Exposição traz figuras da Paris entreguerras pelas lentes de Man Ray


Mostra do consagrado fotógrafo no Museu de Belas Artes da Virgínia traz os grandes artistas de sua época, de Dalí a Virginia Woolf

Por Sebastian Smee

Se, no início dos anos 1920, você entrasse por acaso na Shakespeare and Company, a livraria e biblioteca de empréstimos fundada em Paris depois da Primeira Guerra Mundial pela americana Sylvia Beach, você logo veria que as paredes estavam cobertas com retratos fotográficos de Man Ray e Berenice Abbott.

'Ruby Richards with Diamonds', de 1938, retrata cantora americana Foto: Collection of Michael and Jacky Ferro, Miami/Man Ray 2015 Trust

“Ser ‘pego’ por Man Ray e Berenice Abbott significava que agora você podia ser classificado como alguém”, escreveu Beach. Entre os habitués da Shakespeare and Company se encontravam pessoas como Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Djuna Barnes, T. S. Eliot, Ezra Pound, Hilda Doolittle e F. Scott Fitzgerald. Em 1922, Beach encomendou a Ray (1890-1976) uma fotografia publicitária de James Joyce, o romancista irlandês cujo livro Ulisses ela estava prestes a publicar (para sua glória eterna). Nesse mesmo ano, Ray fotografou Marcel Proust no leito de morte. Ambas as imagens indeléveis fazem parte de uma exposição suave e arrebatadora de Man Ray no Museu de Belas Artes da Virgínia, o VMFA, em Richmond. A mostra Man Ray: The Paris Years foi elaborada por Michael R. Taylor, o curador-chefe do museu, que também escreveu o catálogo e garantiu a aquisição para o VMFA de mais da metade das fotografias da exibição. Se você ama Paris, tem alguma noção sobre a história cultural do início do século 20 ou simplesmente gosta de glamour, fofoca, sexo, carros velozes, boemia, escândalo ou qualquer combinação disso, você sairá da exposição como se tivesse vivido uma orgia surrealista – ofegante, saciado e tentando lembrar nomes. É improvável que alguns nomes deem muito trabalho. Salvador Dalí, Henri Matisse, Constantin Brâncusi e Marcel Duchamp estão entre as dezenas de artistas canônicos que Ray fotografou. Entre os escritores, além dos mencionados acima, Virginia Woolf, William Carlos Williams, André Breton e Aldous Huxley. Já entre os compositores se encontram Erik Satie, Igor Stravinski e Arnold Schönberg. A lista é tão impressionante que Taylor, em seu ensaio de catálogo, corretamente compara Ray a Nadar, o retratista do século 19 (e pioneiro do balonismo) que compilou um registro fotográfico incomparável de artistas, escritores e outras celebridades de sua época. A exposição se destaca ainda mais pela inclusão do maravilhoso filme de Ray de 1926, Emak-Bakia (ele o caracterizou como um cinépoème), e de um portfólio de fotos semiabstratas que ele fez para uma campanha de marketing da Paris Electricity Co. Ambos são notáveis. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Se, no início dos anos 1920, você entrasse por acaso na Shakespeare and Company, a livraria e biblioteca de empréstimos fundada em Paris depois da Primeira Guerra Mundial pela americana Sylvia Beach, você logo veria que as paredes estavam cobertas com retratos fotográficos de Man Ray e Berenice Abbott.

'Ruby Richards with Diamonds', de 1938, retrata cantora americana Foto: Collection of Michael and Jacky Ferro, Miami/Man Ray 2015 Trust

“Ser ‘pego’ por Man Ray e Berenice Abbott significava que agora você podia ser classificado como alguém”, escreveu Beach. Entre os habitués da Shakespeare and Company se encontravam pessoas como Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Djuna Barnes, T. S. Eliot, Ezra Pound, Hilda Doolittle e F. Scott Fitzgerald. Em 1922, Beach encomendou a Ray (1890-1976) uma fotografia publicitária de James Joyce, o romancista irlandês cujo livro Ulisses ela estava prestes a publicar (para sua glória eterna). Nesse mesmo ano, Ray fotografou Marcel Proust no leito de morte. Ambas as imagens indeléveis fazem parte de uma exposição suave e arrebatadora de Man Ray no Museu de Belas Artes da Virgínia, o VMFA, em Richmond. A mostra Man Ray: The Paris Years foi elaborada por Michael R. Taylor, o curador-chefe do museu, que também escreveu o catálogo e garantiu a aquisição para o VMFA de mais da metade das fotografias da exibição. Se você ama Paris, tem alguma noção sobre a história cultural do início do século 20 ou simplesmente gosta de glamour, fofoca, sexo, carros velozes, boemia, escândalo ou qualquer combinação disso, você sairá da exposição como se tivesse vivido uma orgia surrealista – ofegante, saciado e tentando lembrar nomes. É improvável que alguns nomes deem muito trabalho. Salvador Dalí, Henri Matisse, Constantin Brâncusi e Marcel Duchamp estão entre as dezenas de artistas canônicos que Ray fotografou. Entre os escritores, além dos mencionados acima, Virginia Woolf, William Carlos Williams, André Breton e Aldous Huxley. Já entre os compositores se encontram Erik Satie, Igor Stravinski e Arnold Schönberg. A lista é tão impressionante que Taylor, em seu ensaio de catálogo, corretamente compara Ray a Nadar, o retratista do século 19 (e pioneiro do balonismo) que compilou um registro fotográfico incomparável de artistas, escritores e outras celebridades de sua época. A exposição se destaca ainda mais pela inclusão do maravilhoso filme de Ray de 1926, Emak-Bakia (ele o caracterizou como um cinépoème), e de um portfólio de fotos semiabstratas que ele fez para uma campanha de marketing da Paris Electricity Co. Ambos são notáveis. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Se, no início dos anos 1920, você entrasse por acaso na Shakespeare and Company, a livraria e biblioteca de empréstimos fundada em Paris depois da Primeira Guerra Mundial pela americana Sylvia Beach, você logo veria que as paredes estavam cobertas com retratos fotográficos de Man Ray e Berenice Abbott.

'Ruby Richards with Diamonds', de 1938, retrata cantora americana Foto: Collection of Michael and Jacky Ferro, Miami/Man Ray 2015 Trust

“Ser ‘pego’ por Man Ray e Berenice Abbott significava que agora você podia ser classificado como alguém”, escreveu Beach. Entre os habitués da Shakespeare and Company se encontravam pessoas como Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Djuna Barnes, T. S. Eliot, Ezra Pound, Hilda Doolittle e F. Scott Fitzgerald. Em 1922, Beach encomendou a Ray (1890-1976) uma fotografia publicitária de James Joyce, o romancista irlandês cujo livro Ulisses ela estava prestes a publicar (para sua glória eterna). Nesse mesmo ano, Ray fotografou Marcel Proust no leito de morte. Ambas as imagens indeléveis fazem parte de uma exposição suave e arrebatadora de Man Ray no Museu de Belas Artes da Virgínia, o VMFA, em Richmond. A mostra Man Ray: The Paris Years foi elaborada por Michael R. Taylor, o curador-chefe do museu, que também escreveu o catálogo e garantiu a aquisição para o VMFA de mais da metade das fotografias da exibição. Se você ama Paris, tem alguma noção sobre a história cultural do início do século 20 ou simplesmente gosta de glamour, fofoca, sexo, carros velozes, boemia, escândalo ou qualquer combinação disso, você sairá da exposição como se tivesse vivido uma orgia surrealista – ofegante, saciado e tentando lembrar nomes. É improvável que alguns nomes deem muito trabalho. Salvador Dalí, Henri Matisse, Constantin Brâncusi e Marcel Duchamp estão entre as dezenas de artistas canônicos que Ray fotografou. Entre os escritores, além dos mencionados acima, Virginia Woolf, William Carlos Williams, André Breton e Aldous Huxley. Já entre os compositores se encontram Erik Satie, Igor Stravinski e Arnold Schönberg. A lista é tão impressionante que Taylor, em seu ensaio de catálogo, corretamente compara Ray a Nadar, o retratista do século 19 (e pioneiro do balonismo) que compilou um registro fotográfico incomparável de artistas, escritores e outras celebridades de sua época. A exposição se destaca ainda mais pela inclusão do maravilhoso filme de Ray de 1926, Emak-Bakia (ele o caracterizou como um cinépoème), e de um portfólio de fotos semiabstratas que ele fez para uma campanha de marketing da Paris Electricity Co. Ambos são notáveis. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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