhar o público. Desde que Jorge Furtado ganhou o Urso de Ouro de curta-metragem em Berlim, por Ilha das Flores, a Casa de Cinema de Porto Alegre - da qual ele é a estrela - age sempre pressionada pela grande expectativa que seus filmes provocam. O próprio Jorge fez da falta de pretensão a maior virtude de Houve Uma Vez Dois Verões. Nada contra a ambição (autoral, intelectual, profissional). Mas no caso dos longas da Casa de Cinema, quanto mais simples têm sido melhor. Serviço 3 Efes (Brasil/2007, 100 min.) - Comédia dramática. Dir. Carlos Gerbase. 16 anos Unibanco Arteplex 7 - 16 h, 18 h, 20 h, 22 h (sáb. também 0 h; sáb. e dom. não haverá 16 h). Cotação: Bom Na tevê: Canal Brasil - Hoje, 22 h; dom., 1h30

Por conta do que é a grande novidade de 3Efes - o lançamento simultâneo do novo filme de Carlos Gerbase em quatro mídias -, o diretor gaúcho corre o risco de não ter a sua obra avaliada adequadamente, do ponto de vista estético. Pois se trata do melhor longa de Gerbase, bem superior a Tolerância e, principalmente, Sal de Prata, cuja pretensão só encontrava paralelo na mediocridade do produto final. Talvez seja esse, afinal de contas, o problema não só de Gerbase, mas da própria empresa produtora, a Casa de Cinema de Porto Alegre - uma necessidade, ainda não lograda, de equilibrar ambição e simplicidade. Veja trailer do filme 3 efes, de Carlos Gerbase Não é a primeira vez que a TV se antecipa ao cinema no lançamento de um filme nacional. Em fevereiro de 1990, às vésperas da apresentação de Dias Melhores Virão no Festival de Berlim, a Globo exibiu o filme de Cacá Diegues em primeiríssima mão, selando um acordo na época inédito. Em plena crise, depois que o governo Collor desmantelou as estruturas de financiamento e distribuição do cinema brasileiro, Cacá buscou na TV, e na Globo, uma parceira para enfrentar a crise. O objetivo era transformar a televisão em produtora, ou co-produtora, dos filmes, como já ocorria em outros países. O próprio Cacá fez, em seguida - em 1994 -, Veja Esta Canção, em parceria com a TV Cultura. A Globo realmente passou a investir na produção, por meio da Globo Filmes, mas sua entrada no mercado sempre foi cercada de polêmica. Os filmes com o aval da Globo estão entre as maiores bilheterias do cinema da Retomada - a fase que começa com Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, de Carla Camurati, em 1995 -, mas isso não significa que a associação seja garantia antecipada de sucesso. Bons filmes feitos com a chancela da Globo fracassaram na bilheteria, sinal de que o chamariz funciona até certo ponto. O público pode ir, mas só vai fazer publicidade espontânea - o boca-a-boca que alavanca a bilheteria - se o produto satisfizer sua expectativa. E sempre foi muito discutido o fato de os filmes co-produzidos, ou apoiados, pela Globo buscarem recursos por meio da Lei do Audiovisual. A idéia de que a TV, e a Globo, investissem dinheiro próprio, como ocorre na Europa, principalmente - casos das TVs francesa, alemã e italiana -, não se concretizou, salvo exceções raríssimas (para documentários e curtas). É importante destacar que, 17 anos depois de Dias Melhores Virão, Carlos Gerbase recupera e amplia a proposta de Cacá Diegues, em outro momento crítico do cinema nacional. Após a euforia de 2003, quando o cinema brasileiro bateu nos 30% de participação no próprio mercado, o que tem havido é um encolhimento dessa participação. Todo ano surgem um, dois, três filmes que arrebentam nas bilheterias, mas a média da freqüência é muito baixa. O mercado não está formatado para exibir a produção nacional, queixam-se diretores e produtores. Faltam salas populares para atingir a população de baixa renda, que não freqüenta shoppings. A equação de 3 Efes é diferente - além do cinema (exibição digital), o filme está sendo lançado na TV (Canal Brasil, da TV paga), DVD e internet. Isso aumenta o espaço de circulação do filme, com certeza, mas ainda permanece num circuito que se pode chamar de elitizado. Carlos Gerbase está fazendo história. Esteticamente, ele também dá um salto de qualidade. O paradoxo é que 3 Efes, como narrativa, é menos ambicioso do que Sal de Prata (e, mesmo, Tolerância). Sua trama mistura vários personagens em histórias de sexo e comida que se passam em Porto Alegre. Comer, beber, viver. Aconselhada por uma amiga, uma jovem resolve o impasse de sua vida profissional virando garota de programa. Um casal vai mal e termina chegando ao adultério. Nenhuma tragédia - tudo é tratado com leveza e humor. O barato de 3 Efes é que o filme, rodado em 20 dias, com uma mini-DV, faz dessa simplicidade a sua arma para tentar ganhar o público. Desde que Jorge Furtado ganhou o Urso de Ouro de curta-metragem em Berlim, por Ilha das Flores, a Casa de Cinema de Porto Alegre - da qual ele é a estrela - age sempre pressionada pela grande expectativa que seus filmes provocam. O próprio Jorge fez da falta de pretensão a maior virtude de Houve Uma Vez Dois Verões. Nada contra a ambição (autoral, intelectual, profissional). Mas no caso dos longas da Casa de Cinema, quanto mais simples têm sido melhor. Serviço 3 Efes (Brasil/2007, 100 min.) - Comédia dramática. Dir. Carlos Gerbase. 16 anos Unibanco Arteplex 7 - 16 h, 18 h, 20 h, 22 h (sáb. também 0 h; sáb. e dom. não haverá 16 h). Cotação: Bom Na tevê: Canal Brasil - Hoje, 22 h; dom., 1h30

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