O fotógrafo mineiro Sebastião Salgado integra a lista do The New York Times de 25 imagens que definiram a modernidade desde 1955. A foto Serra Pelada, tirada durante expedição do fotógrafo por garimpos do estado do Pará, aparece junto a imagens como a do monge Thich Quang Đức, que ateou fogo em si mesmo em um protesto, de Malcolm Browne, e a icônica imagem de Che Guevara de Alberto Korda, que viria a estampar camisetas ao redor do mundo.
“Um dos aspectos mais marcantes das fotografias de Sebastião Salgado de uma mina de ouro a céu aberto no Brasil é a escala”, lê-se na publicação. “Vários milhares de homens — os seus corpos curvados e frágeis — são transformados em miniatura contra o pano de fundo de um enorme buraco na terra.”
Os críticos destacam, ainda, que o horizonte da serra não foi privilegiado na imagem: o recorte para trabalhadores na mina é o que garante o seu impacto. Ao ser publicada no The New York Times em 1987, a foto chamou a atenção do mundo para a situação do garimpo e do trabalho exploratório na busca por ouro em terras brasileiras, que persistia ainda no século 20.
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Rebatendo as críticas de que suas fotos promoveriam uma espécie de “estética da miséria”, Sebastião Salgado respondeu ao mesmo jornal: “Eu vim do terceiro mundo. Quando nasci, o Brasil era um país em desenvolvimento. As fotos que tirei, tirei do meu lado, do meu mundo, de onde venho. A falha que meus críticos têm, eu não tenho. É o sentimento de culpa.”
A foto data de 1986, quando o fotógrafo brasileiro conseguiu autorização do governo militar para realizar registros das atividades em torno da mina — descoberta em 1979, na região da Amazônia Paraense, na atual cidade de Curionópolis –, onde milhares de trabalhadores competiam para extrair grandes quantidades de ouro.