Para comprovar que tudo o que é antigo sempre volta a ser novo, basta dar uma olhada nas últimas tendências de design: colocar um item vermelho em cada ambiente – mesmo (ou especialmente) quando não combina.
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“É uma tendência que existe faz tempo, mas está passando por um renascimento agora por causa do TikTok, eu acho”, disse o designer Mark Eckström, do Studio Eckström, em Omaha. Eckström gosta de dar um toque de cor vibrante em pequenos detalhes, como acabamentos decorativos (uma fita vermelha na chave de um guarda-roupa, por exemplo). “Minha mãe também era designer de interiores e sempre defendeu que você precisa ter um vermelho inesperado em todos os cômodos.”
Se esse vermelho está de volta é porque funciona.
“Respingos de vermelho realmente deixam qualquer coisa mais misteriosa e até sexy”, disse Colette van den Thillart, designer em Toronto, por e-mail. “O vermelho é dinâmico, perigoso e imponente. Pode iluminar um ambiente, e é por isso que essa tendência faz todo o sentido para mim.”
Annie Elliott, designer em Washington, D.C., usou vermelho nas estantes de livros da sala de estar de sua casa geminada – e em nenhum outro lugar – para criar um momento de surpresa. “O lance do vermelho, seja um batom, um vestido ou qualquer coisa de moda, é que ele é sempre atemporal”, disse Elliott. “Como o vermelho é meio que um clássico, é um destaque seguro. Quer dizer, vermelho na real é a cor do destaque, certo? Acho que muita gente tem medo de decorar com uma cor tão forte.”
Para isso, recebemos conselhos de profissionais sobre como usar o vermelho do jeito certo.
Choque proposital
O segredo do “vermelho inesperado” é exatamente este: deve ser inesperado. “Isso se baseia na minha única máxima em design: você tem que ‘bagunçar tudo’”, disse Jacob Laws, designer em Charleston, Carolina do Sul, por e-mail. Fazer isso dá ao ambiente uma sensação de acessibilidade necessária, observou ele.
“Não tem nada pior do que um espaço homogêneo e chato, todo ‘bem comportado’”, disse Laws. “Para evitar qualquer coisa muito combinadinha, uma boa saída é o vermelho”. Mesmo em doses pequenas, a cor dá uma sensação de bem estar a qualquer ambiente, disse Laws. Sua dica predileta: enrole o fio da lâmpada em tecido vermelho, que é sutil, mas “aumenta o nível de endorfina”.
O vermelho certo é meio errado
Eckström está usando o Chinese Red da Sherwin-Williams na parede interna dos armários de vidro da sala de jantar da casa de um cliente em Omaha. Ele faz referência à editora de moda Diana Vreeland, que usou tanto vermelho chintz em seu apartamento em Nova York que o chamava de “jardim do inferno”.
“Ela disse que toda a sua vida foi uma busca pelo vermelho perfeito, porque é uma cor muito difícil de acertar”, disse Eckström. “Quando você escolhe um vermelho de um catálogo de cores, ele parece meio aborrecido, sem brilho. Tem que ser uma mistura. Tem que ser um tipo de vermelho em camadas.” (Eckström gosta de aplicar um acabamento esmaltado, como um tom marrom, à tinta vermelha).
Acrescentar um toque especial é vital para se chegar a um vermelho que não seja enjoativo. “Voltando a Vreeland, ela sempre dizia às pessoas: ‘O melhor vermelho é copiar a cor do gorro de uma criança em qualquer retrato renascentista’. Este seria o vermelho perfeito, porque é bem matizado”, disse Eckström.
Pequenos detalhes
Uma leve sugestão de vermelho já é suficiente para causar impacto e chamar a atenção, disse Eckström.
“Gosto de usar mesas de laca chinesa entre duas cadeiras ou ao lado de um sofá”, disse Keith Carroll, designer que trabalha em Nova York e Nova Orleans. “Traz uma vibe alegre para o espaço.” (Carroll também recomenda uma bandeja de laca vermelha nas mesas de centro, ou então almofadas vermelhas, que dão uma “sensação de que a cor está espiando você”, diz ele).
Eckström costuma colocar uma peça em tom de cinábrio antigo sobre uma lareira ou mesa de centro. “É só uma coisa que estrutura um cenário, e é sempre lindo e cheio de histórias”, disse ele. “Sempre vai surgir uma ótima conversa sobre como você adquiriu aquela peça.”
Inclua outras cores fortes
“Quando você tem um ambiente sem cor e depois coloca um pouco de vermelho, parece um truque barato e impensado”, disse Elliott, dando o exemplo de almofadas vermelhas jogadas numa sala de estar em tons de bege. “Parece que você está tentando pegar um atalho para criar um ambiente interessante. Mas comigo não funciona.”
Em vez disso, ela recomenda acrescentar o vermelho a um ambiente com outras cores fortes: ela colocou um vaso vermelho cereja em um hall de entrada verde esmeralda, por exemplo, e um aparador vermelho numa sala de jantar com um tapete bem estampado. “Para mim, é assim que você traz o vermelho de um jeito novo: para contrastá-lo com outras coisas.” / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU