SÃO PAULO - Diante da polêmica em torno de uma exposição sobre diversidade sexual em Porto Alegre (RS), o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, defendeu que exposições de arte tenham classificação indicativa, a exemplo do que já acontece nos cinemas e em programas de televisão.
Segundo o ministro, as criações artísticas e culturais não podem ser censuradas, mas a adequação de seus conteúdos a faixas etárias é importante para preservar a infância e a juventude. Após participar da abertura do congresso da Abratel, entidade que representa emissoras de rádio e televisão, Sá Leitão disse ao Broadcast que pretende comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada no Senado para apurar maus-tratos a crianças e adolescentes para falar sobre a exposição Queermuseu, que foi financiada com recursos da Lei Rouanet.
A mostra, onde foram expostas obras de temáticas LGBT - sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros -, foi cancelada em 10 de setembro após reação de grupos conservadores. Sá Leitão disse que conversou na quarta, 20, com o senador Magno Malta (PR-ES), que fez o pedido para que o ministro fosse ouvido pela CPI, para informar que deve comparecer à comissão. A data da sessão que ouvirá o ministro da Cultura ainda não foi marcada. "Preciso saber o que eles querem. Eu me coloquei à disposição do senador para esclarecer o que for necessário e obviamente compartilhar a visão do ministério da Cultura sobre o episódio." O ministro lembrou que a classificação indicativa em produções culturais está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente e ajudaria a evitar controvérsias como as levantadas sobre a exposição de Porto Alegre. "Em primeiro lugar, a liberdade de expressão e criação de artistas deve ser respeitada em qualquer hipótese. O que me parece é que, de fato, há algumas obras com imagens que podem ser consideradas fortes para crianças, imagens que eu não sei se gostaria que meus filhos vissem", avaliou Sá Leitão.