Sarah Jessica Parker esteve combatendo um vírus estomacal, mas ainda é a exemplar seguidora das últimas tendências da moda que milhões de espectadores aprenderam a amar em Sex and the City, que estréia agora no Brasil. A série premiada da HBO, na qual vivia a colunista de comportamento sexual Carrie Bradshaw, tinha como mote a vida romântica de Carrie e suas três amigas. ''Este é um Halston'', ela diz, indicando o vestido. ''É emprestado, assim como a bolsa Fendi... E esses são meus brinquinhos de diamante. E o perfume é meu.'' Assista ao trailer de Sex And The City Quando a série chegou ao fim, em 2004, após seis temporadas repletas de figurinos dignos da revista Cosmopolitan, começou a boataria sobre uma adaptação para o cinema. Foram necessários muitos anos e um pouco de finesse para convencer as quatro estrelas - Sarah, além de Kim Cattrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon - a retornar, e em 2007 a New Line Cinema revelou seus planos de produzir filme com as aventuras do quarteto. Desde então, a internet fervilhava com rumores e antecipações do roteiro - alguém morre? - além de falsas locações e possíveis trechos, flagrantes de paparazzi, intrigas e, é claro, fotos magníficas dos figurinos de Sarah Jessica Parker. Você acha que a sensação de finalmente realizar o filme é parecida com a de chegar à última parada de uma longa viagem? É difícil imaginar uma última parada para essas personagens. Foi extraordinário termos feito o filme. Após terminar, a série se tornou ainda mais popular. Acha que sua personagem se mantém atraente? Com certeza e isso se deve em boa parte ao fato de o programa ser transmitido na TV aberta. Mais pessoas podem assistir à série e, portanto, você se torna uma pessoa mais fácil de reconhecer. Estar na HBO é como trabalhar numa boutique de luxo em comparação a trabalhar na Macy''s: numa boutique há apenas uma entrada, e na Macy''s há 800. No último episódio revelou-se que o nome de Mr. Big era John, correto? Sim. Adoro esse nome. Fiquei feliz com esse final. Você acha que as mulheres se prendem demais a seus sonhos com o Mr. Big e não aproveitam a felicidade com o Sr. Normal? Algumas, provavelmente, sim. Quanto mais velha a pessoa fica, mais aprende a valorizar o Sr. Normal. Mesmo a mais superficial de minhas amigas acabou concluindo que prefere estar com uma pessoa interessante do que com alguém que represente um ideal ou padrão de beleza. Deve ser parte do processo de amadurecimento. Foi muito difícil produzir e atuar ao mesmo tempo? Foi complicado. Houve dias em que pensei que minha cabeça iria explodir. Michael (autor e diretor) escreveu para mim o papel de toda uma vida e não sei se conseguirei outro como este novamente. A produção não envolve também um elemento controlador? Com certeza. Mas trabalho duro por todos. Obviamente, existe uma parte controladora envolvida, mas é porque sinto que posso proteger as pessoas. Qual a principal diferença entre Carrie Bradshaw e você? As diferenças são muitas. Fizemos escolhas tão diferentes para nossas vidas... Antes de tudo, estive com um homem pela maior parte da minha vida adulta e tenho um filho. O que temos em comum é a nossa afeição por esta cidade. O que aprendi com ela foi ser uma amiga melhor. De quem foi a idéia de chamar Jennifer Hudson para o elenco? Foi de Michael Patrick King (o diretor). Pedi a ele que incluísse uma afro-americana no elenco para que a série refletisse a realidade nova-iorquina. Então ele escreveu este papel e disse que queria Jennifer Hudson. Ela chegou, leu o script e foi perfeita. Ela é maravilhosa. A comunidade gay acompanhou com devoção o programa desde o início. Por que os gays gostam tanto das mulheres da série? Por ser de Nova York e ter sido criada no teatro, a comunidade gay sempre foi importante para mim. Por isso não fiquei surpresa de saber que eles eram alguns dos mais fiéis membros da audiência. É difícil descrevê-los, são tão ardentes quanto as mulheres que gostam do programa. E é claro que a maioria dos meus amigos é de gays, o que é um alívio. Eles sempre fazem você se sentir bem. Sempre fazem com que, mesmo nos seus piores momentos, você se sinta uma dama e nunca têm medo de ser honestos. Acho que eles adoram o ridículo e o absurdo e o indecente. E, claro, as roupas. Desde o fim da série, você se tornou uma empreendedora com a sua marca de roupas, Bitten, e seus perfumes, Lovely e Covet. E o seu filho também cresceu. Tudo isso fez você se sentir mais distante de Carrie e dificultou o retorno ao papel? Meu marido (Matthew Broderick) disse que, após deixar um espetáculo por um ano, na volta se pensa: ''Nunca mais conseguirei decorar essas falas.'' Mas, por pior que seja o clichê, é como andar de bicicleta. O que acha do termo ''ícone da moda''? Como você lida com isso? Não é algo em que eu pense muito. Acho que isso se deve em grande parte à série. Como mãe trabalhadora, a última coisa que me preocupa quando estou tentando sair com meu filho pela manhã, a tempo de chegar no horário da escola, é a minha aparência. Há quem a compare com Imelda Marcos, mas soube que na vida real você tem só seis pares de sapatos Manolo Blahniks. É verdade? Não sei quantos são. Herdei tanta coisa do programa... Este é um exemplo perfeito de confusão entre ficção e realidade. Não compro como ela. N ão é prioridade na minha vida. Amo sapatos, mas não sou consumidora tão voraz. Você acha Carrie a versão moderna de uma feminista? Acho que a comunidade feminista discordaria. Mas há vários dados em relação à personagem, como independência, fazer as próprias escolhas e ser fiel às próprias opiniões, que têm muito a ver com o movimento feminista. Karl Rozemeyer é editor internacional do site Premiere.com