Mostra com fotos, livros e filmes de Robert Frank inaugura IMS da Paulista


Pela primeira vez, será exposta no Brasil série completa 'The Americans', clássico da fotografia do século 20; veja imagens

Por Maria Fernanda Rodrigues

O ano de 1955 foi um marco na vida do jovem fotógrafo Robert Frank. Àquela altura, ele já tinha deixado a Suíça, onde nasceu em 1924, já tinha trabalhado em revistas em Nova York, viajado pelas américas Central e do Sul, voltado à Europa e de novo aos Estados Unidos. E então, aos 30, Frank ganhou uma bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation para uma longa viagem pelos Estados Unidos com o objetivo de fazer “um estudo visual de uma civilização”. Fez mais que isso: criou um clássico da fotografia do século 20, The Americans.

No bonde em New Orleans, o retratoda segregação racial Foto: Robert Frank

Sem um roteiro estabelecido e a bordo de um carro comprado para a ocasião, o fotógrafo percorreu o país registrando a vida de ricos e pobres, na cidade e no campo. Foi do chão de fábrica ao banco, do drive-in a Hollywood, foi a parques públicos, festas da alta sociedade, manifestações políticas, enterros e rodeios. O projeto durou dois anos e resultou em 27 mil imagens, das quais Frank selecionou, primeiro, duas mil. De uma última seleção, restaram as 83 fotos que definem os Estados Unidos dos anos 1950, com sua sociedade consumista enfrentando o debate dos direitos civis e outras questões políticas e comportamentais.

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O escritor Jack Kerouac escreve, no prefácio de The Americans, livro que Frank fez com base nesta série e lançou em 1958, que o fotógrafo “registrou cenas jamais vistas em filme fotográfico” e que “sugou um poema triste dos Estados Unidos”, tornando-se um dos “poetas trágicos do mundo”.

Pela primeira vez, essas fotos selecionadas a dedo por Robert Frank e que compõem o livro que também se tornou um marco entre as publicações da área serão expostas em sua totalidade no Brasil. A clássica série foi escolhida pelo Instituto Moreira Salles para inaugurar a sua sede na Avenida Paulista, em agosto. Robert Frank, 92, já disse que vem para a abertura, dia 21, e para o lançamento de sua obra em português.

“Queríamos mostrar um grande momento de um grande fotógrafo e The Americans se impôs”, conta Samuel Titan Jr., coordenador executivo cultural do IMS. “Esse clássico nasce de um desejo de transgressão. Não é o clássico do equilíbrio, da harmonia ou do acabamento. Na hora em que o Frank entra em cena, a grande questão é fazer boa fotografia em movimento. Tirá-la do cânone de equilíbrio, harmonia e composição”, completa. 

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Mas não são apenas as imagens emprestadas pela Maison Européenne de la Photographie, da série impressa nos anos 1980 (há também a dos anos 1950, somando cerca de dez coleções no mundo), que estarão em exibição. A nova mostra Os Livros e Os Filmes também será trazida para celebrar a carreira de 70 anos do artista que, após o sucesso de The Americans, trocou a fotografia pelo cinema experimental – e depois voltou à fotografia.

“Uma vez ele me disse que as pessoas não deviam ser muito respeitosas com suas fotos, que elas foram feitas para todo mundo e não para serem vistas emolduradas. E disse que as pessoas devem olhá-las como olham para um livro”, explica Gerhard Steidl, dono da Steidl, considerada a maior editora de livros de fotografia do mundo e que desde 1988 trabalha com Frank. 

Há sete anos a dupla começou a formatar essa mostra de realização simples e baixo custo. Em tiras de papel-jornal em tamanhos variáveis, acompanhamos uma montagem que apresenta cada um de seus trabalhos.

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“É uma retrospectiva que, usando uma expressão de Frank, dá as costas ao mercado e às instituições que dão as cartas no mundo da arte. É o Frank replicando o gesto iconoclasta que estava lá no começo e chamando para si a sua obra, não deixando que ela se fetichize e ganhe uma incômoda vida própria”, diz Titan.

Robert Frank apresenta série completa de 'The Americans' em São Paulo

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: LISA RINZLER/SSEMBLAGE FILMS LLC
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank

As fotos, os livros, os filmes

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Depois da fotografia, o livro. E só depois a exposição. É assim que Robert Frank trabalha desde o começo, em 1947. Quem for à casa do fotógrafo hoje encontrará pelo menos dois protótipos sobre sua mesa, conta o editor Gerhard Steidl, que está curioso para encontrá-lo em agosto, em Nova Escócia, onde Frank passa o verão. “Vou lá para ver qual será seu próximo livro. Essa época é, para ele, sempre o tempo de criar um trabalho novo”, diz sobre o cliente e amigo que ainda fotografa – nada digital – todos os dias.

Nesses últimos 30 anos, desde que começaram a trabalhar juntos, Frank sempre foi à mítica Göttingen, onde Steidl tem, além da editora e gráfica, uma pequena hospedaria para receber fotógrafos e artistas. “Ele viveu aqui como monge. Acordava às 5h30 e trabalhava conosco até tarde da noite”, conta. 

A última vez em que esteve lá foi há dois anos. Agora, é Steidl que viaja para encontrá-lo em Nova York ou Nova Escócia. E protótipos de livros, bonecos e provas voam dos Estados Unidos para a Alemanha com frequência. Já são 30 obras de Frank no catálogo da Steidl – e The Americans, o maior sucesso, vendeu 1,5 milhão de cópias no mundo, diz o editor. 

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Isso, sem contar que ele digitalizou os 25 filmes da fase cineasta do fotógrafo – entre eles, Pull My Daisy e Me & My Brother. Na mostra que o Instituto Moreira Salles fará com a série integral de The Americans e ainda com a retrospectiva Os Livros e Os Filmes, a maioria deles será exibida em 35 mm e 16 mm. 

Americanos. Para Steidl, o que Robert Frank criou foi totalmente incomum para aqueles dias. “As pessoas tinham a expectativa de ver beleza e não o que estava atrás das cortinas. Além disso, o layout do livro, a sequência sem nenhum texto, sem uma explicação, foi, para a época, muito revolucionário já que o fotolivro, em 1959, era, normalmente, um longo texto com algumas fotografias ilustrativas.” 

Ainda de acordo com o editor, Frank sempre se interessou pela relação entre as pessoas vivendo em certos países. “Ele sempre teve o instinto de descobrir onde se posicionar numa multidão e olhar, através de sua câmera, para a alma das pessoas, de um país, de uma nação.”

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Brasileiros. Com menos destaque, serão expostas algumas poucas fotos que Frank fez numa rápida passagem por Manaus, por volta de 1948 – viagem descoberta agora pelos organizadores e nunca registrada em seus trabalhos impressos. 

Um espaço aberto para a Avenida Paulista Avenida Paulista, 2.424. Quem passa por ali hoje vê as obras da construção da nova sede do Instituto Moreira Salles a mil. Tudo deve ficar pronto em menos de dois meses, quando o prédio de sete andares, todos com pé direito duplo, vai abrir suas portas ao público e uma variada programação cultural, quase toda gratuita, vai movimentar ainda mais a região. Do térreo, uma praça aberta para a avenida onde estará o restaurante Balaio, o visitante é levado por uma escada rolante até o quinto andar. 

Na subida, a vista para a volumosa biblioteca de livros de fotografia. Neste andar, ele encontra outra praça, com um café e a Livraria da Travessa. E dali ele decide se segue para cima, para as exposições e sala de consulta online do acervo, ou para baixo, onde estarão o cineteatro, a biblioteca e salas de cursos. Para a abertura, estão programadas, além da mostra dedicada a Robert Frank, outra de fotografia brasileira contemporânea e The Clocks, de Christian Marclay. Nos planos, mostras de artistas estrangeiros e brasileiros do acervo do IMS ou não. 

O ano de 1955 foi um marco na vida do jovem fotógrafo Robert Frank. Àquela altura, ele já tinha deixado a Suíça, onde nasceu em 1924, já tinha trabalhado em revistas em Nova York, viajado pelas américas Central e do Sul, voltado à Europa e de novo aos Estados Unidos. E então, aos 30, Frank ganhou uma bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation para uma longa viagem pelos Estados Unidos com o objetivo de fazer “um estudo visual de uma civilização”. Fez mais que isso: criou um clássico da fotografia do século 20, The Americans.

No bonde em New Orleans, o retratoda segregação racial Foto: Robert Frank

Sem um roteiro estabelecido e a bordo de um carro comprado para a ocasião, o fotógrafo percorreu o país registrando a vida de ricos e pobres, na cidade e no campo. Foi do chão de fábrica ao banco, do drive-in a Hollywood, foi a parques públicos, festas da alta sociedade, manifestações políticas, enterros e rodeios. O projeto durou dois anos e resultou em 27 mil imagens, das quais Frank selecionou, primeiro, duas mil. De uma última seleção, restaram as 83 fotos que definem os Estados Unidos dos anos 1950, com sua sociedade consumista enfrentando o debate dos direitos civis e outras questões políticas e comportamentais.

O escritor Jack Kerouac escreve, no prefácio de The Americans, livro que Frank fez com base nesta série e lançou em 1958, que o fotógrafo “registrou cenas jamais vistas em filme fotográfico” e que “sugou um poema triste dos Estados Unidos”, tornando-se um dos “poetas trágicos do mundo”.

Pela primeira vez, essas fotos selecionadas a dedo por Robert Frank e que compõem o livro que também se tornou um marco entre as publicações da área serão expostas em sua totalidade no Brasil. A clássica série foi escolhida pelo Instituto Moreira Salles para inaugurar a sua sede na Avenida Paulista, em agosto. Robert Frank, 92, já disse que vem para a abertura, dia 21, e para o lançamento de sua obra em português.

“Queríamos mostrar um grande momento de um grande fotógrafo e The Americans se impôs”, conta Samuel Titan Jr., coordenador executivo cultural do IMS. “Esse clássico nasce de um desejo de transgressão. Não é o clássico do equilíbrio, da harmonia ou do acabamento. Na hora em que o Frank entra em cena, a grande questão é fazer boa fotografia em movimento. Tirá-la do cânone de equilíbrio, harmonia e composição”, completa. 

Mas não são apenas as imagens emprestadas pela Maison Européenne de la Photographie, da série impressa nos anos 1980 (há também a dos anos 1950, somando cerca de dez coleções no mundo), que estarão em exibição. A nova mostra Os Livros e Os Filmes também será trazida para celebrar a carreira de 70 anos do artista que, após o sucesso de The Americans, trocou a fotografia pelo cinema experimental – e depois voltou à fotografia.

“Uma vez ele me disse que as pessoas não deviam ser muito respeitosas com suas fotos, que elas foram feitas para todo mundo e não para serem vistas emolduradas. E disse que as pessoas devem olhá-las como olham para um livro”, explica Gerhard Steidl, dono da Steidl, considerada a maior editora de livros de fotografia do mundo e que desde 1988 trabalha com Frank. 

Há sete anos a dupla começou a formatar essa mostra de realização simples e baixo custo. Em tiras de papel-jornal em tamanhos variáveis, acompanhamos uma montagem que apresenta cada um de seus trabalhos.

“É uma retrospectiva que, usando uma expressão de Frank, dá as costas ao mercado e às instituições que dão as cartas no mundo da arte. É o Frank replicando o gesto iconoclasta que estava lá no começo e chamando para si a sua obra, não deixando que ela se fetichize e ganhe uma incômoda vida própria”, diz Titan.

Robert Frank apresenta série completa de 'The Americans' em São Paulo

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: LISA RINZLER/SSEMBLAGE FILMS LLC
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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank

As fotos, os livros, os filmes

Depois da fotografia, o livro. E só depois a exposição. É assim que Robert Frank trabalha desde o começo, em 1947. Quem for à casa do fotógrafo hoje encontrará pelo menos dois protótipos sobre sua mesa, conta o editor Gerhard Steidl, que está curioso para encontrá-lo em agosto, em Nova Escócia, onde Frank passa o verão. “Vou lá para ver qual será seu próximo livro. Essa época é, para ele, sempre o tempo de criar um trabalho novo”, diz sobre o cliente e amigo que ainda fotografa – nada digital – todos os dias.

Nesses últimos 30 anos, desde que começaram a trabalhar juntos, Frank sempre foi à mítica Göttingen, onde Steidl tem, além da editora e gráfica, uma pequena hospedaria para receber fotógrafos e artistas. “Ele viveu aqui como monge. Acordava às 5h30 e trabalhava conosco até tarde da noite”, conta. 

A última vez em que esteve lá foi há dois anos. Agora, é Steidl que viaja para encontrá-lo em Nova York ou Nova Escócia. E protótipos de livros, bonecos e provas voam dos Estados Unidos para a Alemanha com frequência. Já são 30 obras de Frank no catálogo da Steidl – e The Americans, o maior sucesso, vendeu 1,5 milhão de cópias no mundo, diz o editor. 

Isso, sem contar que ele digitalizou os 25 filmes da fase cineasta do fotógrafo – entre eles, Pull My Daisy e Me & My Brother. Na mostra que o Instituto Moreira Salles fará com a série integral de The Americans e ainda com a retrospectiva Os Livros e Os Filmes, a maioria deles será exibida em 35 mm e 16 mm. 

Americanos. Para Steidl, o que Robert Frank criou foi totalmente incomum para aqueles dias. “As pessoas tinham a expectativa de ver beleza e não o que estava atrás das cortinas. Além disso, o layout do livro, a sequência sem nenhum texto, sem uma explicação, foi, para a época, muito revolucionário já que o fotolivro, em 1959, era, normalmente, um longo texto com algumas fotografias ilustrativas.” 

Ainda de acordo com o editor, Frank sempre se interessou pela relação entre as pessoas vivendo em certos países. “Ele sempre teve o instinto de descobrir onde se posicionar numa multidão e olhar, através de sua câmera, para a alma das pessoas, de um país, de uma nação.”

Brasileiros. Com menos destaque, serão expostas algumas poucas fotos que Frank fez numa rápida passagem por Manaus, por volta de 1948 – viagem descoberta agora pelos organizadores e nunca registrada em seus trabalhos impressos. 

Um espaço aberto para a Avenida Paulista Avenida Paulista, 2.424. Quem passa por ali hoje vê as obras da construção da nova sede do Instituto Moreira Salles a mil. Tudo deve ficar pronto em menos de dois meses, quando o prédio de sete andares, todos com pé direito duplo, vai abrir suas portas ao público e uma variada programação cultural, quase toda gratuita, vai movimentar ainda mais a região. Do térreo, uma praça aberta para a avenida onde estará o restaurante Balaio, o visitante é levado por uma escada rolante até o quinto andar. 

Na subida, a vista para a volumosa biblioteca de livros de fotografia. Neste andar, ele encontra outra praça, com um café e a Livraria da Travessa. E dali ele decide se segue para cima, para as exposições e sala de consulta online do acervo, ou para baixo, onde estarão o cineteatro, a biblioteca e salas de cursos. Para a abertura, estão programadas, além da mostra dedicada a Robert Frank, outra de fotografia brasileira contemporânea e The Clocks, de Christian Marclay. Nos planos, mostras de artistas estrangeiros e brasileiros do acervo do IMS ou não. 

O ano de 1955 foi um marco na vida do jovem fotógrafo Robert Frank. Àquela altura, ele já tinha deixado a Suíça, onde nasceu em 1924, já tinha trabalhado em revistas em Nova York, viajado pelas américas Central e do Sul, voltado à Europa e de novo aos Estados Unidos. E então, aos 30, Frank ganhou uma bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation para uma longa viagem pelos Estados Unidos com o objetivo de fazer “um estudo visual de uma civilização”. Fez mais que isso: criou um clássico da fotografia do século 20, The Americans.

No bonde em New Orleans, o retratoda segregação racial Foto: Robert Frank

Sem um roteiro estabelecido e a bordo de um carro comprado para a ocasião, o fotógrafo percorreu o país registrando a vida de ricos e pobres, na cidade e no campo. Foi do chão de fábrica ao banco, do drive-in a Hollywood, foi a parques públicos, festas da alta sociedade, manifestações políticas, enterros e rodeios. O projeto durou dois anos e resultou em 27 mil imagens, das quais Frank selecionou, primeiro, duas mil. De uma última seleção, restaram as 83 fotos que definem os Estados Unidos dos anos 1950, com sua sociedade consumista enfrentando o debate dos direitos civis e outras questões políticas e comportamentais.

O escritor Jack Kerouac escreve, no prefácio de The Americans, livro que Frank fez com base nesta série e lançou em 1958, que o fotógrafo “registrou cenas jamais vistas em filme fotográfico” e que “sugou um poema triste dos Estados Unidos”, tornando-se um dos “poetas trágicos do mundo”.

Pela primeira vez, essas fotos selecionadas a dedo por Robert Frank e que compõem o livro que também se tornou um marco entre as publicações da área serão expostas em sua totalidade no Brasil. A clássica série foi escolhida pelo Instituto Moreira Salles para inaugurar a sua sede na Avenida Paulista, em agosto. Robert Frank, 92, já disse que vem para a abertura, dia 21, e para o lançamento de sua obra em português.

“Queríamos mostrar um grande momento de um grande fotógrafo e The Americans se impôs”, conta Samuel Titan Jr., coordenador executivo cultural do IMS. “Esse clássico nasce de um desejo de transgressão. Não é o clássico do equilíbrio, da harmonia ou do acabamento. Na hora em que o Frank entra em cena, a grande questão é fazer boa fotografia em movimento. Tirá-la do cânone de equilíbrio, harmonia e composição”, completa. 

Mas não são apenas as imagens emprestadas pela Maison Européenne de la Photographie, da série impressa nos anos 1980 (há também a dos anos 1950, somando cerca de dez coleções no mundo), que estarão em exibição. A nova mostra Os Livros e Os Filmes também será trazida para celebrar a carreira de 70 anos do artista que, após o sucesso de The Americans, trocou a fotografia pelo cinema experimental – e depois voltou à fotografia.

“Uma vez ele me disse que as pessoas não deviam ser muito respeitosas com suas fotos, que elas foram feitas para todo mundo e não para serem vistas emolduradas. E disse que as pessoas devem olhá-las como olham para um livro”, explica Gerhard Steidl, dono da Steidl, considerada a maior editora de livros de fotografia do mundo e que desde 1988 trabalha com Frank. 

Há sete anos a dupla começou a formatar essa mostra de realização simples e baixo custo. Em tiras de papel-jornal em tamanhos variáveis, acompanhamos uma montagem que apresenta cada um de seus trabalhos.

“É uma retrospectiva que, usando uma expressão de Frank, dá as costas ao mercado e às instituições que dão as cartas no mundo da arte. É o Frank replicando o gesto iconoclasta que estava lá no começo e chamando para si a sua obra, não deixando que ela se fetichize e ganhe uma incômoda vida própria”, diz Titan.

Robert Frank apresenta série completa de 'The Americans' em São Paulo

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: LISA RINZLER/SSEMBLAGE FILMS LLC
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank

As fotos, os livros, os filmes

Depois da fotografia, o livro. E só depois a exposição. É assim que Robert Frank trabalha desde o começo, em 1947. Quem for à casa do fotógrafo hoje encontrará pelo menos dois protótipos sobre sua mesa, conta o editor Gerhard Steidl, que está curioso para encontrá-lo em agosto, em Nova Escócia, onde Frank passa o verão. “Vou lá para ver qual será seu próximo livro. Essa época é, para ele, sempre o tempo de criar um trabalho novo”, diz sobre o cliente e amigo que ainda fotografa – nada digital – todos os dias.

Nesses últimos 30 anos, desde que começaram a trabalhar juntos, Frank sempre foi à mítica Göttingen, onde Steidl tem, além da editora e gráfica, uma pequena hospedaria para receber fotógrafos e artistas. “Ele viveu aqui como monge. Acordava às 5h30 e trabalhava conosco até tarde da noite”, conta. 

A última vez em que esteve lá foi há dois anos. Agora, é Steidl que viaja para encontrá-lo em Nova York ou Nova Escócia. E protótipos de livros, bonecos e provas voam dos Estados Unidos para a Alemanha com frequência. Já são 30 obras de Frank no catálogo da Steidl – e The Americans, o maior sucesso, vendeu 1,5 milhão de cópias no mundo, diz o editor. 

Isso, sem contar que ele digitalizou os 25 filmes da fase cineasta do fotógrafo – entre eles, Pull My Daisy e Me & My Brother. Na mostra que o Instituto Moreira Salles fará com a série integral de The Americans e ainda com a retrospectiva Os Livros e Os Filmes, a maioria deles será exibida em 35 mm e 16 mm. 

Americanos. Para Steidl, o que Robert Frank criou foi totalmente incomum para aqueles dias. “As pessoas tinham a expectativa de ver beleza e não o que estava atrás das cortinas. Além disso, o layout do livro, a sequência sem nenhum texto, sem uma explicação, foi, para a época, muito revolucionário já que o fotolivro, em 1959, era, normalmente, um longo texto com algumas fotografias ilustrativas.” 

Ainda de acordo com o editor, Frank sempre se interessou pela relação entre as pessoas vivendo em certos países. “Ele sempre teve o instinto de descobrir onde se posicionar numa multidão e olhar, através de sua câmera, para a alma das pessoas, de um país, de uma nação.”

Brasileiros. Com menos destaque, serão expostas algumas poucas fotos que Frank fez numa rápida passagem por Manaus, por volta de 1948 – viagem descoberta agora pelos organizadores e nunca registrada em seus trabalhos impressos. 

Um espaço aberto para a Avenida Paulista Avenida Paulista, 2.424. Quem passa por ali hoje vê as obras da construção da nova sede do Instituto Moreira Salles a mil. Tudo deve ficar pronto em menos de dois meses, quando o prédio de sete andares, todos com pé direito duplo, vai abrir suas portas ao público e uma variada programação cultural, quase toda gratuita, vai movimentar ainda mais a região. Do térreo, uma praça aberta para a avenida onde estará o restaurante Balaio, o visitante é levado por uma escada rolante até o quinto andar. 

Na subida, a vista para a volumosa biblioteca de livros de fotografia. Neste andar, ele encontra outra praça, com um café e a Livraria da Travessa. E dali ele decide se segue para cima, para as exposições e sala de consulta online do acervo, ou para baixo, onde estarão o cineteatro, a biblioteca e salas de cursos. Para a abertura, estão programadas, além da mostra dedicada a Robert Frank, outra de fotografia brasileira contemporânea e The Clocks, de Christian Marclay. Nos planos, mostras de artistas estrangeiros e brasileiros do acervo do IMS ou não. 

O ano de 1955 foi um marco na vida do jovem fotógrafo Robert Frank. Àquela altura, ele já tinha deixado a Suíça, onde nasceu em 1924, já tinha trabalhado em revistas em Nova York, viajado pelas américas Central e do Sul, voltado à Europa e de novo aos Estados Unidos. E então, aos 30, Frank ganhou uma bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation para uma longa viagem pelos Estados Unidos com o objetivo de fazer “um estudo visual de uma civilização”. Fez mais que isso: criou um clássico da fotografia do século 20, The Americans.

No bonde em New Orleans, o retratoda segregação racial Foto: Robert Frank

Sem um roteiro estabelecido e a bordo de um carro comprado para a ocasião, o fotógrafo percorreu o país registrando a vida de ricos e pobres, na cidade e no campo. Foi do chão de fábrica ao banco, do drive-in a Hollywood, foi a parques públicos, festas da alta sociedade, manifestações políticas, enterros e rodeios. O projeto durou dois anos e resultou em 27 mil imagens, das quais Frank selecionou, primeiro, duas mil. De uma última seleção, restaram as 83 fotos que definem os Estados Unidos dos anos 1950, com sua sociedade consumista enfrentando o debate dos direitos civis e outras questões políticas e comportamentais.

O escritor Jack Kerouac escreve, no prefácio de The Americans, livro que Frank fez com base nesta série e lançou em 1958, que o fotógrafo “registrou cenas jamais vistas em filme fotográfico” e que “sugou um poema triste dos Estados Unidos”, tornando-se um dos “poetas trágicos do mundo”.

Pela primeira vez, essas fotos selecionadas a dedo por Robert Frank e que compõem o livro que também se tornou um marco entre as publicações da área serão expostas em sua totalidade no Brasil. A clássica série foi escolhida pelo Instituto Moreira Salles para inaugurar a sua sede na Avenida Paulista, em agosto. Robert Frank, 92, já disse que vem para a abertura, dia 21, e para o lançamento de sua obra em português.

“Queríamos mostrar um grande momento de um grande fotógrafo e The Americans se impôs”, conta Samuel Titan Jr., coordenador executivo cultural do IMS. “Esse clássico nasce de um desejo de transgressão. Não é o clássico do equilíbrio, da harmonia ou do acabamento. Na hora em que o Frank entra em cena, a grande questão é fazer boa fotografia em movimento. Tirá-la do cânone de equilíbrio, harmonia e composição”, completa. 

Mas não são apenas as imagens emprestadas pela Maison Européenne de la Photographie, da série impressa nos anos 1980 (há também a dos anos 1950, somando cerca de dez coleções no mundo), que estarão em exibição. A nova mostra Os Livros e Os Filmes também será trazida para celebrar a carreira de 70 anos do artista que, após o sucesso de The Americans, trocou a fotografia pelo cinema experimental – e depois voltou à fotografia.

“Uma vez ele me disse que as pessoas não deviam ser muito respeitosas com suas fotos, que elas foram feitas para todo mundo e não para serem vistas emolduradas. E disse que as pessoas devem olhá-las como olham para um livro”, explica Gerhard Steidl, dono da Steidl, considerada a maior editora de livros de fotografia do mundo e que desde 1988 trabalha com Frank. 

Há sete anos a dupla começou a formatar essa mostra de realização simples e baixo custo. Em tiras de papel-jornal em tamanhos variáveis, acompanhamos uma montagem que apresenta cada um de seus trabalhos.

“É uma retrospectiva que, usando uma expressão de Frank, dá as costas ao mercado e às instituições que dão as cartas no mundo da arte. É o Frank replicando o gesto iconoclasta que estava lá no começo e chamando para si a sua obra, não deixando que ela se fetichize e ganhe uma incômoda vida própria”, diz Titan.

Robert Frank apresenta série completa de 'The Americans' em São Paulo

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Robert Frank no IMS

Foto: LISA RINZLER/SSEMBLAGE FILMS LLC
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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank

As fotos, os livros, os filmes

Depois da fotografia, o livro. E só depois a exposição. É assim que Robert Frank trabalha desde o começo, em 1947. Quem for à casa do fotógrafo hoje encontrará pelo menos dois protótipos sobre sua mesa, conta o editor Gerhard Steidl, que está curioso para encontrá-lo em agosto, em Nova Escócia, onde Frank passa o verão. “Vou lá para ver qual será seu próximo livro. Essa época é, para ele, sempre o tempo de criar um trabalho novo”, diz sobre o cliente e amigo que ainda fotografa – nada digital – todos os dias.

Nesses últimos 30 anos, desde que começaram a trabalhar juntos, Frank sempre foi à mítica Göttingen, onde Steidl tem, além da editora e gráfica, uma pequena hospedaria para receber fotógrafos e artistas. “Ele viveu aqui como monge. Acordava às 5h30 e trabalhava conosco até tarde da noite”, conta. 

A última vez em que esteve lá foi há dois anos. Agora, é Steidl que viaja para encontrá-lo em Nova York ou Nova Escócia. E protótipos de livros, bonecos e provas voam dos Estados Unidos para a Alemanha com frequência. Já são 30 obras de Frank no catálogo da Steidl – e The Americans, o maior sucesso, vendeu 1,5 milhão de cópias no mundo, diz o editor. 

Isso, sem contar que ele digitalizou os 25 filmes da fase cineasta do fotógrafo – entre eles, Pull My Daisy e Me & My Brother. Na mostra que o Instituto Moreira Salles fará com a série integral de The Americans e ainda com a retrospectiva Os Livros e Os Filmes, a maioria deles será exibida em 35 mm e 16 mm. 

Americanos. Para Steidl, o que Robert Frank criou foi totalmente incomum para aqueles dias. “As pessoas tinham a expectativa de ver beleza e não o que estava atrás das cortinas. Além disso, o layout do livro, a sequência sem nenhum texto, sem uma explicação, foi, para a época, muito revolucionário já que o fotolivro, em 1959, era, normalmente, um longo texto com algumas fotografias ilustrativas.” 

Ainda de acordo com o editor, Frank sempre se interessou pela relação entre as pessoas vivendo em certos países. “Ele sempre teve o instinto de descobrir onde se posicionar numa multidão e olhar, através de sua câmera, para a alma das pessoas, de um país, de uma nação.”

Brasileiros. Com menos destaque, serão expostas algumas poucas fotos que Frank fez numa rápida passagem por Manaus, por volta de 1948 – viagem descoberta agora pelos organizadores e nunca registrada em seus trabalhos impressos. 

Um espaço aberto para a Avenida Paulista Avenida Paulista, 2.424. Quem passa por ali hoje vê as obras da construção da nova sede do Instituto Moreira Salles a mil. Tudo deve ficar pronto em menos de dois meses, quando o prédio de sete andares, todos com pé direito duplo, vai abrir suas portas ao público e uma variada programação cultural, quase toda gratuita, vai movimentar ainda mais a região. Do térreo, uma praça aberta para a avenida onde estará o restaurante Balaio, o visitante é levado por uma escada rolante até o quinto andar. 

Na subida, a vista para a volumosa biblioteca de livros de fotografia. Neste andar, ele encontra outra praça, com um café e a Livraria da Travessa. E dali ele decide se segue para cima, para as exposições e sala de consulta online do acervo, ou para baixo, onde estarão o cineteatro, a biblioteca e salas de cursos. Para a abertura, estão programadas, além da mostra dedicada a Robert Frank, outra de fotografia brasileira contemporânea e The Clocks, de Christian Marclay. Nos planos, mostras de artistas estrangeiros e brasileiros do acervo do IMS ou não. 

O ano de 1955 foi um marco na vida do jovem fotógrafo Robert Frank. Àquela altura, ele já tinha deixado a Suíça, onde nasceu em 1924, já tinha trabalhado em revistas em Nova York, viajado pelas américas Central e do Sul, voltado à Europa e de novo aos Estados Unidos. E então, aos 30, Frank ganhou uma bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation para uma longa viagem pelos Estados Unidos com o objetivo de fazer “um estudo visual de uma civilização”. Fez mais que isso: criou um clássico da fotografia do século 20, The Americans.

No bonde em New Orleans, o retratoda segregação racial Foto: Robert Frank

Sem um roteiro estabelecido e a bordo de um carro comprado para a ocasião, o fotógrafo percorreu o país registrando a vida de ricos e pobres, na cidade e no campo. Foi do chão de fábrica ao banco, do drive-in a Hollywood, foi a parques públicos, festas da alta sociedade, manifestações políticas, enterros e rodeios. O projeto durou dois anos e resultou em 27 mil imagens, das quais Frank selecionou, primeiro, duas mil. De uma última seleção, restaram as 83 fotos que definem os Estados Unidos dos anos 1950, com sua sociedade consumista enfrentando o debate dos direitos civis e outras questões políticas e comportamentais.

O escritor Jack Kerouac escreve, no prefácio de The Americans, livro que Frank fez com base nesta série e lançou em 1958, que o fotógrafo “registrou cenas jamais vistas em filme fotográfico” e que “sugou um poema triste dos Estados Unidos”, tornando-se um dos “poetas trágicos do mundo”.

Pela primeira vez, essas fotos selecionadas a dedo por Robert Frank e que compõem o livro que também se tornou um marco entre as publicações da área serão expostas em sua totalidade no Brasil. A clássica série foi escolhida pelo Instituto Moreira Salles para inaugurar a sua sede na Avenida Paulista, em agosto. Robert Frank, 92, já disse que vem para a abertura, dia 21, e para o lançamento de sua obra em português.

“Queríamos mostrar um grande momento de um grande fotógrafo e The Americans se impôs”, conta Samuel Titan Jr., coordenador executivo cultural do IMS. “Esse clássico nasce de um desejo de transgressão. Não é o clássico do equilíbrio, da harmonia ou do acabamento. Na hora em que o Frank entra em cena, a grande questão é fazer boa fotografia em movimento. Tirá-la do cânone de equilíbrio, harmonia e composição”, completa. 

Mas não são apenas as imagens emprestadas pela Maison Européenne de la Photographie, da série impressa nos anos 1980 (há também a dos anos 1950, somando cerca de dez coleções no mundo), que estarão em exibição. A nova mostra Os Livros e Os Filmes também será trazida para celebrar a carreira de 70 anos do artista que, após o sucesso de The Americans, trocou a fotografia pelo cinema experimental – e depois voltou à fotografia.

“Uma vez ele me disse que as pessoas não deviam ser muito respeitosas com suas fotos, que elas foram feitas para todo mundo e não para serem vistas emolduradas. E disse que as pessoas devem olhá-las como olham para um livro”, explica Gerhard Steidl, dono da Steidl, considerada a maior editora de livros de fotografia do mundo e que desde 1988 trabalha com Frank. 

Há sete anos a dupla começou a formatar essa mostra de realização simples e baixo custo. Em tiras de papel-jornal em tamanhos variáveis, acompanhamos uma montagem que apresenta cada um de seus trabalhos.

“É uma retrospectiva que, usando uma expressão de Frank, dá as costas ao mercado e às instituições que dão as cartas no mundo da arte. É o Frank replicando o gesto iconoclasta que estava lá no começo e chamando para si a sua obra, não deixando que ela se fetichize e ganhe uma incômoda vida própria”, diz Titan.

Robert Frank apresenta série completa de 'The Americans' em São Paulo

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Robert Frank no IMS

Foto: Robert Frank
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Foto: LISA RINZLER/SSEMBLAGE FILMS LLC
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Foto: Robert Frank

As fotos, os livros, os filmes

Depois da fotografia, o livro. E só depois a exposição. É assim que Robert Frank trabalha desde o começo, em 1947. Quem for à casa do fotógrafo hoje encontrará pelo menos dois protótipos sobre sua mesa, conta o editor Gerhard Steidl, que está curioso para encontrá-lo em agosto, em Nova Escócia, onde Frank passa o verão. “Vou lá para ver qual será seu próximo livro. Essa época é, para ele, sempre o tempo de criar um trabalho novo”, diz sobre o cliente e amigo que ainda fotografa – nada digital – todos os dias.

Nesses últimos 30 anos, desde que começaram a trabalhar juntos, Frank sempre foi à mítica Göttingen, onde Steidl tem, além da editora e gráfica, uma pequena hospedaria para receber fotógrafos e artistas. “Ele viveu aqui como monge. Acordava às 5h30 e trabalhava conosco até tarde da noite”, conta. 

A última vez em que esteve lá foi há dois anos. Agora, é Steidl que viaja para encontrá-lo em Nova York ou Nova Escócia. E protótipos de livros, bonecos e provas voam dos Estados Unidos para a Alemanha com frequência. Já são 30 obras de Frank no catálogo da Steidl – e The Americans, o maior sucesso, vendeu 1,5 milhão de cópias no mundo, diz o editor. 

Isso, sem contar que ele digitalizou os 25 filmes da fase cineasta do fotógrafo – entre eles, Pull My Daisy e Me & My Brother. Na mostra que o Instituto Moreira Salles fará com a série integral de The Americans e ainda com a retrospectiva Os Livros e Os Filmes, a maioria deles será exibida em 35 mm e 16 mm. 

Americanos. Para Steidl, o que Robert Frank criou foi totalmente incomum para aqueles dias. “As pessoas tinham a expectativa de ver beleza e não o que estava atrás das cortinas. Além disso, o layout do livro, a sequência sem nenhum texto, sem uma explicação, foi, para a época, muito revolucionário já que o fotolivro, em 1959, era, normalmente, um longo texto com algumas fotografias ilustrativas.” 

Ainda de acordo com o editor, Frank sempre se interessou pela relação entre as pessoas vivendo em certos países. “Ele sempre teve o instinto de descobrir onde se posicionar numa multidão e olhar, através de sua câmera, para a alma das pessoas, de um país, de uma nação.”

Brasileiros. Com menos destaque, serão expostas algumas poucas fotos que Frank fez numa rápida passagem por Manaus, por volta de 1948 – viagem descoberta agora pelos organizadores e nunca registrada em seus trabalhos impressos. 

Um espaço aberto para a Avenida Paulista Avenida Paulista, 2.424. Quem passa por ali hoje vê as obras da construção da nova sede do Instituto Moreira Salles a mil. Tudo deve ficar pronto em menos de dois meses, quando o prédio de sete andares, todos com pé direito duplo, vai abrir suas portas ao público e uma variada programação cultural, quase toda gratuita, vai movimentar ainda mais a região. Do térreo, uma praça aberta para a avenida onde estará o restaurante Balaio, o visitante é levado por uma escada rolante até o quinto andar. 

Na subida, a vista para a volumosa biblioteca de livros de fotografia. Neste andar, ele encontra outra praça, com um café e a Livraria da Travessa. E dali ele decide se segue para cima, para as exposições e sala de consulta online do acervo, ou para baixo, onde estarão o cineteatro, a biblioteca e salas de cursos. Para a abertura, estão programadas, além da mostra dedicada a Robert Frank, outra de fotografia brasileira contemporânea e The Clocks, de Christian Marclay. Nos planos, mostras de artistas estrangeiros e brasileiros do acervo do IMS ou não. 

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