Exposição de Rodin em Paris homenageia o gênio da escultura


‘Rodin – A Exposição do Centenário’, que marca aniversário de 100 anos da morte do artista, está em cartaz no Grand Palais

Por Andrei Netto

Grandes exposições em homenagem ao centenário de um mestre da escultura ou da pintura são, via de regra, um dos maiores desafios de um curador de arte. Esse desafio é ainda maior quando 18 minutos de percurso a pé e 1,3 quilômetros separam o Museu Rodin, onde se localiza o melhor acervo consagrado ao célebre escultor no mundo, e o Grand Palais, no centro de Paris. É no segundo centro cultural que está em cartaz a mostra Rodin – A Exposição do Centenário, dedicada a Auguste Rodin (1840-1917), um dos mais influentes artistas da história da humanidade. 

'O Pensador' e a obra mais célebre do artista Foto: Musée Rodin

A exposição é o maior evento da França para lembrar o ano de desaparecimento do escultor que se tornou uma referência mundial das artes. Talvez para se diferenciar da mostra permanente do Museu Rodin – excepcional, diga-se de passagem –, a exposição do Grand Palais não faz o clássico percurso “vida e obra” do artista, mas frisa sua influência que perdura há décadas e que tocou os maiores escultores do mundo nos séculos 20 e 21. Para tanto, o Grand Palais aborda três diferentes períodos em que os curadores sintetizariam a carreira do mestre: o momento expressionista, o experimentador e a onda de choque, este último dedicado ao impacto avassalador que o escultor exerceu em vida e após a sua morte. 

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Antes de se tornar um escultor conhecido em todo o mundo, a partir dos anos 1900, Rodin quebrou os paradigmas da escultura vigentes à sua época. Então, as artes eram dominadas pelo culto da natureza – o naturalismo. Já o mestre optou por colocar no centro de sua obra um fragmento da natureza pouco explorado pelos seus contemporâneos: o homem. 

Para Rodin, “o corpo é um molde em que se expressam as paixões”. E essas paixões valem por si só, sem necessidade de estabelecer referências literárias ou históricas que justifiquem a obra. O corpo humano, entendia o artista, tem uma dimensão universal e se expressa. Esse raciocínio marca sua deriva em direção ao expressionismo. Dessa época, destacam-se trabalhos como Burgueses de Calais e a Porta do Inferno, que talvez seja sua verdadeira obra-prima, a matriz de outras mais célebres, como O Pensador

Essa concepção da arte escultórica como a expressão do homem por seu corpo rapidamente o tornou uma referência. Nos anos 1890, Rodin já havia se tornado uma referência de toda uma geração de artistas que vinham a Paris trabalhar em seu ateliê ou inspirar-se em sua obra. A maior parte adota as marcas do mestre: a expressão dos modelos, o exagero das formas, a deformação, a ampliação.

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A segunda parte da exposição é dedicada ao experimentalismo. A partir do trabalho monstruoso da Porta do Inferno, que o artista jamais viu fundido, Rodin dispôs de um manancial de obras originais nunca apresentadas ao público. Essa coleção deu origem a um acervo de formas de que o artista se apropriou, recortando-as, alterando tamanhos, recompondo-as. Essa releitura do próprio trabalho lhe permitiu experimentar e inovar, reforçando sua condição de artista de vanguarda, desenvolvendo novas técnicas, inventando novas composições e colagem e explorando a figura parcial.

A repercussão desse trabalho de ruptura em relação ao que se fazia até então é abordada na terceira e última etapa da exposição. Então Rodin aparece como a referência absoluta de gerações de artistas que vão de Wilhelm Lehmbruck e Markus Lüpertz a Baselitz, passando por mestres de outras partes, como Pablo Picasso e Henri Matisse. Esse é um dos pontos fortes da exposição do Grand Palais, que, embora não sirva como a melhor síntese da obra do escultor, tem ótimos momentos. 

Em alguns trechos, A Exposição do Centenário fala muito tempo de escultores por ele influenciados, e de menos do gênio criador em si. O lado positivo é entender a extensão de sua influência. “Eu desejo a Picasso que nos diga tantas coisas e tão claramente quanto Rodin”, afirmou um dia Giacometti, um dos grandes herdeiros de Rodin.

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Além do legado de Rodin, a mostra do Grand Palais explora muito bem os originais em gesso e argila feitos pelo artista, que de hábito são negligenciados por grandes museus em favor das obras definitivas em metal e mármore. No caso de Rodin, esses modelos originais mostram que ele era ainda mais arrojado na deformação do corpo humano, usando ainda mais as texturas rugosas e o exagero das formas para compor seus personagens do que nas obras definitivas em metal ou mármore. 

De quebra, ao tomar contato com gessos e argilas realizados pelo próprio mestre, o público acaba tendo contato com a versão mais próxima da intervenção do artista, a mais autêntica tradução do gênio criador. E então fica mais fácil compreender por que Rodin é considerado no mundo das artes o mais próximo que chegamos de conviver com um Michelangelo nos tempos modernos. 

Grandes exposições em homenagem ao centenário de um mestre da escultura ou da pintura são, via de regra, um dos maiores desafios de um curador de arte. Esse desafio é ainda maior quando 18 minutos de percurso a pé e 1,3 quilômetros separam o Museu Rodin, onde se localiza o melhor acervo consagrado ao célebre escultor no mundo, e o Grand Palais, no centro de Paris. É no segundo centro cultural que está em cartaz a mostra Rodin – A Exposição do Centenário, dedicada a Auguste Rodin (1840-1917), um dos mais influentes artistas da história da humanidade. 

'O Pensador' e a obra mais célebre do artista Foto: Musée Rodin

A exposição é o maior evento da França para lembrar o ano de desaparecimento do escultor que se tornou uma referência mundial das artes. Talvez para se diferenciar da mostra permanente do Museu Rodin – excepcional, diga-se de passagem –, a exposição do Grand Palais não faz o clássico percurso “vida e obra” do artista, mas frisa sua influência que perdura há décadas e que tocou os maiores escultores do mundo nos séculos 20 e 21. Para tanto, o Grand Palais aborda três diferentes períodos em que os curadores sintetizariam a carreira do mestre: o momento expressionista, o experimentador e a onda de choque, este último dedicado ao impacto avassalador que o escultor exerceu em vida e após a sua morte. 

Antes de se tornar um escultor conhecido em todo o mundo, a partir dos anos 1900, Rodin quebrou os paradigmas da escultura vigentes à sua época. Então, as artes eram dominadas pelo culto da natureza – o naturalismo. Já o mestre optou por colocar no centro de sua obra um fragmento da natureza pouco explorado pelos seus contemporâneos: o homem. 

Para Rodin, “o corpo é um molde em que se expressam as paixões”. E essas paixões valem por si só, sem necessidade de estabelecer referências literárias ou históricas que justifiquem a obra. O corpo humano, entendia o artista, tem uma dimensão universal e se expressa. Esse raciocínio marca sua deriva em direção ao expressionismo. Dessa época, destacam-se trabalhos como Burgueses de Calais e a Porta do Inferno, que talvez seja sua verdadeira obra-prima, a matriz de outras mais célebres, como O Pensador

Essa concepção da arte escultórica como a expressão do homem por seu corpo rapidamente o tornou uma referência. Nos anos 1890, Rodin já havia se tornado uma referência de toda uma geração de artistas que vinham a Paris trabalhar em seu ateliê ou inspirar-se em sua obra. A maior parte adota as marcas do mestre: a expressão dos modelos, o exagero das formas, a deformação, a ampliação.

A segunda parte da exposição é dedicada ao experimentalismo. A partir do trabalho monstruoso da Porta do Inferno, que o artista jamais viu fundido, Rodin dispôs de um manancial de obras originais nunca apresentadas ao público. Essa coleção deu origem a um acervo de formas de que o artista se apropriou, recortando-as, alterando tamanhos, recompondo-as. Essa releitura do próprio trabalho lhe permitiu experimentar e inovar, reforçando sua condição de artista de vanguarda, desenvolvendo novas técnicas, inventando novas composições e colagem e explorando a figura parcial.

A repercussão desse trabalho de ruptura em relação ao que se fazia até então é abordada na terceira e última etapa da exposição. Então Rodin aparece como a referência absoluta de gerações de artistas que vão de Wilhelm Lehmbruck e Markus Lüpertz a Baselitz, passando por mestres de outras partes, como Pablo Picasso e Henri Matisse. Esse é um dos pontos fortes da exposição do Grand Palais, que, embora não sirva como a melhor síntese da obra do escultor, tem ótimos momentos. 

Em alguns trechos, A Exposição do Centenário fala muito tempo de escultores por ele influenciados, e de menos do gênio criador em si. O lado positivo é entender a extensão de sua influência. “Eu desejo a Picasso que nos diga tantas coisas e tão claramente quanto Rodin”, afirmou um dia Giacometti, um dos grandes herdeiros de Rodin.

Além do legado de Rodin, a mostra do Grand Palais explora muito bem os originais em gesso e argila feitos pelo artista, que de hábito são negligenciados por grandes museus em favor das obras definitivas em metal e mármore. No caso de Rodin, esses modelos originais mostram que ele era ainda mais arrojado na deformação do corpo humano, usando ainda mais as texturas rugosas e o exagero das formas para compor seus personagens do que nas obras definitivas em metal ou mármore. 

De quebra, ao tomar contato com gessos e argilas realizados pelo próprio mestre, o público acaba tendo contato com a versão mais próxima da intervenção do artista, a mais autêntica tradução do gênio criador. E então fica mais fácil compreender por que Rodin é considerado no mundo das artes o mais próximo que chegamos de conviver com um Michelangelo nos tempos modernos. 

Grandes exposições em homenagem ao centenário de um mestre da escultura ou da pintura são, via de regra, um dos maiores desafios de um curador de arte. Esse desafio é ainda maior quando 18 minutos de percurso a pé e 1,3 quilômetros separam o Museu Rodin, onde se localiza o melhor acervo consagrado ao célebre escultor no mundo, e o Grand Palais, no centro de Paris. É no segundo centro cultural que está em cartaz a mostra Rodin – A Exposição do Centenário, dedicada a Auguste Rodin (1840-1917), um dos mais influentes artistas da história da humanidade. 

'O Pensador' e a obra mais célebre do artista Foto: Musée Rodin

A exposição é o maior evento da França para lembrar o ano de desaparecimento do escultor que se tornou uma referência mundial das artes. Talvez para se diferenciar da mostra permanente do Museu Rodin – excepcional, diga-se de passagem –, a exposição do Grand Palais não faz o clássico percurso “vida e obra” do artista, mas frisa sua influência que perdura há décadas e que tocou os maiores escultores do mundo nos séculos 20 e 21. Para tanto, o Grand Palais aborda três diferentes períodos em que os curadores sintetizariam a carreira do mestre: o momento expressionista, o experimentador e a onda de choque, este último dedicado ao impacto avassalador que o escultor exerceu em vida e após a sua morte. 

Antes de se tornar um escultor conhecido em todo o mundo, a partir dos anos 1900, Rodin quebrou os paradigmas da escultura vigentes à sua época. Então, as artes eram dominadas pelo culto da natureza – o naturalismo. Já o mestre optou por colocar no centro de sua obra um fragmento da natureza pouco explorado pelos seus contemporâneos: o homem. 

Para Rodin, “o corpo é um molde em que se expressam as paixões”. E essas paixões valem por si só, sem necessidade de estabelecer referências literárias ou históricas que justifiquem a obra. O corpo humano, entendia o artista, tem uma dimensão universal e se expressa. Esse raciocínio marca sua deriva em direção ao expressionismo. Dessa época, destacam-se trabalhos como Burgueses de Calais e a Porta do Inferno, que talvez seja sua verdadeira obra-prima, a matriz de outras mais célebres, como O Pensador

Essa concepção da arte escultórica como a expressão do homem por seu corpo rapidamente o tornou uma referência. Nos anos 1890, Rodin já havia se tornado uma referência de toda uma geração de artistas que vinham a Paris trabalhar em seu ateliê ou inspirar-se em sua obra. A maior parte adota as marcas do mestre: a expressão dos modelos, o exagero das formas, a deformação, a ampliação.

A segunda parte da exposição é dedicada ao experimentalismo. A partir do trabalho monstruoso da Porta do Inferno, que o artista jamais viu fundido, Rodin dispôs de um manancial de obras originais nunca apresentadas ao público. Essa coleção deu origem a um acervo de formas de que o artista se apropriou, recortando-as, alterando tamanhos, recompondo-as. Essa releitura do próprio trabalho lhe permitiu experimentar e inovar, reforçando sua condição de artista de vanguarda, desenvolvendo novas técnicas, inventando novas composições e colagem e explorando a figura parcial.

A repercussão desse trabalho de ruptura em relação ao que se fazia até então é abordada na terceira e última etapa da exposição. Então Rodin aparece como a referência absoluta de gerações de artistas que vão de Wilhelm Lehmbruck e Markus Lüpertz a Baselitz, passando por mestres de outras partes, como Pablo Picasso e Henri Matisse. Esse é um dos pontos fortes da exposição do Grand Palais, que, embora não sirva como a melhor síntese da obra do escultor, tem ótimos momentos. 

Em alguns trechos, A Exposição do Centenário fala muito tempo de escultores por ele influenciados, e de menos do gênio criador em si. O lado positivo é entender a extensão de sua influência. “Eu desejo a Picasso que nos diga tantas coisas e tão claramente quanto Rodin”, afirmou um dia Giacometti, um dos grandes herdeiros de Rodin.

Além do legado de Rodin, a mostra do Grand Palais explora muito bem os originais em gesso e argila feitos pelo artista, que de hábito são negligenciados por grandes museus em favor das obras definitivas em metal e mármore. No caso de Rodin, esses modelos originais mostram que ele era ainda mais arrojado na deformação do corpo humano, usando ainda mais as texturas rugosas e o exagero das formas para compor seus personagens do que nas obras definitivas em metal ou mármore. 

De quebra, ao tomar contato com gessos e argilas realizados pelo próprio mestre, o público acaba tendo contato com a versão mais próxima da intervenção do artista, a mais autêntica tradução do gênio criador. E então fica mais fácil compreender por que Rodin é considerado no mundo das artes o mais próximo que chegamos de conviver com um Michelangelo nos tempos modernos. 

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