As faces de Björk


Mostra em NY revê seus 20 anos de carreira com músicas, fotos, vídeos, figurinos e arte plástica

Por Tonica Chagas

Como é que se pode pendurar música na parede de um museu? A questão que a cantora, compositora e performer islandesa Björk não imaginava como resolver, foi alterada pelo alemão Klaus Biesenbach, curador de exposições experimentais do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York: como é possível mover-se num espaço, guiado por som e música? A solução concebida pelos dois vai ser conferida na retrospectiva Björk, que o MoMA exibe desde domingo, 8, e até 7 de junho. Björk abrange a carreira da artista desde 1993, com o lançamento de Debut, seu primeiro disco considerado adulto, até Vulnicura, deste ano.

Biesenbach conta que tentava trazer a obra musical e multifacetada de Björk para o campo de exibição das artes visuais desde 2000, mas ela só aceitou a proposta em 2012. “A principal condição dela era que música e som fossem o coração e o centro, explicitamente a experiência básica da exposição”, diz o curador. Dividida em espaços no lobby, no segundo e no terceiro dos seis andares do MoMA, a retrospectiva exibe vídeos, fotografias, livretos com anotações de Björk em sua língua e inglês, adereços e roupas usadas por ela em shows e, principalmente, muito som de música, vozes ou instrumentos.

Desde a entrada do MoMA, a retrospectiva salienta a integração de música, design e tecnologia que identificam a produção artística de Björk. No térreo do museu, sem que se espere, sai música de uma imensa harpa movida pela gravidade, mais um gamelão, uma celesta e um órgão de tubos acionados por computadores e usados por Björk em diversas gravações.

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A cantora islandesaBjörk, conhecida por trabalhos que desafiam limites entre música, arte e tecnologia Foto: ANDREW THOMAS HUANG/THE NEW YORK TIMES

Comissionada pelo museu, a instalação de som e vídeo para Black Lake, uma das nove canções do álbum Vulnicura, toma sozinha um dos dois espaços criados especialmente para Björk no segundo andar do átrio do museu. Assim como o disco, o vídeo é uma catarse do período de separação de Björk e seu marido por 12 anos, o artista plástico americano Matthew Barney. Nas duas grandes telas que se espelham na sala, por cerca de dez minutos ela se abre em sentenças doloridas e entremeadas por grandes silêncios. A gravação foi feita numa caverna vulcânica da Islândia no verão do ano passado. Numa outra sala, como se fosse a de um cinema, a carreira da artista é revista na projeção de vídeos que acompanharam seus outros discos.

Em entrevista ao jornal The New York Times, em janeiro, ela comentou sobre a atenção auditiva ser tão importante quanto a visual nesta exposição. “Vai ser uma certa cacofonia de sons”, previu, “e, obviamente, tem algum risco envolvido. Mas se não é perigoso, não vale a pena ser feito”.

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A seção que mais exige atenção dos ouvidos de quem visita Björk é Songlines, estruturada nos oito álbuns anteriores a Vulnicura e instalada no terceiro andar do museu. O audioguia usado ali foi desenvolvido pela Volkswagen, que patrocina a exposição, e é acionado automaticamente quando se passa de um determinado ponto para outro na galeria, seguindo ordem cronológica biográfica e profissional de Björk.

Por cerca de 40 minutos, observando peças como os robôs criados por Chris Cunningham para o vídeo da música All Is Full of Love ou o vestido de pérolas e renda feito pelo designer Alexander McQueen para Pagan Poetry, ouve-se uma narrativa biográfica em tom de contos de fadas e acompanhada por músicas dos discos de Björk. Na entrada da galeria encontra-se um manequim feito por impressão digital e no tamanho natural de Björk com o vestido de cisne que ela usou na cerimônia do Oscar de 2001 (I’ve Seen It All, composta por Björk, Lars von Trier e Sjón Sigurdsson para o filme Dançando no Escuro, no qual ela também fazia o papel principal, concorria na categoria de melhor música original).

Anunciada desde o ano passado, Björk provocou grande expectativa tanto entre fãs da cantora como em críticos de artes plásticas. E assim que a exposição teve sua prévia para a imprensa, na terça-feira passada, os críticos dispararam observações com poucos elogios ao que viram. Jason Farago, do jornal inglês The Guardian, não viu lógica nem história no que comparou a um misto de rock, laboratório científico e “paródia do Madame Tussaud”, referindo-se ao museu de bonecos de cera que replicam celebridades. Roberta Smith, do New York Times, considerou tudo “ambivalente” e apontou o MoMA como culpado desse resultado “por não estar apto para a tarefa” a que se propôs. M.H. Miller, da revista ARTnews, sentiu-se “envergonhado sobretudo por Björk, que merecia coisa melhor”. Alguns até apontaram com desgosto a possibilidade de o museu estar se inclinando para objetivos mais comerciais que culturais ao promover uma artista pop.

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A abertura da exposição coincide com o início de uma turnê de Björk pela cidade, onde este mês ela faz shows no Carnegie Hall, no Kings Theatre e no New York City Center. Ainda em março deve ser lançado o livro Björk: Archives, publicação praticamente idêntica ao catálogo que acompanha a retrospectiva no MoMA. Lançado em formato digital no mês passado, numa reação de Björk por causa do vazamento do seu trabalho na internet, o álbum Vulnicura em suporte físico também chega às lojas este mês.

Como é que se pode pendurar música na parede de um museu? A questão que a cantora, compositora e performer islandesa Björk não imaginava como resolver, foi alterada pelo alemão Klaus Biesenbach, curador de exposições experimentais do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York: como é possível mover-se num espaço, guiado por som e música? A solução concebida pelos dois vai ser conferida na retrospectiva Björk, que o MoMA exibe desde domingo, 8, e até 7 de junho. Björk abrange a carreira da artista desde 1993, com o lançamento de Debut, seu primeiro disco considerado adulto, até Vulnicura, deste ano.

Biesenbach conta que tentava trazer a obra musical e multifacetada de Björk para o campo de exibição das artes visuais desde 2000, mas ela só aceitou a proposta em 2012. “A principal condição dela era que música e som fossem o coração e o centro, explicitamente a experiência básica da exposição”, diz o curador. Dividida em espaços no lobby, no segundo e no terceiro dos seis andares do MoMA, a retrospectiva exibe vídeos, fotografias, livretos com anotações de Björk em sua língua e inglês, adereços e roupas usadas por ela em shows e, principalmente, muito som de música, vozes ou instrumentos.

Desde a entrada do MoMA, a retrospectiva salienta a integração de música, design e tecnologia que identificam a produção artística de Björk. No térreo do museu, sem que se espere, sai música de uma imensa harpa movida pela gravidade, mais um gamelão, uma celesta e um órgão de tubos acionados por computadores e usados por Björk em diversas gravações.

A cantora islandesaBjörk, conhecida por trabalhos que desafiam limites entre música, arte e tecnologia Foto: ANDREW THOMAS HUANG/THE NEW YORK TIMES

Comissionada pelo museu, a instalação de som e vídeo para Black Lake, uma das nove canções do álbum Vulnicura, toma sozinha um dos dois espaços criados especialmente para Björk no segundo andar do átrio do museu. Assim como o disco, o vídeo é uma catarse do período de separação de Björk e seu marido por 12 anos, o artista plástico americano Matthew Barney. Nas duas grandes telas que se espelham na sala, por cerca de dez minutos ela se abre em sentenças doloridas e entremeadas por grandes silêncios. A gravação foi feita numa caverna vulcânica da Islândia no verão do ano passado. Numa outra sala, como se fosse a de um cinema, a carreira da artista é revista na projeção de vídeos que acompanharam seus outros discos.

Em entrevista ao jornal The New York Times, em janeiro, ela comentou sobre a atenção auditiva ser tão importante quanto a visual nesta exposição. “Vai ser uma certa cacofonia de sons”, previu, “e, obviamente, tem algum risco envolvido. Mas se não é perigoso, não vale a pena ser feito”.

A seção que mais exige atenção dos ouvidos de quem visita Björk é Songlines, estruturada nos oito álbuns anteriores a Vulnicura e instalada no terceiro andar do museu. O audioguia usado ali foi desenvolvido pela Volkswagen, que patrocina a exposição, e é acionado automaticamente quando se passa de um determinado ponto para outro na galeria, seguindo ordem cronológica biográfica e profissional de Björk.

Por cerca de 40 minutos, observando peças como os robôs criados por Chris Cunningham para o vídeo da música All Is Full of Love ou o vestido de pérolas e renda feito pelo designer Alexander McQueen para Pagan Poetry, ouve-se uma narrativa biográfica em tom de contos de fadas e acompanhada por músicas dos discos de Björk. Na entrada da galeria encontra-se um manequim feito por impressão digital e no tamanho natural de Björk com o vestido de cisne que ela usou na cerimônia do Oscar de 2001 (I’ve Seen It All, composta por Björk, Lars von Trier e Sjón Sigurdsson para o filme Dançando no Escuro, no qual ela também fazia o papel principal, concorria na categoria de melhor música original).

Anunciada desde o ano passado, Björk provocou grande expectativa tanto entre fãs da cantora como em críticos de artes plásticas. E assim que a exposição teve sua prévia para a imprensa, na terça-feira passada, os críticos dispararam observações com poucos elogios ao que viram. Jason Farago, do jornal inglês The Guardian, não viu lógica nem história no que comparou a um misto de rock, laboratório científico e “paródia do Madame Tussaud”, referindo-se ao museu de bonecos de cera que replicam celebridades. Roberta Smith, do New York Times, considerou tudo “ambivalente” e apontou o MoMA como culpado desse resultado “por não estar apto para a tarefa” a que se propôs. M.H. Miller, da revista ARTnews, sentiu-se “envergonhado sobretudo por Björk, que merecia coisa melhor”. Alguns até apontaram com desgosto a possibilidade de o museu estar se inclinando para objetivos mais comerciais que culturais ao promover uma artista pop.

A abertura da exposição coincide com o início de uma turnê de Björk pela cidade, onde este mês ela faz shows no Carnegie Hall, no Kings Theatre e no New York City Center. Ainda em março deve ser lançado o livro Björk: Archives, publicação praticamente idêntica ao catálogo que acompanha a retrospectiva no MoMA. Lançado em formato digital no mês passado, numa reação de Björk por causa do vazamento do seu trabalho na internet, o álbum Vulnicura em suporte físico também chega às lojas este mês.

Como é que se pode pendurar música na parede de um museu? A questão que a cantora, compositora e performer islandesa Björk não imaginava como resolver, foi alterada pelo alemão Klaus Biesenbach, curador de exposições experimentais do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York: como é possível mover-se num espaço, guiado por som e música? A solução concebida pelos dois vai ser conferida na retrospectiva Björk, que o MoMA exibe desde domingo, 8, e até 7 de junho. Björk abrange a carreira da artista desde 1993, com o lançamento de Debut, seu primeiro disco considerado adulto, até Vulnicura, deste ano.

Biesenbach conta que tentava trazer a obra musical e multifacetada de Björk para o campo de exibição das artes visuais desde 2000, mas ela só aceitou a proposta em 2012. “A principal condição dela era que música e som fossem o coração e o centro, explicitamente a experiência básica da exposição”, diz o curador. Dividida em espaços no lobby, no segundo e no terceiro dos seis andares do MoMA, a retrospectiva exibe vídeos, fotografias, livretos com anotações de Björk em sua língua e inglês, adereços e roupas usadas por ela em shows e, principalmente, muito som de música, vozes ou instrumentos.

Desde a entrada do MoMA, a retrospectiva salienta a integração de música, design e tecnologia que identificam a produção artística de Björk. No térreo do museu, sem que se espere, sai música de uma imensa harpa movida pela gravidade, mais um gamelão, uma celesta e um órgão de tubos acionados por computadores e usados por Björk em diversas gravações.

A cantora islandesaBjörk, conhecida por trabalhos que desafiam limites entre música, arte e tecnologia Foto: ANDREW THOMAS HUANG/THE NEW YORK TIMES

Comissionada pelo museu, a instalação de som e vídeo para Black Lake, uma das nove canções do álbum Vulnicura, toma sozinha um dos dois espaços criados especialmente para Björk no segundo andar do átrio do museu. Assim como o disco, o vídeo é uma catarse do período de separação de Björk e seu marido por 12 anos, o artista plástico americano Matthew Barney. Nas duas grandes telas que se espelham na sala, por cerca de dez minutos ela se abre em sentenças doloridas e entremeadas por grandes silêncios. A gravação foi feita numa caverna vulcânica da Islândia no verão do ano passado. Numa outra sala, como se fosse a de um cinema, a carreira da artista é revista na projeção de vídeos que acompanharam seus outros discos.

Em entrevista ao jornal The New York Times, em janeiro, ela comentou sobre a atenção auditiva ser tão importante quanto a visual nesta exposição. “Vai ser uma certa cacofonia de sons”, previu, “e, obviamente, tem algum risco envolvido. Mas se não é perigoso, não vale a pena ser feito”.

A seção que mais exige atenção dos ouvidos de quem visita Björk é Songlines, estruturada nos oito álbuns anteriores a Vulnicura e instalada no terceiro andar do museu. O audioguia usado ali foi desenvolvido pela Volkswagen, que patrocina a exposição, e é acionado automaticamente quando se passa de um determinado ponto para outro na galeria, seguindo ordem cronológica biográfica e profissional de Björk.

Por cerca de 40 minutos, observando peças como os robôs criados por Chris Cunningham para o vídeo da música All Is Full of Love ou o vestido de pérolas e renda feito pelo designer Alexander McQueen para Pagan Poetry, ouve-se uma narrativa biográfica em tom de contos de fadas e acompanhada por músicas dos discos de Björk. Na entrada da galeria encontra-se um manequim feito por impressão digital e no tamanho natural de Björk com o vestido de cisne que ela usou na cerimônia do Oscar de 2001 (I’ve Seen It All, composta por Björk, Lars von Trier e Sjón Sigurdsson para o filme Dançando no Escuro, no qual ela também fazia o papel principal, concorria na categoria de melhor música original).

Anunciada desde o ano passado, Björk provocou grande expectativa tanto entre fãs da cantora como em críticos de artes plásticas. E assim que a exposição teve sua prévia para a imprensa, na terça-feira passada, os críticos dispararam observações com poucos elogios ao que viram. Jason Farago, do jornal inglês The Guardian, não viu lógica nem história no que comparou a um misto de rock, laboratório científico e “paródia do Madame Tussaud”, referindo-se ao museu de bonecos de cera que replicam celebridades. Roberta Smith, do New York Times, considerou tudo “ambivalente” e apontou o MoMA como culpado desse resultado “por não estar apto para a tarefa” a que se propôs. M.H. Miller, da revista ARTnews, sentiu-se “envergonhado sobretudo por Björk, que merecia coisa melhor”. Alguns até apontaram com desgosto a possibilidade de o museu estar se inclinando para objetivos mais comerciais que culturais ao promover uma artista pop.

A abertura da exposição coincide com o início de uma turnê de Björk pela cidade, onde este mês ela faz shows no Carnegie Hall, no Kings Theatre e no New York City Center. Ainda em março deve ser lançado o livro Björk: Archives, publicação praticamente idêntica ao catálogo que acompanha a retrospectiva no MoMA. Lançado em formato digital no mês passado, numa reação de Björk por causa do vazamento do seu trabalho na internet, o álbum Vulnicura em suporte físico também chega às lojas este mês.

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