Artistas brasileiros se rendem de vez à tecnologia de NFT


Técnica baseada em blockchain está colocando mercado de arte dentro de um novo contexto, com leituras digitais

Por Matheus Mans

Quem entrar na Galeria Leblon a partir de quarta, 29, no Rio, não irá encontrar ali uma exposição convencional. Ainda que tenha quatro esculturas em bronze assinadas pelo artista e fotógrafo Beto Gatti, a maior parte da exibição será composta por um artigo virtual: o NFT. São 14 obras digitais no local, unindo a contemporaneidade de Gatti com seu trabalho como fotógrafo. 

Gatti ao lado de uma escultura que virou NFT Foto: Guilherme Castro

Afinal, mais do que uma forma de vender sua arte, Gatti vê o NFT como uma possibilidade de acompanhar as movimentações do mercado e misturar elementos de várias áreas do conhecimento, como foto, vídeo e escultura: “Essa tecnologia abriu um leque de possibilidades do meu trabalho, de como expressar artisticamente. A imagem não fica mais estática. Temos interação, tem som, se mexe. É como um filme do Harry Potter.”

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Hoje, Gatti é um dentre vários brasileiros que estão encontrando espaço com o NFT. Em Nova York, na última semana, a fotógrafa Livia Elektra teve uma foto de sua autoria exposta em um telão na Times Square. Já a partir de 30 de junho, Marcus MPC, fundador da coleção CryptoRastas, encabeça a exposição NFT.Rio, que vai reunir criações de cem artistas no Parque Lage.

Na outra ponta da equação, o Brasil se consolida como o segundo maior mercado da tecnologia: são cinco milhões de brasileiros donos de NFT, segundo a pesquisa Statista Digital Economy Compass 2022. Os artistas celebram. “É um momento muito bom. As pessoas e os artistas estão descobrindo melhor essa tecnologia, também como forma de financiar o trabalho”, afirma Marcus, do CryptoRastas.

CryptoRastas éuma das coleções brasileiras de NFTs de maior sucesso e alcance internacional cryptorastas Foto: Jesse
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Agora, especialistas indicam que é o momento de saber como seguir com tanto conteúdo jorrando nesse mercado. "O desafio é separar o joio do trigo, dando destaque a produções e pesquisas artísticas sérias, saindo da espuma do hype e construindo um mercado sustentável legitimado pelos integrantes do ecossistema de artes”, afirma Byron Mendes, agente focado na tecnologia da Metaverse Agency.

Por dentro do NFT

Apesar de ser conhecida pelo apelido NFT, a tecnologia tem nome e sobrenome: token não fungível. Em termos gerais, são itens digitais, como imagens, vídeos e áudios, com registro na rede blockchain. Uma espécie de livro-caixa, onde tudo do mercado cripto fica registrado. Assim, os NFTs se tornam à prova de falsificações e vendas ilegais.

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Obra da exposição Flora, da artista Rejane Cantoni, vendida em NFT Foto: Rejane Cantoni

Ou seja, o NFT não é um tipo de arte, um limitador. É, na verdade, uma nova forma dos artistas se expressarem, misturando técnicas e olhares. Gatti, por exemplo, não precisa mais vender as esculturas. Pode vender vídeos das obras. Fotos com novos olhares. Tudo digital. Afinal, o comprador não leva a escultura para casa, mas sim essa imagem digital.

Parece complicado, mas é um processo simples. De um lado, o artista, com sua obra em formato digital, a coloca em uma plataforma, como a OpenSea, que faz registro na blockchain. O comprador paga pela obra, usando geralmente a criptomoeda Ethereum. Depois, pode revender, como investimento, ou colecionar. 

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“Comprar em NFT não deixa de ser um processo de troca. O dinheiro é uma forma de trocarmos coisas, ideias, processos, trabalho”, explica Rejane Cantoni, artista com foco em expressões tecnológicas. “A única diferença é que o NFT é um processo digital. Não é muito diferente de coisas que estão acontecendo por aí, como o próprio pagamento com PIX. Essa é a nova maneira de trocar no presente e uma forma de entrarmos na economia”.

Rejane Cantoni entrou no mercado do NFT Foto: Denise Andrade/ESTADÃO

Na outra ponta, alguns artistas veem o NFT como forma de liberdade. “Parte do dinheiro gerado nesse sistema volta para a comunidade artística, descentralizando parte do lucro e ampliando a quantidade de artistas que conseguirão gerar renda”, afirma Nino Arteiro, no mercado desde 2018.

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Diferentes técnicas mostram possibilidades do NFT

Quem quiser comprar um NFT de um artista brasileiro hoje conseguirá encontrar uma variedade de opções no mercado dignas das melhores galerias de arte do País. Existem desde experimentações mais ousadas e complexas, como é o caso da arte baseada em tecnologia ou em algoritmos, passando pela fotografia até chegar na mais clássica obra de arte plástica. A cena artística, hoje, se encontra e se mistura no mercado de NFTs.

Rejane Cantoni, por exemplo, foi convidada a montar uma exposição em um shopping de São Paulo, querendo encontrar novas formas de comunicação, e que tivessem a ver com aquele espaço, ela montou a exposição Flora. Nela, 50 vídeos de flores são projetados e, por meio de um algoritmo, vão se misturando. A partir dessas interpretações, Cantoni vendeu NFTs.

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“Quando compram o vídeo, entro em um acordo com elas. Se você quiser, pode participar das futuras instalações me emprestando a obra. Afinal, ela comprou uma parte da minha instalação. Se não quiser, só ela usa e nunca mais reproduzo. Fiz esse projeto para saber como faço NFTs e, sobretudo, como posso interagir dentro da blockchain. Como nós vamos participar da economia?”, questiona a artista, que depois levou a exposição ao CCBB-RJ

Ainda no campo da tecnologia está Monica Rizzolli, artista que vendeu uma coleção de NFTs, em 2021, por quase R$ 30 milhões. Ela usa a técnica de arte generativa: nela, a imagem se constrói de acordo com a sequência numérica única no contrato do NFT produzida na hora da compra. “O meu primeiro trabalho de arte generativa foi em 2015, mas não tinha como garantir a escassez e autenticidade do que eu tinha feito, já que venderia em um CD que qualquer um poderia copiar. Já o NFT resolve uma série de problemas, desde autenticação até como conservar aquele código gerado.”

Outras artes

Apesar de a arte digital ter uma maior intimidade com a tecnologia de NFT, artistas plásticos, fotógrafos e afins também encontram espaço para vender e expor seus trabalhos por meio da tecnologia.

A artista plástica Paula Klien embarcou nesse universo de NFT no início da pandemia. E ela sentiu essa digitalização como um desafio. “Eu não sou artista digital. Sou uma artista física, orgânica. Como não trabalho com isso, é difícil passar o que eu quero. Não é minha mão que está ali”, diz Paula. No entanto, deu certo: vendeu suas obras e já colocou outras no mercado.

Já a fotógrafa Lívia Elektra, do telão na Times Square, em Nova York, celebra as facilidades da tecnologia. “Consigo criar para mim mesma sem depender de clientes. Comecei há quase um ano e meio e hoje vivo somente das minhas vendas de NFT, sem precisar fazer trabalhos que não combinam comigo”, diz. “Eu acredito que é o começo de uma nova era.” 

Quem entrar na Galeria Leblon a partir de quarta, 29, no Rio, não irá encontrar ali uma exposição convencional. Ainda que tenha quatro esculturas em bronze assinadas pelo artista e fotógrafo Beto Gatti, a maior parte da exibição será composta por um artigo virtual: o NFT. São 14 obras digitais no local, unindo a contemporaneidade de Gatti com seu trabalho como fotógrafo. 

Gatti ao lado de uma escultura que virou NFT Foto: Guilherme Castro

Afinal, mais do que uma forma de vender sua arte, Gatti vê o NFT como uma possibilidade de acompanhar as movimentações do mercado e misturar elementos de várias áreas do conhecimento, como foto, vídeo e escultura: “Essa tecnologia abriu um leque de possibilidades do meu trabalho, de como expressar artisticamente. A imagem não fica mais estática. Temos interação, tem som, se mexe. É como um filme do Harry Potter.”

Hoje, Gatti é um dentre vários brasileiros que estão encontrando espaço com o NFT. Em Nova York, na última semana, a fotógrafa Livia Elektra teve uma foto de sua autoria exposta em um telão na Times Square. Já a partir de 30 de junho, Marcus MPC, fundador da coleção CryptoRastas, encabeça a exposição NFT.Rio, que vai reunir criações de cem artistas no Parque Lage.

Na outra ponta da equação, o Brasil se consolida como o segundo maior mercado da tecnologia: são cinco milhões de brasileiros donos de NFT, segundo a pesquisa Statista Digital Economy Compass 2022. Os artistas celebram. “É um momento muito bom. As pessoas e os artistas estão descobrindo melhor essa tecnologia, também como forma de financiar o trabalho”, afirma Marcus, do CryptoRastas.

CryptoRastas éuma das coleções brasileiras de NFTs de maior sucesso e alcance internacional cryptorastas Foto: Jesse

Agora, especialistas indicam que é o momento de saber como seguir com tanto conteúdo jorrando nesse mercado. "O desafio é separar o joio do trigo, dando destaque a produções e pesquisas artísticas sérias, saindo da espuma do hype e construindo um mercado sustentável legitimado pelos integrantes do ecossistema de artes”, afirma Byron Mendes, agente focado na tecnologia da Metaverse Agency.

Por dentro do NFT

Apesar de ser conhecida pelo apelido NFT, a tecnologia tem nome e sobrenome: token não fungível. Em termos gerais, são itens digitais, como imagens, vídeos e áudios, com registro na rede blockchain. Uma espécie de livro-caixa, onde tudo do mercado cripto fica registrado. Assim, os NFTs se tornam à prova de falsificações e vendas ilegais.

Obra da exposição Flora, da artista Rejane Cantoni, vendida em NFT Foto: Rejane Cantoni

Ou seja, o NFT não é um tipo de arte, um limitador. É, na verdade, uma nova forma dos artistas se expressarem, misturando técnicas e olhares. Gatti, por exemplo, não precisa mais vender as esculturas. Pode vender vídeos das obras. Fotos com novos olhares. Tudo digital. Afinal, o comprador não leva a escultura para casa, mas sim essa imagem digital.

Parece complicado, mas é um processo simples. De um lado, o artista, com sua obra em formato digital, a coloca em uma plataforma, como a OpenSea, que faz registro na blockchain. O comprador paga pela obra, usando geralmente a criptomoeda Ethereum. Depois, pode revender, como investimento, ou colecionar. 

“Comprar em NFT não deixa de ser um processo de troca. O dinheiro é uma forma de trocarmos coisas, ideias, processos, trabalho”, explica Rejane Cantoni, artista com foco em expressões tecnológicas. “A única diferença é que o NFT é um processo digital. Não é muito diferente de coisas que estão acontecendo por aí, como o próprio pagamento com PIX. Essa é a nova maneira de trocar no presente e uma forma de entrarmos na economia”.

Rejane Cantoni entrou no mercado do NFT Foto: Denise Andrade/ESTADÃO

Na outra ponta, alguns artistas veem o NFT como forma de liberdade. “Parte do dinheiro gerado nesse sistema volta para a comunidade artística, descentralizando parte do lucro e ampliando a quantidade de artistas que conseguirão gerar renda”, afirma Nino Arteiro, no mercado desde 2018.

Diferentes técnicas mostram possibilidades do NFT

Quem quiser comprar um NFT de um artista brasileiro hoje conseguirá encontrar uma variedade de opções no mercado dignas das melhores galerias de arte do País. Existem desde experimentações mais ousadas e complexas, como é o caso da arte baseada em tecnologia ou em algoritmos, passando pela fotografia até chegar na mais clássica obra de arte plástica. A cena artística, hoje, se encontra e se mistura no mercado de NFTs.

Rejane Cantoni, por exemplo, foi convidada a montar uma exposição em um shopping de São Paulo, querendo encontrar novas formas de comunicação, e que tivessem a ver com aquele espaço, ela montou a exposição Flora. Nela, 50 vídeos de flores são projetados e, por meio de um algoritmo, vão se misturando. A partir dessas interpretações, Cantoni vendeu NFTs.

“Quando compram o vídeo, entro em um acordo com elas. Se você quiser, pode participar das futuras instalações me emprestando a obra. Afinal, ela comprou uma parte da minha instalação. Se não quiser, só ela usa e nunca mais reproduzo. Fiz esse projeto para saber como faço NFTs e, sobretudo, como posso interagir dentro da blockchain. Como nós vamos participar da economia?”, questiona a artista, que depois levou a exposição ao CCBB-RJ

Ainda no campo da tecnologia está Monica Rizzolli, artista que vendeu uma coleção de NFTs, em 2021, por quase R$ 30 milhões. Ela usa a técnica de arte generativa: nela, a imagem se constrói de acordo com a sequência numérica única no contrato do NFT produzida na hora da compra. “O meu primeiro trabalho de arte generativa foi em 2015, mas não tinha como garantir a escassez e autenticidade do que eu tinha feito, já que venderia em um CD que qualquer um poderia copiar. Já o NFT resolve uma série de problemas, desde autenticação até como conservar aquele código gerado.”

Outras artes

Apesar de a arte digital ter uma maior intimidade com a tecnologia de NFT, artistas plásticos, fotógrafos e afins também encontram espaço para vender e expor seus trabalhos por meio da tecnologia.

A artista plástica Paula Klien embarcou nesse universo de NFT no início da pandemia. E ela sentiu essa digitalização como um desafio. “Eu não sou artista digital. Sou uma artista física, orgânica. Como não trabalho com isso, é difícil passar o que eu quero. Não é minha mão que está ali”, diz Paula. No entanto, deu certo: vendeu suas obras e já colocou outras no mercado.

Já a fotógrafa Lívia Elektra, do telão na Times Square, em Nova York, celebra as facilidades da tecnologia. “Consigo criar para mim mesma sem depender de clientes. Comecei há quase um ano e meio e hoje vivo somente das minhas vendas de NFT, sem precisar fazer trabalhos que não combinam comigo”, diz. “Eu acredito que é o começo de uma nova era.” 

Quem entrar na Galeria Leblon a partir de quarta, 29, no Rio, não irá encontrar ali uma exposição convencional. Ainda que tenha quatro esculturas em bronze assinadas pelo artista e fotógrafo Beto Gatti, a maior parte da exibição será composta por um artigo virtual: o NFT. São 14 obras digitais no local, unindo a contemporaneidade de Gatti com seu trabalho como fotógrafo. 

Gatti ao lado de uma escultura que virou NFT Foto: Guilherme Castro

Afinal, mais do que uma forma de vender sua arte, Gatti vê o NFT como uma possibilidade de acompanhar as movimentações do mercado e misturar elementos de várias áreas do conhecimento, como foto, vídeo e escultura: “Essa tecnologia abriu um leque de possibilidades do meu trabalho, de como expressar artisticamente. A imagem não fica mais estática. Temos interação, tem som, se mexe. É como um filme do Harry Potter.”

Hoje, Gatti é um dentre vários brasileiros que estão encontrando espaço com o NFT. Em Nova York, na última semana, a fotógrafa Livia Elektra teve uma foto de sua autoria exposta em um telão na Times Square. Já a partir de 30 de junho, Marcus MPC, fundador da coleção CryptoRastas, encabeça a exposição NFT.Rio, que vai reunir criações de cem artistas no Parque Lage.

Na outra ponta da equação, o Brasil se consolida como o segundo maior mercado da tecnologia: são cinco milhões de brasileiros donos de NFT, segundo a pesquisa Statista Digital Economy Compass 2022. Os artistas celebram. “É um momento muito bom. As pessoas e os artistas estão descobrindo melhor essa tecnologia, também como forma de financiar o trabalho”, afirma Marcus, do CryptoRastas.

CryptoRastas éuma das coleções brasileiras de NFTs de maior sucesso e alcance internacional cryptorastas Foto: Jesse

Agora, especialistas indicam que é o momento de saber como seguir com tanto conteúdo jorrando nesse mercado. "O desafio é separar o joio do trigo, dando destaque a produções e pesquisas artísticas sérias, saindo da espuma do hype e construindo um mercado sustentável legitimado pelos integrantes do ecossistema de artes”, afirma Byron Mendes, agente focado na tecnologia da Metaverse Agency.

Por dentro do NFT

Apesar de ser conhecida pelo apelido NFT, a tecnologia tem nome e sobrenome: token não fungível. Em termos gerais, são itens digitais, como imagens, vídeos e áudios, com registro na rede blockchain. Uma espécie de livro-caixa, onde tudo do mercado cripto fica registrado. Assim, os NFTs se tornam à prova de falsificações e vendas ilegais.

Obra da exposição Flora, da artista Rejane Cantoni, vendida em NFT Foto: Rejane Cantoni

Ou seja, o NFT não é um tipo de arte, um limitador. É, na verdade, uma nova forma dos artistas se expressarem, misturando técnicas e olhares. Gatti, por exemplo, não precisa mais vender as esculturas. Pode vender vídeos das obras. Fotos com novos olhares. Tudo digital. Afinal, o comprador não leva a escultura para casa, mas sim essa imagem digital.

Parece complicado, mas é um processo simples. De um lado, o artista, com sua obra em formato digital, a coloca em uma plataforma, como a OpenSea, que faz registro na blockchain. O comprador paga pela obra, usando geralmente a criptomoeda Ethereum. Depois, pode revender, como investimento, ou colecionar. 

“Comprar em NFT não deixa de ser um processo de troca. O dinheiro é uma forma de trocarmos coisas, ideias, processos, trabalho”, explica Rejane Cantoni, artista com foco em expressões tecnológicas. “A única diferença é que o NFT é um processo digital. Não é muito diferente de coisas que estão acontecendo por aí, como o próprio pagamento com PIX. Essa é a nova maneira de trocar no presente e uma forma de entrarmos na economia”.

Rejane Cantoni entrou no mercado do NFT Foto: Denise Andrade/ESTADÃO

Na outra ponta, alguns artistas veem o NFT como forma de liberdade. “Parte do dinheiro gerado nesse sistema volta para a comunidade artística, descentralizando parte do lucro e ampliando a quantidade de artistas que conseguirão gerar renda”, afirma Nino Arteiro, no mercado desde 2018.

Diferentes técnicas mostram possibilidades do NFT

Quem quiser comprar um NFT de um artista brasileiro hoje conseguirá encontrar uma variedade de opções no mercado dignas das melhores galerias de arte do País. Existem desde experimentações mais ousadas e complexas, como é o caso da arte baseada em tecnologia ou em algoritmos, passando pela fotografia até chegar na mais clássica obra de arte plástica. A cena artística, hoje, se encontra e se mistura no mercado de NFTs.

Rejane Cantoni, por exemplo, foi convidada a montar uma exposição em um shopping de São Paulo, querendo encontrar novas formas de comunicação, e que tivessem a ver com aquele espaço, ela montou a exposição Flora. Nela, 50 vídeos de flores são projetados e, por meio de um algoritmo, vão se misturando. A partir dessas interpretações, Cantoni vendeu NFTs.

“Quando compram o vídeo, entro em um acordo com elas. Se você quiser, pode participar das futuras instalações me emprestando a obra. Afinal, ela comprou uma parte da minha instalação. Se não quiser, só ela usa e nunca mais reproduzo. Fiz esse projeto para saber como faço NFTs e, sobretudo, como posso interagir dentro da blockchain. Como nós vamos participar da economia?”, questiona a artista, que depois levou a exposição ao CCBB-RJ

Ainda no campo da tecnologia está Monica Rizzolli, artista que vendeu uma coleção de NFTs, em 2021, por quase R$ 30 milhões. Ela usa a técnica de arte generativa: nela, a imagem se constrói de acordo com a sequência numérica única no contrato do NFT produzida na hora da compra. “O meu primeiro trabalho de arte generativa foi em 2015, mas não tinha como garantir a escassez e autenticidade do que eu tinha feito, já que venderia em um CD que qualquer um poderia copiar. Já o NFT resolve uma série de problemas, desde autenticação até como conservar aquele código gerado.”

Outras artes

Apesar de a arte digital ter uma maior intimidade com a tecnologia de NFT, artistas plásticos, fotógrafos e afins também encontram espaço para vender e expor seus trabalhos por meio da tecnologia.

A artista plástica Paula Klien embarcou nesse universo de NFT no início da pandemia. E ela sentiu essa digitalização como um desafio. “Eu não sou artista digital. Sou uma artista física, orgânica. Como não trabalho com isso, é difícil passar o que eu quero. Não é minha mão que está ali”, diz Paula. No entanto, deu certo: vendeu suas obras e já colocou outras no mercado.

Já a fotógrafa Lívia Elektra, do telão na Times Square, em Nova York, celebra as facilidades da tecnologia. “Consigo criar para mim mesma sem depender de clientes. Comecei há quase um ano e meio e hoje vivo somente das minhas vendas de NFT, sem precisar fazer trabalhos que não combinam comigo”, diz. “Eu acredito que é o começo de uma nova era.” 

Quem entrar na Galeria Leblon a partir de quarta, 29, no Rio, não irá encontrar ali uma exposição convencional. Ainda que tenha quatro esculturas em bronze assinadas pelo artista e fotógrafo Beto Gatti, a maior parte da exibição será composta por um artigo virtual: o NFT. São 14 obras digitais no local, unindo a contemporaneidade de Gatti com seu trabalho como fotógrafo. 

Gatti ao lado de uma escultura que virou NFT Foto: Guilherme Castro

Afinal, mais do que uma forma de vender sua arte, Gatti vê o NFT como uma possibilidade de acompanhar as movimentações do mercado e misturar elementos de várias áreas do conhecimento, como foto, vídeo e escultura: “Essa tecnologia abriu um leque de possibilidades do meu trabalho, de como expressar artisticamente. A imagem não fica mais estática. Temos interação, tem som, se mexe. É como um filme do Harry Potter.”

Hoje, Gatti é um dentre vários brasileiros que estão encontrando espaço com o NFT. Em Nova York, na última semana, a fotógrafa Livia Elektra teve uma foto de sua autoria exposta em um telão na Times Square. Já a partir de 30 de junho, Marcus MPC, fundador da coleção CryptoRastas, encabeça a exposição NFT.Rio, que vai reunir criações de cem artistas no Parque Lage.

Na outra ponta da equação, o Brasil se consolida como o segundo maior mercado da tecnologia: são cinco milhões de brasileiros donos de NFT, segundo a pesquisa Statista Digital Economy Compass 2022. Os artistas celebram. “É um momento muito bom. As pessoas e os artistas estão descobrindo melhor essa tecnologia, também como forma de financiar o trabalho”, afirma Marcus, do CryptoRastas.

CryptoRastas éuma das coleções brasileiras de NFTs de maior sucesso e alcance internacional cryptorastas Foto: Jesse

Agora, especialistas indicam que é o momento de saber como seguir com tanto conteúdo jorrando nesse mercado. "O desafio é separar o joio do trigo, dando destaque a produções e pesquisas artísticas sérias, saindo da espuma do hype e construindo um mercado sustentável legitimado pelos integrantes do ecossistema de artes”, afirma Byron Mendes, agente focado na tecnologia da Metaverse Agency.

Por dentro do NFT

Apesar de ser conhecida pelo apelido NFT, a tecnologia tem nome e sobrenome: token não fungível. Em termos gerais, são itens digitais, como imagens, vídeos e áudios, com registro na rede blockchain. Uma espécie de livro-caixa, onde tudo do mercado cripto fica registrado. Assim, os NFTs se tornam à prova de falsificações e vendas ilegais.

Obra da exposição Flora, da artista Rejane Cantoni, vendida em NFT Foto: Rejane Cantoni

Ou seja, o NFT não é um tipo de arte, um limitador. É, na verdade, uma nova forma dos artistas se expressarem, misturando técnicas e olhares. Gatti, por exemplo, não precisa mais vender as esculturas. Pode vender vídeos das obras. Fotos com novos olhares. Tudo digital. Afinal, o comprador não leva a escultura para casa, mas sim essa imagem digital.

Parece complicado, mas é um processo simples. De um lado, o artista, com sua obra em formato digital, a coloca em uma plataforma, como a OpenSea, que faz registro na blockchain. O comprador paga pela obra, usando geralmente a criptomoeda Ethereum. Depois, pode revender, como investimento, ou colecionar. 

“Comprar em NFT não deixa de ser um processo de troca. O dinheiro é uma forma de trocarmos coisas, ideias, processos, trabalho”, explica Rejane Cantoni, artista com foco em expressões tecnológicas. “A única diferença é que o NFT é um processo digital. Não é muito diferente de coisas que estão acontecendo por aí, como o próprio pagamento com PIX. Essa é a nova maneira de trocar no presente e uma forma de entrarmos na economia”.

Rejane Cantoni entrou no mercado do NFT Foto: Denise Andrade/ESTADÃO

Na outra ponta, alguns artistas veem o NFT como forma de liberdade. “Parte do dinheiro gerado nesse sistema volta para a comunidade artística, descentralizando parte do lucro e ampliando a quantidade de artistas que conseguirão gerar renda”, afirma Nino Arteiro, no mercado desde 2018.

Diferentes técnicas mostram possibilidades do NFT

Quem quiser comprar um NFT de um artista brasileiro hoje conseguirá encontrar uma variedade de opções no mercado dignas das melhores galerias de arte do País. Existem desde experimentações mais ousadas e complexas, como é o caso da arte baseada em tecnologia ou em algoritmos, passando pela fotografia até chegar na mais clássica obra de arte plástica. A cena artística, hoje, se encontra e se mistura no mercado de NFTs.

Rejane Cantoni, por exemplo, foi convidada a montar uma exposição em um shopping de São Paulo, querendo encontrar novas formas de comunicação, e que tivessem a ver com aquele espaço, ela montou a exposição Flora. Nela, 50 vídeos de flores são projetados e, por meio de um algoritmo, vão se misturando. A partir dessas interpretações, Cantoni vendeu NFTs.

“Quando compram o vídeo, entro em um acordo com elas. Se você quiser, pode participar das futuras instalações me emprestando a obra. Afinal, ela comprou uma parte da minha instalação. Se não quiser, só ela usa e nunca mais reproduzo. Fiz esse projeto para saber como faço NFTs e, sobretudo, como posso interagir dentro da blockchain. Como nós vamos participar da economia?”, questiona a artista, que depois levou a exposição ao CCBB-RJ

Ainda no campo da tecnologia está Monica Rizzolli, artista que vendeu uma coleção de NFTs, em 2021, por quase R$ 30 milhões. Ela usa a técnica de arte generativa: nela, a imagem se constrói de acordo com a sequência numérica única no contrato do NFT produzida na hora da compra. “O meu primeiro trabalho de arte generativa foi em 2015, mas não tinha como garantir a escassez e autenticidade do que eu tinha feito, já que venderia em um CD que qualquer um poderia copiar. Já o NFT resolve uma série de problemas, desde autenticação até como conservar aquele código gerado.”

Outras artes

Apesar de a arte digital ter uma maior intimidade com a tecnologia de NFT, artistas plásticos, fotógrafos e afins também encontram espaço para vender e expor seus trabalhos por meio da tecnologia.

A artista plástica Paula Klien embarcou nesse universo de NFT no início da pandemia. E ela sentiu essa digitalização como um desafio. “Eu não sou artista digital. Sou uma artista física, orgânica. Como não trabalho com isso, é difícil passar o que eu quero. Não é minha mão que está ali”, diz Paula. No entanto, deu certo: vendeu suas obras e já colocou outras no mercado.

Já a fotógrafa Lívia Elektra, do telão na Times Square, em Nova York, celebra as facilidades da tecnologia. “Consigo criar para mim mesma sem depender de clientes. Comecei há quase um ano e meio e hoje vivo somente das minhas vendas de NFT, sem precisar fazer trabalhos que não combinam comigo”, diz. “Eu acredito que é o começo de uma nova era.” 

Quem entrar na Galeria Leblon a partir de quarta, 29, no Rio, não irá encontrar ali uma exposição convencional. Ainda que tenha quatro esculturas em bronze assinadas pelo artista e fotógrafo Beto Gatti, a maior parte da exibição será composta por um artigo virtual: o NFT. São 14 obras digitais no local, unindo a contemporaneidade de Gatti com seu trabalho como fotógrafo. 

Gatti ao lado de uma escultura que virou NFT Foto: Guilherme Castro

Afinal, mais do que uma forma de vender sua arte, Gatti vê o NFT como uma possibilidade de acompanhar as movimentações do mercado e misturar elementos de várias áreas do conhecimento, como foto, vídeo e escultura: “Essa tecnologia abriu um leque de possibilidades do meu trabalho, de como expressar artisticamente. A imagem não fica mais estática. Temos interação, tem som, se mexe. É como um filme do Harry Potter.”

Hoje, Gatti é um dentre vários brasileiros que estão encontrando espaço com o NFT. Em Nova York, na última semana, a fotógrafa Livia Elektra teve uma foto de sua autoria exposta em um telão na Times Square. Já a partir de 30 de junho, Marcus MPC, fundador da coleção CryptoRastas, encabeça a exposição NFT.Rio, que vai reunir criações de cem artistas no Parque Lage.

Na outra ponta da equação, o Brasil se consolida como o segundo maior mercado da tecnologia: são cinco milhões de brasileiros donos de NFT, segundo a pesquisa Statista Digital Economy Compass 2022. Os artistas celebram. “É um momento muito bom. As pessoas e os artistas estão descobrindo melhor essa tecnologia, também como forma de financiar o trabalho”, afirma Marcus, do CryptoRastas.

CryptoRastas éuma das coleções brasileiras de NFTs de maior sucesso e alcance internacional cryptorastas Foto: Jesse

Agora, especialistas indicam que é o momento de saber como seguir com tanto conteúdo jorrando nesse mercado. "O desafio é separar o joio do trigo, dando destaque a produções e pesquisas artísticas sérias, saindo da espuma do hype e construindo um mercado sustentável legitimado pelos integrantes do ecossistema de artes”, afirma Byron Mendes, agente focado na tecnologia da Metaverse Agency.

Por dentro do NFT

Apesar de ser conhecida pelo apelido NFT, a tecnologia tem nome e sobrenome: token não fungível. Em termos gerais, são itens digitais, como imagens, vídeos e áudios, com registro na rede blockchain. Uma espécie de livro-caixa, onde tudo do mercado cripto fica registrado. Assim, os NFTs se tornam à prova de falsificações e vendas ilegais.

Obra da exposição Flora, da artista Rejane Cantoni, vendida em NFT Foto: Rejane Cantoni

Ou seja, o NFT não é um tipo de arte, um limitador. É, na verdade, uma nova forma dos artistas se expressarem, misturando técnicas e olhares. Gatti, por exemplo, não precisa mais vender as esculturas. Pode vender vídeos das obras. Fotos com novos olhares. Tudo digital. Afinal, o comprador não leva a escultura para casa, mas sim essa imagem digital.

Parece complicado, mas é um processo simples. De um lado, o artista, com sua obra em formato digital, a coloca em uma plataforma, como a OpenSea, que faz registro na blockchain. O comprador paga pela obra, usando geralmente a criptomoeda Ethereum. Depois, pode revender, como investimento, ou colecionar. 

“Comprar em NFT não deixa de ser um processo de troca. O dinheiro é uma forma de trocarmos coisas, ideias, processos, trabalho”, explica Rejane Cantoni, artista com foco em expressões tecnológicas. “A única diferença é que o NFT é um processo digital. Não é muito diferente de coisas que estão acontecendo por aí, como o próprio pagamento com PIX. Essa é a nova maneira de trocar no presente e uma forma de entrarmos na economia”.

Rejane Cantoni entrou no mercado do NFT Foto: Denise Andrade/ESTADÃO

Na outra ponta, alguns artistas veem o NFT como forma de liberdade. “Parte do dinheiro gerado nesse sistema volta para a comunidade artística, descentralizando parte do lucro e ampliando a quantidade de artistas que conseguirão gerar renda”, afirma Nino Arteiro, no mercado desde 2018.

Diferentes técnicas mostram possibilidades do NFT

Quem quiser comprar um NFT de um artista brasileiro hoje conseguirá encontrar uma variedade de opções no mercado dignas das melhores galerias de arte do País. Existem desde experimentações mais ousadas e complexas, como é o caso da arte baseada em tecnologia ou em algoritmos, passando pela fotografia até chegar na mais clássica obra de arte plástica. A cena artística, hoje, se encontra e se mistura no mercado de NFTs.

Rejane Cantoni, por exemplo, foi convidada a montar uma exposição em um shopping de São Paulo, querendo encontrar novas formas de comunicação, e que tivessem a ver com aquele espaço, ela montou a exposição Flora. Nela, 50 vídeos de flores são projetados e, por meio de um algoritmo, vão se misturando. A partir dessas interpretações, Cantoni vendeu NFTs.

“Quando compram o vídeo, entro em um acordo com elas. Se você quiser, pode participar das futuras instalações me emprestando a obra. Afinal, ela comprou uma parte da minha instalação. Se não quiser, só ela usa e nunca mais reproduzo. Fiz esse projeto para saber como faço NFTs e, sobretudo, como posso interagir dentro da blockchain. Como nós vamos participar da economia?”, questiona a artista, que depois levou a exposição ao CCBB-RJ

Ainda no campo da tecnologia está Monica Rizzolli, artista que vendeu uma coleção de NFTs, em 2021, por quase R$ 30 milhões. Ela usa a técnica de arte generativa: nela, a imagem se constrói de acordo com a sequência numérica única no contrato do NFT produzida na hora da compra. “O meu primeiro trabalho de arte generativa foi em 2015, mas não tinha como garantir a escassez e autenticidade do que eu tinha feito, já que venderia em um CD que qualquer um poderia copiar. Já o NFT resolve uma série de problemas, desde autenticação até como conservar aquele código gerado.”

Outras artes

Apesar de a arte digital ter uma maior intimidade com a tecnologia de NFT, artistas plásticos, fotógrafos e afins também encontram espaço para vender e expor seus trabalhos por meio da tecnologia.

A artista plástica Paula Klien embarcou nesse universo de NFT no início da pandemia. E ela sentiu essa digitalização como um desafio. “Eu não sou artista digital. Sou uma artista física, orgânica. Como não trabalho com isso, é difícil passar o que eu quero. Não é minha mão que está ali”, diz Paula. No entanto, deu certo: vendeu suas obras e já colocou outras no mercado.

Já a fotógrafa Lívia Elektra, do telão na Times Square, em Nova York, celebra as facilidades da tecnologia. “Consigo criar para mim mesma sem depender de clientes. Comecei há quase um ano e meio e hoje vivo somente das minhas vendas de NFT, sem precisar fazer trabalhos que não combinam comigo”, diz. “Eu acredito que é o começo de uma nova era.” 

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