Mercado bilionário da arte reduz preços e aperta cintos com impacto de juros altos e guerra em Gaza


Em meio aos temores de que uma nova guerra possa ameaçar a economia mundial, os próximos leilões de Nova York testarão um consenso crescente de que o mercado de arte de US$ 60 bilhões está caminhando para um ciclo de baixa

Por Zachary Small

THE NEW YORK TIMES - As principais casas de leilões estão protegendo suas ofertas na temporada de vendas que começou na segunda-feira, 2, oferecendo grandes garantias aos vendedores – e definindo os preços de alguns de seus itens de maneira mais conservadora, depois que a temporada passada demonstrou declínio no agitado mercado de arte, que movimenta US$ 60 bilhões anualmente.

Agora os vendedores estão tentando prever como a incerteza de uma nova guerra no Oriente Médio poderá afetá-los.

Os leiloeiros das três empresas rivais – Christie’s, Sotheby’s e Phillips – têm vasculhado coleções particulares em busca de obras exclusivas que possam incrementar suas vendas de arte moderna e contemporânea, dada a escassa disponibilidade de propriedades nas quais procurar obras de arte (geralmente a partir de mortes e divórcios).

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“Construímos a venda de uma forma muito tradicional”, disse Alex Rotter, chefe dos departamentos da Christie’s que supervisionam a arte dos séculos 20 e 21, que disse que sua equipe procurou colecionadores particulares para adquirir obras de Joan Mitchell (US$ 25 milhões a US$ 35 milhões), Claude Monet (US$ 65 milhões) e Francis Bacon (US$ 50 milhões). “Optamos por pinturas que criassem mais burburinho”.

"Femme à la montre", de Pablo Picasso, é um dos destaques à venda pela Sotheby's, estimado em mais de US$ 120 milhões Foto: Espólio de Pablo Picasso-Artists Rights Society (ARS), Nova York/Sotheby's
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No entanto, a empresa perdeu um dos maiores negócios da temporada para os rivais da Sotheby’s, que apresenta 31 obras de arte do espólio de Emily Fisher Landau, filantropa que morreu este ano, na noite de quarta-feira, 8, (há também um leilão durante o dia). Essa coleção é estimada em mais de US$ 400 milhões e tem uma garantia da Sotheby’s – um preço mínimo garantido à família.

A coleção contém uma das pinturas de Pablo Picasso mais caras a chegar ao mercado, avaliada em mais de US$ 120 milhões: Femme a la montre, um retrato de 1932 da amante do artista, a jovem Marie-Thérèse Walter. (O atual recorde em leilão para uma pintura de Picasso, definido em 2015, é de US$ 179,3 milhões).

Outros lotes incluem uma pintura de Mark Rothko de 1958 que foi concluída em preparação para sua famosa encomenda no restaurante Four Seasons, no Seagram Building de Nova York, e uma pintura de Ed Ruscha de 1964, cuja aparição em leilão coincide com uma elogiada exposição sobre o artista no Museu de Arte Moderna. Ambas as obras trazem estimativas que ultrapassam US$ 30 milhões.

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“Temos que sair e garantir nosso abastecimento”, disse Brooke Lampley, presidente da Sotheby’s e chefe mundial de vendas globais de belas artes. “A cada ano, as pessoas ficam cada vez mais interessadas em saber qual será a grande coleção da temporada.”

Claude Monet, "Le bassin aux nymphéas", por volta de 1917-19, estimado em cerca de US$ 65 milhões na venda noturna da Christie's Modern, em 9 de novembro. Crédito Christie's Foto: Christie's

A Sotheby’s e a Christie’s esperam que a temporada de leilões de novembro possa render às suas empresas mais de 1 bilhão de dólares cada. Mas, apesar das afirmações de alguns leiloeiros que dizem que há muitas obras-primas por aí, os consultores de arte e especialistas de mercado observaram a falta de um inventário estelar e de foco no comprador no mercado mais amplo.

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“Estamos passando por uma recalibragem no mercado depois que o retorno que vimos em 2021 atingiu seu pico no ano passado”, disse Drew Watson, chefe de serviços de arte do Bank of America, referindo-se à venda de US$ 1,5 bilhão em obras da coleção do cofundador da Microsoft, Paul Allen. “Já víamos sinais de abrandamento do mercado um ano atrás, olhando para as vendas de dia e de noite. Os lances vieram com menos profundidade”.

Durante a temporada de leilões de maio passado, três pinturas de Jasper Johns oferecidas na Christie’s não atingiram a estimativa mais baixa. Pinturas de outros artistas foram retiradas antes do início dos leilões, sinalizando falta de confiança no mercado ou preços inflacionados. Enquanto isso, os leilões de celebridades ajudaram a atrair multidões, com remessas de Barbara Walters e Freddie Mercury atraindo colecionadores dispostos a gastar milhares de dólares em memorabilia.

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Venda de 'Securing the Last Letter (Boss)', de Ed Ruscha, em 1964, está estimada em mais de US$ 30 milhões e vem na esteira de uma exposição elogiada  Foto: Sotheby's

Watson disse que houve um aumento notável nas garantias de preço mínimo de venda nas casas de leilões.

“Virou uma ferramenta cada vez mais importante para as casas de leilões atraírem espólios de alto valor para o mercado”, disse Watson. “Para os compradores, é também um importante sinal de confiança. Dá aos potenciais compradores algo contra que concorrer. E para se fazer um leilão bastam dois compradores”.

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Robert Manley, vice-presidente da Phillips, disse que sua casa de leilões ofereceu garantia às 30 obras de arte da Triton Collection Foundation, na Holanda, que inclui peças de Fernand Léger e Picasso. Toda a coleção, que será leiloada em 14 de novembro, tem uma estimativa de US$ 100 milhões.

'Le 14 juillet', de Fernand Léger, produzida por volta de 1912-13, é estimado de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões com taxas Foto: Artists Rights Society (ARS), Nova York/ADAGP, Paris; via Phillips

Em outra redução notável, Manley disse que também diminuiu a especulação desenfreada no mercado ultracontemporâneo para jovens artistas nascidos desde 1975 – muitos sem proveniência de museu.

“Não gosto de usar a palavra sanidade, mas as pessoas estão mais comedidas”, disse ele. “Ainda não é incomum que jovens artistas cheguem a US$ 200 mil ou US$ 300 mil. Mas, nos últimos anos, os artistas alcançavam US$ 800 mil e US$ 1 milhão”.

O que está por trás desse mercado mais cauteloso? Magnus Resch, economista do mercado de arte, disse que as taxas de juros mais altas e a incerteza global de duas grandes guerras, na Europa e no Oriente Médio, poderiam prejudicar as vendas da próxima semana.

“As pessoas ficam menos ativas em tempos como estes”, disse Resch. “Há um grande grupo de compradores que têm conexões israelenses. É compreensível que a compra de itens de luxo não esteja na mente deles neste momento”.

Joan Mitchell, "Untitled", por volta de 1959, está estimada entre US$ 25 milhões e US$ 35 milhões na venda da 20th Century em 9 de novembro em Nova York. Mitchell é uma figura pioneira do Expressionismo Abstrato. Crédito: Christie's Foto: Christie's

Para grandes coleções, as casas de leilão costumam definir suas estimativas com cerca de seis meses de antecedência, embora as vendas noturnas regulares tenham mais flexibilidade; hoje em dia, as estimativas são finalizadas algumas semanas antes da venda. Mas a volatilidade econômica dos conflitos globais poderá aumentar o fosso entre as expectativas e a realidade, temem alguns leiloeiros.

“Seria irresponsável dizer que as coisas que aconteceram este ano não terão impacto”, disse Rotter

Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE NEW YORK TIMES - As principais casas de leilões estão protegendo suas ofertas na temporada de vendas que começou na segunda-feira, 2, oferecendo grandes garantias aos vendedores – e definindo os preços de alguns de seus itens de maneira mais conservadora, depois que a temporada passada demonstrou declínio no agitado mercado de arte, que movimenta US$ 60 bilhões anualmente.

Agora os vendedores estão tentando prever como a incerteza de uma nova guerra no Oriente Médio poderá afetá-los.

Os leiloeiros das três empresas rivais – Christie’s, Sotheby’s e Phillips – têm vasculhado coleções particulares em busca de obras exclusivas que possam incrementar suas vendas de arte moderna e contemporânea, dada a escassa disponibilidade de propriedades nas quais procurar obras de arte (geralmente a partir de mortes e divórcios).

“Construímos a venda de uma forma muito tradicional”, disse Alex Rotter, chefe dos departamentos da Christie’s que supervisionam a arte dos séculos 20 e 21, que disse que sua equipe procurou colecionadores particulares para adquirir obras de Joan Mitchell (US$ 25 milhões a US$ 35 milhões), Claude Monet (US$ 65 milhões) e Francis Bacon (US$ 50 milhões). “Optamos por pinturas que criassem mais burburinho”.

"Femme à la montre", de Pablo Picasso, é um dos destaques à venda pela Sotheby's, estimado em mais de US$ 120 milhões Foto: Espólio de Pablo Picasso-Artists Rights Society (ARS), Nova York/Sotheby's

No entanto, a empresa perdeu um dos maiores negócios da temporada para os rivais da Sotheby’s, que apresenta 31 obras de arte do espólio de Emily Fisher Landau, filantropa que morreu este ano, na noite de quarta-feira, 8, (há também um leilão durante o dia). Essa coleção é estimada em mais de US$ 400 milhões e tem uma garantia da Sotheby’s – um preço mínimo garantido à família.

A coleção contém uma das pinturas de Pablo Picasso mais caras a chegar ao mercado, avaliada em mais de US$ 120 milhões: Femme a la montre, um retrato de 1932 da amante do artista, a jovem Marie-Thérèse Walter. (O atual recorde em leilão para uma pintura de Picasso, definido em 2015, é de US$ 179,3 milhões).

Outros lotes incluem uma pintura de Mark Rothko de 1958 que foi concluída em preparação para sua famosa encomenda no restaurante Four Seasons, no Seagram Building de Nova York, e uma pintura de Ed Ruscha de 1964, cuja aparição em leilão coincide com uma elogiada exposição sobre o artista no Museu de Arte Moderna. Ambas as obras trazem estimativas que ultrapassam US$ 30 milhões.

“Temos que sair e garantir nosso abastecimento”, disse Brooke Lampley, presidente da Sotheby’s e chefe mundial de vendas globais de belas artes. “A cada ano, as pessoas ficam cada vez mais interessadas em saber qual será a grande coleção da temporada.”

Claude Monet, "Le bassin aux nymphéas", por volta de 1917-19, estimado em cerca de US$ 65 milhões na venda noturna da Christie's Modern, em 9 de novembro. Crédito Christie's Foto: Christie's

A Sotheby’s e a Christie’s esperam que a temporada de leilões de novembro possa render às suas empresas mais de 1 bilhão de dólares cada. Mas, apesar das afirmações de alguns leiloeiros que dizem que há muitas obras-primas por aí, os consultores de arte e especialistas de mercado observaram a falta de um inventário estelar e de foco no comprador no mercado mais amplo.

“Estamos passando por uma recalibragem no mercado depois que o retorno que vimos em 2021 atingiu seu pico no ano passado”, disse Drew Watson, chefe de serviços de arte do Bank of America, referindo-se à venda de US$ 1,5 bilhão em obras da coleção do cofundador da Microsoft, Paul Allen. “Já víamos sinais de abrandamento do mercado um ano atrás, olhando para as vendas de dia e de noite. Os lances vieram com menos profundidade”.

Durante a temporada de leilões de maio passado, três pinturas de Jasper Johns oferecidas na Christie’s não atingiram a estimativa mais baixa. Pinturas de outros artistas foram retiradas antes do início dos leilões, sinalizando falta de confiança no mercado ou preços inflacionados. Enquanto isso, os leilões de celebridades ajudaram a atrair multidões, com remessas de Barbara Walters e Freddie Mercury atraindo colecionadores dispostos a gastar milhares de dólares em memorabilia.

Venda de 'Securing the Last Letter (Boss)', de Ed Ruscha, em 1964, está estimada em mais de US$ 30 milhões e vem na esteira de uma exposição elogiada  Foto: Sotheby's

Watson disse que houve um aumento notável nas garantias de preço mínimo de venda nas casas de leilões.

“Virou uma ferramenta cada vez mais importante para as casas de leilões atraírem espólios de alto valor para o mercado”, disse Watson. “Para os compradores, é também um importante sinal de confiança. Dá aos potenciais compradores algo contra que concorrer. E para se fazer um leilão bastam dois compradores”.

Robert Manley, vice-presidente da Phillips, disse que sua casa de leilões ofereceu garantia às 30 obras de arte da Triton Collection Foundation, na Holanda, que inclui peças de Fernand Léger e Picasso. Toda a coleção, que será leiloada em 14 de novembro, tem uma estimativa de US$ 100 milhões.

'Le 14 juillet', de Fernand Léger, produzida por volta de 1912-13, é estimado de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões com taxas Foto: Artists Rights Society (ARS), Nova York/ADAGP, Paris; via Phillips

Em outra redução notável, Manley disse que também diminuiu a especulação desenfreada no mercado ultracontemporâneo para jovens artistas nascidos desde 1975 – muitos sem proveniência de museu.

“Não gosto de usar a palavra sanidade, mas as pessoas estão mais comedidas”, disse ele. “Ainda não é incomum que jovens artistas cheguem a US$ 200 mil ou US$ 300 mil. Mas, nos últimos anos, os artistas alcançavam US$ 800 mil e US$ 1 milhão”.

O que está por trás desse mercado mais cauteloso? Magnus Resch, economista do mercado de arte, disse que as taxas de juros mais altas e a incerteza global de duas grandes guerras, na Europa e no Oriente Médio, poderiam prejudicar as vendas da próxima semana.

“As pessoas ficam menos ativas em tempos como estes”, disse Resch. “Há um grande grupo de compradores que têm conexões israelenses. É compreensível que a compra de itens de luxo não esteja na mente deles neste momento”.

Joan Mitchell, "Untitled", por volta de 1959, está estimada entre US$ 25 milhões e US$ 35 milhões na venda da 20th Century em 9 de novembro em Nova York. Mitchell é uma figura pioneira do Expressionismo Abstrato. Crédito: Christie's Foto: Christie's

Para grandes coleções, as casas de leilão costumam definir suas estimativas com cerca de seis meses de antecedência, embora as vendas noturnas regulares tenham mais flexibilidade; hoje em dia, as estimativas são finalizadas algumas semanas antes da venda. Mas a volatilidade econômica dos conflitos globais poderá aumentar o fosso entre as expectativas e a realidade, temem alguns leiloeiros.

“Seria irresponsável dizer que as coisas que aconteceram este ano não terão impacto”, disse Rotter

Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE NEW YORK TIMES - As principais casas de leilões estão protegendo suas ofertas na temporada de vendas que começou na segunda-feira, 2, oferecendo grandes garantias aos vendedores – e definindo os preços de alguns de seus itens de maneira mais conservadora, depois que a temporada passada demonstrou declínio no agitado mercado de arte, que movimenta US$ 60 bilhões anualmente.

Agora os vendedores estão tentando prever como a incerteza de uma nova guerra no Oriente Médio poderá afetá-los.

Os leiloeiros das três empresas rivais – Christie’s, Sotheby’s e Phillips – têm vasculhado coleções particulares em busca de obras exclusivas que possam incrementar suas vendas de arte moderna e contemporânea, dada a escassa disponibilidade de propriedades nas quais procurar obras de arte (geralmente a partir de mortes e divórcios).

“Construímos a venda de uma forma muito tradicional”, disse Alex Rotter, chefe dos departamentos da Christie’s que supervisionam a arte dos séculos 20 e 21, que disse que sua equipe procurou colecionadores particulares para adquirir obras de Joan Mitchell (US$ 25 milhões a US$ 35 milhões), Claude Monet (US$ 65 milhões) e Francis Bacon (US$ 50 milhões). “Optamos por pinturas que criassem mais burburinho”.

"Femme à la montre", de Pablo Picasso, é um dos destaques à venda pela Sotheby's, estimado em mais de US$ 120 milhões Foto: Espólio de Pablo Picasso-Artists Rights Society (ARS), Nova York/Sotheby's

No entanto, a empresa perdeu um dos maiores negócios da temporada para os rivais da Sotheby’s, que apresenta 31 obras de arte do espólio de Emily Fisher Landau, filantropa que morreu este ano, na noite de quarta-feira, 8, (há também um leilão durante o dia). Essa coleção é estimada em mais de US$ 400 milhões e tem uma garantia da Sotheby’s – um preço mínimo garantido à família.

A coleção contém uma das pinturas de Pablo Picasso mais caras a chegar ao mercado, avaliada em mais de US$ 120 milhões: Femme a la montre, um retrato de 1932 da amante do artista, a jovem Marie-Thérèse Walter. (O atual recorde em leilão para uma pintura de Picasso, definido em 2015, é de US$ 179,3 milhões).

Outros lotes incluem uma pintura de Mark Rothko de 1958 que foi concluída em preparação para sua famosa encomenda no restaurante Four Seasons, no Seagram Building de Nova York, e uma pintura de Ed Ruscha de 1964, cuja aparição em leilão coincide com uma elogiada exposição sobre o artista no Museu de Arte Moderna. Ambas as obras trazem estimativas que ultrapassam US$ 30 milhões.

“Temos que sair e garantir nosso abastecimento”, disse Brooke Lampley, presidente da Sotheby’s e chefe mundial de vendas globais de belas artes. “A cada ano, as pessoas ficam cada vez mais interessadas em saber qual será a grande coleção da temporada.”

Claude Monet, "Le bassin aux nymphéas", por volta de 1917-19, estimado em cerca de US$ 65 milhões na venda noturna da Christie's Modern, em 9 de novembro. Crédito Christie's Foto: Christie's

A Sotheby’s e a Christie’s esperam que a temporada de leilões de novembro possa render às suas empresas mais de 1 bilhão de dólares cada. Mas, apesar das afirmações de alguns leiloeiros que dizem que há muitas obras-primas por aí, os consultores de arte e especialistas de mercado observaram a falta de um inventário estelar e de foco no comprador no mercado mais amplo.

“Estamos passando por uma recalibragem no mercado depois que o retorno que vimos em 2021 atingiu seu pico no ano passado”, disse Drew Watson, chefe de serviços de arte do Bank of America, referindo-se à venda de US$ 1,5 bilhão em obras da coleção do cofundador da Microsoft, Paul Allen. “Já víamos sinais de abrandamento do mercado um ano atrás, olhando para as vendas de dia e de noite. Os lances vieram com menos profundidade”.

Durante a temporada de leilões de maio passado, três pinturas de Jasper Johns oferecidas na Christie’s não atingiram a estimativa mais baixa. Pinturas de outros artistas foram retiradas antes do início dos leilões, sinalizando falta de confiança no mercado ou preços inflacionados. Enquanto isso, os leilões de celebridades ajudaram a atrair multidões, com remessas de Barbara Walters e Freddie Mercury atraindo colecionadores dispostos a gastar milhares de dólares em memorabilia.

Venda de 'Securing the Last Letter (Boss)', de Ed Ruscha, em 1964, está estimada em mais de US$ 30 milhões e vem na esteira de uma exposição elogiada  Foto: Sotheby's

Watson disse que houve um aumento notável nas garantias de preço mínimo de venda nas casas de leilões.

“Virou uma ferramenta cada vez mais importante para as casas de leilões atraírem espólios de alto valor para o mercado”, disse Watson. “Para os compradores, é também um importante sinal de confiança. Dá aos potenciais compradores algo contra que concorrer. E para se fazer um leilão bastam dois compradores”.

Robert Manley, vice-presidente da Phillips, disse que sua casa de leilões ofereceu garantia às 30 obras de arte da Triton Collection Foundation, na Holanda, que inclui peças de Fernand Léger e Picasso. Toda a coleção, que será leiloada em 14 de novembro, tem uma estimativa de US$ 100 milhões.

'Le 14 juillet', de Fernand Léger, produzida por volta de 1912-13, é estimado de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões com taxas Foto: Artists Rights Society (ARS), Nova York/ADAGP, Paris; via Phillips

Em outra redução notável, Manley disse que também diminuiu a especulação desenfreada no mercado ultracontemporâneo para jovens artistas nascidos desde 1975 – muitos sem proveniência de museu.

“Não gosto de usar a palavra sanidade, mas as pessoas estão mais comedidas”, disse ele. “Ainda não é incomum que jovens artistas cheguem a US$ 200 mil ou US$ 300 mil. Mas, nos últimos anos, os artistas alcançavam US$ 800 mil e US$ 1 milhão”.

O que está por trás desse mercado mais cauteloso? Magnus Resch, economista do mercado de arte, disse que as taxas de juros mais altas e a incerteza global de duas grandes guerras, na Europa e no Oriente Médio, poderiam prejudicar as vendas da próxima semana.

“As pessoas ficam menos ativas em tempos como estes”, disse Resch. “Há um grande grupo de compradores que têm conexões israelenses. É compreensível que a compra de itens de luxo não esteja na mente deles neste momento”.

Joan Mitchell, "Untitled", por volta de 1959, está estimada entre US$ 25 milhões e US$ 35 milhões na venda da 20th Century em 9 de novembro em Nova York. Mitchell é uma figura pioneira do Expressionismo Abstrato. Crédito: Christie's Foto: Christie's

Para grandes coleções, as casas de leilão costumam definir suas estimativas com cerca de seis meses de antecedência, embora as vendas noturnas regulares tenham mais flexibilidade; hoje em dia, as estimativas são finalizadas algumas semanas antes da venda. Mas a volatilidade econômica dos conflitos globais poderá aumentar o fosso entre as expectativas e a realidade, temem alguns leiloeiros.

“Seria irresponsável dizer que as coisas que aconteceram este ano não terão impacto”, disse Rotter

Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE NEW YORK TIMES - As principais casas de leilões estão protegendo suas ofertas na temporada de vendas que começou na segunda-feira, 2, oferecendo grandes garantias aos vendedores – e definindo os preços de alguns de seus itens de maneira mais conservadora, depois que a temporada passada demonstrou declínio no agitado mercado de arte, que movimenta US$ 60 bilhões anualmente.

Agora os vendedores estão tentando prever como a incerteza de uma nova guerra no Oriente Médio poderá afetá-los.

Os leiloeiros das três empresas rivais – Christie’s, Sotheby’s e Phillips – têm vasculhado coleções particulares em busca de obras exclusivas que possam incrementar suas vendas de arte moderna e contemporânea, dada a escassa disponibilidade de propriedades nas quais procurar obras de arte (geralmente a partir de mortes e divórcios).

“Construímos a venda de uma forma muito tradicional”, disse Alex Rotter, chefe dos departamentos da Christie’s que supervisionam a arte dos séculos 20 e 21, que disse que sua equipe procurou colecionadores particulares para adquirir obras de Joan Mitchell (US$ 25 milhões a US$ 35 milhões), Claude Monet (US$ 65 milhões) e Francis Bacon (US$ 50 milhões). “Optamos por pinturas que criassem mais burburinho”.

"Femme à la montre", de Pablo Picasso, é um dos destaques à venda pela Sotheby's, estimado em mais de US$ 120 milhões Foto: Espólio de Pablo Picasso-Artists Rights Society (ARS), Nova York/Sotheby's

No entanto, a empresa perdeu um dos maiores negócios da temporada para os rivais da Sotheby’s, que apresenta 31 obras de arte do espólio de Emily Fisher Landau, filantropa que morreu este ano, na noite de quarta-feira, 8, (há também um leilão durante o dia). Essa coleção é estimada em mais de US$ 400 milhões e tem uma garantia da Sotheby’s – um preço mínimo garantido à família.

A coleção contém uma das pinturas de Pablo Picasso mais caras a chegar ao mercado, avaliada em mais de US$ 120 milhões: Femme a la montre, um retrato de 1932 da amante do artista, a jovem Marie-Thérèse Walter. (O atual recorde em leilão para uma pintura de Picasso, definido em 2015, é de US$ 179,3 milhões).

Outros lotes incluem uma pintura de Mark Rothko de 1958 que foi concluída em preparação para sua famosa encomenda no restaurante Four Seasons, no Seagram Building de Nova York, e uma pintura de Ed Ruscha de 1964, cuja aparição em leilão coincide com uma elogiada exposição sobre o artista no Museu de Arte Moderna. Ambas as obras trazem estimativas que ultrapassam US$ 30 milhões.

“Temos que sair e garantir nosso abastecimento”, disse Brooke Lampley, presidente da Sotheby’s e chefe mundial de vendas globais de belas artes. “A cada ano, as pessoas ficam cada vez mais interessadas em saber qual será a grande coleção da temporada.”

Claude Monet, "Le bassin aux nymphéas", por volta de 1917-19, estimado em cerca de US$ 65 milhões na venda noturna da Christie's Modern, em 9 de novembro. Crédito Christie's Foto: Christie's

A Sotheby’s e a Christie’s esperam que a temporada de leilões de novembro possa render às suas empresas mais de 1 bilhão de dólares cada. Mas, apesar das afirmações de alguns leiloeiros que dizem que há muitas obras-primas por aí, os consultores de arte e especialistas de mercado observaram a falta de um inventário estelar e de foco no comprador no mercado mais amplo.

“Estamos passando por uma recalibragem no mercado depois que o retorno que vimos em 2021 atingiu seu pico no ano passado”, disse Drew Watson, chefe de serviços de arte do Bank of America, referindo-se à venda de US$ 1,5 bilhão em obras da coleção do cofundador da Microsoft, Paul Allen. “Já víamos sinais de abrandamento do mercado um ano atrás, olhando para as vendas de dia e de noite. Os lances vieram com menos profundidade”.

Durante a temporada de leilões de maio passado, três pinturas de Jasper Johns oferecidas na Christie’s não atingiram a estimativa mais baixa. Pinturas de outros artistas foram retiradas antes do início dos leilões, sinalizando falta de confiança no mercado ou preços inflacionados. Enquanto isso, os leilões de celebridades ajudaram a atrair multidões, com remessas de Barbara Walters e Freddie Mercury atraindo colecionadores dispostos a gastar milhares de dólares em memorabilia.

Venda de 'Securing the Last Letter (Boss)', de Ed Ruscha, em 1964, está estimada em mais de US$ 30 milhões e vem na esteira de uma exposição elogiada  Foto: Sotheby's

Watson disse que houve um aumento notável nas garantias de preço mínimo de venda nas casas de leilões.

“Virou uma ferramenta cada vez mais importante para as casas de leilões atraírem espólios de alto valor para o mercado”, disse Watson. “Para os compradores, é também um importante sinal de confiança. Dá aos potenciais compradores algo contra que concorrer. E para se fazer um leilão bastam dois compradores”.

Robert Manley, vice-presidente da Phillips, disse que sua casa de leilões ofereceu garantia às 30 obras de arte da Triton Collection Foundation, na Holanda, que inclui peças de Fernand Léger e Picasso. Toda a coleção, que será leiloada em 14 de novembro, tem uma estimativa de US$ 100 milhões.

'Le 14 juillet', de Fernand Léger, produzida por volta de 1912-13, é estimado de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões com taxas Foto: Artists Rights Society (ARS), Nova York/ADAGP, Paris; via Phillips

Em outra redução notável, Manley disse que também diminuiu a especulação desenfreada no mercado ultracontemporâneo para jovens artistas nascidos desde 1975 – muitos sem proveniência de museu.

“Não gosto de usar a palavra sanidade, mas as pessoas estão mais comedidas”, disse ele. “Ainda não é incomum que jovens artistas cheguem a US$ 200 mil ou US$ 300 mil. Mas, nos últimos anos, os artistas alcançavam US$ 800 mil e US$ 1 milhão”.

O que está por trás desse mercado mais cauteloso? Magnus Resch, economista do mercado de arte, disse que as taxas de juros mais altas e a incerteza global de duas grandes guerras, na Europa e no Oriente Médio, poderiam prejudicar as vendas da próxima semana.

“As pessoas ficam menos ativas em tempos como estes”, disse Resch. “Há um grande grupo de compradores que têm conexões israelenses. É compreensível que a compra de itens de luxo não esteja na mente deles neste momento”.

Joan Mitchell, "Untitled", por volta de 1959, está estimada entre US$ 25 milhões e US$ 35 milhões na venda da 20th Century em 9 de novembro em Nova York. Mitchell é uma figura pioneira do Expressionismo Abstrato. Crédito: Christie's Foto: Christie's

Para grandes coleções, as casas de leilão costumam definir suas estimativas com cerca de seis meses de antecedência, embora as vendas noturnas regulares tenham mais flexibilidade; hoje em dia, as estimativas são finalizadas algumas semanas antes da venda. Mas a volatilidade econômica dos conflitos globais poderá aumentar o fosso entre as expectativas e a realidade, temem alguns leiloeiros.

“Seria irresponsável dizer que as coisas que aconteceram este ano não terão impacto”, disse Rotter

Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

THE NEW YORK TIMES - As principais casas de leilões estão protegendo suas ofertas na temporada de vendas que começou na segunda-feira, 2, oferecendo grandes garantias aos vendedores – e definindo os preços de alguns de seus itens de maneira mais conservadora, depois que a temporada passada demonstrou declínio no agitado mercado de arte, que movimenta US$ 60 bilhões anualmente.

Agora os vendedores estão tentando prever como a incerteza de uma nova guerra no Oriente Médio poderá afetá-los.

Os leiloeiros das três empresas rivais – Christie’s, Sotheby’s e Phillips – têm vasculhado coleções particulares em busca de obras exclusivas que possam incrementar suas vendas de arte moderna e contemporânea, dada a escassa disponibilidade de propriedades nas quais procurar obras de arte (geralmente a partir de mortes e divórcios).

“Construímos a venda de uma forma muito tradicional”, disse Alex Rotter, chefe dos departamentos da Christie’s que supervisionam a arte dos séculos 20 e 21, que disse que sua equipe procurou colecionadores particulares para adquirir obras de Joan Mitchell (US$ 25 milhões a US$ 35 milhões), Claude Monet (US$ 65 milhões) e Francis Bacon (US$ 50 milhões). “Optamos por pinturas que criassem mais burburinho”.

"Femme à la montre", de Pablo Picasso, é um dos destaques à venda pela Sotheby's, estimado em mais de US$ 120 milhões Foto: Espólio de Pablo Picasso-Artists Rights Society (ARS), Nova York/Sotheby's

No entanto, a empresa perdeu um dos maiores negócios da temporada para os rivais da Sotheby’s, que apresenta 31 obras de arte do espólio de Emily Fisher Landau, filantropa que morreu este ano, na noite de quarta-feira, 8, (há também um leilão durante o dia). Essa coleção é estimada em mais de US$ 400 milhões e tem uma garantia da Sotheby’s – um preço mínimo garantido à família.

A coleção contém uma das pinturas de Pablo Picasso mais caras a chegar ao mercado, avaliada em mais de US$ 120 milhões: Femme a la montre, um retrato de 1932 da amante do artista, a jovem Marie-Thérèse Walter. (O atual recorde em leilão para uma pintura de Picasso, definido em 2015, é de US$ 179,3 milhões).

Outros lotes incluem uma pintura de Mark Rothko de 1958 que foi concluída em preparação para sua famosa encomenda no restaurante Four Seasons, no Seagram Building de Nova York, e uma pintura de Ed Ruscha de 1964, cuja aparição em leilão coincide com uma elogiada exposição sobre o artista no Museu de Arte Moderna. Ambas as obras trazem estimativas que ultrapassam US$ 30 milhões.

“Temos que sair e garantir nosso abastecimento”, disse Brooke Lampley, presidente da Sotheby’s e chefe mundial de vendas globais de belas artes. “A cada ano, as pessoas ficam cada vez mais interessadas em saber qual será a grande coleção da temporada.”

Claude Monet, "Le bassin aux nymphéas", por volta de 1917-19, estimado em cerca de US$ 65 milhões na venda noturna da Christie's Modern, em 9 de novembro. Crédito Christie's Foto: Christie's

A Sotheby’s e a Christie’s esperam que a temporada de leilões de novembro possa render às suas empresas mais de 1 bilhão de dólares cada. Mas, apesar das afirmações de alguns leiloeiros que dizem que há muitas obras-primas por aí, os consultores de arte e especialistas de mercado observaram a falta de um inventário estelar e de foco no comprador no mercado mais amplo.

“Estamos passando por uma recalibragem no mercado depois que o retorno que vimos em 2021 atingiu seu pico no ano passado”, disse Drew Watson, chefe de serviços de arte do Bank of America, referindo-se à venda de US$ 1,5 bilhão em obras da coleção do cofundador da Microsoft, Paul Allen. “Já víamos sinais de abrandamento do mercado um ano atrás, olhando para as vendas de dia e de noite. Os lances vieram com menos profundidade”.

Durante a temporada de leilões de maio passado, três pinturas de Jasper Johns oferecidas na Christie’s não atingiram a estimativa mais baixa. Pinturas de outros artistas foram retiradas antes do início dos leilões, sinalizando falta de confiança no mercado ou preços inflacionados. Enquanto isso, os leilões de celebridades ajudaram a atrair multidões, com remessas de Barbara Walters e Freddie Mercury atraindo colecionadores dispostos a gastar milhares de dólares em memorabilia.

Venda de 'Securing the Last Letter (Boss)', de Ed Ruscha, em 1964, está estimada em mais de US$ 30 milhões e vem na esteira de uma exposição elogiada  Foto: Sotheby's

Watson disse que houve um aumento notável nas garantias de preço mínimo de venda nas casas de leilões.

“Virou uma ferramenta cada vez mais importante para as casas de leilões atraírem espólios de alto valor para o mercado”, disse Watson. “Para os compradores, é também um importante sinal de confiança. Dá aos potenciais compradores algo contra que concorrer. E para se fazer um leilão bastam dois compradores”.

Robert Manley, vice-presidente da Phillips, disse que sua casa de leilões ofereceu garantia às 30 obras de arte da Triton Collection Foundation, na Holanda, que inclui peças de Fernand Léger e Picasso. Toda a coleção, que será leiloada em 14 de novembro, tem uma estimativa de US$ 100 milhões.

'Le 14 juillet', de Fernand Léger, produzida por volta de 1912-13, é estimado de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões com taxas Foto: Artists Rights Society (ARS), Nova York/ADAGP, Paris; via Phillips

Em outra redução notável, Manley disse que também diminuiu a especulação desenfreada no mercado ultracontemporâneo para jovens artistas nascidos desde 1975 – muitos sem proveniência de museu.

“Não gosto de usar a palavra sanidade, mas as pessoas estão mais comedidas”, disse ele. “Ainda não é incomum que jovens artistas cheguem a US$ 200 mil ou US$ 300 mil. Mas, nos últimos anos, os artistas alcançavam US$ 800 mil e US$ 1 milhão”.

O que está por trás desse mercado mais cauteloso? Magnus Resch, economista do mercado de arte, disse que as taxas de juros mais altas e a incerteza global de duas grandes guerras, na Europa e no Oriente Médio, poderiam prejudicar as vendas da próxima semana.

“As pessoas ficam menos ativas em tempos como estes”, disse Resch. “Há um grande grupo de compradores que têm conexões israelenses. É compreensível que a compra de itens de luxo não esteja na mente deles neste momento”.

Joan Mitchell, "Untitled", por volta de 1959, está estimada entre US$ 25 milhões e US$ 35 milhões na venda da 20th Century em 9 de novembro em Nova York. Mitchell é uma figura pioneira do Expressionismo Abstrato. Crédito: Christie's Foto: Christie's

Para grandes coleções, as casas de leilão costumam definir suas estimativas com cerca de seis meses de antecedência, embora as vendas noturnas regulares tenham mais flexibilidade; hoje em dia, as estimativas são finalizadas algumas semanas antes da venda. Mas a volatilidade econômica dos conflitos globais poderá aumentar o fosso entre as expectativas e a realidade, temem alguns leiloeiros.

“Seria irresponsável dizer que as coisas que aconteceram este ano não terão impacto”, disse Rotter

Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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