''Meu sonho era ser o Frank Lloyd Wright''


George Lucas fala do desenho The Clone Wars, que estréia no dia 15, e de como a frustração de não ser arquiteto influenciou a estética visual da sua famosa saga

Por Luiz Carlos Merten

Você atravessa a grande ponte, a Golden Gate, segue até encontrar a Lucas Drive - nada a ver com George Lucas - e avança por uns bons 15 ou 20 minutos até avistar a grande pedra. A Big Rock é a sentinela avançada do Skywalker Ranch, distante 45 minutos (de carro) de Downtown, o centro de São Francisco. Ao contrário de Presídio, a sede da Lucasfilm, no centro - localizada no meio de um parque aberto ao público -, o Skywalker Ranch é uma área privada (e fechada), à qual só se tem acesso mediante convite. No domingo, o repórter do Estado realizou o que deve ser sonho de milhões de fãs em todo o mundo, cruzando aquele portal. De cara, há uma estátua de Yoda, mas há outra em Presídio, também. Yoda é bem o símbolo da Lucasfilm. Desde que surgiu em O Império Contra-Ataca, em 1980 (depois rebatizado como Star Wars 5), o pequeno (no tamanho) grande personagem entregou o que não deixa de ser a ?mensagem? do cinema de Lucas. "Pode-se mover o mundo somente com a força da imaginação." O próprio Lucas encontra-se com o repórter, que integra um grupo de jornalistas, dividido em dois, para permitir que todos tenham acesso e possam falar com o grande homem. Pode-se criticar Lucas, e sob múltiplos aspectos ele é responsável pelo que os críticos definem como ?infantilização? da produção de Hollywood. Desde o primeiro Star Wars, em 1977, Lucas impôs uma estética dos efeitos que se tornou dominante em Hollywood. E mais: nunca, antes, o cinema havia sido, com tal intensidade, a ponta avançada de uma operação que transforma o filme em vitrine de uma operação de marketing que ajuda a vender tudo, de idéias a uma parafernália de objetos. Goste-se ou não, o cinema mudou após Guerra nas Estrelas e o desenvolvimento tecnológico passa pela Industrial Light and Magic, braço da Lucasfilm criado para viabilizar seus vôos de imaginação. Lucas encontra-se com um grupo de jornalistas de todo o mundo, que veio para assistir à animação Star Wars - The Clone Wars, com estréia marcada para dia 15 no Brasil. Em 2005, após realizar Star Wars Episódio 6 - A Vingança dos Sith, ele declarou publicamente que havia acabado com sua saga estelar, desistindo de realizar a terceira trilogia que o projeto original previa. A primeira, que terminou virando cronologicamente a segunda, mostou a construção do herói em Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. A segunda, agora anterior na cronologia geral, mostra a construção do vilão, a transformação de Annakin Skywalker em Darth Vader, através de Episódio 1 - A Ameaça Fantasma, Episódio 2 - O Ataque dos Clones e Episódio 3 - A Vingança dos Sith. "No more Star Wars." Não mais Guerra nas Estrelas. Finish. Mas ele volta agora com a versão animada de sua história. E promete mais uma série de TV em live action, já em pré-produção - será gravada em 2009 com tecnologia digital de alta definição -, para lançamento em 2010, ano que Joe Hyams, em sua seqüência do clássico 2001, de Stanley Kubrick, definiu como aquele ?em que faremos contato?. A grande atração de The Clone Wars é a nova personagem integrada à série, Ahsoka. É a padowa de Annakin, aprendiz que Yoda encaminha para o jovem e impulsivo jedi, para que ele se torne seu mestre. Não apenas no nome, mas no próprio visual, Ahsoka não deixa de ser a homenagem de George Lucas ao mangá, o quadrinho japonês. Mas o mangá é só meia referência no universo da animação dirigida por Davi Silone. É melhor recomeçar do princípio. Há uma frase, dita por Alec Guinness em Guerra nas Estrelas (há 31 anos), que fala na guerra dos clones. A idéia de Lucas foi levar a guerra dos clones, em plena Guerra do Iraque, para uma animação de TV. Foram produzidos 22 episódios, para veiculação no Cartoon Network, nos EUA, a partir de outubro. O próprio Lucas gostou tanto do material que resolveu fazer uma versão para cinema. The Clone Wars não deixa de ser o piloto da nova série animada (outra já está em produção, com mais 22 episódios). Como o próprio Lucas explica, se é para fazer uma animação, o que ele menos queria era o ?foto-realismo? que tem dado a tônica da produção animada recente de Hollywood. "Minha principal referência foi o velho Thunderbirds (seriado de marionetes de Gerry Anderson, de 1967), que eu adorava." Ahsoka (ela já nasceu com esse nome para ele) é prova de quanto o universo de Star Wars é inesgotável em termos de personagens e situações. O fato de ela ser aprendiz de Annakin interessa mais como dramaturgia do que marketing. "O espectador sabe no que ele vai se transformar, mas a relação com Ahsoka é anterior à sua entrega ao lado escuro da Força. É uma forma de lembrar o herói que Annakin poderia ter sido." Graças à série de TV, The Clone Wars pôde ser realizado a custo ?razoável? (que ele não esclarece) e num prazo menor do que o destinado à média das animações de Hollywood. No total, foram 2 anos e meio, ante os 4 necessários para as animações da Pixar-Disney e da DreamWorks. "Nossa unidade de animação é pequena, e queremos continuar assim. A idéia é fazer dela um centro de pesquisa e criatividade." A Lucasfilm Animated Division possui estúdios em Taiwan e Cingapura. Os desenhos são planejados no rancho ou no Presídio e executados nos estúdios distantes, com técnicos do mundo todo. Considerando-se o universo de fantasia criado pela Lucasfilm, até que ponto Lucas se preocupa com a realidade? "Qualquer astrofísico sabe das liberdades que tomamos. A série trabalha com mitologia, psicologia, psicanálise. E esses também são instrumentos para investigação e interpretação da realidade. Na época da ação de The Clone Wars, o mundo está em guerra. A República está se transformando no Império." É uma forma de pensar a realidade atual dos EUA. "O que você acha?", ele provoca. Apenas no mercado ?interno? (EUA e Canadá), a série Star Wars rendeu a fábula de US$ 3,5 bilhões. O que é possível fazer com tanto dinheiro? "Reinvestir em cinema, em novas produções. Ou construir um espaço como o Skywalker Ranch." O próprio Lucas define-se como arquiteto frustrado. Seu sonho era ser Frank Lloyd Wright. Para remediar, fez construir o rancho, complexo de prédios de longos corredores envidraçados que lembra a arquitetura tradicional dos palácios japoneses. As luminárias e revestimentos reproduzem modelos japoneses e os salões e corredores são ornamentados com estátuas de kagemushas, guerreiros vestidos em roupas de combate. Neste domingo, clones de Ahsoka e Annakin passeiam pelos corredores. Mas o que mais impressiona, e poderia transformar o rancho na Meca e na Medina dos cinéfilos, é a coleção de cartazes de filmes do diretor. São clássicos americanos (a maioria), mas também há pôsteres de filmes europeus e asiáticos. São enormes, ocupam paredes inteiras, e quase todos são os cartazes europeus (italianos ou franceses) de obras-primas de John Ford, Howard Hawks e Federico Fellini ou de filmes cultuados de Allan Dwan, Joseph H. Lewis, aventuras mitológicas com Steve Reeves e os spaghetti westerns de Sergio Leone. Qual foi o critério para a montagem da coleção? "Apenas um: coleciono só cartazes de filmes de que gosto", sorri Lucas. O repórter viajou a convite da distribuidora Warner

Você atravessa a grande ponte, a Golden Gate, segue até encontrar a Lucas Drive - nada a ver com George Lucas - e avança por uns bons 15 ou 20 minutos até avistar a grande pedra. A Big Rock é a sentinela avançada do Skywalker Ranch, distante 45 minutos (de carro) de Downtown, o centro de São Francisco. Ao contrário de Presídio, a sede da Lucasfilm, no centro - localizada no meio de um parque aberto ao público -, o Skywalker Ranch é uma área privada (e fechada), à qual só se tem acesso mediante convite. No domingo, o repórter do Estado realizou o que deve ser sonho de milhões de fãs em todo o mundo, cruzando aquele portal. De cara, há uma estátua de Yoda, mas há outra em Presídio, também. Yoda é bem o símbolo da Lucasfilm. Desde que surgiu em O Império Contra-Ataca, em 1980 (depois rebatizado como Star Wars 5), o pequeno (no tamanho) grande personagem entregou o que não deixa de ser a ?mensagem? do cinema de Lucas. "Pode-se mover o mundo somente com a força da imaginação." O próprio Lucas encontra-se com o repórter, que integra um grupo de jornalistas, dividido em dois, para permitir que todos tenham acesso e possam falar com o grande homem. Pode-se criticar Lucas, e sob múltiplos aspectos ele é responsável pelo que os críticos definem como ?infantilização? da produção de Hollywood. Desde o primeiro Star Wars, em 1977, Lucas impôs uma estética dos efeitos que se tornou dominante em Hollywood. E mais: nunca, antes, o cinema havia sido, com tal intensidade, a ponta avançada de uma operação que transforma o filme em vitrine de uma operação de marketing que ajuda a vender tudo, de idéias a uma parafernália de objetos. Goste-se ou não, o cinema mudou após Guerra nas Estrelas e o desenvolvimento tecnológico passa pela Industrial Light and Magic, braço da Lucasfilm criado para viabilizar seus vôos de imaginação. Lucas encontra-se com um grupo de jornalistas de todo o mundo, que veio para assistir à animação Star Wars - The Clone Wars, com estréia marcada para dia 15 no Brasil. Em 2005, após realizar Star Wars Episódio 6 - A Vingança dos Sith, ele declarou publicamente que havia acabado com sua saga estelar, desistindo de realizar a terceira trilogia que o projeto original previa. A primeira, que terminou virando cronologicamente a segunda, mostou a construção do herói em Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. A segunda, agora anterior na cronologia geral, mostra a construção do vilão, a transformação de Annakin Skywalker em Darth Vader, através de Episódio 1 - A Ameaça Fantasma, Episódio 2 - O Ataque dos Clones e Episódio 3 - A Vingança dos Sith. "No more Star Wars." Não mais Guerra nas Estrelas. Finish. Mas ele volta agora com a versão animada de sua história. E promete mais uma série de TV em live action, já em pré-produção - será gravada em 2009 com tecnologia digital de alta definição -, para lançamento em 2010, ano que Joe Hyams, em sua seqüência do clássico 2001, de Stanley Kubrick, definiu como aquele ?em que faremos contato?. A grande atração de The Clone Wars é a nova personagem integrada à série, Ahsoka. É a padowa de Annakin, aprendiz que Yoda encaminha para o jovem e impulsivo jedi, para que ele se torne seu mestre. Não apenas no nome, mas no próprio visual, Ahsoka não deixa de ser a homenagem de George Lucas ao mangá, o quadrinho japonês. Mas o mangá é só meia referência no universo da animação dirigida por Davi Silone. É melhor recomeçar do princípio. Há uma frase, dita por Alec Guinness em Guerra nas Estrelas (há 31 anos), que fala na guerra dos clones. A idéia de Lucas foi levar a guerra dos clones, em plena Guerra do Iraque, para uma animação de TV. Foram produzidos 22 episódios, para veiculação no Cartoon Network, nos EUA, a partir de outubro. O próprio Lucas gostou tanto do material que resolveu fazer uma versão para cinema. The Clone Wars não deixa de ser o piloto da nova série animada (outra já está em produção, com mais 22 episódios). Como o próprio Lucas explica, se é para fazer uma animação, o que ele menos queria era o ?foto-realismo? que tem dado a tônica da produção animada recente de Hollywood. "Minha principal referência foi o velho Thunderbirds (seriado de marionetes de Gerry Anderson, de 1967), que eu adorava." Ahsoka (ela já nasceu com esse nome para ele) é prova de quanto o universo de Star Wars é inesgotável em termos de personagens e situações. O fato de ela ser aprendiz de Annakin interessa mais como dramaturgia do que marketing. "O espectador sabe no que ele vai se transformar, mas a relação com Ahsoka é anterior à sua entrega ao lado escuro da Força. É uma forma de lembrar o herói que Annakin poderia ter sido." Graças à série de TV, The Clone Wars pôde ser realizado a custo ?razoável? (que ele não esclarece) e num prazo menor do que o destinado à média das animações de Hollywood. No total, foram 2 anos e meio, ante os 4 necessários para as animações da Pixar-Disney e da DreamWorks. "Nossa unidade de animação é pequena, e queremos continuar assim. A idéia é fazer dela um centro de pesquisa e criatividade." A Lucasfilm Animated Division possui estúdios em Taiwan e Cingapura. Os desenhos são planejados no rancho ou no Presídio e executados nos estúdios distantes, com técnicos do mundo todo. Considerando-se o universo de fantasia criado pela Lucasfilm, até que ponto Lucas se preocupa com a realidade? "Qualquer astrofísico sabe das liberdades que tomamos. A série trabalha com mitologia, psicologia, psicanálise. E esses também são instrumentos para investigação e interpretação da realidade. Na época da ação de The Clone Wars, o mundo está em guerra. A República está se transformando no Império." É uma forma de pensar a realidade atual dos EUA. "O que você acha?", ele provoca. Apenas no mercado ?interno? (EUA e Canadá), a série Star Wars rendeu a fábula de US$ 3,5 bilhões. O que é possível fazer com tanto dinheiro? "Reinvestir em cinema, em novas produções. Ou construir um espaço como o Skywalker Ranch." O próprio Lucas define-se como arquiteto frustrado. Seu sonho era ser Frank Lloyd Wright. Para remediar, fez construir o rancho, complexo de prédios de longos corredores envidraçados que lembra a arquitetura tradicional dos palácios japoneses. As luminárias e revestimentos reproduzem modelos japoneses e os salões e corredores são ornamentados com estátuas de kagemushas, guerreiros vestidos em roupas de combate. Neste domingo, clones de Ahsoka e Annakin passeiam pelos corredores. Mas o que mais impressiona, e poderia transformar o rancho na Meca e na Medina dos cinéfilos, é a coleção de cartazes de filmes do diretor. São clássicos americanos (a maioria), mas também há pôsteres de filmes europeus e asiáticos. São enormes, ocupam paredes inteiras, e quase todos são os cartazes europeus (italianos ou franceses) de obras-primas de John Ford, Howard Hawks e Federico Fellini ou de filmes cultuados de Allan Dwan, Joseph H. Lewis, aventuras mitológicas com Steve Reeves e os spaghetti westerns de Sergio Leone. Qual foi o critério para a montagem da coleção? "Apenas um: coleciono só cartazes de filmes de que gosto", sorri Lucas. O repórter viajou a convite da distribuidora Warner

Você atravessa a grande ponte, a Golden Gate, segue até encontrar a Lucas Drive - nada a ver com George Lucas - e avança por uns bons 15 ou 20 minutos até avistar a grande pedra. A Big Rock é a sentinela avançada do Skywalker Ranch, distante 45 minutos (de carro) de Downtown, o centro de São Francisco. Ao contrário de Presídio, a sede da Lucasfilm, no centro - localizada no meio de um parque aberto ao público -, o Skywalker Ranch é uma área privada (e fechada), à qual só se tem acesso mediante convite. No domingo, o repórter do Estado realizou o que deve ser sonho de milhões de fãs em todo o mundo, cruzando aquele portal. De cara, há uma estátua de Yoda, mas há outra em Presídio, também. Yoda é bem o símbolo da Lucasfilm. Desde que surgiu em O Império Contra-Ataca, em 1980 (depois rebatizado como Star Wars 5), o pequeno (no tamanho) grande personagem entregou o que não deixa de ser a ?mensagem? do cinema de Lucas. "Pode-se mover o mundo somente com a força da imaginação." O próprio Lucas encontra-se com o repórter, que integra um grupo de jornalistas, dividido em dois, para permitir que todos tenham acesso e possam falar com o grande homem. Pode-se criticar Lucas, e sob múltiplos aspectos ele é responsável pelo que os críticos definem como ?infantilização? da produção de Hollywood. Desde o primeiro Star Wars, em 1977, Lucas impôs uma estética dos efeitos que se tornou dominante em Hollywood. E mais: nunca, antes, o cinema havia sido, com tal intensidade, a ponta avançada de uma operação que transforma o filme em vitrine de uma operação de marketing que ajuda a vender tudo, de idéias a uma parafernália de objetos. Goste-se ou não, o cinema mudou após Guerra nas Estrelas e o desenvolvimento tecnológico passa pela Industrial Light and Magic, braço da Lucasfilm criado para viabilizar seus vôos de imaginação. Lucas encontra-se com um grupo de jornalistas de todo o mundo, que veio para assistir à animação Star Wars - The Clone Wars, com estréia marcada para dia 15 no Brasil. Em 2005, após realizar Star Wars Episódio 6 - A Vingança dos Sith, ele declarou publicamente que havia acabado com sua saga estelar, desistindo de realizar a terceira trilogia que o projeto original previa. A primeira, que terminou virando cronologicamente a segunda, mostou a construção do herói em Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. A segunda, agora anterior na cronologia geral, mostra a construção do vilão, a transformação de Annakin Skywalker em Darth Vader, através de Episódio 1 - A Ameaça Fantasma, Episódio 2 - O Ataque dos Clones e Episódio 3 - A Vingança dos Sith. "No more Star Wars." Não mais Guerra nas Estrelas. Finish. Mas ele volta agora com a versão animada de sua história. E promete mais uma série de TV em live action, já em pré-produção - será gravada em 2009 com tecnologia digital de alta definição -, para lançamento em 2010, ano que Joe Hyams, em sua seqüência do clássico 2001, de Stanley Kubrick, definiu como aquele ?em que faremos contato?. A grande atração de The Clone Wars é a nova personagem integrada à série, Ahsoka. É a padowa de Annakin, aprendiz que Yoda encaminha para o jovem e impulsivo jedi, para que ele se torne seu mestre. Não apenas no nome, mas no próprio visual, Ahsoka não deixa de ser a homenagem de George Lucas ao mangá, o quadrinho japonês. Mas o mangá é só meia referência no universo da animação dirigida por Davi Silone. É melhor recomeçar do princípio. Há uma frase, dita por Alec Guinness em Guerra nas Estrelas (há 31 anos), que fala na guerra dos clones. A idéia de Lucas foi levar a guerra dos clones, em plena Guerra do Iraque, para uma animação de TV. Foram produzidos 22 episódios, para veiculação no Cartoon Network, nos EUA, a partir de outubro. O próprio Lucas gostou tanto do material que resolveu fazer uma versão para cinema. The Clone Wars não deixa de ser o piloto da nova série animada (outra já está em produção, com mais 22 episódios). Como o próprio Lucas explica, se é para fazer uma animação, o que ele menos queria era o ?foto-realismo? que tem dado a tônica da produção animada recente de Hollywood. "Minha principal referência foi o velho Thunderbirds (seriado de marionetes de Gerry Anderson, de 1967), que eu adorava." Ahsoka (ela já nasceu com esse nome para ele) é prova de quanto o universo de Star Wars é inesgotável em termos de personagens e situações. O fato de ela ser aprendiz de Annakin interessa mais como dramaturgia do que marketing. "O espectador sabe no que ele vai se transformar, mas a relação com Ahsoka é anterior à sua entrega ao lado escuro da Força. É uma forma de lembrar o herói que Annakin poderia ter sido." Graças à série de TV, The Clone Wars pôde ser realizado a custo ?razoável? (que ele não esclarece) e num prazo menor do que o destinado à média das animações de Hollywood. No total, foram 2 anos e meio, ante os 4 necessários para as animações da Pixar-Disney e da DreamWorks. "Nossa unidade de animação é pequena, e queremos continuar assim. A idéia é fazer dela um centro de pesquisa e criatividade." A Lucasfilm Animated Division possui estúdios em Taiwan e Cingapura. Os desenhos são planejados no rancho ou no Presídio e executados nos estúdios distantes, com técnicos do mundo todo. Considerando-se o universo de fantasia criado pela Lucasfilm, até que ponto Lucas se preocupa com a realidade? "Qualquer astrofísico sabe das liberdades que tomamos. A série trabalha com mitologia, psicologia, psicanálise. E esses também são instrumentos para investigação e interpretação da realidade. Na época da ação de The Clone Wars, o mundo está em guerra. A República está se transformando no Império." É uma forma de pensar a realidade atual dos EUA. "O que você acha?", ele provoca. Apenas no mercado ?interno? (EUA e Canadá), a série Star Wars rendeu a fábula de US$ 3,5 bilhões. O que é possível fazer com tanto dinheiro? "Reinvestir em cinema, em novas produções. Ou construir um espaço como o Skywalker Ranch." O próprio Lucas define-se como arquiteto frustrado. Seu sonho era ser Frank Lloyd Wright. Para remediar, fez construir o rancho, complexo de prédios de longos corredores envidraçados que lembra a arquitetura tradicional dos palácios japoneses. As luminárias e revestimentos reproduzem modelos japoneses e os salões e corredores são ornamentados com estátuas de kagemushas, guerreiros vestidos em roupas de combate. Neste domingo, clones de Ahsoka e Annakin passeiam pelos corredores. Mas o que mais impressiona, e poderia transformar o rancho na Meca e na Medina dos cinéfilos, é a coleção de cartazes de filmes do diretor. São clássicos americanos (a maioria), mas também há pôsteres de filmes europeus e asiáticos. São enormes, ocupam paredes inteiras, e quase todos são os cartazes europeus (italianos ou franceses) de obras-primas de John Ford, Howard Hawks e Federico Fellini ou de filmes cultuados de Allan Dwan, Joseph H. Lewis, aventuras mitológicas com Steve Reeves e os spaghetti westerns de Sergio Leone. Qual foi o critério para a montagem da coleção? "Apenas um: coleciono só cartazes de filmes de que gosto", sorri Lucas. O repórter viajou a convite da distribuidora Warner

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