Exposição 'O Paraíso dos Marrecos' desconstrói conceito de masculinidade


Inspirada em crônica de João do Rio, mostra questiona o que é ser homem em trabalhos de 11 artistas contemporâneos

Por Matheus Lopes Quirino

Quando se entra no cubo branco que abriga a exposição O Paraíso dos Marrecos, na Residência Fonte, a vista alcança uma série de porta-retratos fixados em um painel, no centro do salão projetado pelo arquiteto Ricardo Ohtake. São páginas de cartões decorativos, um desejo realizado pelo arte educador Bruno Novaes, 37, que remete à infância. “Pequeno, meu sonho era ter uma coleção de cartões, mas os adultos não achavam que era próprio para um menino”, conta o artista. Se o desejo era preencher páginas de cartões fofos, o garoto, aos 4 anos, cansou de ganhar caminhões e carrinhos e colou em um deles dois adesivos de “menininha”. A revolta foi redescoberta três décadas depois, brinca o artista, que achou o objeto e incorporou ao seu acervo. É possível observar nesse movimento do passado um tino contestador para o pequeno Bruno. “São dois universos completamente diferentes, de um lado a fofura dos cartões, de outro, a virilidade dos carrinhos”.

Além do colecionismo, Novaes busca representar nas pequenas intervenções feitas com lápis de cor uma ruptura com os padrões normativos de gênero por meio da contraposição, carrinhos versus bonequinhos. Tema caro a um país que transformou exposições, como o Queermuseu, em 2017, em blague. Em O Paraíso dos Marrecos, a virilidade é um conceito colocado em xeque pelo curador Ícaro Vidal Jr., que selecionou 25 obras de 11 artistas brasileiros contemporâneos para apresentar ao público suas histórias a partir de universos dissonantes. Seus recortes perpassam as tramas de meninos crescidos à margem do que se é esperado para a família tradicional brasileira, onde muitas vezes a sensibilidade artística é relegada a um segundo plano.

'Romance', um óleo sobre linho de Adriel Visoto, representa um jovem absorto na leitura. As telas estão na exposição O Paraíso dos Marrecos, na galeria Fonte Foto: Residência Fonte
continua após a publicidade

Da vídeoarte de Élcio Miazaki, que recriou uma sessão de barbearia caseira com dois performers, ao bordado digital de Gabriel Pessoto, cada qual em sua seara, o todo se condensa em uma narrativa que passa pela investigação dos desejos, dos afetos, da solidão do homem moderno e da necessidade de pertencimento, seja na obra de Novaes, que volta ao universo da infância e questiona um modo de vida familiar, ou nos pequenos retratos de Adriel Visoto, com suas pinturas em óleo sobre linho que remetem ao norte-americano Edward Hopper (1882 – 1967), expoente do realismo que retratou o espírito fragmentado do homem do pós-guerra, em confronto com o American way of life. A solidão e o desejo coexistem no microuniverso de Visoto. “Os retratos dialogam com esse homem moderno que tem suas necessidades saciadas dentro de casa na era em que os aplicativos dominam”, diz o curador. Pequeninas, elas reproduzem o formato de celulares, trazem cenas banais que evocam o erótico, mas também a rotina ordinária de um homem que se dedica à leitura.

Performance foi documentada por Élcio, que exibiu fragmentos do experimento na mostra Foto: Residência Fonte

Vidal conta que batizou a exposição em homenagem a uma crônica do escritor João do Rio (1881 – 1921), publicada em 5 junho de 1903 na Gazeta de Notícias. Nela, o escritor reverenciava a modernidade de uma cidade que, em duplo sentido, vivia no escuro. A iluminação no passeio público, à época, jogou luz em tribos marginalizadas do Parque da República como um princípio de visibilidade e dignidade. Dândi Tropical, João do Rio trata da marginalidade em segundo plano na sua obra, contudo, foi um farol para gerações posteriores tocarem em temas espinhosos, como as vivências da homossexualidade.

continua após a publicidade
Intervenção em um caminhãozinho de brinquedo feita por Bruno Novaes aos 4 anos, hoje redescoberta Foto: Residência Fonte

A instalação de Rafael Amorim é um emaranhado de fotos que representam um amor fugidio e frenético, típico dos nossos tempos. Algo que vai de encontro com a tensão proposta nas telas de Marcelo Amorim, pesquisador dos afetos, tema pungente em tempos de ressignificação do termo “broderagem”. Pioneiro no que classificou como bordado digital, Pessoto abstrai os signos da dinâmica da casa, como um avental e um punho de camisa, adornados com cenas eróticas e um pompom. São cinco objetos masculinos adornados com detalhes femininos, eles remetem a um mundo antigo, aquele que passa ao lado das obras, em uma televisão tubular sharp. No vídeo, como uma névoa que faz referência aos fantasmas de uma era em que a tecnologia era precária, surge um arranjo floral pixelado para marcar como as flores sempre existiram e, como na canção, resistiram a vendavais constantes. 

SERVIÇO O PARAÍSO DOS MARRECOS  Artistas: Adriel Visoto, Bruno Novaes, Élcio Miazaki, Fefa Lins, Gabriel Pessoto, Marcelo Amorim, Marcio Junqueira, Matheus Chiaratti, rafael amorim, Rafael RG e Tales Frey Curadoria: Icaro Ferraz Vidal Jr.  Fonte  Rua Mourato Coelho, 751, Vila Madalena, São Paulo – SP  Abertura: Dia 21 de maio de 2022, sábado, das 14h às 20h  Visitação: até 18 de junho, sob agendamento

Quando se entra no cubo branco que abriga a exposição O Paraíso dos Marrecos, na Residência Fonte, a vista alcança uma série de porta-retratos fixados em um painel, no centro do salão projetado pelo arquiteto Ricardo Ohtake. São páginas de cartões decorativos, um desejo realizado pelo arte educador Bruno Novaes, 37, que remete à infância. “Pequeno, meu sonho era ter uma coleção de cartões, mas os adultos não achavam que era próprio para um menino”, conta o artista. Se o desejo era preencher páginas de cartões fofos, o garoto, aos 4 anos, cansou de ganhar caminhões e carrinhos e colou em um deles dois adesivos de “menininha”. A revolta foi redescoberta três décadas depois, brinca o artista, que achou o objeto e incorporou ao seu acervo. É possível observar nesse movimento do passado um tino contestador para o pequeno Bruno. “São dois universos completamente diferentes, de um lado a fofura dos cartões, de outro, a virilidade dos carrinhos”.

Além do colecionismo, Novaes busca representar nas pequenas intervenções feitas com lápis de cor uma ruptura com os padrões normativos de gênero por meio da contraposição, carrinhos versus bonequinhos. Tema caro a um país que transformou exposições, como o Queermuseu, em 2017, em blague. Em O Paraíso dos Marrecos, a virilidade é um conceito colocado em xeque pelo curador Ícaro Vidal Jr., que selecionou 25 obras de 11 artistas brasileiros contemporâneos para apresentar ao público suas histórias a partir de universos dissonantes. Seus recortes perpassam as tramas de meninos crescidos à margem do que se é esperado para a família tradicional brasileira, onde muitas vezes a sensibilidade artística é relegada a um segundo plano.

'Romance', um óleo sobre linho de Adriel Visoto, representa um jovem absorto na leitura. As telas estão na exposição O Paraíso dos Marrecos, na galeria Fonte Foto: Residência Fonte

Da vídeoarte de Élcio Miazaki, que recriou uma sessão de barbearia caseira com dois performers, ao bordado digital de Gabriel Pessoto, cada qual em sua seara, o todo se condensa em uma narrativa que passa pela investigação dos desejos, dos afetos, da solidão do homem moderno e da necessidade de pertencimento, seja na obra de Novaes, que volta ao universo da infância e questiona um modo de vida familiar, ou nos pequenos retratos de Adriel Visoto, com suas pinturas em óleo sobre linho que remetem ao norte-americano Edward Hopper (1882 – 1967), expoente do realismo que retratou o espírito fragmentado do homem do pós-guerra, em confronto com o American way of life. A solidão e o desejo coexistem no microuniverso de Visoto. “Os retratos dialogam com esse homem moderno que tem suas necessidades saciadas dentro de casa na era em que os aplicativos dominam”, diz o curador. Pequeninas, elas reproduzem o formato de celulares, trazem cenas banais que evocam o erótico, mas também a rotina ordinária de um homem que se dedica à leitura.

Performance foi documentada por Élcio, que exibiu fragmentos do experimento na mostra Foto: Residência Fonte

Vidal conta que batizou a exposição em homenagem a uma crônica do escritor João do Rio (1881 – 1921), publicada em 5 junho de 1903 na Gazeta de Notícias. Nela, o escritor reverenciava a modernidade de uma cidade que, em duplo sentido, vivia no escuro. A iluminação no passeio público, à época, jogou luz em tribos marginalizadas do Parque da República como um princípio de visibilidade e dignidade. Dândi Tropical, João do Rio trata da marginalidade em segundo plano na sua obra, contudo, foi um farol para gerações posteriores tocarem em temas espinhosos, como as vivências da homossexualidade.

Intervenção em um caminhãozinho de brinquedo feita por Bruno Novaes aos 4 anos, hoje redescoberta Foto: Residência Fonte

A instalação de Rafael Amorim é um emaranhado de fotos que representam um amor fugidio e frenético, típico dos nossos tempos. Algo que vai de encontro com a tensão proposta nas telas de Marcelo Amorim, pesquisador dos afetos, tema pungente em tempos de ressignificação do termo “broderagem”. Pioneiro no que classificou como bordado digital, Pessoto abstrai os signos da dinâmica da casa, como um avental e um punho de camisa, adornados com cenas eróticas e um pompom. São cinco objetos masculinos adornados com detalhes femininos, eles remetem a um mundo antigo, aquele que passa ao lado das obras, em uma televisão tubular sharp. No vídeo, como uma névoa que faz referência aos fantasmas de uma era em que a tecnologia era precária, surge um arranjo floral pixelado para marcar como as flores sempre existiram e, como na canção, resistiram a vendavais constantes. 

SERVIÇO O PARAÍSO DOS MARRECOS  Artistas: Adriel Visoto, Bruno Novaes, Élcio Miazaki, Fefa Lins, Gabriel Pessoto, Marcelo Amorim, Marcio Junqueira, Matheus Chiaratti, rafael amorim, Rafael RG e Tales Frey Curadoria: Icaro Ferraz Vidal Jr.  Fonte  Rua Mourato Coelho, 751, Vila Madalena, São Paulo – SP  Abertura: Dia 21 de maio de 2022, sábado, das 14h às 20h  Visitação: até 18 de junho, sob agendamento

Quando se entra no cubo branco que abriga a exposição O Paraíso dos Marrecos, na Residência Fonte, a vista alcança uma série de porta-retratos fixados em um painel, no centro do salão projetado pelo arquiteto Ricardo Ohtake. São páginas de cartões decorativos, um desejo realizado pelo arte educador Bruno Novaes, 37, que remete à infância. “Pequeno, meu sonho era ter uma coleção de cartões, mas os adultos não achavam que era próprio para um menino”, conta o artista. Se o desejo era preencher páginas de cartões fofos, o garoto, aos 4 anos, cansou de ganhar caminhões e carrinhos e colou em um deles dois adesivos de “menininha”. A revolta foi redescoberta três décadas depois, brinca o artista, que achou o objeto e incorporou ao seu acervo. É possível observar nesse movimento do passado um tino contestador para o pequeno Bruno. “São dois universos completamente diferentes, de um lado a fofura dos cartões, de outro, a virilidade dos carrinhos”.

Além do colecionismo, Novaes busca representar nas pequenas intervenções feitas com lápis de cor uma ruptura com os padrões normativos de gênero por meio da contraposição, carrinhos versus bonequinhos. Tema caro a um país que transformou exposições, como o Queermuseu, em 2017, em blague. Em O Paraíso dos Marrecos, a virilidade é um conceito colocado em xeque pelo curador Ícaro Vidal Jr., que selecionou 25 obras de 11 artistas brasileiros contemporâneos para apresentar ao público suas histórias a partir de universos dissonantes. Seus recortes perpassam as tramas de meninos crescidos à margem do que se é esperado para a família tradicional brasileira, onde muitas vezes a sensibilidade artística é relegada a um segundo plano.

'Romance', um óleo sobre linho de Adriel Visoto, representa um jovem absorto na leitura. As telas estão na exposição O Paraíso dos Marrecos, na galeria Fonte Foto: Residência Fonte

Da vídeoarte de Élcio Miazaki, que recriou uma sessão de barbearia caseira com dois performers, ao bordado digital de Gabriel Pessoto, cada qual em sua seara, o todo se condensa em uma narrativa que passa pela investigação dos desejos, dos afetos, da solidão do homem moderno e da necessidade de pertencimento, seja na obra de Novaes, que volta ao universo da infância e questiona um modo de vida familiar, ou nos pequenos retratos de Adriel Visoto, com suas pinturas em óleo sobre linho que remetem ao norte-americano Edward Hopper (1882 – 1967), expoente do realismo que retratou o espírito fragmentado do homem do pós-guerra, em confronto com o American way of life. A solidão e o desejo coexistem no microuniverso de Visoto. “Os retratos dialogam com esse homem moderno que tem suas necessidades saciadas dentro de casa na era em que os aplicativos dominam”, diz o curador. Pequeninas, elas reproduzem o formato de celulares, trazem cenas banais que evocam o erótico, mas também a rotina ordinária de um homem que se dedica à leitura.

Performance foi documentada por Élcio, que exibiu fragmentos do experimento na mostra Foto: Residência Fonte

Vidal conta que batizou a exposição em homenagem a uma crônica do escritor João do Rio (1881 – 1921), publicada em 5 junho de 1903 na Gazeta de Notícias. Nela, o escritor reverenciava a modernidade de uma cidade que, em duplo sentido, vivia no escuro. A iluminação no passeio público, à época, jogou luz em tribos marginalizadas do Parque da República como um princípio de visibilidade e dignidade. Dândi Tropical, João do Rio trata da marginalidade em segundo plano na sua obra, contudo, foi um farol para gerações posteriores tocarem em temas espinhosos, como as vivências da homossexualidade.

Intervenção em um caminhãozinho de brinquedo feita por Bruno Novaes aos 4 anos, hoje redescoberta Foto: Residência Fonte

A instalação de Rafael Amorim é um emaranhado de fotos que representam um amor fugidio e frenético, típico dos nossos tempos. Algo que vai de encontro com a tensão proposta nas telas de Marcelo Amorim, pesquisador dos afetos, tema pungente em tempos de ressignificação do termo “broderagem”. Pioneiro no que classificou como bordado digital, Pessoto abstrai os signos da dinâmica da casa, como um avental e um punho de camisa, adornados com cenas eróticas e um pompom. São cinco objetos masculinos adornados com detalhes femininos, eles remetem a um mundo antigo, aquele que passa ao lado das obras, em uma televisão tubular sharp. No vídeo, como uma névoa que faz referência aos fantasmas de uma era em que a tecnologia era precária, surge um arranjo floral pixelado para marcar como as flores sempre existiram e, como na canção, resistiram a vendavais constantes. 

SERVIÇO O PARAÍSO DOS MARRECOS  Artistas: Adriel Visoto, Bruno Novaes, Élcio Miazaki, Fefa Lins, Gabriel Pessoto, Marcelo Amorim, Marcio Junqueira, Matheus Chiaratti, rafael amorim, Rafael RG e Tales Frey Curadoria: Icaro Ferraz Vidal Jr.  Fonte  Rua Mourato Coelho, 751, Vila Madalena, São Paulo – SP  Abertura: Dia 21 de maio de 2022, sábado, das 14h às 20h  Visitação: até 18 de junho, sob agendamento

Quando se entra no cubo branco que abriga a exposição O Paraíso dos Marrecos, na Residência Fonte, a vista alcança uma série de porta-retratos fixados em um painel, no centro do salão projetado pelo arquiteto Ricardo Ohtake. São páginas de cartões decorativos, um desejo realizado pelo arte educador Bruno Novaes, 37, que remete à infância. “Pequeno, meu sonho era ter uma coleção de cartões, mas os adultos não achavam que era próprio para um menino”, conta o artista. Se o desejo era preencher páginas de cartões fofos, o garoto, aos 4 anos, cansou de ganhar caminhões e carrinhos e colou em um deles dois adesivos de “menininha”. A revolta foi redescoberta três décadas depois, brinca o artista, que achou o objeto e incorporou ao seu acervo. É possível observar nesse movimento do passado um tino contestador para o pequeno Bruno. “São dois universos completamente diferentes, de um lado a fofura dos cartões, de outro, a virilidade dos carrinhos”.

Além do colecionismo, Novaes busca representar nas pequenas intervenções feitas com lápis de cor uma ruptura com os padrões normativos de gênero por meio da contraposição, carrinhos versus bonequinhos. Tema caro a um país que transformou exposições, como o Queermuseu, em 2017, em blague. Em O Paraíso dos Marrecos, a virilidade é um conceito colocado em xeque pelo curador Ícaro Vidal Jr., que selecionou 25 obras de 11 artistas brasileiros contemporâneos para apresentar ao público suas histórias a partir de universos dissonantes. Seus recortes perpassam as tramas de meninos crescidos à margem do que se é esperado para a família tradicional brasileira, onde muitas vezes a sensibilidade artística é relegada a um segundo plano.

'Romance', um óleo sobre linho de Adriel Visoto, representa um jovem absorto na leitura. As telas estão na exposição O Paraíso dos Marrecos, na galeria Fonte Foto: Residência Fonte

Da vídeoarte de Élcio Miazaki, que recriou uma sessão de barbearia caseira com dois performers, ao bordado digital de Gabriel Pessoto, cada qual em sua seara, o todo se condensa em uma narrativa que passa pela investigação dos desejos, dos afetos, da solidão do homem moderno e da necessidade de pertencimento, seja na obra de Novaes, que volta ao universo da infância e questiona um modo de vida familiar, ou nos pequenos retratos de Adriel Visoto, com suas pinturas em óleo sobre linho que remetem ao norte-americano Edward Hopper (1882 – 1967), expoente do realismo que retratou o espírito fragmentado do homem do pós-guerra, em confronto com o American way of life. A solidão e o desejo coexistem no microuniverso de Visoto. “Os retratos dialogam com esse homem moderno que tem suas necessidades saciadas dentro de casa na era em que os aplicativos dominam”, diz o curador. Pequeninas, elas reproduzem o formato de celulares, trazem cenas banais que evocam o erótico, mas também a rotina ordinária de um homem que se dedica à leitura.

Performance foi documentada por Élcio, que exibiu fragmentos do experimento na mostra Foto: Residência Fonte

Vidal conta que batizou a exposição em homenagem a uma crônica do escritor João do Rio (1881 – 1921), publicada em 5 junho de 1903 na Gazeta de Notícias. Nela, o escritor reverenciava a modernidade de uma cidade que, em duplo sentido, vivia no escuro. A iluminação no passeio público, à época, jogou luz em tribos marginalizadas do Parque da República como um princípio de visibilidade e dignidade. Dândi Tropical, João do Rio trata da marginalidade em segundo plano na sua obra, contudo, foi um farol para gerações posteriores tocarem em temas espinhosos, como as vivências da homossexualidade.

Intervenção em um caminhãozinho de brinquedo feita por Bruno Novaes aos 4 anos, hoje redescoberta Foto: Residência Fonte

A instalação de Rafael Amorim é um emaranhado de fotos que representam um amor fugidio e frenético, típico dos nossos tempos. Algo que vai de encontro com a tensão proposta nas telas de Marcelo Amorim, pesquisador dos afetos, tema pungente em tempos de ressignificação do termo “broderagem”. Pioneiro no que classificou como bordado digital, Pessoto abstrai os signos da dinâmica da casa, como um avental e um punho de camisa, adornados com cenas eróticas e um pompom. São cinco objetos masculinos adornados com detalhes femininos, eles remetem a um mundo antigo, aquele que passa ao lado das obras, em uma televisão tubular sharp. No vídeo, como uma névoa que faz referência aos fantasmas de uma era em que a tecnologia era precária, surge um arranjo floral pixelado para marcar como as flores sempre existiram e, como na canção, resistiram a vendavais constantes. 

SERVIÇO O PARAÍSO DOS MARRECOS  Artistas: Adriel Visoto, Bruno Novaes, Élcio Miazaki, Fefa Lins, Gabriel Pessoto, Marcelo Amorim, Marcio Junqueira, Matheus Chiaratti, rafael amorim, Rafael RG e Tales Frey Curadoria: Icaro Ferraz Vidal Jr.  Fonte  Rua Mourato Coelho, 751, Vila Madalena, São Paulo – SP  Abertura: Dia 21 de maio de 2022, sábado, das 14h às 20h  Visitação: até 18 de junho, sob agendamento

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.