Exposição faz ode à beleza num mundo que sucumbe à catástrofe


A pintora Helena Carvalhosa abre amanhã, 17, uma exposição com 20 paisagens na Galeria Millan

Por Antonio Gonçalves Filho

O nome da exposição, Sem Título, Sem Data, revela a intenção da pintora Helena Carvalhosa de não se submeter aos ditames do mercado: ela não pinta pensando em colecionadores, mas por vontade de registrar suas impressões sobre o mundo que a cerca. Assim, as duas dezenas de telas de médias dimensões expostas a partir de amanhã, 17, na Galeria Millan, trazem imagens de objetos e paisagens familiares, quase um diário íntimo sem compromisso com o tempo, como nas composições intimistas de Morandi, feitas de cores sóbrias e perfeito equilíbrio tonal.

A pintora Helena Carvalhosa no jardim desua casa Foto: DANIEL TEIXEIRA

Nomes de outros dois pintores poderiam ser evocados para falar da pintura de uma artista cuja relação afetiva com os objetos lembra a do próprio Morandi com peças de seu cotidiano: o francês Matisse e o norte-americano Richard Diebenkorn. Um quarto nome merece ser mencionado nessa história: Paulo Pasta, há anos professor de Helena. “Não conheço nenhum outro pintor com a mesma capacidade de revelar e afirmar a cor tão intensamente como ele”, define a aluna, que já passou por várias escolas (Brasil, Faap).

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Sua primeira exposição foi de objetos, na década de 1960, quando Helena Carvalhosa manteve por 11 anos uma loja de design com o designer mexicano Aurélio Flores. Pertencente a uma família tradicional, Arruda Botelho, e tendo casado com o advogado Modesto Carvalhosa, parecia claro que Helena estava destinada a uma vida segura e pacífica, longe da turbulência de uma carreira artística. Porém, não foi isso que aconteceu. Com a separação e a convivência com artistas, a paixão pela pintura cresceu – e também o desejo de construir e desconstruir a figura, num jogo que tem algo a ver com o procedimento de seus professores.

Tela da pintora Helena Carvalhosa: senso cromático matissiano Foto: Galeria Millan

Na exposição da Millan, ela neutraliza a oposição fundo e figura em suas cenas interiores e paisagens. Num dos óleos, por exemplo, parede, mesa e objetos decorativos fundem-se como numa harmoniosa composição morandiana, expondo uma ordem cromática de natureza matissiana – o azul do móvel perfeitamente integrado ao verde ambiente. Numa paisagem (a do convite da exposição) que elege a simplificação oriental como meta, um tronco azul à esquerda domina a superfície da tela, como se Bonnard tentasse replicar os japoneses – e o pintor francês, de fato, o fez.

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No entanto, Helena Carvalhosa mantém distância de referências eruditas quando pinta essas paisagens. Intuitiva, diz que conserva, efetivamente, uma relação afetiva com os objetos e as paisagens que pinta, mas não adota outros pintores como modelos. Considera um “privilégio” pintar e recusa qualquer tentativa de associação com movimentos. Não saberia explicar, por exemplo, como decide organizar seu jogo cromático ou seu orientalismo – a propósito, muito matissiano, para relembrar o impacto da civilização árabe sobre Matisse, que visitou o Marrocos entre 1912 e 1913, mudando suas cores e direção (sem exotismo, evoque-se).

Paisagem de Helena Carvalhosa: construção sintética e sutileza tonal Foto: Galeria Millan

A exemplo de Diebenkorn, que chegou a cobrir as janelas de seu estúdio para pintar de memória suas paisagens, repetindo Matisse, Helena, que pinta todos os dias, não precisa sair de seu ateliê no Jardim Europa para construir a imagem de um mundo que lhe é familiar e atribuir ao fundo e figura o mesmo valor, como se tudo estivesse amalgamado, reintegrando-a ao paraíso perdido – e nunca é demais lembrar que sua família foi proprietária da Casa do Pinhal, sede de uma paradisíaca fazenda do século 19 onde sua vocação para a pintura foi despertada.

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Helena Carvalhosa pode ser uma descoberta tardia para alguns, assim como foi, por exemplo, Lore Koch, a única aluna de Volpi, que manteve igualmente uma paixão pelos objetos e pela paisagem. Clement Greenberg certamente falaria delas como falou do Matisse da fase marroquina – são ambas autoras de um “voo pastoral”, que o crítico identificou com uma redescoberta da beleza por Matisse no pós-guerra. Ou um antídoto contra a feiura do mundo contemporâneo, que sucumbe à catástrofe ambiental.

O nome da exposição, Sem Título, Sem Data, revela a intenção da pintora Helena Carvalhosa de não se submeter aos ditames do mercado: ela não pinta pensando em colecionadores, mas por vontade de registrar suas impressões sobre o mundo que a cerca. Assim, as duas dezenas de telas de médias dimensões expostas a partir de amanhã, 17, na Galeria Millan, trazem imagens de objetos e paisagens familiares, quase um diário íntimo sem compromisso com o tempo, como nas composições intimistas de Morandi, feitas de cores sóbrias e perfeito equilíbrio tonal.

A pintora Helena Carvalhosa no jardim desua casa Foto: DANIEL TEIXEIRA

Nomes de outros dois pintores poderiam ser evocados para falar da pintura de uma artista cuja relação afetiva com os objetos lembra a do próprio Morandi com peças de seu cotidiano: o francês Matisse e o norte-americano Richard Diebenkorn. Um quarto nome merece ser mencionado nessa história: Paulo Pasta, há anos professor de Helena. “Não conheço nenhum outro pintor com a mesma capacidade de revelar e afirmar a cor tão intensamente como ele”, define a aluna, que já passou por várias escolas (Brasil, Faap).

Sua primeira exposição foi de objetos, na década de 1960, quando Helena Carvalhosa manteve por 11 anos uma loja de design com o designer mexicano Aurélio Flores. Pertencente a uma família tradicional, Arruda Botelho, e tendo casado com o advogado Modesto Carvalhosa, parecia claro que Helena estava destinada a uma vida segura e pacífica, longe da turbulência de uma carreira artística. Porém, não foi isso que aconteceu. Com a separação e a convivência com artistas, a paixão pela pintura cresceu – e também o desejo de construir e desconstruir a figura, num jogo que tem algo a ver com o procedimento de seus professores.

Tela da pintora Helena Carvalhosa: senso cromático matissiano Foto: Galeria Millan

Na exposição da Millan, ela neutraliza a oposição fundo e figura em suas cenas interiores e paisagens. Num dos óleos, por exemplo, parede, mesa e objetos decorativos fundem-se como numa harmoniosa composição morandiana, expondo uma ordem cromática de natureza matissiana – o azul do móvel perfeitamente integrado ao verde ambiente. Numa paisagem (a do convite da exposição) que elege a simplificação oriental como meta, um tronco azul à esquerda domina a superfície da tela, como se Bonnard tentasse replicar os japoneses – e o pintor francês, de fato, o fez.

No entanto, Helena Carvalhosa mantém distância de referências eruditas quando pinta essas paisagens. Intuitiva, diz que conserva, efetivamente, uma relação afetiva com os objetos e as paisagens que pinta, mas não adota outros pintores como modelos. Considera um “privilégio” pintar e recusa qualquer tentativa de associação com movimentos. Não saberia explicar, por exemplo, como decide organizar seu jogo cromático ou seu orientalismo – a propósito, muito matissiano, para relembrar o impacto da civilização árabe sobre Matisse, que visitou o Marrocos entre 1912 e 1913, mudando suas cores e direção (sem exotismo, evoque-se).

Paisagem de Helena Carvalhosa: construção sintética e sutileza tonal Foto: Galeria Millan

A exemplo de Diebenkorn, que chegou a cobrir as janelas de seu estúdio para pintar de memória suas paisagens, repetindo Matisse, Helena, que pinta todos os dias, não precisa sair de seu ateliê no Jardim Europa para construir a imagem de um mundo que lhe é familiar e atribuir ao fundo e figura o mesmo valor, como se tudo estivesse amalgamado, reintegrando-a ao paraíso perdido – e nunca é demais lembrar que sua família foi proprietária da Casa do Pinhal, sede de uma paradisíaca fazenda do século 19 onde sua vocação para a pintura foi despertada.

Helena Carvalhosa pode ser uma descoberta tardia para alguns, assim como foi, por exemplo, Lore Koch, a única aluna de Volpi, que manteve igualmente uma paixão pelos objetos e pela paisagem. Clement Greenberg certamente falaria delas como falou do Matisse da fase marroquina – são ambas autoras de um “voo pastoral”, que o crítico identificou com uma redescoberta da beleza por Matisse no pós-guerra. Ou um antídoto contra a feiura do mundo contemporâneo, que sucumbe à catástrofe ambiental.

O nome da exposição, Sem Título, Sem Data, revela a intenção da pintora Helena Carvalhosa de não se submeter aos ditames do mercado: ela não pinta pensando em colecionadores, mas por vontade de registrar suas impressões sobre o mundo que a cerca. Assim, as duas dezenas de telas de médias dimensões expostas a partir de amanhã, 17, na Galeria Millan, trazem imagens de objetos e paisagens familiares, quase um diário íntimo sem compromisso com o tempo, como nas composições intimistas de Morandi, feitas de cores sóbrias e perfeito equilíbrio tonal.

A pintora Helena Carvalhosa no jardim desua casa Foto: DANIEL TEIXEIRA

Nomes de outros dois pintores poderiam ser evocados para falar da pintura de uma artista cuja relação afetiva com os objetos lembra a do próprio Morandi com peças de seu cotidiano: o francês Matisse e o norte-americano Richard Diebenkorn. Um quarto nome merece ser mencionado nessa história: Paulo Pasta, há anos professor de Helena. “Não conheço nenhum outro pintor com a mesma capacidade de revelar e afirmar a cor tão intensamente como ele”, define a aluna, que já passou por várias escolas (Brasil, Faap).

Sua primeira exposição foi de objetos, na década de 1960, quando Helena Carvalhosa manteve por 11 anos uma loja de design com o designer mexicano Aurélio Flores. Pertencente a uma família tradicional, Arruda Botelho, e tendo casado com o advogado Modesto Carvalhosa, parecia claro que Helena estava destinada a uma vida segura e pacífica, longe da turbulência de uma carreira artística. Porém, não foi isso que aconteceu. Com a separação e a convivência com artistas, a paixão pela pintura cresceu – e também o desejo de construir e desconstruir a figura, num jogo que tem algo a ver com o procedimento de seus professores.

Tela da pintora Helena Carvalhosa: senso cromático matissiano Foto: Galeria Millan

Na exposição da Millan, ela neutraliza a oposição fundo e figura em suas cenas interiores e paisagens. Num dos óleos, por exemplo, parede, mesa e objetos decorativos fundem-se como numa harmoniosa composição morandiana, expondo uma ordem cromática de natureza matissiana – o azul do móvel perfeitamente integrado ao verde ambiente. Numa paisagem (a do convite da exposição) que elege a simplificação oriental como meta, um tronco azul à esquerda domina a superfície da tela, como se Bonnard tentasse replicar os japoneses – e o pintor francês, de fato, o fez.

No entanto, Helena Carvalhosa mantém distância de referências eruditas quando pinta essas paisagens. Intuitiva, diz que conserva, efetivamente, uma relação afetiva com os objetos e as paisagens que pinta, mas não adota outros pintores como modelos. Considera um “privilégio” pintar e recusa qualquer tentativa de associação com movimentos. Não saberia explicar, por exemplo, como decide organizar seu jogo cromático ou seu orientalismo – a propósito, muito matissiano, para relembrar o impacto da civilização árabe sobre Matisse, que visitou o Marrocos entre 1912 e 1913, mudando suas cores e direção (sem exotismo, evoque-se).

Paisagem de Helena Carvalhosa: construção sintética e sutileza tonal Foto: Galeria Millan

A exemplo de Diebenkorn, que chegou a cobrir as janelas de seu estúdio para pintar de memória suas paisagens, repetindo Matisse, Helena, que pinta todos os dias, não precisa sair de seu ateliê no Jardim Europa para construir a imagem de um mundo que lhe é familiar e atribuir ao fundo e figura o mesmo valor, como se tudo estivesse amalgamado, reintegrando-a ao paraíso perdido – e nunca é demais lembrar que sua família foi proprietária da Casa do Pinhal, sede de uma paradisíaca fazenda do século 19 onde sua vocação para a pintura foi despertada.

Helena Carvalhosa pode ser uma descoberta tardia para alguns, assim como foi, por exemplo, Lore Koch, a única aluna de Volpi, que manteve igualmente uma paixão pelos objetos e pela paisagem. Clement Greenberg certamente falaria delas como falou do Matisse da fase marroquina – são ambas autoras de um “voo pastoral”, que o crítico identificou com uma redescoberta da beleza por Matisse no pós-guerra. Ou um antídoto contra a feiura do mundo contemporâneo, que sucumbe à catástrofe ambiental.

O nome da exposição, Sem Título, Sem Data, revela a intenção da pintora Helena Carvalhosa de não se submeter aos ditames do mercado: ela não pinta pensando em colecionadores, mas por vontade de registrar suas impressões sobre o mundo que a cerca. Assim, as duas dezenas de telas de médias dimensões expostas a partir de amanhã, 17, na Galeria Millan, trazem imagens de objetos e paisagens familiares, quase um diário íntimo sem compromisso com o tempo, como nas composições intimistas de Morandi, feitas de cores sóbrias e perfeito equilíbrio tonal.

A pintora Helena Carvalhosa no jardim desua casa Foto: DANIEL TEIXEIRA

Nomes de outros dois pintores poderiam ser evocados para falar da pintura de uma artista cuja relação afetiva com os objetos lembra a do próprio Morandi com peças de seu cotidiano: o francês Matisse e o norte-americano Richard Diebenkorn. Um quarto nome merece ser mencionado nessa história: Paulo Pasta, há anos professor de Helena. “Não conheço nenhum outro pintor com a mesma capacidade de revelar e afirmar a cor tão intensamente como ele”, define a aluna, que já passou por várias escolas (Brasil, Faap).

Sua primeira exposição foi de objetos, na década de 1960, quando Helena Carvalhosa manteve por 11 anos uma loja de design com o designer mexicano Aurélio Flores. Pertencente a uma família tradicional, Arruda Botelho, e tendo casado com o advogado Modesto Carvalhosa, parecia claro que Helena estava destinada a uma vida segura e pacífica, longe da turbulência de uma carreira artística. Porém, não foi isso que aconteceu. Com a separação e a convivência com artistas, a paixão pela pintura cresceu – e também o desejo de construir e desconstruir a figura, num jogo que tem algo a ver com o procedimento de seus professores.

Tela da pintora Helena Carvalhosa: senso cromático matissiano Foto: Galeria Millan

Na exposição da Millan, ela neutraliza a oposição fundo e figura em suas cenas interiores e paisagens. Num dos óleos, por exemplo, parede, mesa e objetos decorativos fundem-se como numa harmoniosa composição morandiana, expondo uma ordem cromática de natureza matissiana – o azul do móvel perfeitamente integrado ao verde ambiente. Numa paisagem (a do convite da exposição) que elege a simplificação oriental como meta, um tronco azul à esquerda domina a superfície da tela, como se Bonnard tentasse replicar os japoneses – e o pintor francês, de fato, o fez.

No entanto, Helena Carvalhosa mantém distância de referências eruditas quando pinta essas paisagens. Intuitiva, diz que conserva, efetivamente, uma relação afetiva com os objetos e as paisagens que pinta, mas não adota outros pintores como modelos. Considera um “privilégio” pintar e recusa qualquer tentativa de associação com movimentos. Não saberia explicar, por exemplo, como decide organizar seu jogo cromático ou seu orientalismo – a propósito, muito matissiano, para relembrar o impacto da civilização árabe sobre Matisse, que visitou o Marrocos entre 1912 e 1913, mudando suas cores e direção (sem exotismo, evoque-se).

Paisagem de Helena Carvalhosa: construção sintética e sutileza tonal Foto: Galeria Millan

A exemplo de Diebenkorn, que chegou a cobrir as janelas de seu estúdio para pintar de memória suas paisagens, repetindo Matisse, Helena, que pinta todos os dias, não precisa sair de seu ateliê no Jardim Europa para construir a imagem de um mundo que lhe é familiar e atribuir ao fundo e figura o mesmo valor, como se tudo estivesse amalgamado, reintegrando-a ao paraíso perdido – e nunca é demais lembrar que sua família foi proprietária da Casa do Pinhal, sede de uma paradisíaca fazenda do século 19 onde sua vocação para a pintura foi despertada.

Helena Carvalhosa pode ser uma descoberta tardia para alguns, assim como foi, por exemplo, Lore Koch, a única aluna de Volpi, que manteve igualmente uma paixão pelos objetos e pela paisagem. Clement Greenberg certamente falaria delas como falou do Matisse da fase marroquina – são ambas autoras de um “voo pastoral”, que o crítico identificou com uma redescoberta da beleza por Matisse no pós-guerra. Ou um antídoto contra a feiura do mundo contemporâneo, que sucumbe à catástrofe ambiental.

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