Masp abre mostra que questiona interação do público com obras


Artistas criam obras para a exposição ‘Playgrounds 2016’, que o museu quer transformar em programa da instituição

Por Camila Molina

Concebida em 1968, a obra Zero to Infinity (Zero ao Infinito), de Rasheed Araeen, é formada por 400 cubos de madeira coloridos. A partir desta quinta-feira, 17, e até 24 de julho, as peças vazadas e nas cores amarelo, vermelho, laranja e azul que a compõem serão instaladas no vão livre do Masp não a fim de formar uma grande escultura geométrica e inerte a ser contemplada, mas como um convite para a interação de transeuntes da Avenida Paulista e visitantes do museu. “É o público que constrói ou desmantela o meu trabalho; não digo às pessoas o que fazer com ele, deixo que façam o que quiserem”, diz o artista.

Aos 80 anos, Rasheed Araeen, considerado um dos pioneiros do minimalismo, conta que a histórica Zero to Infinity ficou hibernando por quatro décadas até que, finalmente, a Tate, da Inglaterra, onde o paquistanês vive, a exibisse em uma coletiva realizada entre 2012 e 2013. “Todo meu trabalho é sobre jogar/brincar, é sobre a interatividade”, define o artista, que, como ainda conta, propôs para a Documenta 14, de 2017, da qual será um dos participantes, um projeto no qual as pessoas poderão se alimentar no interior de uma grande estrutura desenhada por ele e a ser construída em Atenas, na Grécia.

O artista Rasheed Araeen e a obra 'Zero to Infinity' no vão livre do Masp Foto: NILTON FUKUDA|ESTADÃO
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Agora, em sua primeira vinda ao Brasil, Rasheed Araeen fica contente por Zero to Infinity, obra “contínua”, sem fim, e diferente a cada lugar onde é apresentada – seja um mercado em Londres; um parque em Lima; ou o vão livre do Masp, enumera –, ser um dos destaques da exposição Playgrounds 2016, que o museu inaugura.

Além dos cubos coloridos do paquistanês, o espaço aberto concebido pela arquiteta Lina Bo Bardi também abrigará um carrossel contemporâneo projetado por Céline Condorelli. Essas criações são, assim, os primeiros atrativos da mostra que resgata uma proposta de 1969 do artista Nelson Leirner para o mesmo local.

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Formas de interagir

Em 1969, o paulistano Nelson Leirner realizou a mostra Playground no vão livre do Masp. Na ocasião, o espaço, que se liga diretamente com a Avenida Paulista de um lado e dá vista para a Avenida 9 de Julho do outro, recebeu uma série de obras definidas pelo artista como “objetos que necessitam a integração direta do público”.

“Eram esculturas que ele havia feito para a exposição, caixas de areia com bolinhas de gude, obras com zíper que você abria e viravam de outra cor”, descreve Luiza Proença, da equipe de curadores do Masp. “Naquela época, o Nelson Leirner era um cara de vanguarda que estava introduzindo a ideia de participação na arte, mas acho que essa ideia de participação se desenvolveu para outras formas que não só o engajamento físico, corporal, interativo com uma pintura ou escultura”, comenta.

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Faz parte do atual projeto curatorial do museu, que tem Adriano Pedrosa como diretor artístico, resgatar realizações emblemáticas da história da instituição – como a exibição, já em cartaz, de sua coleção nos cavaletes de vidro criados em 1968 por Lina Bo Bardi, autora do edifício do Masp, e a mostra A Mão do Povo Brasileiro, concebida em 1969 pela arquiteta. Entretanto, o Playground de Leirner, também definido como uma passagem importante, foi trazido para a contemporaneidade em sentido conceitual e não pela “reencenação”.

“Refazer a exposição poderia ser interessante, mas o Masp teria a possibilidade de indicar coisas para o futuro”, diz Luiza Proença sobre a opção do museu por produzir um projeto novo, a mostra Playgrounds 2016, que é inaugurada nesta quinta-feira, 17, no vão livre e no segundo subsolo da instituição e será acompanhada de seminário a ser promovido em 15 e 16 de abril.

Na verdade, a questão do jogo e da participação do público é agora questionada ou experimentada por meio do trabalho histórico Zero to Infinity, do paquistanês Rasheed Araeen, e de obras comissionadas e criadas pelo carioca Ernesto Neto, pelos coletivos paulistas Grupo Contrafilé e O Grupo Inteiro (que propuseram trabalhos de teor pedagógico), pela franco-italiana Céline Condorelli e pela franco-marroquina Yto Barrada. A mostra, orçada em torno de R$ 1 milhão, será apresentada também de agosto a novembro no Sesc Interlagos, em São Paulo. Existe também a vontade de o Masp promover edições futuras – bienais ou trienais – de Playgrounds como um programa, explica a curadora.

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Detalhe de obra de Ernesto Neto criada para 'Playgrounds 2016' e instalada no subsolo do Masp Foto: NILTON FUKUDA|ESTADÃO

O vão livre sempre foi um espaço público, pertencente à Prefeitura de São Paulo – e, portanto, o museu teve de pedir permissão para usar o local com a exposição. “Existe a ideia de o vão ter uma dinâmica da cidade e de que talvez agora a gente queira fazer uma aproximação mais gradual com esse espaço para que seja do museu”, afirma Luiza Proença. “É muito mais trazer a cidade para dentro Masp e um pouco das relações que acontecem nesse local.”

Como conta a curadora, o histórico de algumas realizações do Masp no vão livre entre 1969 e 1972 – como a própria Playground, de Leirner; mostra de Caciporé Torres; e a ocupação do local pelo Circo Piolin, por exemplo – parece indicar a existência de um projeto original da instituição para a utilização do vão livre como espaço de exposições. “Depois de 1972, não se vê muitas ações, mas aí você lembra que era o período mais duro da ditadura militar e o quanto isso poderia ter dificultado as possibilidades do uso daquele espaço para apropriações de público.”

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Na época da exposição de Nelson Leirner, as obras do artista foram, praticamente, destruídas, como conta a curadora. “A ideia é de que os cubos (da obra de Rasheed Araeen) fiquem no vão também durante a noite”, explica. “Claro que só quando a exposição abrir vamos ter uma percepção de como o público vai reagir.” Também será exposto no espaço externo o carrossel contemporâneo (parte do trabalho Conversation Piece) de Céline Condorelli, construído em madeira e aço e inspirado no carrossel que Carlos Blanc e Maria Helena Chartuni exibiram no início dos anos 1970 no mesmo local.

A tradicional feira de artes e antiguidades, que ocorre aos domingos no vão livre do Masp, não será afetada pelas obras de Playgrounds, afirma a instituição. Tanto a instalação do trabalho de Céline Condorelli quanto a disposição dos cubos da obra de Rasheed Araeen foram pensadas no sentido de não interferir na realização do evento.

PLAYGROUNDS 2016 Masp. Av. Paulista, 1.578, tel. 3149-5959. 3ª a dom., 10h/18h; 5ª, 10h/20h. R$ 25 (grátis às terças). Até 24/7. Abertura dia 17/3

Concebida em 1968, a obra Zero to Infinity (Zero ao Infinito), de Rasheed Araeen, é formada por 400 cubos de madeira coloridos. A partir desta quinta-feira, 17, e até 24 de julho, as peças vazadas e nas cores amarelo, vermelho, laranja e azul que a compõem serão instaladas no vão livre do Masp não a fim de formar uma grande escultura geométrica e inerte a ser contemplada, mas como um convite para a interação de transeuntes da Avenida Paulista e visitantes do museu. “É o público que constrói ou desmantela o meu trabalho; não digo às pessoas o que fazer com ele, deixo que façam o que quiserem”, diz o artista.

Aos 80 anos, Rasheed Araeen, considerado um dos pioneiros do minimalismo, conta que a histórica Zero to Infinity ficou hibernando por quatro décadas até que, finalmente, a Tate, da Inglaterra, onde o paquistanês vive, a exibisse em uma coletiva realizada entre 2012 e 2013. “Todo meu trabalho é sobre jogar/brincar, é sobre a interatividade”, define o artista, que, como ainda conta, propôs para a Documenta 14, de 2017, da qual será um dos participantes, um projeto no qual as pessoas poderão se alimentar no interior de uma grande estrutura desenhada por ele e a ser construída em Atenas, na Grécia.

O artista Rasheed Araeen e a obra 'Zero to Infinity' no vão livre do Masp Foto: NILTON FUKUDA|ESTADÃO

Agora, em sua primeira vinda ao Brasil, Rasheed Araeen fica contente por Zero to Infinity, obra “contínua”, sem fim, e diferente a cada lugar onde é apresentada – seja um mercado em Londres; um parque em Lima; ou o vão livre do Masp, enumera –, ser um dos destaques da exposição Playgrounds 2016, que o museu inaugura.

Além dos cubos coloridos do paquistanês, o espaço aberto concebido pela arquiteta Lina Bo Bardi também abrigará um carrossel contemporâneo projetado por Céline Condorelli. Essas criações são, assim, os primeiros atrativos da mostra que resgata uma proposta de 1969 do artista Nelson Leirner para o mesmo local.

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Em 1969, o paulistano Nelson Leirner realizou a mostra Playground no vão livre do Masp. Na ocasião, o espaço, que se liga diretamente com a Avenida Paulista de um lado e dá vista para a Avenida 9 de Julho do outro, recebeu uma série de obras definidas pelo artista como “objetos que necessitam a integração direta do público”.

“Eram esculturas que ele havia feito para a exposição, caixas de areia com bolinhas de gude, obras com zíper que você abria e viravam de outra cor”, descreve Luiza Proença, da equipe de curadores do Masp. “Naquela época, o Nelson Leirner era um cara de vanguarda que estava introduzindo a ideia de participação na arte, mas acho que essa ideia de participação se desenvolveu para outras formas que não só o engajamento físico, corporal, interativo com uma pintura ou escultura”, comenta.

Faz parte do atual projeto curatorial do museu, que tem Adriano Pedrosa como diretor artístico, resgatar realizações emblemáticas da história da instituição – como a exibição, já em cartaz, de sua coleção nos cavaletes de vidro criados em 1968 por Lina Bo Bardi, autora do edifício do Masp, e a mostra A Mão do Povo Brasileiro, concebida em 1969 pela arquiteta. Entretanto, o Playground de Leirner, também definido como uma passagem importante, foi trazido para a contemporaneidade em sentido conceitual e não pela “reencenação”.

“Refazer a exposição poderia ser interessante, mas o Masp teria a possibilidade de indicar coisas para o futuro”, diz Luiza Proença sobre a opção do museu por produzir um projeto novo, a mostra Playgrounds 2016, que é inaugurada nesta quinta-feira, 17, no vão livre e no segundo subsolo da instituição e será acompanhada de seminário a ser promovido em 15 e 16 de abril.

Na verdade, a questão do jogo e da participação do público é agora questionada ou experimentada por meio do trabalho histórico Zero to Infinity, do paquistanês Rasheed Araeen, e de obras comissionadas e criadas pelo carioca Ernesto Neto, pelos coletivos paulistas Grupo Contrafilé e O Grupo Inteiro (que propuseram trabalhos de teor pedagógico), pela franco-italiana Céline Condorelli e pela franco-marroquina Yto Barrada. A mostra, orçada em torno de R$ 1 milhão, será apresentada também de agosto a novembro no Sesc Interlagos, em São Paulo. Existe também a vontade de o Masp promover edições futuras – bienais ou trienais – de Playgrounds como um programa, explica a curadora.

Detalhe de obra de Ernesto Neto criada para 'Playgrounds 2016' e instalada no subsolo do Masp Foto: NILTON FUKUDA|ESTADÃO

O vão livre sempre foi um espaço público, pertencente à Prefeitura de São Paulo – e, portanto, o museu teve de pedir permissão para usar o local com a exposição. “Existe a ideia de o vão ter uma dinâmica da cidade e de que talvez agora a gente queira fazer uma aproximação mais gradual com esse espaço para que seja do museu”, afirma Luiza Proença. “É muito mais trazer a cidade para dentro Masp e um pouco das relações que acontecem nesse local.”

Como conta a curadora, o histórico de algumas realizações do Masp no vão livre entre 1969 e 1972 – como a própria Playground, de Leirner; mostra de Caciporé Torres; e a ocupação do local pelo Circo Piolin, por exemplo – parece indicar a existência de um projeto original da instituição para a utilização do vão livre como espaço de exposições. “Depois de 1972, não se vê muitas ações, mas aí você lembra que era o período mais duro da ditadura militar e o quanto isso poderia ter dificultado as possibilidades do uso daquele espaço para apropriações de público.”

Na época da exposição de Nelson Leirner, as obras do artista foram, praticamente, destruídas, como conta a curadora. “A ideia é de que os cubos (da obra de Rasheed Araeen) fiquem no vão também durante a noite”, explica. “Claro que só quando a exposição abrir vamos ter uma percepção de como o público vai reagir.” Também será exposto no espaço externo o carrossel contemporâneo (parte do trabalho Conversation Piece) de Céline Condorelli, construído em madeira e aço e inspirado no carrossel que Carlos Blanc e Maria Helena Chartuni exibiram no início dos anos 1970 no mesmo local.

A tradicional feira de artes e antiguidades, que ocorre aos domingos no vão livre do Masp, não será afetada pelas obras de Playgrounds, afirma a instituição. Tanto a instalação do trabalho de Céline Condorelli quanto a disposição dos cubos da obra de Rasheed Araeen foram pensadas no sentido de não interferir na realização do evento.

PLAYGROUNDS 2016 Masp. Av. Paulista, 1.578, tel. 3149-5959. 3ª a dom., 10h/18h; 5ª, 10h/20h. R$ 25 (grátis às terças). Até 24/7. Abertura dia 17/3

Concebida em 1968, a obra Zero to Infinity (Zero ao Infinito), de Rasheed Araeen, é formada por 400 cubos de madeira coloridos. A partir desta quinta-feira, 17, e até 24 de julho, as peças vazadas e nas cores amarelo, vermelho, laranja e azul que a compõem serão instaladas no vão livre do Masp não a fim de formar uma grande escultura geométrica e inerte a ser contemplada, mas como um convite para a interação de transeuntes da Avenida Paulista e visitantes do museu. “É o público que constrói ou desmantela o meu trabalho; não digo às pessoas o que fazer com ele, deixo que façam o que quiserem”, diz o artista.

Aos 80 anos, Rasheed Araeen, considerado um dos pioneiros do minimalismo, conta que a histórica Zero to Infinity ficou hibernando por quatro décadas até que, finalmente, a Tate, da Inglaterra, onde o paquistanês vive, a exibisse em uma coletiva realizada entre 2012 e 2013. “Todo meu trabalho é sobre jogar/brincar, é sobre a interatividade”, define o artista, que, como ainda conta, propôs para a Documenta 14, de 2017, da qual será um dos participantes, um projeto no qual as pessoas poderão se alimentar no interior de uma grande estrutura desenhada por ele e a ser construída em Atenas, na Grécia.

O artista Rasheed Araeen e a obra 'Zero to Infinity' no vão livre do Masp Foto: NILTON FUKUDA|ESTADÃO

Agora, em sua primeira vinda ao Brasil, Rasheed Araeen fica contente por Zero to Infinity, obra “contínua”, sem fim, e diferente a cada lugar onde é apresentada – seja um mercado em Londres; um parque em Lima; ou o vão livre do Masp, enumera –, ser um dos destaques da exposição Playgrounds 2016, que o museu inaugura.

Além dos cubos coloridos do paquistanês, o espaço aberto concebido pela arquiteta Lina Bo Bardi também abrigará um carrossel contemporâneo projetado por Céline Condorelli. Essas criações são, assim, os primeiros atrativos da mostra que resgata uma proposta de 1969 do artista Nelson Leirner para o mesmo local.

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Em 1969, o paulistano Nelson Leirner realizou a mostra Playground no vão livre do Masp. Na ocasião, o espaço, que se liga diretamente com a Avenida Paulista de um lado e dá vista para a Avenida 9 de Julho do outro, recebeu uma série de obras definidas pelo artista como “objetos que necessitam a integração direta do público”.

“Eram esculturas que ele havia feito para a exposição, caixas de areia com bolinhas de gude, obras com zíper que você abria e viravam de outra cor”, descreve Luiza Proença, da equipe de curadores do Masp. “Naquela época, o Nelson Leirner era um cara de vanguarda que estava introduzindo a ideia de participação na arte, mas acho que essa ideia de participação se desenvolveu para outras formas que não só o engajamento físico, corporal, interativo com uma pintura ou escultura”, comenta.

Faz parte do atual projeto curatorial do museu, que tem Adriano Pedrosa como diretor artístico, resgatar realizações emblemáticas da história da instituição – como a exibição, já em cartaz, de sua coleção nos cavaletes de vidro criados em 1968 por Lina Bo Bardi, autora do edifício do Masp, e a mostra A Mão do Povo Brasileiro, concebida em 1969 pela arquiteta. Entretanto, o Playground de Leirner, também definido como uma passagem importante, foi trazido para a contemporaneidade em sentido conceitual e não pela “reencenação”.

“Refazer a exposição poderia ser interessante, mas o Masp teria a possibilidade de indicar coisas para o futuro”, diz Luiza Proença sobre a opção do museu por produzir um projeto novo, a mostra Playgrounds 2016, que é inaugurada nesta quinta-feira, 17, no vão livre e no segundo subsolo da instituição e será acompanhada de seminário a ser promovido em 15 e 16 de abril.

Na verdade, a questão do jogo e da participação do público é agora questionada ou experimentada por meio do trabalho histórico Zero to Infinity, do paquistanês Rasheed Araeen, e de obras comissionadas e criadas pelo carioca Ernesto Neto, pelos coletivos paulistas Grupo Contrafilé e O Grupo Inteiro (que propuseram trabalhos de teor pedagógico), pela franco-italiana Céline Condorelli e pela franco-marroquina Yto Barrada. A mostra, orçada em torno de R$ 1 milhão, será apresentada também de agosto a novembro no Sesc Interlagos, em São Paulo. Existe também a vontade de o Masp promover edições futuras – bienais ou trienais – de Playgrounds como um programa, explica a curadora.

Detalhe de obra de Ernesto Neto criada para 'Playgrounds 2016' e instalada no subsolo do Masp Foto: NILTON FUKUDA|ESTADÃO

O vão livre sempre foi um espaço público, pertencente à Prefeitura de São Paulo – e, portanto, o museu teve de pedir permissão para usar o local com a exposição. “Existe a ideia de o vão ter uma dinâmica da cidade e de que talvez agora a gente queira fazer uma aproximação mais gradual com esse espaço para que seja do museu”, afirma Luiza Proença. “É muito mais trazer a cidade para dentro Masp e um pouco das relações que acontecem nesse local.”

Como conta a curadora, o histórico de algumas realizações do Masp no vão livre entre 1969 e 1972 – como a própria Playground, de Leirner; mostra de Caciporé Torres; e a ocupação do local pelo Circo Piolin, por exemplo – parece indicar a existência de um projeto original da instituição para a utilização do vão livre como espaço de exposições. “Depois de 1972, não se vê muitas ações, mas aí você lembra que era o período mais duro da ditadura militar e o quanto isso poderia ter dificultado as possibilidades do uso daquele espaço para apropriações de público.”

Na época da exposição de Nelson Leirner, as obras do artista foram, praticamente, destruídas, como conta a curadora. “A ideia é de que os cubos (da obra de Rasheed Araeen) fiquem no vão também durante a noite”, explica. “Claro que só quando a exposição abrir vamos ter uma percepção de como o público vai reagir.” Também será exposto no espaço externo o carrossel contemporâneo (parte do trabalho Conversation Piece) de Céline Condorelli, construído em madeira e aço e inspirado no carrossel que Carlos Blanc e Maria Helena Chartuni exibiram no início dos anos 1970 no mesmo local.

A tradicional feira de artes e antiguidades, que ocorre aos domingos no vão livre do Masp, não será afetada pelas obras de Playgrounds, afirma a instituição. Tanto a instalação do trabalho de Céline Condorelli quanto a disposição dos cubos da obra de Rasheed Araeen foram pensadas no sentido de não interferir na realização do evento.

PLAYGROUNDS 2016 Masp. Av. Paulista, 1.578, tel. 3149-5959. 3ª a dom., 10h/18h; 5ª, 10h/20h. R$ 25 (grátis às terças). Até 24/7. Abertura dia 17/3

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