HQ ácida de Gilbert Shelton satiriza super-heróis com javali estúpido e reacionário; conheça


Ao ‘Estadão’, criador dos Freak Brothers falou de quadrinhos, Robert Crumb e da obra crítica aos excessos da extrema-direita, protagonizada pelo Wonder Wart-Hog, que ganha publicação inédita no Brasil

Por Gabriel Zorzetto

Um herói extraterrestre que combate o crime, tem alter ego de jornalista, usa capa e veste a sunga por cima da calça – qualquer semelhança com o Superman não é mera coincidência.

A intenção do cartunista norte-americano Gilbert Shelton ao criar o Wonder Wart-Hog era justamente provocar uma sátira aos tradicionais super-heróis de quadrinhos editados pela Marvel e DC Comics, por exemplo.

O personagem excêntrico, fenômeno underground dos anos 1960, acaba de ganhar sua primeira publicação brasileira pela editora Veneta na coleção O Melhor dos Super-Heróis: Wonder Wart-Hog, já à venda.

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“Nunca li a Marvel. Essas histórias [do WWH] foram feitas para leitores de nível universitário e publicações de humor universitário, como a Texas Ranger [revista da Universidade do Texas veiculada de 1923 a 1972]”, diz Shelton ao Estadão, em entrevista feita por e-mail, com as respostas redigidas à mão pelo autor, e depois digitalizadas.

Wonder Wart-Hog, de Gilbert Shelton Foto: Divulgação/Editora Veneta
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Ao invés do “Homem de Aço” temos o “Javali de Aço”, uma figura medonha, estúpida, reacionária e violenta, motivada por dinheiro, fama e mulheres, e cuja moral está sempre em xeque graças ao texto sarcástico de Shelton, capaz de proporcionar cenas absurdas em tom crítico aos excessos da extrema-direita.

A publicação, além de ser divertida, serve também como documento histórico e traduz a cultura dos Estados Unidos durante um dos períodos mais cruciais da história moderna, pouco antes da Guerra do Vietnã.

Perguntado sobre o uso de drogas recreativas, substâncias recorrentes na produção artística daquela época, o cartunista conta: “Fumei maconha começando nos anos 1950, mas não acho que isso afetou minha contribuição ao Wonder Wart-Hog”.

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Gilbert Shelton, celebrado cartunista e autor dos Freak Brothers, durante visita ao Brasil em 2010 Foto: José Patrício/AE

Celebrado internacionalmente pela criação dos Freak Brothers, Shelton ganhou fama pelo humor subversivo e iconoclasta, aspecto que o qualificou como um dos maiores expoentes do gênero, no patamar de mestres do nível de Robert Crumb – amigo de longa data, mas que não foi seu mentor.

“Harvey Kurtzman é o maior de todos. Crumb é ótimo, mas não acho que aprendi dele – sou quatro anos mais velho”, diz o autor de 84 anos, sucinto nas respostas.

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Graças ao sucesso no ramo dos quadrinhos, o renomado artista também foi requisitado para outros tipos de projetos, como a arte de capa do álbum Shakedown Street (1978), do Grateful Dead – banda florescida na contracultura lisérgica do movimento hippie.

Capa do álbum 'Shakedown Street', do Grateful Dead Foto: Reprodução/Grateful Dead

“Perguntei a eles [o grupo] se tinham alguma sugestão para a capa. Bob Weir disse: ‘Não coloque nenhum esqueleto nela!’, lembra, sobre o trabalho produzido para o conjunto, cuja simbologia remetia a caveiras e mortalidade.

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Multimídia

Aos interessados na obra de Shelton, vale conferir a recente adaptação animada (e adulta) As Fabulosas Aventuras dos Freak Brothers (2021), com dublagens dos atores Woody Harrelson, John Goodman e Pete Davidson. A série está disponível no Globoplay.

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O Melhor dos Super-Heróis: Wonder Wart-Hog

  • Autor: Gilbert Shelton
  • Tradução: Jotapê Martins
  • Editora: Veneta (68 págs.; R$71,90)

Um herói extraterrestre que combate o crime, tem alter ego de jornalista, usa capa e veste a sunga por cima da calça – qualquer semelhança com o Superman não é mera coincidência.

A intenção do cartunista norte-americano Gilbert Shelton ao criar o Wonder Wart-Hog era justamente provocar uma sátira aos tradicionais super-heróis de quadrinhos editados pela Marvel e DC Comics, por exemplo.

O personagem excêntrico, fenômeno underground dos anos 1960, acaba de ganhar sua primeira publicação brasileira pela editora Veneta na coleção O Melhor dos Super-Heróis: Wonder Wart-Hog, já à venda.

“Nunca li a Marvel. Essas histórias [do WWH] foram feitas para leitores de nível universitário e publicações de humor universitário, como a Texas Ranger [revista da Universidade do Texas veiculada de 1923 a 1972]”, diz Shelton ao Estadão, em entrevista feita por e-mail, com as respostas redigidas à mão pelo autor, e depois digitalizadas.

Wonder Wart-Hog, de Gilbert Shelton Foto: Divulgação/Editora Veneta

Ao invés do “Homem de Aço” temos o “Javali de Aço”, uma figura medonha, estúpida, reacionária e violenta, motivada por dinheiro, fama e mulheres, e cuja moral está sempre em xeque graças ao texto sarcástico de Shelton, capaz de proporcionar cenas absurdas em tom crítico aos excessos da extrema-direita.

A publicação, além de ser divertida, serve também como documento histórico e traduz a cultura dos Estados Unidos durante um dos períodos mais cruciais da história moderna, pouco antes da Guerra do Vietnã.

Perguntado sobre o uso de drogas recreativas, substâncias recorrentes na produção artística daquela época, o cartunista conta: “Fumei maconha começando nos anos 1950, mas não acho que isso afetou minha contribuição ao Wonder Wart-Hog”.

Gilbert Shelton, celebrado cartunista e autor dos Freak Brothers, durante visita ao Brasil em 2010 Foto: José Patrício/AE

Celebrado internacionalmente pela criação dos Freak Brothers, Shelton ganhou fama pelo humor subversivo e iconoclasta, aspecto que o qualificou como um dos maiores expoentes do gênero, no patamar de mestres do nível de Robert Crumb – amigo de longa data, mas que não foi seu mentor.

“Harvey Kurtzman é o maior de todos. Crumb é ótimo, mas não acho que aprendi dele – sou quatro anos mais velho”, diz o autor de 84 anos, sucinto nas respostas.

Graças ao sucesso no ramo dos quadrinhos, o renomado artista também foi requisitado para outros tipos de projetos, como a arte de capa do álbum Shakedown Street (1978), do Grateful Dead – banda florescida na contracultura lisérgica do movimento hippie.

Capa do álbum 'Shakedown Street', do Grateful Dead Foto: Reprodução/Grateful Dead

“Perguntei a eles [o grupo] se tinham alguma sugestão para a capa. Bob Weir disse: ‘Não coloque nenhum esqueleto nela!’, lembra, sobre o trabalho produzido para o conjunto, cuja simbologia remetia a caveiras e mortalidade.

Multimídia

Aos interessados na obra de Shelton, vale conferir a recente adaptação animada (e adulta) As Fabulosas Aventuras dos Freak Brothers (2021), com dublagens dos atores Woody Harrelson, John Goodman e Pete Davidson. A série está disponível no Globoplay.

O Melhor dos Super-Heróis: Wonder Wart-Hog

  • Autor: Gilbert Shelton
  • Tradução: Jotapê Martins
  • Editora: Veneta (68 págs.; R$71,90)

Um herói extraterrestre que combate o crime, tem alter ego de jornalista, usa capa e veste a sunga por cima da calça – qualquer semelhança com o Superman não é mera coincidência.

A intenção do cartunista norte-americano Gilbert Shelton ao criar o Wonder Wart-Hog era justamente provocar uma sátira aos tradicionais super-heróis de quadrinhos editados pela Marvel e DC Comics, por exemplo.

O personagem excêntrico, fenômeno underground dos anos 1960, acaba de ganhar sua primeira publicação brasileira pela editora Veneta na coleção O Melhor dos Super-Heróis: Wonder Wart-Hog, já à venda.

“Nunca li a Marvel. Essas histórias [do WWH] foram feitas para leitores de nível universitário e publicações de humor universitário, como a Texas Ranger [revista da Universidade do Texas veiculada de 1923 a 1972]”, diz Shelton ao Estadão, em entrevista feita por e-mail, com as respostas redigidas à mão pelo autor, e depois digitalizadas.

Wonder Wart-Hog, de Gilbert Shelton Foto: Divulgação/Editora Veneta

Ao invés do “Homem de Aço” temos o “Javali de Aço”, uma figura medonha, estúpida, reacionária e violenta, motivada por dinheiro, fama e mulheres, e cuja moral está sempre em xeque graças ao texto sarcástico de Shelton, capaz de proporcionar cenas absurdas em tom crítico aos excessos da extrema-direita.

A publicação, além de ser divertida, serve também como documento histórico e traduz a cultura dos Estados Unidos durante um dos períodos mais cruciais da história moderna, pouco antes da Guerra do Vietnã.

Perguntado sobre o uso de drogas recreativas, substâncias recorrentes na produção artística daquela época, o cartunista conta: “Fumei maconha começando nos anos 1950, mas não acho que isso afetou minha contribuição ao Wonder Wart-Hog”.

Gilbert Shelton, celebrado cartunista e autor dos Freak Brothers, durante visita ao Brasil em 2010 Foto: José Patrício/AE

Celebrado internacionalmente pela criação dos Freak Brothers, Shelton ganhou fama pelo humor subversivo e iconoclasta, aspecto que o qualificou como um dos maiores expoentes do gênero, no patamar de mestres do nível de Robert Crumb – amigo de longa data, mas que não foi seu mentor.

“Harvey Kurtzman é o maior de todos. Crumb é ótimo, mas não acho que aprendi dele – sou quatro anos mais velho”, diz o autor de 84 anos, sucinto nas respostas.

Graças ao sucesso no ramo dos quadrinhos, o renomado artista também foi requisitado para outros tipos de projetos, como a arte de capa do álbum Shakedown Street (1978), do Grateful Dead – banda florescida na contracultura lisérgica do movimento hippie.

Capa do álbum 'Shakedown Street', do Grateful Dead Foto: Reprodução/Grateful Dead

“Perguntei a eles [o grupo] se tinham alguma sugestão para a capa. Bob Weir disse: ‘Não coloque nenhum esqueleto nela!’, lembra, sobre o trabalho produzido para o conjunto, cuja simbologia remetia a caveiras e mortalidade.

Multimídia

Aos interessados na obra de Shelton, vale conferir a recente adaptação animada (e adulta) As Fabulosas Aventuras dos Freak Brothers (2021), com dublagens dos atores Woody Harrelson, John Goodman e Pete Davidson. A série está disponível no Globoplay.

O Melhor dos Super-Heróis: Wonder Wart-Hog

  • Autor: Gilbert Shelton
  • Tradução: Jotapê Martins
  • Editora: Veneta (68 págs.; R$71,90)

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