Fumaças de um livro notável


Por Roberto DaMatta

A revelação está na meia furada, no choro sem motivo; no rubor do rosto; nos ''pelo amor de Deus!'' e nos ''não me diga isso!'', negadores das tragédias. Nas bordas que apontam para o centro do quadro. O truque sempre está do outro lado da capa do mágico. Todos seguimos a lei, mas é revelador descobrir um juiz criminoso; ou ver um presidente que se diz democrata, tendo paciência de mãe com seus asseclas, mas virando madrasta quando a mídia apresenta algum malfeito do seu governo. A perpétua desarrumação da sala, a eventual sujeira dos banheiros e da cozinha, indicativas de desleixo e preguiça da sua ''dona'', faz com que, até hoje, as mulheres temam visitas inesperadas. Os empregados, todavia, vendo a casa pelas latrinas, porões e lixo, têm uma outra perspectiva. Quando, entre pomposos e contritos, trombeteamos que a história é escrita pelos vencedores, reiteramos esse poder do liminar e do implícito, daquilo que não pertence a história ''autêntica'', ''correta'', ''honesta'' ou ''verdadeira''. No dia em que a verdadeira história da Europa e dos Estados Unidos for escrita, vai sair faísca; disse-me um amigo desafiador implicando que, pelas margens, miolos ou interstícios, todas as histórias têm sua banda podre e o seu lado mesquinho. Até a descoberta do fogo, da roda e da mesa pode ser lida pelo seu lado marginal e não como revoluções redentoras, dependendo - é claro - quem, para quem e em que situação ou contexto a coisa é contada. Digamos que o fogo (que faz o asqueroso cru virar deliciosa comida) seria o lado ''correto'' ou heróico; e que a fumaça (que embaraça a visão) seja a dimensão insuspeita, o preço a pagar por todo evento humano antes que uma ''estrutura'' ou padrão o canibalize e o torne parte de alguma coisa maior, confirmando tendências e moralidades. A fumaça é o sinal - conforme decreta o ditado com seu brutal bom senso - do fogo que a produz; mas na sua paradoxal etérea (e concreta) realidade, ela é também a obscuridade que, mais tarde, permite enxergar o tipo de fogo que a produziu. No livro HumanSmoke: The Beginnings of World War II, the End of Civilization (Fumaça Humana: Os Começos da 2ª Guerra Mundial, o Fim da Civilização; Simon & Schuster, 2008), Nicholson Baker, escritor e jornalista americano, conhecido pelo seu pendor crítico e por sua original ficção, somos brindados com um brilhante exercício de entendimento da história contemporânea a partir da fumaça. Em vez de tentar tracejar os eventos desse período histórico crucial por meio do fogo sagrado - das pautas estabelecidas pelos vencedores e pelo lado convencional; essa guerra finalizaria todas as guerras, é desconstruída por Baker numa brilhante colagem que consiste em colocar em linha manchetes, crônicas, cartas, memorandos secretos, artigos de fundo, sueltos, leis, propaganda e declarações oficiais que, indo de 1892 (quando ocorre, pasmem, a 4ª Conferência Mundial da Paz, em Berna, Suíça) até 1942. Assim, o leitor é conduzido ao núcleo da fumaça da história de nossa ''civilização''. Esse sistema baseado, como o livro sobejamente revela, na idéia de um progresso a ser partejado pela exclusão étnica e social, pelo nacionalismo, pela força e pela ''verdade'' auto-revelada a ser imposta pela guerra como recurso civilizado (e legitimado) de poder. As palavras de Alfred Nobel, o magnata dos explosivos, dizendo à organizadora do Congresso de Paz, que ''talvez minhas fábricas irão pôr um fim à guerra muito mais cedo do que o seu congresso. No dia que dois corpos de exército puderem se aniquilar mutuamente num segundo, então, provavelmente, todas as nações civilizadas irão recuar com horror e desmantelar suas tropas'', resumem a perversa dialética de guerra e paz, de declarações pacifistas e de feroz fabricação de armas de destruição de massa, de nacionalismo e cosmopolitismo, de igualitarismo e anti-semitismo que são o fogo da fumaça de nossa paisagem ideológica. Impressiona descobrir que os ingleses isolaram a Alemanha e a bombardearam; que Roosevelt estava preocupado com o número de judeus matriculados em Harvard; que a hiperinflação alemã tornava sedutora qualquer voz que prometesse autoridade e hierarquia; que a Real Força Aérea inglesa jogou mais de 150 toneladas de bombas na Índia e bombardeou sociedades tribais; que Churchill era amigo de sir Harry McGowan, megaempresário dos explosivos e do gás letal; que Joseph Goebbels compara Hitler a Cristo; que os nazistas planejavam mandar os judeus para a ilha de Madagáscar; que os americanos queriam um ataque japonês... Mas o que comove e mantém a esperança é ouvir as vozes daqueles que no meio desse denso nevoeiro enxergavam o fogo, e tinham a coragem de escrever e agir contra a guerra. Quem traduzir essa ''fumaça humana'' vai prestar um enorme serviço à compreensão do nosso mundo.

A revelação está na meia furada, no choro sem motivo; no rubor do rosto; nos ''pelo amor de Deus!'' e nos ''não me diga isso!'', negadores das tragédias. Nas bordas que apontam para o centro do quadro. O truque sempre está do outro lado da capa do mágico. Todos seguimos a lei, mas é revelador descobrir um juiz criminoso; ou ver um presidente que se diz democrata, tendo paciência de mãe com seus asseclas, mas virando madrasta quando a mídia apresenta algum malfeito do seu governo. A perpétua desarrumação da sala, a eventual sujeira dos banheiros e da cozinha, indicativas de desleixo e preguiça da sua ''dona'', faz com que, até hoje, as mulheres temam visitas inesperadas. Os empregados, todavia, vendo a casa pelas latrinas, porões e lixo, têm uma outra perspectiva. Quando, entre pomposos e contritos, trombeteamos que a história é escrita pelos vencedores, reiteramos esse poder do liminar e do implícito, daquilo que não pertence a história ''autêntica'', ''correta'', ''honesta'' ou ''verdadeira''. No dia em que a verdadeira história da Europa e dos Estados Unidos for escrita, vai sair faísca; disse-me um amigo desafiador implicando que, pelas margens, miolos ou interstícios, todas as histórias têm sua banda podre e o seu lado mesquinho. Até a descoberta do fogo, da roda e da mesa pode ser lida pelo seu lado marginal e não como revoluções redentoras, dependendo - é claro - quem, para quem e em que situação ou contexto a coisa é contada. Digamos que o fogo (que faz o asqueroso cru virar deliciosa comida) seria o lado ''correto'' ou heróico; e que a fumaça (que embaraça a visão) seja a dimensão insuspeita, o preço a pagar por todo evento humano antes que uma ''estrutura'' ou padrão o canibalize e o torne parte de alguma coisa maior, confirmando tendências e moralidades. A fumaça é o sinal - conforme decreta o ditado com seu brutal bom senso - do fogo que a produz; mas na sua paradoxal etérea (e concreta) realidade, ela é também a obscuridade que, mais tarde, permite enxergar o tipo de fogo que a produziu. No livro HumanSmoke: The Beginnings of World War II, the End of Civilization (Fumaça Humana: Os Começos da 2ª Guerra Mundial, o Fim da Civilização; Simon & Schuster, 2008), Nicholson Baker, escritor e jornalista americano, conhecido pelo seu pendor crítico e por sua original ficção, somos brindados com um brilhante exercício de entendimento da história contemporânea a partir da fumaça. Em vez de tentar tracejar os eventos desse período histórico crucial por meio do fogo sagrado - das pautas estabelecidas pelos vencedores e pelo lado convencional; essa guerra finalizaria todas as guerras, é desconstruída por Baker numa brilhante colagem que consiste em colocar em linha manchetes, crônicas, cartas, memorandos secretos, artigos de fundo, sueltos, leis, propaganda e declarações oficiais que, indo de 1892 (quando ocorre, pasmem, a 4ª Conferência Mundial da Paz, em Berna, Suíça) até 1942. Assim, o leitor é conduzido ao núcleo da fumaça da história de nossa ''civilização''. Esse sistema baseado, como o livro sobejamente revela, na idéia de um progresso a ser partejado pela exclusão étnica e social, pelo nacionalismo, pela força e pela ''verdade'' auto-revelada a ser imposta pela guerra como recurso civilizado (e legitimado) de poder. As palavras de Alfred Nobel, o magnata dos explosivos, dizendo à organizadora do Congresso de Paz, que ''talvez minhas fábricas irão pôr um fim à guerra muito mais cedo do que o seu congresso. No dia que dois corpos de exército puderem se aniquilar mutuamente num segundo, então, provavelmente, todas as nações civilizadas irão recuar com horror e desmantelar suas tropas'', resumem a perversa dialética de guerra e paz, de declarações pacifistas e de feroz fabricação de armas de destruição de massa, de nacionalismo e cosmopolitismo, de igualitarismo e anti-semitismo que são o fogo da fumaça de nossa paisagem ideológica. Impressiona descobrir que os ingleses isolaram a Alemanha e a bombardearam; que Roosevelt estava preocupado com o número de judeus matriculados em Harvard; que a hiperinflação alemã tornava sedutora qualquer voz que prometesse autoridade e hierarquia; que a Real Força Aérea inglesa jogou mais de 150 toneladas de bombas na Índia e bombardeou sociedades tribais; que Churchill era amigo de sir Harry McGowan, megaempresário dos explosivos e do gás letal; que Joseph Goebbels compara Hitler a Cristo; que os nazistas planejavam mandar os judeus para a ilha de Madagáscar; que os americanos queriam um ataque japonês... Mas o que comove e mantém a esperança é ouvir as vozes daqueles que no meio desse denso nevoeiro enxergavam o fogo, e tinham a coragem de escrever e agir contra a guerra. Quem traduzir essa ''fumaça humana'' vai prestar um enorme serviço à compreensão do nosso mundo.

A revelação está na meia furada, no choro sem motivo; no rubor do rosto; nos ''pelo amor de Deus!'' e nos ''não me diga isso!'', negadores das tragédias. Nas bordas que apontam para o centro do quadro. O truque sempre está do outro lado da capa do mágico. Todos seguimos a lei, mas é revelador descobrir um juiz criminoso; ou ver um presidente que se diz democrata, tendo paciência de mãe com seus asseclas, mas virando madrasta quando a mídia apresenta algum malfeito do seu governo. A perpétua desarrumação da sala, a eventual sujeira dos banheiros e da cozinha, indicativas de desleixo e preguiça da sua ''dona'', faz com que, até hoje, as mulheres temam visitas inesperadas. Os empregados, todavia, vendo a casa pelas latrinas, porões e lixo, têm uma outra perspectiva. Quando, entre pomposos e contritos, trombeteamos que a história é escrita pelos vencedores, reiteramos esse poder do liminar e do implícito, daquilo que não pertence a história ''autêntica'', ''correta'', ''honesta'' ou ''verdadeira''. No dia em que a verdadeira história da Europa e dos Estados Unidos for escrita, vai sair faísca; disse-me um amigo desafiador implicando que, pelas margens, miolos ou interstícios, todas as histórias têm sua banda podre e o seu lado mesquinho. Até a descoberta do fogo, da roda e da mesa pode ser lida pelo seu lado marginal e não como revoluções redentoras, dependendo - é claro - quem, para quem e em que situação ou contexto a coisa é contada. Digamos que o fogo (que faz o asqueroso cru virar deliciosa comida) seria o lado ''correto'' ou heróico; e que a fumaça (que embaraça a visão) seja a dimensão insuspeita, o preço a pagar por todo evento humano antes que uma ''estrutura'' ou padrão o canibalize e o torne parte de alguma coisa maior, confirmando tendências e moralidades. A fumaça é o sinal - conforme decreta o ditado com seu brutal bom senso - do fogo que a produz; mas na sua paradoxal etérea (e concreta) realidade, ela é também a obscuridade que, mais tarde, permite enxergar o tipo de fogo que a produziu. No livro HumanSmoke: The Beginnings of World War II, the End of Civilization (Fumaça Humana: Os Começos da 2ª Guerra Mundial, o Fim da Civilização; Simon & Schuster, 2008), Nicholson Baker, escritor e jornalista americano, conhecido pelo seu pendor crítico e por sua original ficção, somos brindados com um brilhante exercício de entendimento da história contemporânea a partir da fumaça. Em vez de tentar tracejar os eventos desse período histórico crucial por meio do fogo sagrado - das pautas estabelecidas pelos vencedores e pelo lado convencional; essa guerra finalizaria todas as guerras, é desconstruída por Baker numa brilhante colagem que consiste em colocar em linha manchetes, crônicas, cartas, memorandos secretos, artigos de fundo, sueltos, leis, propaganda e declarações oficiais que, indo de 1892 (quando ocorre, pasmem, a 4ª Conferência Mundial da Paz, em Berna, Suíça) até 1942. Assim, o leitor é conduzido ao núcleo da fumaça da história de nossa ''civilização''. Esse sistema baseado, como o livro sobejamente revela, na idéia de um progresso a ser partejado pela exclusão étnica e social, pelo nacionalismo, pela força e pela ''verdade'' auto-revelada a ser imposta pela guerra como recurso civilizado (e legitimado) de poder. As palavras de Alfred Nobel, o magnata dos explosivos, dizendo à organizadora do Congresso de Paz, que ''talvez minhas fábricas irão pôr um fim à guerra muito mais cedo do que o seu congresso. No dia que dois corpos de exército puderem se aniquilar mutuamente num segundo, então, provavelmente, todas as nações civilizadas irão recuar com horror e desmantelar suas tropas'', resumem a perversa dialética de guerra e paz, de declarações pacifistas e de feroz fabricação de armas de destruição de massa, de nacionalismo e cosmopolitismo, de igualitarismo e anti-semitismo que são o fogo da fumaça de nossa paisagem ideológica. Impressiona descobrir que os ingleses isolaram a Alemanha e a bombardearam; que Roosevelt estava preocupado com o número de judeus matriculados em Harvard; que a hiperinflação alemã tornava sedutora qualquer voz que prometesse autoridade e hierarquia; que a Real Força Aérea inglesa jogou mais de 150 toneladas de bombas na Índia e bombardeou sociedades tribais; que Churchill era amigo de sir Harry McGowan, megaempresário dos explosivos e do gás letal; que Joseph Goebbels compara Hitler a Cristo; que os nazistas planejavam mandar os judeus para a ilha de Madagáscar; que os americanos queriam um ataque japonês... Mas o que comove e mantém a esperança é ouvir as vozes daqueles que no meio desse denso nevoeiro enxergavam o fogo, e tinham a coragem de escrever e agir contra a guerra. Quem traduzir essa ''fumaça humana'' vai prestar um enorme serviço à compreensão do nosso mundo.

A revelação está na meia furada, no choro sem motivo; no rubor do rosto; nos ''pelo amor de Deus!'' e nos ''não me diga isso!'', negadores das tragédias. Nas bordas que apontam para o centro do quadro. O truque sempre está do outro lado da capa do mágico. Todos seguimos a lei, mas é revelador descobrir um juiz criminoso; ou ver um presidente que se diz democrata, tendo paciência de mãe com seus asseclas, mas virando madrasta quando a mídia apresenta algum malfeito do seu governo. A perpétua desarrumação da sala, a eventual sujeira dos banheiros e da cozinha, indicativas de desleixo e preguiça da sua ''dona'', faz com que, até hoje, as mulheres temam visitas inesperadas. Os empregados, todavia, vendo a casa pelas latrinas, porões e lixo, têm uma outra perspectiva. Quando, entre pomposos e contritos, trombeteamos que a história é escrita pelos vencedores, reiteramos esse poder do liminar e do implícito, daquilo que não pertence a história ''autêntica'', ''correta'', ''honesta'' ou ''verdadeira''. No dia em que a verdadeira história da Europa e dos Estados Unidos for escrita, vai sair faísca; disse-me um amigo desafiador implicando que, pelas margens, miolos ou interstícios, todas as histórias têm sua banda podre e o seu lado mesquinho. Até a descoberta do fogo, da roda e da mesa pode ser lida pelo seu lado marginal e não como revoluções redentoras, dependendo - é claro - quem, para quem e em que situação ou contexto a coisa é contada. Digamos que o fogo (que faz o asqueroso cru virar deliciosa comida) seria o lado ''correto'' ou heróico; e que a fumaça (que embaraça a visão) seja a dimensão insuspeita, o preço a pagar por todo evento humano antes que uma ''estrutura'' ou padrão o canibalize e o torne parte de alguma coisa maior, confirmando tendências e moralidades. A fumaça é o sinal - conforme decreta o ditado com seu brutal bom senso - do fogo que a produz; mas na sua paradoxal etérea (e concreta) realidade, ela é também a obscuridade que, mais tarde, permite enxergar o tipo de fogo que a produziu. No livro HumanSmoke: The Beginnings of World War II, the End of Civilization (Fumaça Humana: Os Começos da 2ª Guerra Mundial, o Fim da Civilização; Simon & Schuster, 2008), Nicholson Baker, escritor e jornalista americano, conhecido pelo seu pendor crítico e por sua original ficção, somos brindados com um brilhante exercício de entendimento da história contemporânea a partir da fumaça. Em vez de tentar tracejar os eventos desse período histórico crucial por meio do fogo sagrado - das pautas estabelecidas pelos vencedores e pelo lado convencional; essa guerra finalizaria todas as guerras, é desconstruída por Baker numa brilhante colagem que consiste em colocar em linha manchetes, crônicas, cartas, memorandos secretos, artigos de fundo, sueltos, leis, propaganda e declarações oficiais que, indo de 1892 (quando ocorre, pasmem, a 4ª Conferência Mundial da Paz, em Berna, Suíça) até 1942. Assim, o leitor é conduzido ao núcleo da fumaça da história de nossa ''civilização''. Esse sistema baseado, como o livro sobejamente revela, na idéia de um progresso a ser partejado pela exclusão étnica e social, pelo nacionalismo, pela força e pela ''verdade'' auto-revelada a ser imposta pela guerra como recurso civilizado (e legitimado) de poder. As palavras de Alfred Nobel, o magnata dos explosivos, dizendo à organizadora do Congresso de Paz, que ''talvez minhas fábricas irão pôr um fim à guerra muito mais cedo do que o seu congresso. No dia que dois corpos de exército puderem se aniquilar mutuamente num segundo, então, provavelmente, todas as nações civilizadas irão recuar com horror e desmantelar suas tropas'', resumem a perversa dialética de guerra e paz, de declarações pacifistas e de feroz fabricação de armas de destruição de massa, de nacionalismo e cosmopolitismo, de igualitarismo e anti-semitismo que são o fogo da fumaça de nossa paisagem ideológica. Impressiona descobrir que os ingleses isolaram a Alemanha e a bombardearam; que Roosevelt estava preocupado com o número de judeus matriculados em Harvard; que a hiperinflação alemã tornava sedutora qualquer voz que prometesse autoridade e hierarquia; que a Real Força Aérea inglesa jogou mais de 150 toneladas de bombas na Índia e bombardeou sociedades tribais; que Churchill era amigo de sir Harry McGowan, megaempresário dos explosivos e do gás letal; que Joseph Goebbels compara Hitler a Cristo; que os nazistas planejavam mandar os judeus para a ilha de Madagáscar; que os americanos queriam um ataque japonês... Mas o que comove e mantém a esperança é ouvir as vozes daqueles que no meio desse denso nevoeiro enxergavam o fogo, e tinham a coragem de escrever e agir contra a guerra. Quem traduzir essa ''fumaça humana'' vai prestar um enorme serviço à compreensão do nosso mundo.

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