Arte resistiu à falta de patrocínio em 2019


Crise nos museus e falta de apoio não impediram que o ano tivesse boas e populares mostras

Por Antonio Gonçalves Filho

Nem todos os museus puderam festejar este ano, a exemplo do Masp, a quebra de um recorde de público. A crise atingiu particularmente os museus do Rio – o MAR (Museu de Arte do Rio) deu aviso prévio a seus funcionários em novembro e o Museu do Amanhã não teve melhor sorte financeira. Em São Paulo, a situação foi diferente, considerando as exposições de peso montadas por museus e institutos, a começar pela mostra Tarsila Popular, no Museu de Arte de São Paulo, que recebeu 402 mil visitantes, de abril até o seu encerramento, em julho.

O mesmo Masp, que dedicou o ano às mulheres, realizou logo em seguida (de agosto a novembro) a melhor exposição do ano, Histórias das Mulheres: Artistas até 1900, que reuniu 60 grandes telas de pintoras não populares como Tarsila, mas de talento comparável, entre elas Eva Gonzalès (1849-1883), única aluna de Manet. Na mesma exposição figuravam pintoras em atividade até o fim do século 19, da rebelde Artemisia Gentileschi (1593-1653) até a maior impressionista americana, Mary Cassat (1844-1926).

A tela de Eva Gaonzalés, 'Une loge aux Italiens' (c.1874), fez parte de 'Histórias das Mulheres' no Masp Foto: Smina Bluth/Museu D'Orsay
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O ano começou bem, em fevereiro, com a retrospectiva dedicada ao pintor suíço Paul Klee (1879-1940), Equilíbrio Instável, no Centro Cultural Banco do Brasil, que reuniu pela primeira vez na América Latina mais de uma centena de obras do artista, selecionadas pela curadora Fabienne Eggelhöffer, que teve a preocupação didática de agrupar trabalhos de vários períodos, reforçando o posterior à virada de 1916, quando Klee visitou a Tunísia e embarcou em sua viagem para a abstração.

Outro grande nome internacional, o do alemão Harun Farocki (1944-2014), recebeu uma homenagem do Instituto Moreira Salles (IMS), que reuniu filmes e instalações do artista, grande nome do cinema ativista dos anos 1960 que renovou a linguagem da videoarte.

Obra de Cildo Meireles na exposição organizada pelo Sesc Pompeia Foto: : JF DIORIO/ESTAD?O
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A presença de artistas estrangeiros em institutos e museus brasileiros, aliás, cresceu em 2019: o Instituto Tomie Ohtake organizou a primeira individual no País do artista pop japonês Takashi Murakami, que abriu este mês e vai até março do próximo ano. Uma parceria do CCBB com a Japan House trouxe ao Brasil a artista Chiharu Shiota, conhecida por seus trabalhos ‘site specific’ que usam um emaranhado de linhas.

A 36.ª edição do Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ao adotar o título Sertão, mostrou artistas que dividem a experiência do território limítrofe que é também travessia, redefinindo o conceito – o sertão como criação mental – e destacando tanto mineiras que moram no Crato (Raquel Versieux) e em Paris (Ana Pi) como nordestinos que adotaram São Paulo como local de trabalho.

O ano foi também de grandes retrospectivas, além da mostra de Tarsila. O Centro Cultural Fiesp exibiu obras pouco conhecidas do pintor cearense Leonilson na mostra Arquivo e Memórias Vivos. Leonilson foi um dos principais artistas surgidos nos anos 1980, época em que se destacou também Nuno Ramos, que retomou a pintura na mostra Sol a Pino, no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, também o local de uma exposição primorosa, a da jovem pintora Marina Rheingantz.

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Esse interesse pela pintura trouxe de volta às galerias artistas já falecidos como Niobe Xandó (Simões de Assis), Flávio de Carvalho (Almeida e Dale), Antonio Bandeira (MAM), Volpi (ao lado do escultor Bruno Giorgi, na Pinakotheke) e Miguel Bakun (duas mostras, uma no Instituto Tomie Ohtake e outra na Simões de Assis). E reforçou a presença dos pintores jovens e em ascensão, como Felipe Góes (Galeria Kogan Amaro).

As artes gráficas foram igualmente contempladas com grandes exposições: na Pinacoteca do Estado destacaram-se duas delas, Gravura e Crítica Social e a mostra de Leon Ferrari. A galeria de Paulo Kuczynski promoveu uma retrospectiva de gravuras (muitas delas inéditas) de Goeldi. Na Fundação Ema Klabin foi possível ver gravuras de Rembrandt nos 350 anos da morte do pintor holandês. A Galeria Estação prestou tributo à arte do pernambucano Samico (1928-2013). O Museu da Casa Brasileira fez uma bela homenagem ao designer Alexander Wollner (1928-2018).

EsculturadeFranz Weissmann expostana retrospectiva doItau Cultural Foto: Daniel Teixiera/Estadão
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Ainda sobre retrospectivas, a do escultor Franz Weissmann (1911-2005) no Itaú Cultural (em cartaz até 9 de fevereiro) revelou ao público seu processo de trabalho, reunindo esboços e maquetes de suas obras. Outro escultor, o inglês Tony Cragg, também ganhou uma grande retrospectiva, que merece ser vista (até 1.º de março) no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia. E, entre as melhores do ano, destaca-se a do artista carioca Cildo Meireles (até 2 de fevereiro) no Sesc Pompeia. Entre as mostras de fotografia estão quatro gigantes: Claudia Andujar (IMS), Carlos Moreira (Porto Seguro), Sebastião Salgado (Sesc Paulista) e Fernando Lemos (Sesc Bom Retiro).

Nem todos os museus puderam festejar este ano, a exemplo do Masp, a quebra de um recorde de público. A crise atingiu particularmente os museus do Rio – o MAR (Museu de Arte do Rio) deu aviso prévio a seus funcionários em novembro e o Museu do Amanhã não teve melhor sorte financeira. Em São Paulo, a situação foi diferente, considerando as exposições de peso montadas por museus e institutos, a começar pela mostra Tarsila Popular, no Museu de Arte de São Paulo, que recebeu 402 mil visitantes, de abril até o seu encerramento, em julho.

O mesmo Masp, que dedicou o ano às mulheres, realizou logo em seguida (de agosto a novembro) a melhor exposição do ano, Histórias das Mulheres: Artistas até 1900, que reuniu 60 grandes telas de pintoras não populares como Tarsila, mas de talento comparável, entre elas Eva Gonzalès (1849-1883), única aluna de Manet. Na mesma exposição figuravam pintoras em atividade até o fim do século 19, da rebelde Artemisia Gentileschi (1593-1653) até a maior impressionista americana, Mary Cassat (1844-1926).

A tela de Eva Gaonzalés, 'Une loge aux Italiens' (c.1874), fez parte de 'Histórias das Mulheres' no Masp Foto: Smina Bluth/Museu D'Orsay

O ano começou bem, em fevereiro, com a retrospectiva dedicada ao pintor suíço Paul Klee (1879-1940), Equilíbrio Instável, no Centro Cultural Banco do Brasil, que reuniu pela primeira vez na América Latina mais de uma centena de obras do artista, selecionadas pela curadora Fabienne Eggelhöffer, que teve a preocupação didática de agrupar trabalhos de vários períodos, reforçando o posterior à virada de 1916, quando Klee visitou a Tunísia e embarcou em sua viagem para a abstração.

Outro grande nome internacional, o do alemão Harun Farocki (1944-2014), recebeu uma homenagem do Instituto Moreira Salles (IMS), que reuniu filmes e instalações do artista, grande nome do cinema ativista dos anos 1960 que renovou a linguagem da videoarte.

Obra de Cildo Meireles na exposição organizada pelo Sesc Pompeia Foto: : JF DIORIO/ESTAD?O

A presença de artistas estrangeiros em institutos e museus brasileiros, aliás, cresceu em 2019: o Instituto Tomie Ohtake organizou a primeira individual no País do artista pop japonês Takashi Murakami, que abriu este mês e vai até março do próximo ano. Uma parceria do CCBB com a Japan House trouxe ao Brasil a artista Chiharu Shiota, conhecida por seus trabalhos ‘site specific’ que usam um emaranhado de linhas.

A 36.ª edição do Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ao adotar o título Sertão, mostrou artistas que dividem a experiência do território limítrofe que é também travessia, redefinindo o conceito – o sertão como criação mental – e destacando tanto mineiras que moram no Crato (Raquel Versieux) e em Paris (Ana Pi) como nordestinos que adotaram São Paulo como local de trabalho.

O ano foi também de grandes retrospectivas, além da mostra de Tarsila. O Centro Cultural Fiesp exibiu obras pouco conhecidas do pintor cearense Leonilson na mostra Arquivo e Memórias Vivos. Leonilson foi um dos principais artistas surgidos nos anos 1980, época em que se destacou também Nuno Ramos, que retomou a pintura na mostra Sol a Pino, no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, também o local de uma exposição primorosa, a da jovem pintora Marina Rheingantz.

Esse interesse pela pintura trouxe de volta às galerias artistas já falecidos como Niobe Xandó (Simões de Assis), Flávio de Carvalho (Almeida e Dale), Antonio Bandeira (MAM), Volpi (ao lado do escultor Bruno Giorgi, na Pinakotheke) e Miguel Bakun (duas mostras, uma no Instituto Tomie Ohtake e outra na Simões de Assis). E reforçou a presença dos pintores jovens e em ascensão, como Felipe Góes (Galeria Kogan Amaro).

As artes gráficas foram igualmente contempladas com grandes exposições: na Pinacoteca do Estado destacaram-se duas delas, Gravura e Crítica Social e a mostra de Leon Ferrari. A galeria de Paulo Kuczynski promoveu uma retrospectiva de gravuras (muitas delas inéditas) de Goeldi. Na Fundação Ema Klabin foi possível ver gravuras de Rembrandt nos 350 anos da morte do pintor holandês. A Galeria Estação prestou tributo à arte do pernambucano Samico (1928-2013). O Museu da Casa Brasileira fez uma bela homenagem ao designer Alexander Wollner (1928-2018).

EsculturadeFranz Weissmann expostana retrospectiva doItau Cultural Foto: Daniel Teixiera/Estadão

Ainda sobre retrospectivas, a do escultor Franz Weissmann (1911-2005) no Itaú Cultural (em cartaz até 9 de fevereiro) revelou ao público seu processo de trabalho, reunindo esboços e maquetes de suas obras. Outro escultor, o inglês Tony Cragg, também ganhou uma grande retrospectiva, que merece ser vista (até 1.º de março) no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia. E, entre as melhores do ano, destaca-se a do artista carioca Cildo Meireles (até 2 de fevereiro) no Sesc Pompeia. Entre as mostras de fotografia estão quatro gigantes: Claudia Andujar (IMS), Carlos Moreira (Porto Seguro), Sebastião Salgado (Sesc Paulista) e Fernando Lemos (Sesc Bom Retiro).

Nem todos os museus puderam festejar este ano, a exemplo do Masp, a quebra de um recorde de público. A crise atingiu particularmente os museus do Rio – o MAR (Museu de Arte do Rio) deu aviso prévio a seus funcionários em novembro e o Museu do Amanhã não teve melhor sorte financeira. Em São Paulo, a situação foi diferente, considerando as exposições de peso montadas por museus e institutos, a começar pela mostra Tarsila Popular, no Museu de Arte de São Paulo, que recebeu 402 mil visitantes, de abril até o seu encerramento, em julho.

O mesmo Masp, que dedicou o ano às mulheres, realizou logo em seguida (de agosto a novembro) a melhor exposição do ano, Histórias das Mulheres: Artistas até 1900, que reuniu 60 grandes telas de pintoras não populares como Tarsila, mas de talento comparável, entre elas Eva Gonzalès (1849-1883), única aluna de Manet. Na mesma exposição figuravam pintoras em atividade até o fim do século 19, da rebelde Artemisia Gentileschi (1593-1653) até a maior impressionista americana, Mary Cassat (1844-1926).

A tela de Eva Gaonzalés, 'Une loge aux Italiens' (c.1874), fez parte de 'Histórias das Mulheres' no Masp Foto: Smina Bluth/Museu D'Orsay

O ano começou bem, em fevereiro, com a retrospectiva dedicada ao pintor suíço Paul Klee (1879-1940), Equilíbrio Instável, no Centro Cultural Banco do Brasil, que reuniu pela primeira vez na América Latina mais de uma centena de obras do artista, selecionadas pela curadora Fabienne Eggelhöffer, que teve a preocupação didática de agrupar trabalhos de vários períodos, reforçando o posterior à virada de 1916, quando Klee visitou a Tunísia e embarcou em sua viagem para a abstração.

Outro grande nome internacional, o do alemão Harun Farocki (1944-2014), recebeu uma homenagem do Instituto Moreira Salles (IMS), que reuniu filmes e instalações do artista, grande nome do cinema ativista dos anos 1960 que renovou a linguagem da videoarte.

Obra de Cildo Meireles na exposição organizada pelo Sesc Pompeia Foto: : JF DIORIO/ESTAD?O

A presença de artistas estrangeiros em institutos e museus brasileiros, aliás, cresceu em 2019: o Instituto Tomie Ohtake organizou a primeira individual no País do artista pop japonês Takashi Murakami, que abriu este mês e vai até março do próximo ano. Uma parceria do CCBB com a Japan House trouxe ao Brasil a artista Chiharu Shiota, conhecida por seus trabalhos ‘site specific’ que usam um emaranhado de linhas.

A 36.ª edição do Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ao adotar o título Sertão, mostrou artistas que dividem a experiência do território limítrofe que é também travessia, redefinindo o conceito – o sertão como criação mental – e destacando tanto mineiras que moram no Crato (Raquel Versieux) e em Paris (Ana Pi) como nordestinos que adotaram São Paulo como local de trabalho.

O ano foi também de grandes retrospectivas, além da mostra de Tarsila. O Centro Cultural Fiesp exibiu obras pouco conhecidas do pintor cearense Leonilson na mostra Arquivo e Memórias Vivos. Leonilson foi um dos principais artistas surgidos nos anos 1980, época em que se destacou também Nuno Ramos, que retomou a pintura na mostra Sol a Pino, no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, também o local de uma exposição primorosa, a da jovem pintora Marina Rheingantz.

Esse interesse pela pintura trouxe de volta às galerias artistas já falecidos como Niobe Xandó (Simões de Assis), Flávio de Carvalho (Almeida e Dale), Antonio Bandeira (MAM), Volpi (ao lado do escultor Bruno Giorgi, na Pinakotheke) e Miguel Bakun (duas mostras, uma no Instituto Tomie Ohtake e outra na Simões de Assis). E reforçou a presença dos pintores jovens e em ascensão, como Felipe Góes (Galeria Kogan Amaro).

As artes gráficas foram igualmente contempladas com grandes exposições: na Pinacoteca do Estado destacaram-se duas delas, Gravura e Crítica Social e a mostra de Leon Ferrari. A galeria de Paulo Kuczynski promoveu uma retrospectiva de gravuras (muitas delas inéditas) de Goeldi. Na Fundação Ema Klabin foi possível ver gravuras de Rembrandt nos 350 anos da morte do pintor holandês. A Galeria Estação prestou tributo à arte do pernambucano Samico (1928-2013). O Museu da Casa Brasileira fez uma bela homenagem ao designer Alexander Wollner (1928-2018).

EsculturadeFranz Weissmann expostana retrospectiva doItau Cultural Foto: Daniel Teixiera/Estadão

Ainda sobre retrospectivas, a do escultor Franz Weissmann (1911-2005) no Itaú Cultural (em cartaz até 9 de fevereiro) revelou ao público seu processo de trabalho, reunindo esboços e maquetes de suas obras. Outro escultor, o inglês Tony Cragg, também ganhou uma grande retrospectiva, que merece ser vista (até 1.º de março) no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia. E, entre as melhores do ano, destaca-se a do artista carioca Cildo Meireles (até 2 de fevereiro) no Sesc Pompeia. Entre as mostras de fotografia estão quatro gigantes: Claudia Andujar (IMS), Carlos Moreira (Porto Seguro), Sebastião Salgado (Sesc Paulista) e Fernando Lemos (Sesc Bom Retiro).

Nem todos os museus puderam festejar este ano, a exemplo do Masp, a quebra de um recorde de público. A crise atingiu particularmente os museus do Rio – o MAR (Museu de Arte do Rio) deu aviso prévio a seus funcionários em novembro e o Museu do Amanhã não teve melhor sorte financeira. Em São Paulo, a situação foi diferente, considerando as exposições de peso montadas por museus e institutos, a começar pela mostra Tarsila Popular, no Museu de Arte de São Paulo, que recebeu 402 mil visitantes, de abril até o seu encerramento, em julho.

O mesmo Masp, que dedicou o ano às mulheres, realizou logo em seguida (de agosto a novembro) a melhor exposição do ano, Histórias das Mulheres: Artistas até 1900, que reuniu 60 grandes telas de pintoras não populares como Tarsila, mas de talento comparável, entre elas Eva Gonzalès (1849-1883), única aluna de Manet. Na mesma exposição figuravam pintoras em atividade até o fim do século 19, da rebelde Artemisia Gentileschi (1593-1653) até a maior impressionista americana, Mary Cassat (1844-1926).

A tela de Eva Gaonzalés, 'Une loge aux Italiens' (c.1874), fez parte de 'Histórias das Mulheres' no Masp Foto: Smina Bluth/Museu D'Orsay

O ano começou bem, em fevereiro, com a retrospectiva dedicada ao pintor suíço Paul Klee (1879-1940), Equilíbrio Instável, no Centro Cultural Banco do Brasil, que reuniu pela primeira vez na América Latina mais de uma centena de obras do artista, selecionadas pela curadora Fabienne Eggelhöffer, que teve a preocupação didática de agrupar trabalhos de vários períodos, reforçando o posterior à virada de 1916, quando Klee visitou a Tunísia e embarcou em sua viagem para a abstração.

Outro grande nome internacional, o do alemão Harun Farocki (1944-2014), recebeu uma homenagem do Instituto Moreira Salles (IMS), que reuniu filmes e instalações do artista, grande nome do cinema ativista dos anos 1960 que renovou a linguagem da videoarte.

Obra de Cildo Meireles na exposição organizada pelo Sesc Pompeia Foto: : JF DIORIO/ESTAD?O

A presença de artistas estrangeiros em institutos e museus brasileiros, aliás, cresceu em 2019: o Instituto Tomie Ohtake organizou a primeira individual no País do artista pop japonês Takashi Murakami, que abriu este mês e vai até março do próximo ano. Uma parceria do CCBB com a Japan House trouxe ao Brasil a artista Chiharu Shiota, conhecida por seus trabalhos ‘site specific’ que usam um emaranhado de linhas.

A 36.ª edição do Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ao adotar o título Sertão, mostrou artistas que dividem a experiência do território limítrofe que é também travessia, redefinindo o conceito – o sertão como criação mental – e destacando tanto mineiras que moram no Crato (Raquel Versieux) e em Paris (Ana Pi) como nordestinos que adotaram São Paulo como local de trabalho.

O ano foi também de grandes retrospectivas, além da mostra de Tarsila. O Centro Cultural Fiesp exibiu obras pouco conhecidas do pintor cearense Leonilson na mostra Arquivo e Memórias Vivos. Leonilson foi um dos principais artistas surgidos nos anos 1980, época em que se destacou também Nuno Ramos, que retomou a pintura na mostra Sol a Pino, no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, também o local de uma exposição primorosa, a da jovem pintora Marina Rheingantz.

Esse interesse pela pintura trouxe de volta às galerias artistas já falecidos como Niobe Xandó (Simões de Assis), Flávio de Carvalho (Almeida e Dale), Antonio Bandeira (MAM), Volpi (ao lado do escultor Bruno Giorgi, na Pinakotheke) e Miguel Bakun (duas mostras, uma no Instituto Tomie Ohtake e outra na Simões de Assis). E reforçou a presença dos pintores jovens e em ascensão, como Felipe Góes (Galeria Kogan Amaro).

As artes gráficas foram igualmente contempladas com grandes exposições: na Pinacoteca do Estado destacaram-se duas delas, Gravura e Crítica Social e a mostra de Leon Ferrari. A galeria de Paulo Kuczynski promoveu uma retrospectiva de gravuras (muitas delas inéditas) de Goeldi. Na Fundação Ema Klabin foi possível ver gravuras de Rembrandt nos 350 anos da morte do pintor holandês. A Galeria Estação prestou tributo à arte do pernambucano Samico (1928-2013). O Museu da Casa Brasileira fez uma bela homenagem ao designer Alexander Wollner (1928-2018).

EsculturadeFranz Weissmann expostana retrospectiva doItau Cultural Foto: Daniel Teixiera/Estadão

Ainda sobre retrospectivas, a do escultor Franz Weissmann (1911-2005) no Itaú Cultural (em cartaz até 9 de fevereiro) revelou ao público seu processo de trabalho, reunindo esboços e maquetes de suas obras. Outro escultor, o inglês Tony Cragg, também ganhou uma grande retrospectiva, que merece ser vista (até 1.º de março) no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia. E, entre as melhores do ano, destaca-se a do artista carioca Cildo Meireles (até 2 de fevereiro) no Sesc Pompeia. Entre as mostras de fotografia estão quatro gigantes: Claudia Andujar (IMS), Carlos Moreira (Porto Seguro), Sebastião Salgado (Sesc Paulista) e Fernando Lemos (Sesc Bom Retiro).

Nem todos os museus puderam festejar este ano, a exemplo do Masp, a quebra de um recorde de público. A crise atingiu particularmente os museus do Rio – o MAR (Museu de Arte do Rio) deu aviso prévio a seus funcionários em novembro e o Museu do Amanhã não teve melhor sorte financeira. Em São Paulo, a situação foi diferente, considerando as exposições de peso montadas por museus e institutos, a começar pela mostra Tarsila Popular, no Museu de Arte de São Paulo, que recebeu 402 mil visitantes, de abril até o seu encerramento, em julho.

O mesmo Masp, que dedicou o ano às mulheres, realizou logo em seguida (de agosto a novembro) a melhor exposição do ano, Histórias das Mulheres: Artistas até 1900, que reuniu 60 grandes telas de pintoras não populares como Tarsila, mas de talento comparável, entre elas Eva Gonzalès (1849-1883), única aluna de Manet. Na mesma exposição figuravam pintoras em atividade até o fim do século 19, da rebelde Artemisia Gentileschi (1593-1653) até a maior impressionista americana, Mary Cassat (1844-1926).

A tela de Eva Gaonzalés, 'Une loge aux Italiens' (c.1874), fez parte de 'Histórias das Mulheres' no Masp Foto: Smina Bluth/Museu D'Orsay

O ano começou bem, em fevereiro, com a retrospectiva dedicada ao pintor suíço Paul Klee (1879-1940), Equilíbrio Instável, no Centro Cultural Banco do Brasil, que reuniu pela primeira vez na América Latina mais de uma centena de obras do artista, selecionadas pela curadora Fabienne Eggelhöffer, que teve a preocupação didática de agrupar trabalhos de vários períodos, reforçando o posterior à virada de 1916, quando Klee visitou a Tunísia e embarcou em sua viagem para a abstração.

Outro grande nome internacional, o do alemão Harun Farocki (1944-2014), recebeu uma homenagem do Instituto Moreira Salles (IMS), que reuniu filmes e instalações do artista, grande nome do cinema ativista dos anos 1960 que renovou a linguagem da videoarte.

Obra de Cildo Meireles na exposição organizada pelo Sesc Pompeia Foto: : JF DIORIO/ESTAD?O

A presença de artistas estrangeiros em institutos e museus brasileiros, aliás, cresceu em 2019: o Instituto Tomie Ohtake organizou a primeira individual no País do artista pop japonês Takashi Murakami, que abriu este mês e vai até março do próximo ano. Uma parceria do CCBB com a Japan House trouxe ao Brasil a artista Chiharu Shiota, conhecida por seus trabalhos ‘site specific’ que usam um emaranhado de linhas.

A 36.ª edição do Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, ao adotar o título Sertão, mostrou artistas que dividem a experiência do território limítrofe que é também travessia, redefinindo o conceito – o sertão como criação mental – e destacando tanto mineiras que moram no Crato (Raquel Versieux) e em Paris (Ana Pi) como nordestinos que adotaram São Paulo como local de trabalho.

O ano foi também de grandes retrospectivas, além da mostra de Tarsila. O Centro Cultural Fiesp exibiu obras pouco conhecidas do pintor cearense Leonilson na mostra Arquivo e Memórias Vivos. Leonilson foi um dos principais artistas surgidos nos anos 1980, época em que se destacou também Nuno Ramos, que retomou a pintura na mostra Sol a Pino, no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, também o local de uma exposição primorosa, a da jovem pintora Marina Rheingantz.

Esse interesse pela pintura trouxe de volta às galerias artistas já falecidos como Niobe Xandó (Simões de Assis), Flávio de Carvalho (Almeida e Dale), Antonio Bandeira (MAM), Volpi (ao lado do escultor Bruno Giorgi, na Pinakotheke) e Miguel Bakun (duas mostras, uma no Instituto Tomie Ohtake e outra na Simões de Assis). E reforçou a presença dos pintores jovens e em ascensão, como Felipe Góes (Galeria Kogan Amaro).

As artes gráficas foram igualmente contempladas com grandes exposições: na Pinacoteca do Estado destacaram-se duas delas, Gravura e Crítica Social e a mostra de Leon Ferrari. A galeria de Paulo Kuczynski promoveu uma retrospectiva de gravuras (muitas delas inéditas) de Goeldi. Na Fundação Ema Klabin foi possível ver gravuras de Rembrandt nos 350 anos da morte do pintor holandês. A Galeria Estação prestou tributo à arte do pernambucano Samico (1928-2013). O Museu da Casa Brasileira fez uma bela homenagem ao designer Alexander Wollner (1928-2018).

EsculturadeFranz Weissmann expostana retrospectiva doItau Cultural Foto: Daniel Teixiera/Estadão

Ainda sobre retrospectivas, a do escultor Franz Weissmann (1911-2005) no Itaú Cultural (em cartaz até 9 de fevereiro) revelou ao público seu processo de trabalho, reunindo esboços e maquetes de suas obras. Outro escultor, o inglês Tony Cragg, também ganhou uma grande retrospectiva, que merece ser vista (até 1.º de março) no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia. E, entre as melhores do ano, destaca-se a do artista carioca Cildo Meireles (até 2 de fevereiro) no Sesc Pompeia. Entre as mostras de fotografia estão quatro gigantes: Claudia Andujar (IMS), Carlos Moreira (Porto Seguro), Sebastião Salgado (Sesc Paulista) e Fernando Lemos (Sesc Bom Retiro).

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