Mostras no Rio revisitam exposição de 1965, considerada tão marcante quanto a Semana de 1922


Exposições relembram a Opinião 65, que teve em Hélio Oiticica um de seus expoentes

Por Roberta Pennafort

RIO - Em 12 de agosto de 1965, Hélio Oiticica (1937-1980) estabeleceu um marco na história da arte brasileira ao chegar ao Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio com passistas da Mangueira, a tradicional escola de samba carioca, que evoluíam com seus parangolés. Rechaçado pelos funcionários do museu, o artista então decidiu desfilar do lado de fora, numa performance ainda mais poderosa daquela que imaginara. 

Era a exposição Opinião 65, e Oiticica não estava sozinho: com ele, outros 29 artistas, brasileiros e estrangeiros, como Carlos Vergara, Antonio Dias, Rubens Gerchman e Antonio Berni, convocados pela dupla de marchands Jean Boghici e Ceres Franco. 

"O vencedor", de Antonio Dias, que fez parte de "Opinião 65" e que agora está exposta na Pinakotheke Cultural FOTO: Jaime Acioli Foto: "O vencedor", de Antonio Dias, que fez parte de "Opinião 65" e que agora está exposta na Pinakotheke Cultural FOTO: Jaime Acioli
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“Foi o início de tudo o que existe hoje no mercado de arte brasileiro, uma mudança radical”, avalia Roberto Magalhães, um dos poucos ainda vivos, no vídeo feito para a exposição Opinião 65: 50 anos depois, que será aberta nesta quinta, 17, na Pinakotheke Cultural, no Rio. “Era uma época em que os artistas deveriam ficar calados. O marco foi por reunir os jovens que assumiam a nova figuração, em oposição à abstração. A carreira deles despontou depois dali”, aponta o curador Max Perlingeiro, que vasculhou coleções particulares e de museus. Para ele, 1965 é um símbolo tanto quanto 1922 (Semana de Arte Moderna) e 1931 (Salão Revolucionário, que também apresentou a produção modernista). 

O título veio do musical Opinião, com Nara Leão e, depois, a revelação Maria Bethânia. Com a maioria em torno dos 20 anos, o grupo queria falar do que via. “Minha opinião é que uma arte de contemplação é mais que alienação, é compactuar com um estado de coisas absurdo”, afirmou, naquele ano, Vergara. “Digo que me recuso a sucumbir. Sendo muito claro, a luta me interessa como posição de vida” – assim colocou-se Antonio Dias. Mesmo com o forte conteúdo político, a mostra não sofreu censura.

O próprio MAM abre sábado exposição paralela com o mesmo tema, mas outro recorte. Na Pinakotheke, estarão 17 obras originais, além de trabalhos anteriores dos artistas envolvidos. O Parangolé Bandeira de Oiticica tem centralidade, assim como outras em que é clara a intenção de se contestar o status quo – o golpe militar tinha ocorrido um ano antes –, como O General, de Vergara, e O Vencedor, de Antonio Dias. No MAM, estão fotos históricas, documentos, três originais e peças de seu acervo que conversam com os trabalhos expostos há 50 anos. 

RIO - Em 12 de agosto de 1965, Hélio Oiticica (1937-1980) estabeleceu um marco na história da arte brasileira ao chegar ao Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio com passistas da Mangueira, a tradicional escola de samba carioca, que evoluíam com seus parangolés. Rechaçado pelos funcionários do museu, o artista então decidiu desfilar do lado de fora, numa performance ainda mais poderosa daquela que imaginara. 

Era a exposição Opinião 65, e Oiticica não estava sozinho: com ele, outros 29 artistas, brasileiros e estrangeiros, como Carlos Vergara, Antonio Dias, Rubens Gerchman e Antonio Berni, convocados pela dupla de marchands Jean Boghici e Ceres Franco. 

"O vencedor", de Antonio Dias, que fez parte de "Opinião 65" e que agora está exposta na Pinakotheke Cultural FOTO: Jaime Acioli Foto: "O vencedor", de Antonio Dias, que fez parte de "Opinião 65" e que agora está exposta na Pinakotheke Cultural FOTO: Jaime Acioli

“Foi o início de tudo o que existe hoje no mercado de arte brasileiro, uma mudança radical”, avalia Roberto Magalhães, um dos poucos ainda vivos, no vídeo feito para a exposição Opinião 65: 50 anos depois, que será aberta nesta quinta, 17, na Pinakotheke Cultural, no Rio. “Era uma época em que os artistas deveriam ficar calados. O marco foi por reunir os jovens que assumiam a nova figuração, em oposição à abstração. A carreira deles despontou depois dali”, aponta o curador Max Perlingeiro, que vasculhou coleções particulares e de museus. Para ele, 1965 é um símbolo tanto quanto 1922 (Semana de Arte Moderna) e 1931 (Salão Revolucionário, que também apresentou a produção modernista). 

O título veio do musical Opinião, com Nara Leão e, depois, a revelação Maria Bethânia. Com a maioria em torno dos 20 anos, o grupo queria falar do que via. “Minha opinião é que uma arte de contemplação é mais que alienação, é compactuar com um estado de coisas absurdo”, afirmou, naquele ano, Vergara. “Digo que me recuso a sucumbir. Sendo muito claro, a luta me interessa como posição de vida” – assim colocou-se Antonio Dias. Mesmo com o forte conteúdo político, a mostra não sofreu censura.

O próprio MAM abre sábado exposição paralela com o mesmo tema, mas outro recorte. Na Pinakotheke, estarão 17 obras originais, além de trabalhos anteriores dos artistas envolvidos. O Parangolé Bandeira de Oiticica tem centralidade, assim como outras em que é clara a intenção de se contestar o status quo – o golpe militar tinha ocorrido um ano antes –, como O General, de Vergara, e O Vencedor, de Antonio Dias. No MAM, estão fotos históricas, documentos, três originais e peças de seu acervo que conversam com os trabalhos expostos há 50 anos. 

RIO - Em 12 de agosto de 1965, Hélio Oiticica (1937-1980) estabeleceu um marco na história da arte brasileira ao chegar ao Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio com passistas da Mangueira, a tradicional escola de samba carioca, que evoluíam com seus parangolés. Rechaçado pelos funcionários do museu, o artista então decidiu desfilar do lado de fora, numa performance ainda mais poderosa daquela que imaginara. 

Era a exposição Opinião 65, e Oiticica não estava sozinho: com ele, outros 29 artistas, brasileiros e estrangeiros, como Carlos Vergara, Antonio Dias, Rubens Gerchman e Antonio Berni, convocados pela dupla de marchands Jean Boghici e Ceres Franco. 

"O vencedor", de Antonio Dias, que fez parte de "Opinião 65" e que agora está exposta na Pinakotheke Cultural FOTO: Jaime Acioli Foto: "O vencedor", de Antonio Dias, que fez parte de "Opinião 65" e que agora está exposta na Pinakotheke Cultural FOTO: Jaime Acioli

“Foi o início de tudo o que existe hoje no mercado de arte brasileiro, uma mudança radical”, avalia Roberto Magalhães, um dos poucos ainda vivos, no vídeo feito para a exposição Opinião 65: 50 anos depois, que será aberta nesta quinta, 17, na Pinakotheke Cultural, no Rio. “Era uma época em que os artistas deveriam ficar calados. O marco foi por reunir os jovens que assumiam a nova figuração, em oposição à abstração. A carreira deles despontou depois dali”, aponta o curador Max Perlingeiro, que vasculhou coleções particulares e de museus. Para ele, 1965 é um símbolo tanto quanto 1922 (Semana de Arte Moderna) e 1931 (Salão Revolucionário, que também apresentou a produção modernista). 

O título veio do musical Opinião, com Nara Leão e, depois, a revelação Maria Bethânia. Com a maioria em torno dos 20 anos, o grupo queria falar do que via. “Minha opinião é que uma arte de contemplação é mais que alienação, é compactuar com um estado de coisas absurdo”, afirmou, naquele ano, Vergara. “Digo que me recuso a sucumbir. Sendo muito claro, a luta me interessa como posição de vida” – assim colocou-se Antonio Dias. Mesmo com o forte conteúdo político, a mostra não sofreu censura.

O próprio MAM abre sábado exposição paralela com o mesmo tema, mas outro recorte. Na Pinakotheke, estarão 17 obras originais, além de trabalhos anteriores dos artistas envolvidos. O Parangolé Bandeira de Oiticica tem centralidade, assim como outras em que é clara a intenção de se contestar o status quo – o golpe militar tinha ocorrido um ano antes –, como O General, de Vergara, e O Vencedor, de Antonio Dias. No MAM, estão fotos históricas, documentos, três originais e peças de seu acervo que conversam com os trabalhos expostos há 50 anos. 

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