Morreu na quarta, dia 20, no Rio, aos 80 anos, em sua casa, a pintora carioca Marília Kranz, que há algum tempo vinha enfrentando sérias doenças neurológicas e as consequências da febre chikungunya, contraída em 2016. A artista, conhecida por ser uma feminista libertária que ajudou a promover a revolução sexual nos anos 1970 e 1980, no Brasil, tendo sido presa no auge da ditadura militar, em 1971, por agitação política, teve nas telas uma atuação bem diferente. Dona de um estilo lírico, em que predominam cores suaves e cenas da natureza, Marília Kranz teve um livro escrito em sua homenagem pelo crítico Frederico Morais (Marília Kranz, publicado em 2007 pelo Andrea Jakobson Estúdio).
Ainda escultora e gravadora, Marília Kranz teve um importante papel na vida social carioca, sendo amiga de nomes conhecidos das artes visuais, entre eles o cartunista Millôr Fernandes (1923-2012) e o pintor Carlos Vergara. Ela realizou pelo menos 17 exposições individuais, em que predominavam referências à paisagem carioca, especialmente a flora. A despeito dessas referências, ela dizia que sua pintura não era figurativa, mas abstrata.
Em termos comparativos, a simplificação formal da pinturas de Marília Kranz encontra correspondência na ilustração brasileira de seus contemporâneos e nas telas de Gustavo Rosa. Ela procurou acentuar a geometria, produzindo paisagens angulosas. A pintora fez sua primeira exposição há quase 50 anos, em 1968, na loja Oca, do arquiteto e designer de móveis Sérgio Rodrigues, em Ipanema. Em 1989, Marília foi convidada a realizar um painel para o Rockefeller Plaza.
Apesar disso, a artista tinha projetos de tornar popular sua arte, a exemplo de Gustavo Rosa, produzindo grandes séries a preços baixos. Marília Kranz foi cremada hoje, no Memorial do Carmo, no Caju, Rio.