Itaú Cultural exibe obras de sua coleção de filmes e vídeos


Mostra terá 19 trabalhos do acervo iniciado em 2011

Por Camila Molina

No vídeo O Pintor Joga o Filme na Lata do Lixo, Cao Guimarães “materializa a imagem”. A obra, que registra a montagem de uma exposição, transforma-se em um exercício de metalinguagem do artista mineiro – um homem pinta uma parede para receber a projeção de um filme, mas, no fim da ação, ele, surpreendentemente, decalca a imagem projetada e a descarta no lixo, como diz o título. Cao Guimarães é um dos criadores mais destacados do campo do audiovisual brasileiro e seu trabalho de 2008, crítico ou autocrítico, foi um dos primeiros a integrar a coleção de filmes e vídeos de artistas do Itaú Cultural, iniciada em 2011.

Por enquanto, trata-se de um acervo em formação, como diz o curador Roberto Moreira S. Cruz, mas algumas características sobressaem da seleção das obras colecionadas pela instituição, delineando um perfil. “Acho que a coleção tem de ter aspecto antológico, no sentido de reunir o representativo”, afirma o doutor em comunicação e semiótica. No caso, Cruz refere-se ao fato de as criações adquiridas serem todas brasileiras – e, mais ainda, ao reunir trabalhos históricos ou contemporâneos (datados de desde a década de 1970), o conjunto indica um olhar específico para filmes e vídeos de uma linha mais “poética, conceitual, formalista e sensorial”.

Cena de ‘Sunday’, de Rivane e Sergio Neuenschwander Foto: Clayton de Souza|Estadão
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É verdade que a temática social, também representativa da produção atual, será incorporada ao acervo em um segundo momento, como comenta o curador, entretanto, por este e pelos motivos já citados, a exposição Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural, que será inaugurada nesta quarta-feira, 16, para convidados, vem a contribuir para uma oportuna reflexão sobre o gênero do audiovisual no terreno da arte no Brasil.

Ao todo, a mostra apresenta 19 trabalhos (quase a totalidade do acervo) assinados por nomes como Anna Bella Geiger, Regina Silveira, Rubens Gerchman, Nelson Leirner, Eder Santos, Brígida Baltar, a dupla Gisela Motta e Leandro Lima e, claro, Cao Guimarães. A exposição é aberta agora no prédio do Itaú Cultural em São Paulo depois de apresentada, desde 2012, em Belo Horizonte, Brasília, Belém, Recife, Curitiba e Porto Alegre. Chega, curiosamente, com quatro trabalhos recém-adquiridos: After a Deep Sleep (Getting Out), de 1985, de Rafael França; MAR, de 2008, de Letícia Ramos; Registros (Meu Cérebro Desenha Assim), de 1979, e Xeroperformance (Xerofilme), de 1980, ambos de Paulo Bruscky.

Contemplação. De início, a expografia de Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural indica considerações sobre o tema. Com o espaço expositivo aberto e neutralizado e tendo as obras projetadas simultaneamente, a mostra propõe uma circulação livre do espectador. É a imagem, portanto, que capta o visitante para a contemplação. “Foi um exercício de composição montar a exposição em tantos espaços diferentes”, conta Cruz. O trajeto inicia-se com uma cuidadosa linha do tempo sobre a “trajetória do audiovisual experimental no Brasil” desde as décadas de 1920 e 30 com a citação aos cineastas Alberto Cavalcanti e Mário Peixoto. Logo depois, a primeira sala traz o núcleo histórico da coleção, que tem como um de seus trabalhos mais emblemáticos o vídeo Marca Registrada (1975), de Leticia Parente. Os filmes Triunfo Hermético (1972), de Gerchman, e Homenagem a Steinberg – Variações sobre um Tema de Steinberg: as Máscaras N.º 1 (1975), de Leirner, são destaques da criação em super 8 da época, assim como o trabalho de Rafael França indica a atenção para uma lacuna da coleção, a produção brasileira dos anos 1980.

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Como o acervo também dialoga com a formação, desde o fim dos anos 1990, de um mercado no cenário brasileiro de arte para obras audiovisuais. Sendo assim, destacam-se criações como Amoahiki – Árvores do Canto Xamânico (2008), de Gisela Motta e Leandro Lima, Translado (2008), de Sara Ramo, e Planeta Fóssil (2009), de Thiago Rocha Pitta. Para contribuir com a reflexão, ainda, será realizado um seminário internacional no dia 23, a partir das 17h30, com a presença de especialistas como Cristina Cámara Bello, curadora do departamento de cinema e vídeo do Museu Reina Sofia de Madri.

FILMES E VÍDEOS DE ARTISTAS Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, tel. 2168-1776/1777. 3ª a 6ª, 9h/ 20h; sáb. e dom., 11h/20h. Grátis. Até 22/5. Abertura dia 17/3

Instituição expõe acervo de livros em Ribeirão Preto Ao mesmo tempo em que apresenta a sua coleção de filmes e vídeos em São Paulo, o Itaú Cultural também vai inaugurar neste sábado, 19, no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, a mostra Narrativas em Processo, com seleção de obras de seu acervo de livros.

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“Interessa apresentar e discutir a transformação do formato de livro que os artistas produziram, em especial no Brasil, ao longo de quase 150 anos”, conta o curador da exposição, Felipe Scovino. “O livro para além de conter histórias e narrativas atreladas à palavra, passa a problematizar o seu próprio espaço de ação – a página – e o seu formato e as intervenções gráficas, plásticas e conceituais que os artistas realizam também se constituem como um campo de provas para as suas trajetórias.”

Entre as 65 peças selecionadas para a mostra, que fica em cartaz até 21/5, há desde históricas como as criações de Ângelo Agostini (1843-1910), passando por edições ilustradas por artistas como as edições de Dostoiévski por Axl Leskoscheck; e trabalhos de criadores contemporâneos como Waltercio Caldas, Barrio e Odires Mlászho.

No vídeo O Pintor Joga o Filme na Lata do Lixo, Cao Guimarães “materializa a imagem”. A obra, que registra a montagem de uma exposição, transforma-se em um exercício de metalinguagem do artista mineiro – um homem pinta uma parede para receber a projeção de um filme, mas, no fim da ação, ele, surpreendentemente, decalca a imagem projetada e a descarta no lixo, como diz o título. Cao Guimarães é um dos criadores mais destacados do campo do audiovisual brasileiro e seu trabalho de 2008, crítico ou autocrítico, foi um dos primeiros a integrar a coleção de filmes e vídeos de artistas do Itaú Cultural, iniciada em 2011.

Por enquanto, trata-se de um acervo em formação, como diz o curador Roberto Moreira S. Cruz, mas algumas características sobressaem da seleção das obras colecionadas pela instituição, delineando um perfil. “Acho que a coleção tem de ter aspecto antológico, no sentido de reunir o representativo”, afirma o doutor em comunicação e semiótica. No caso, Cruz refere-se ao fato de as criações adquiridas serem todas brasileiras – e, mais ainda, ao reunir trabalhos históricos ou contemporâneos (datados de desde a década de 1970), o conjunto indica um olhar específico para filmes e vídeos de uma linha mais “poética, conceitual, formalista e sensorial”.

Cena de ‘Sunday’, de Rivane e Sergio Neuenschwander Foto: Clayton de Souza|Estadão

É verdade que a temática social, também representativa da produção atual, será incorporada ao acervo em um segundo momento, como comenta o curador, entretanto, por este e pelos motivos já citados, a exposição Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural, que será inaugurada nesta quarta-feira, 16, para convidados, vem a contribuir para uma oportuna reflexão sobre o gênero do audiovisual no terreno da arte no Brasil.

Ao todo, a mostra apresenta 19 trabalhos (quase a totalidade do acervo) assinados por nomes como Anna Bella Geiger, Regina Silveira, Rubens Gerchman, Nelson Leirner, Eder Santos, Brígida Baltar, a dupla Gisela Motta e Leandro Lima e, claro, Cao Guimarães. A exposição é aberta agora no prédio do Itaú Cultural em São Paulo depois de apresentada, desde 2012, em Belo Horizonte, Brasília, Belém, Recife, Curitiba e Porto Alegre. Chega, curiosamente, com quatro trabalhos recém-adquiridos: After a Deep Sleep (Getting Out), de 1985, de Rafael França; MAR, de 2008, de Letícia Ramos; Registros (Meu Cérebro Desenha Assim), de 1979, e Xeroperformance (Xerofilme), de 1980, ambos de Paulo Bruscky.

Contemplação. De início, a expografia de Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural indica considerações sobre o tema. Com o espaço expositivo aberto e neutralizado e tendo as obras projetadas simultaneamente, a mostra propõe uma circulação livre do espectador. É a imagem, portanto, que capta o visitante para a contemplação. “Foi um exercício de composição montar a exposição em tantos espaços diferentes”, conta Cruz. O trajeto inicia-se com uma cuidadosa linha do tempo sobre a “trajetória do audiovisual experimental no Brasil” desde as décadas de 1920 e 30 com a citação aos cineastas Alberto Cavalcanti e Mário Peixoto. Logo depois, a primeira sala traz o núcleo histórico da coleção, que tem como um de seus trabalhos mais emblemáticos o vídeo Marca Registrada (1975), de Leticia Parente. Os filmes Triunfo Hermético (1972), de Gerchman, e Homenagem a Steinberg – Variações sobre um Tema de Steinberg: as Máscaras N.º 1 (1975), de Leirner, são destaques da criação em super 8 da época, assim como o trabalho de Rafael França indica a atenção para uma lacuna da coleção, a produção brasileira dos anos 1980.

Como o acervo também dialoga com a formação, desde o fim dos anos 1990, de um mercado no cenário brasileiro de arte para obras audiovisuais. Sendo assim, destacam-se criações como Amoahiki – Árvores do Canto Xamânico (2008), de Gisela Motta e Leandro Lima, Translado (2008), de Sara Ramo, e Planeta Fóssil (2009), de Thiago Rocha Pitta. Para contribuir com a reflexão, ainda, será realizado um seminário internacional no dia 23, a partir das 17h30, com a presença de especialistas como Cristina Cámara Bello, curadora do departamento de cinema e vídeo do Museu Reina Sofia de Madri.

FILMES E VÍDEOS DE ARTISTAS Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, tel. 2168-1776/1777. 3ª a 6ª, 9h/ 20h; sáb. e dom., 11h/20h. Grátis. Até 22/5. Abertura dia 17/3

Instituição expõe acervo de livros em Ribeirão Preto Ao mesmo tempo em que apresenta a sua coleção de filmes e vídeos em São Paulo, o Itaú Cultural também vai inaugurar neste sábado, 19, no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, a mostra Narrativas em Processo, com seleção de obras de seu acervo de livros.

“Interessa apresentar e discutir a transformação do formato de livro que os artistas produziram, em especial no Brasil, ao longo de quase 150 anos”, conta o curador da exposição, Felipe Scovino. “O livro para além de conter histórias e narrativas atreladas à palavra, passa a problematizar o seu próprio espaço de ação – a página – e o seu formato e as intervenções gráficas, plásticas e conceituais que os artistas realizam também se constituem como um campo de provas para as suas trajetórias.”

Entre as 65 peças selecionadas para a mostra, que fica em cartaz até 21/5, há desde históricas como as criações de Ângelo Agostini (1843-1910), passando por edições ilustradas por artistas como as edições de Dostoiévski por Axl Leskoscheck; e trabalhos de criadores contemporâneos como Waltercio Caldas, Barrio e Odires Mlászho.

No vídeo O Pintor Joga o Filme na Lata do Lixo, Cao Guimarães “materializa a imagem”. A obra, que registra a montagem de uma exposição, transforma-se em um exercício de metalinguagem do artista mineiro – um homem pinta uma parede para receber a projeção de um filme, mas, no fim da ação, ele, surpreendentemente, decalca a imagem projetada e a descarta no lixo, como diz o título. Cao Guimarães é um dos criadores mais destacados do campo do audiovisual brasileiro e seu trabalho de 2008, crítico ou autocrítico, foi um dos primeiros a integrar a coleção de filmes e vídeos de artistas do Itaú Cultural, iniciada em 2011.

Por enquanto, trata-se de um acervo em formação, como diz o curador Roberto Moreira S. Cruz, mas algumas características sobressaem da seleção das obras colecionadas pela instituição, delineando um perfil. “Acho que a coleção tem de ter aspecto antológico, no sentido de reunir o representativo”, afirma o doutor em comunicação e semiótica. No caso, Cruz refere-se ao fato de as criações adquiridas serem todas brasileiras – e, mais ainda, ao reunir trabalhos históricos ou contemporâneos (datados de desde a década de 1970), o conjunto indica um olhar específico para filmes e vídeos de uma linha mais “poética, conceitual, formalista e sensorial”.

Cena de ‘Sunday’, de Rivane e Sergio Neuenschwander Foto: Clayton de Souza|Estadão

É verdade que a temática social, também representativa da produção atual, será incorporada ao acervo em um segundo momento, como comenta o curador, entretanto, por este e pelos motivos já citados, a exposição Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural, que será inaugurada nesta quarta-feira, 16, para convidados, vem a contribuir para uma oportuna reflexão sobre o gênero do audiovisual no terreno da arte no Brasil.

Ao todo, a mostra apresenta 19 trabalhos (quase a totalidade do acervo) assinados por nomes como Anna Bella Geiger, Regina Silveira, Rubens Gerchman, Nelson Leirner, Eder Santos, Brígida Baltar, a dupla Gisela Motta e Leandro Lima e, claro, Cao Guimarães. A exposição é aberta agora no prédio do Itaú Cultural em São Paulo depois de apresentada, desde 2012, em Belo Horizonte, Brasília, Belém, Recife, Curitiba e Porto Alegre. Chega, curiosamente, com quatro trabalhos recém-adquiridos: After a Deep Sleep (Getting Out), de 1985, de Rafael França; MAR, de 2008, de Letícia Ramos; Registros (Meu Cérebro Desenha Assim), de 1979, e Xeroperformance (Xerofilme), de 1980, ambos de Paulo Bruscky.

Contemplação. De início, a expografia de Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural indica considerações sobre o tema. Com o espaço expositivo aberto e neutralizado e tendo as obras projetadas simultaneamente, a mostra propõe uma circulação livre do espectador. É a imagem, portanto, que capta o visitante para a contemplação. “Foi um exercício de composição montar a exposição em tantos espaços diferentes”, conta Cruz. O trajeto inicia-se com uma cuidadosa linha do tempo sobre a “trajetória do audiovisual experimental no Brasil” desde as décadas de 1920 e 30 com a citação aos cineastas Alberto Cavalcanti e Mário Peixoto. Logo depois, a primeira sala traz o núcleo histórico da coleção, que tem como um de seus trabalhos mais emblemáticos o vídeo Marca Registrada (1975), de Leticia Parente. Os filmes Triunfo Hermético (1972), de Gerchman, e Homenagem a Steinberg – Variações sobre um Tema de Steinberg: as Máscaras N.º 1 (1975), de Leirner, são destaques da criação em super 8 da época, assim como o trabalho de Rafael França indica a atenção para uma lacuna da coleção, a produção brasileira dos anos 1980.

Como o acervo também dialoga com a formação, desde o fim dos anos 1990, de um mercado no cenário brasileiro de arte para obras audiovisuais. Sendo assim, destacam-se criações como Amoahiki – Árvores do Canto Xamânico (2008), de Gisela Motta e Leandro Lima, Translado (2008), de Sara Ramo, e Planeta Fóssil (2009), de Thiago Rocha Pitta. Para contribuir com a reflexão, ainda, será realizado um seminário internacional no dia 23, a partir das 17h30, com a presença de especialistas como Cristina Cámara Bello, curadora do departamento de cinema e vídeo do Museu Reina Sofia de Madri.

FILMES E VÍDEOS DE ARTISTAS Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, tel. 2168-1776/1777. 3ª a 6ª, 9h/ 20h; sáb. e dom., 11h/20h. Grátis. Até 22/5. Abertura dia 17/3

Instituição expõe acervo de livros em Ribeirão Preto Ao mesmo tempo em que apresenta a sua coleção de filmes e vídeos em São Paulo, o Itaú Cultural também vai inaugurar neste sábado, 19, no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, a mostra Narrativas em Processo, com seleção de obras de seu acervo de livros.

“Interessa apresentar e discutir a transformação do formato de livro que os artistas produziram, em especial no Brasil, ao longo de quase 150 anos”, conta o curador da exposição, Felipe Scovino. “O livro para além de conter histórias e narrativas atreladas à palavra, passa a problematizar o seu próprio espaço de ação – a página – e o seu formato e as intervenções gráficas, plásticas e conceituais que os artistas realizam também se constituem como um campo de provas para as suas trajetórias.”

Entre as 65 peças selecionadas para a mostra, que fica em cartaz até 21/5, há desde históricas como as criações de Ângelo Agostini (1843-1910), passando por edições ilustradas por artistas como as edições de Dostoiévski por Axl Leskoscheck; e trabalhos de criadores contemporâneos como Waltercio Caldas, Barrio e Odires Mlászho.

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