Ceará revê a obra revolucionária do artista Hélio Oiticica


Retrospectiva do inventor do 'parangolé' ocupa um andar inteiro na galeria da Universidade de Fortaleza

Por Antonio Gonçalves Filho

Hélio Oiticica (1937-1980) tinha verdadeira aversão à ideia de retrospectiva, o que faz sentido. A dele, afinal, é uma obra ‘in progress’, que não se esgota com a morte do artista, mas continua no corpo do espectador, cuja participação revitaliza objetos criados por Oiticica há meio século. A exposição Hélio Oiticica – Estrutura, Corpo, Cor, em cartaz até maio na Universidade de Fortaleza (Unifor), é, portanto, interativa e representa mais que uma síntese da trajetória do artista. Traz desde os primeiros trabalhos no Grupo Frente (1955-1858) até seus ‘penetráveis’, passando pelos ‘metaesquemas’, ‘bólides’ e uma obra da série Cosmococa, iniciada em 1973 em parceria com o cineasta Neville d’Almeida.

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São 60 trabalhos que redefiniram o projeto construtivo brasileiro e anunciaram muito do que seria feito nos anos seguintes à morte do artista. Esse caráter antecipatório, já reconhecido por críticos estrangeiros há 50 anos – como o inglês Guy Brett, que promoveu mostras suas em Londres nos anos 1960 – é mais uma vez destacado por organizadores de exposições internacionais, como a sua primeira grande retrospectiva norte-americana (Hélio Oiticica: To Organize Delirium), que será inaugurada em outubro, no Carnegie Museum of Art, de Pittsburgh, passando depois pelo Whitney Museum de Nova York e o Art Institut de Chicago (até janeiro de 2017).

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Embora Oiticica tenha escrito (em fevereiro de 1972) que não havia motivos para levar a sério sua produção pré-1959 (ano em que se integrou ao movimento Neoconcreto e iniciou a série Bilaterais), há na mostra cearense obras desse período que esboçam questões fundamentais para o entendimento do processo experimental do artista, iniciado no crepúsculo do Grupo Frente, núcleo do concretismo carioca dissolvido em 1958. Já nos primeiros desenhos e pinturas é possível detectar um desejo de trocar a contemplação estética pela participação do espectador, fazendo-o abdicar da condição passiva de quem apenas vê, mas não interage com a obra.

Em transição do moderno para o contemporâneo, Oiticica se apropriou da experiência de Mondrian, por exemplo, para criar seus ‘metaesquemas’, que, ao dissecar filamentos de espaço e tornar indissociáveis estrutura e cor na pintura, abrem caminho para a série de ‘relevos espaciais’ e ‘núcleos’ – obras suspensas do teto que libertam a pintura do quadro, sugerindo mesmo uma pintura nuclear. Sem essas obras, assinalam os curadores da mostra, Celso Favaretto e Paula Braga, não seriam possíveis as experiências mais radicais de Oiticica, como os ‘penetráveis’, os ‘bólides’ e os ‘parangolés’. E a palavra radical, aqui, tem mesmo o sentido de marginal, de um artista que trocou a inserção no esquema de mercado (galerias e museus) pela vivência com proscritos dos morros cariocas.

Contra a marginalização da cultura popular pelo sistema de arte, Oiticica subiu o morro e desceu de lá com passistas da Mangueira, invadindo o MAM do Rio (em agosto de 1965) com parangolés (capas que se ajustam ao corpo), sendo em seguida expulso das dependências do museu. Na mostra cearense há vários parangolés que podem ser usados pelo público. Ele também pode entrar no ‘penetrável’ Macaleia, estrutura metálica quadrada com telas coloridas produzida em 1978 para homenagear o músico Jards Macalé. Não é a única peça feita como tributo a cantores populares. Outro ‘penetrável’ da exposição, composto por fios de plásticos suspensos e presos ao teto, foi usado num show da cantora Gal Costa na boate Sucata, em 1970.

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A maioria das peças em exposição pertence a coleções particulares. Alguns trabalhos foram reconstituídos pelo Projeto Oiticica, após o incêndio que destruiu parte do seu acervo, em 2009, seguindo as orientações deixadas pelo artista, que era minucioso e mantinha cadernos de esboços e um diário. Há nesses esboços traços arquitetônicos, o que leva o curador Celso Favaretto a justificar o título da mostra – Estrutura, Corpo, Cor – como uma tradução da “ambição pública” de Oiticica, que, vivendo num momento de transição do Brasil para a modernidade (Brasília, bossa nova, Cinema Novo, Teatro Oficina), “associou a arquitetura a uma vivência moderna, apostando numa mudança de comportamento”.

Oiticica queria levar o construtivismo adiante, afirma Favaretto. A outra curadora da exposição, Paula Braga, diz que ele superou a modernidade europeia – Malevitch, Mondrian e companhia – ao assumir a condição de inventor na precariedade tropical. “Ele reelaborou, recodificou, colocou no divã aquilo que foi feito na Europa”, conclui Favaretto. Em resumo, seguiu o próprio conselho: “Seja marginal, seja herói”.

Hélio Oiticica (1937-1980) tinha verdadeira aversão à ideia de retrospectiva, o que faz sentido. A dele, afinal, é uma obra ‘in progress’, que não se esgota com a morte do artista, mas continua no corpo do espectador, cuja participação revitaliza objetos criados por Oiticica há meio século. A exposição Hélio Oiticica – Estrutura, Corpo, Cor, em cartaz até maio na Universidade de Fortaleza (Unifor), é, portanto, interativa e representa mais que uma síntese da trajetória do artista. Traz desde os primeiros trabalhos no Grupo Frente (1955-1858) até seus ‘penetráveis’, passando pelos ‘metaesquemas’, ‘bólides’ e uma obra da série Cosmococa, iniciada em 1973 em parceria com o cineasta Neville d’Almeida.

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São 60 trabalhos que redefiniram o projeto construtivo brasileiro e anunciaram muito do que seria feito nos anos seguintes à morte do artista. Esse caráter antecipatório, já reconhecido por críticos estrangeiros há 50 anos – como o inglês Guy Brett, que promoveu mostras suas em Londres nos anos 1960 – é mais uma vez destacado por organizadores de exposições internacionais, como a sua primeira grande retrospectiva norte-americana (Hélio Oiticica: To Organize Delirium), que será inaugurada em outubro, no Carnegie Museum of Art, de Pittsburgh, passando depois pelo Whitney Museum de Nova York e o Art Institut de Chicago (até janeiro de 2017).

Embora Oiticica tenha escrito (em fevereiro de 1972) que não havia motivos para levar a sério sua produção pré-1959 (ano em que se integrou ao movimento Neoconcreto e iniciou a série Bilaterais), há na mostra cearense obras desse período que esboçam questões fundamentais para o entendimento do processo experimental do artista, iniciado no crepúsculo do Grupo Frente, núcleo do concretismo carioca dissolvido em 1958. Já nos primeiros desenhos e pinturas é possível detectar um desejo de trocar a contemplação estética pela participação do espectador, fazendo-o abdicar da condição passiva de quem apenas vê, mas não interage com a obra.

Em transição do moderno para o contemporâneo, Oiticica se apropriou da experiência de Mondrian, por exemplo, para criar seus ‘metaesquemas’, que, ao dissecar filamentos de espaço e tornar indissociáveis estrutura e cor na pintura, abrem caminho para a série de ‘relevos espaciais’ e ‘núcleos’ – obras suspensas do teto que libertam a pintura do quadro, sugerindo mesmo uma pintura nuclear. Sem essas obras, assinalam os curadores da mostra, Celso Favaretto e Paula Braga, não seriam possíveis as experiências mais radicais de Oiticica, como os ‘penetráveis’, os ‘bólides’ e os ‘parangolés’. E a palavra radical, aqui, tem mesmo o sentido de marginal, de um artista que trocou a inserção no esquema de mercado (galerias e museus) pela vivência com proscritos dos morros cariocas.

Contra a marginalização da cultura popular pelo sistema de arte, Oiticica subiu o morro e desceu de lá com passistas da Mangueira, invadindo o MAM do Rio (em agosto de 1965) com parangolés (capas que se ajustam ao corpo), sendo em seguida expulso das dependências do museu. Na mostra cearense há vários parangolés que podem ser usados pelo público. Ele também pode entrar no ‘penetrável’ Macaleia, estrutura metálica quadrada com telas coloridas produzida em 1978 para homenagear o músico Jards Macalé. Não é a única peça feita como tributo a cantores populares. Outro ‘penetrável’ da exposição, composto por fios de plásticos suspensos e presos ao teto, foi usado num show da cantora Gal Costa na boate Sucata, em 1970.

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A maioria das peças em exposição pertence a coleções particulares. Alguns trabalhos foram reconstituídos pelo Projeto Oiticica, após o incêndio que destruiu parte do seu acervo, em 2009, seguindo as orientações deixadas pelo artista, que era minucioso e mantinha cadernos de esboços e um diário. Há nesses esboços traços arquitetônicos, o que leva o curador Celso Favaretto a justificar o título da mostra – Estrutura, Corpo, Cor – como uma tradução da “ambição pública” de Oiticica, que, vivendo num momento de transição do Brasil para a modernidade (Brasília, bossa nova, Cinema Novo, Teatro Oficina), “associou a arquitetura a uma vivência moderna, apostando numa mudança de comportamento”.

Oiticica queria levar o construtivismo adiante, afirma Favaretto. A outra curadora da exposição, Paula Braga, diz que ele superou a modernidade europeia – Malevitch, Mondrian e companhia – ao assumir a condição de inventor na precariedade tropical. “Ele reelaborou, recodificou, colocou no divã aquilo que foi feito na Europa”, conclui Favaretto. Em resumo, seguiu o próprio conselho: “Seja marginal, seja herói”.

Hélio Oiticica (1937-1980) tinha verdadeira aversão à ideia de retrospectiva, o que faz sentido. A dele, afinal, é uma obra ‘in progress’, que não se esgota com a morte do artista, mas continua no corpo do espectador, cuja participação revitaliza objetos criados por Oiticica há meio século. A exposição Hélio Oiticica – Estrutura, Corpo, Cor, em cartaz até maio na Universidade de Fortaleza (Unifor), é, portanto, interativa e representa mais que uma síntese da trajetória do artista. Traz desde os primeiros trabalhos no Grupo Frente (1955-1858) até seus ‘penetráveis’, passando pelos ‘metaesquemas’, ‘bólides’ e uma obra da série Cosmococa, iniciada em 1973 em parceria com o cineasta Neville d’Almeida.

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São 60 trabalhos que redefiniram o projeto construtivo brasileiro e anunciaram muito do que seria feito nos anos seguintes à morte do artista. Esse caráter antecipatório, já reconhecido por críticos estrangeiros há 50 anos – como o inglês Guy Brett, que promoveu mostras suas em Londres nos anos 1960 – é mais uma vez destacado por organizadores de exposições internacionais, como a sua primeira grande retrospectiva norte-americana (Hélio Oiticica: To Organize Delirium), que será inaugurada em outubro, no Carnegie Museum of Art, de Pittsburgh, passando depois pelo Whitney Museum de Nova York e o Art Institut de Chicago (até janeiro de 2017).

Embora Oiticica tenha escrito (em fevereiro de 1972) que não havia motivos para levar a sério sua produção pré-1959 (ano em que se integrou ao movimento Neoconcreto e iniciou a série Bilaterais), há na mostra cearense obras desse período que esboçam questões fundamentais para o entendimento do processo experimental do artista, iniciado no crepúsculo do Grupo Frente, núcleo do concretismo carioca dissolvido em 1958. Já nos primeiros desenhos e pinturas é possível detectar um desejo de trocar a contemplação estética pela participação do espectador, fazendo-o abdicar da condição passiva de quem apenas vê, mas não interage com a obra.

Em transição do moderno para o contemporâneo, Oiticica se apropriou da experiência de Mondrian, por exemplo, para criar seus ‘metaesquemas’, que, ao dissecar filamentos de espaço e tornar indissociáveis estrutura e cor na pintura, abrem caminho para a série de ‘relevos espaciais’ e ‘núcleos’ – obras suspensas do teto que libertam a pintura do quadro, sugerindo mesmo uma pintura nuclear. Sem essas obras, assinalam os curadores da mostra, Celso Favaretto e Paula Braga, não seriam possíveis as experiências mais radicais de Oiticica, como os ‘penetráveis’, os ‘bólides’ e os ‘parangolés’. E a palavra radical, aqui, tem mesmo o sentido de marginal, de um artista que trocou a inserção no esquema de mercado (galerias e museus) pela vivência com proscritos dos morros cariocas.

Contra a marginalização da cultura popular pelo sistema de arte, Oiticica subiu o morro e desceu de lá com passistas da Mangueira, invadindo o MAM do Rio (em agosto de 1965) com parangolés (capas que se ajustam ao corpo), sendo em seguida expulso das dependências do museu. Na mostra cearense há vários parangolés que podem ser usados pelo público. Ele também pode entrar no ‘penetrável’ Macaleia, estrutura metálica quadrada com telas coloridas produzida em 1978 para homenagear o músico Jards Macalé. Não é a única peça feita como tributo a cantores populares. Outro ‘penetrável’ da exposição, composto por fios de plásticos suspensos e presos ao teto, foi usado num show da cantora Gal Costa na boate Sucata, em 1970.

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A maioria das peças em exposição pertence a coleções particulares. Alguns trabalhos foram reconstituídos pelo Projeto Oiticica, após o incêndio que destruiu parte do seu acervo, em 2009, seguindo as orientações deixadas pelo artista, que era minucioso e mantinha cadernos de esboços e um diário. Há nesses esboços traços arquitetônicos, o que leva o curador Celso Favaretto a justificar o título da mostra – Estrutura, Corpo, Cor – como uma tradução da “ambição pública” de Oiticica, que, vivendo num momento de transição do Brasil para a modernidade (Brasília, bossa nova, Cinema Novo, Teatro Oficina), “associou a arquitetura a uma vivência moderna, apostando numa mudança de comportamento”.

Oiticica queria levar o construtivismo adiante, afirma Favaretto. A outra curadora da exposição, Paula Braga, diz que ele superou a modernidade europeia – Malevitch, Mondrian e companhia – ao assumir a condição de inventor na precariedade tropical. “Ele reelaborou, recodificou, colocou no divã aquilo que foi feito na Europa”, conclui Favaretto. Em resumo, seguiu o próprio conselho: “Seja marginal, seja herói”.

Hélio Oiticica (1937-1980) tinha verdadeira aversão à ideia de retrospectiva, o que faz sentido. A dele, afinal, é uma obra ‘in progress’, que não se esgota com a morte do artista, mas continua no corpo do espectador, cuja participação revitaliza objetos criados por Oiticica há meio século. A exposição Hélio Oiticica – Estrutura, Corpo, Cor, em cartaz até maio na Universidade de Fortaleza (Unifor), é, portanto, interativa e representa mais que uma síntese da trajetória do artista. Traz desde os primeiros trabalhos no Grupo Frente (1955-1858) até seus ‘penetráveis’, passando pelos ‘metaesquemas’, ‘bólides’ e uma obra da série Cosmococa, iniciada em 1973 em parceria com o cineasta Neville d’Almeida.

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São 60 trabalhos que redefiniram o projeto construtivo brasileiro e anunciaram muito do que seria feito nos anos seguintes à morte do artista. Esse caráter antecipatório, já reconhecido por críticos estrangeiros há 50 anos – como o inglês Guy Brett, que promoveu mostras suas em Londres nos anos 1960 – é mais uma vez destacado por organizadores de exposições internacionais, como a sua primeira grande retrospectiva norte-americana (Hélio Oiticica: To Organize Delirium), que será inaugurada em outubro, no Carnegie Museum of Art, de Pittsburgh, passando depois pelo Whitney Museum de Nova York e o Art Institut de Chicago (até janeiro de 2017).

Embora Oiticica tenha escrito (em fevereiro de 1972) que não havia motivos para levar a sério sua produção pré-1959 (ano em que se integrou ao movimento Neoconcreto e iniciou a série Bilaterais), há na mostra cearense obras desse período que esboçam questões fundamentais para o entendimento do processo experimental do artista, iniciado no crepúsculo do Grupo Frente, núcleo do concretismo carioca dissolvido em 1958. Já nos primeiros desenhos e pinturas é possível detectar um desejo de trocar a contemplação estética pela participação do espectador, fazendo-o abdicar da condição passiva de quem apenas vê, mas não interage com a obra.

Em transição do moderno para o contemporâneo, Oiticica se apropriou da experiência de Mondrian, por exemplo, para criar seus ‘metaesquemas’, que, ao dissecar filamentos de espaço e tornar indissociáveis estrutura e cor na pintura, abrem caminho para a série de ‘relevos espaciais’ e ‘núcleos’ – obras suspensas do teto que libertam a pintura do quadro, sugerindo mesmo uma pintura nuclear. Sem essas obras, assinalam os curadores da mostra, Celso Favaretto e Paula Braga, não seriam possíveis as experiências mais radicais de Oiticica, como os ‘penetráveis’, os ‘bólides’ e os ‘parangolés’. E a palavra radical, aqui, tem mesmo o sentido de marginal, de um artista que trocou a inserção no esquema de mercado (galerias e museus) pela vivência com proscritos dos morros cariocas.

Contra a marginalização da cultura popular pelo sistema de arte, Oiticica subiu o morro e desceu de lá com passistas da Mangueira, invadindo o MAM do Rio (em agosto de 1965) com parangolés (capas que se ajustam ao corpo), sendo em seguida expulso das dependências do museu. Na mostra cearense há vários parangolés que podem ser usados pelo público. Ele também pode entrar no ‘penetrável’ Macaleia, estrutura metálica quadrada com telas coloridas produzida em 1978 para homenagear o músico Jards Macalé. Não é a única peça feita como tributo a cantores populares. Outro ‘penetrável’ da exposição, composto por fios de plásticos suspensos e presos ao teto, foi usado num show da cantora Gal Costa na boate Sucata, em 1970.

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A maioria das peças em exposição pertence a coleções particulares. Alguns trabalhos foram reconstituídos pelo Projeto Oiticica, após o incêndio que destruiu parte do seu acervo, em 2009, seguindo as orientações deixadas pelo artista, que era minucioso e mantinha cadernos de esboços e um diário. Há nesses esboços traços arquitetônicos, o que leva o curador Celso Favaretto a justificar o título da mostra – Estrutura, Corpo, Cor – como uma tradução da “ambição pública” de Oiticica, que, vivendo num momento de transição do Brasil para a modernidade (Brasília, bossa nova, Cinema Novo, Teatro Oficina), “associou a arquitetura a uma vivência moderna, apostando numa mudança de comportamento”.

Oiticica queria levar o construtivismo adiante, afirma Favaretto. A outra curadora da exposição, Paula Braga, diz que ele superou a modernidade europeia – Malevitch, Mondrian e companhia – ao assumir a condição de inventor na precariedade tropical. “Ele reelaborou, recodificou, colocou no divã aquilo que foi feito na Europa”, conclui Favaretto. Em resumo, seguiu o próprio conselho: “Seja marginal, seja herói”.

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