Obras de Brecheret mostram a identificação do artista com São Paulo; saiba onde vê-las ao ar livre


Com peças encontradas em vários locais da cidade, artista criador do ‘Monumento às Bandeiras’ é reverenciado na mostra ‘O Mestre das Formas’

Por Danilo Casaletti
Atualização:

Victor Brecheret (1894-1955) gostava de esculpir em silêncio e, de preferência, em um local em que seus olhos pudessem enxergar o mar. Um paradoxo para um artista com forte identificação com a cidade de São Paulo – sua obra mais famosa, o Monumento às Bandeiras, fica em frente ao Parque do Ibirapuera, entre o vaivém de carros (leia mais abaixo).

O hábito do escultor ítalo-brasileiro parece ainda mais inexplicável ao saber que sua iluminação para se dedicar ao ofício foi aos 15 anos, quando caminhava pelo Viaduto do Chá, no centro da cidade, igualmente longe do mar e da quietude. Na ocasião, o então adolescente Brecheret viu um jornal que publicara uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin. Pediu, então, à tia que o matriculasse no curso de desenho e modelagem do Liceu de Artes e Ofícios, que frequentou por dois anos antes de se especializar em Roma.

É justamente o Liceu que abriga a partir deste sábado, 20, a exposição Victor Brecheret: O Mestre das Formas. A mostra, que ocupa o primeiro andar do centro cultural da instituição, exibe 14 obras de coleção particular, criadas entre 1910 e 1950. A curadoria é de Fernanda Carvalho e a cocuradoria, de Ana Paula Brecheret, neta do artista, realizada em parceria com o Instituto Victor Brecheret.

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A obra 'Dama Paulista’ na mostra que celebra o legado do artista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Entre as obras em exibição estão Pietá, única peça esculpida em madeira por Brecheret, Virgem Indígena (1950), de gesso patinado, Beijo (1930), feita de bronze polido, e Veado Enrolado (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

Dividida em seis núcleos temáticos, a exposição tem como objetivo destacar o conceito de modernidade presente em obras realizadas pelo escultor nas vanguardas dos anos 1920 até as peças modernistas dos anos 1950. Foi Brecheret um dos principais responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional.

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Nesse sentido, o público poderá ver, no núcleo Vanguardas, a obra Beijos (1930), de formas geometrizadas, além de Dançarina (1920) e Banho de Sol (1930). No mesmo módulo, é possível entrar na intimidade do artista nascido em Farnese, região central da Itália, por intermédio de peças de seu mobiliário.

No núcleo Modernidades – Figura de Convite, a proposta é um diálogo entre o trabalho de Brecheret com outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, que se dá em podcast criado pelas curadoras. “A exposição convoca vários tipos de memória para fazer o visitante conhecer tanto os segredos do fazer artístico de Brecheret quanto os meios materiais disponíveis em diferentes períodos históricos”, diz a curadora Fernanda.

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Para aproximar o método de trabalho do escultor do público, a mostra exibe ferramentas e materiais do artista, que podem ser tocados pelos espectadores.

O núcleo Tecnologia abriga a parte interativa da exposição, no qual o visitante tem contato com réplicas digitais de cinco obras icônicas do mestre, entre elas Fuga para o Egito (1925-1929), Sóror Dolorosa(1920) e O Ídolo (1929). “Os hologramas oferecem uma leitura completa das superfícies de um objeto tridimensional”, explica Ana Paula Brecheret.

O grandioso e controverso Monumento às Bandeiras aparecerá em dois momentos da mostra. Uma delas é em forma de maquete. O outro, em uma leitura que o torna “esvoaçante” e, dessa forma, mais leve.

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Saiba onde ver as obras de Brecheret na cidade

O 'Monumento às Bandeiras', em frente ao Parque Ibirapuera. A obra mais conhecida de Brecheret Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Victor Brecheret é um dos raros exemplos de artistas que têm grande identificação com uma cidade, no caso, São Paulo. E, o mais importante, de maneira acessível, com obras instaladas em locais públicos.

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Além do Monumento às Bandeiras, sua criação mais famosa e grandiosa, inaugurada em 1953, em frente do Parque do Ibirapuera, outra obra importante é a escultura Depois do Banho, dos anos 1940, instalada no Largo do Arouche. Uma sobrevivente em meio ao abandono que o centro da cidade enfrenta.

A obra 'Depois do Banho', no Largo do Arouche Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na Avenida Paulista, dentro do Parque Siqueira Campos, também chamado de Trianon, está Fauno, de granito, também da década de 1940. Peça foi uma encomenda do prefeito Prestes Maia para decorar o jardim da Biblioteca Municipal, atual Praça José Gaspar, em 1944. Entretanto, a obra não ficou muito tempo no local. Os padres da época protestaram contra a figura profana – representação do deus grego Pã. A solução foi transferir a peça para o Trianon, onde ela foi instalada dois anos depois.

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A estátua de Fauno reina entre a natureza do Parque Trianon, em plena Avenida Paulista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Muita gente pode não se dar conta, mas próximo da entrada principal do Aeroporto de Congonhas encontra-se o busto do aviador Santos Dumont, considerado o pai da aviação, obra concebida por Brecheret também na década de 1940. A peça fica em um local não tão glorioso, em meio ao espaço reservado aos fumantes.

O busto do aviador Santos Dumont, localizado em frente ao aeroporto de Congonhas, é pouco notado pelo público que passa por lá Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A neta de Brecheret, Ana Paula Brecheret, diz que o instituto que leva o nome do avô se preocupa com a preservação das obras que estão expostas em locais públicos e, na medida do possível, sugere ações com esse fim.

“O Instituto acredita que a zeladoria compartilhada do legado de Brecheret espalhado pela cidade seria o melhor caminho para integrar a conservação e preservação das obras públicas do escultor. Por isso mantém-se vigilante e atuante junto aos órgãos responsáveis pelo patrimônio artístico da cidade”, diz.

Obras do artista também podem ser vistas na Pinacoteca de São Paulo, no bairro da Luz. No acervo da instituição estão Musa Impassível (1992), Deusa da Primavera (1938) e Moça Reclinada (1940), entre outras

Victor Brecheret (1894-1955) gostava de esculpir em silêncio e, de preferência, em um local em que seus olhos pudessem enxergar o mar. Um paradoxo para um artista com forte identificação com a cidade de São Paulo – sua obra mais famosa, o Monumento às Bandeiras, fica em frente ao Parque do Ibirapuera, entre o vaivém de carros (leia mais abaixo).

O hábito do escultor ítalo-brasileiro parece ainda mais inexplicável ao saber que sua iluminação para se dedicar ao ofício foi aos 15 anos, quando caminhava pelo Viaduto do Chá, no centro da cidade, igualmente longe do mar e da quietude. Na ocasião, o então adolescente Brecheret viu um jornal que publicara uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin. Pediu, então, à tia que o matriculasse no curso de desenho e modelagem do Liceu de Artes e Ofícios, que frequentou por dois anos antes de se especializar em Roma.

É justamente o Liceu que abriga a partir deste sábado, 20, a exposição Victor Brecheret: O Mestre das Formas. A mostra, que ocupa o primeiro andar do centro cultural da instituição, exibe 14 obras de coleção particular, criadas entre 1910 e 1950. A curadoria é de Fernanda Carvalho e a cocuradoria, de Ana Paula Brecheret, neta do artista, realizada em parceria com o Instituto Victor Brecheret.

A obra 'Dama Paulista’ na mostra que celebra o legado do artista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Entre as obras em exibição estão Pietá, única peça esculpida em madeira por Brecheret, Virgem Indígena (1950), de gesso patinado, Beijo (1930), feita de bronze polido, e Veado Enrolado (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

Dividida em seis núcleos temáticos, a exposição tem como objetivo destacar o conceito de modernidade presente em obras realizadas pelo escultor nas vanguardas dos anos 1920 até as peças modernistas dos anos 1950. Foi Brecheret um dos principais responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional.

Nesse sentido, o público poderá ver, no núcleo Vanguardas, a obra Beijos (1930), de formas geometrizadas, além de Dançarina (1920) e Banho de Sol (1930). No mesmo módulo, é possível entrar na intimidade do artista nascido em Farnese, região central da Itália, por intermédio de peças de seu mobiliário.

No núcleo Modernidades – Figura de Convite, a proposta é um diálogo entre o trabalho de Brecheret com outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, que se dá em podcast criado pelas curadoras. “A exposição convoca vários tipos de memória para fazer o visitante conhecer tanto os segredos do fazer artístico de Brecheret quanto os meios materiais disponíveis em diferentes períodos históricos”, diz a curadora Fernanda.

Para aproximar o método de trabalho do escultor do público, a mostra exibe ferramentas e materiais do artista, que podem ser tocados pelos espectadores.

O núcleo Tecnologia abriga a parte interativa da exposição, no qual o visitante tem contato com réplicas digitais de cinco obras icônicas do mestre, entre elas Fuga para o Egito (1925-1929), Sóror Dolorosa(1920) e O Ídolo (1929). “Os hologramas oferecem uma leitura completa das superfícies de um objeto tridimensional”, explica Ana Paula Brecheret.

O grandioso e controverso Monumento às Bandeiras aparecerá em dois momentos da mostra. Uma delas é em forma de maquete. O outro, em uma leitura que o torna “esvoaçante” e, dessa forma, mais leve.

Saiba onde ver as obras de Brecheret na cidade

O 'Monumento às Bandeiras', em frente ao Parque Ibirapuera. A obra mais conhecida de Brecheret Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Victor Brecheret é um dos raros exemplos de artistas que têm grande identificação com uma cidade, no caso, São Paulo. E, o mais importante, de maneira acessível, com obras instaladas em locais públicos.

Além do Monumento às Bandeiras, sua criação mais famosa e grandiosa, inaugurada em 1953, em frente do Parque do Ibirapuera, outra obra importante é a escultura Depois do Banho, dos anos 1940, instalada no Largo do Arouche. Uma sobrevivente em meio ao abandono que o centro da cidade enfrenta.

A obra 'Depois do Banho', no Largo do Arouche Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na Avenida Paulista, dentro do Parque Siqueira Campos, também chamado de Trianon, está Fauno, de granito, também da década de 1940. Peça foi uma encomenda do prefeito Prestes Maia para decorar o jardim da Biblioteca Municipal, atual Praça José Gaspar, em 1944. Entretanto, a obra não ficou muito tempo no local. Os padres da época protestaram contra a figura profana – representação do deus grego Pã. A solução foi transferir a peça para o Trianon, onde ela foi instalada dois anos depois.

A estátua de Fauno reina entre a natureza do Parque Trianon, em plena Avenida Paulista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Muita gente pode não se dar conta, mas próximo da entrada principal do Aeroporto de Congonhas encontra-se o busto do aviador Santos Dumont, considerado o pai da aviação, obra concebida por Brecheret também na década de 1940. A peça fica em um local não tão glorioso, em meio ao espaço reservado aos fumantes.

O busto do aviador Santos Dumont, localizado em frente ao aeroporto de Congonhas, é pouco notado pelo público que passa por lá Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A neta de Brecheret, Ana Paula Brecheret, diz que o instituto que leva o nome do avô se preocupa com a preservação das obras que estão expostas em locais públicos e, na medida do possível, sugere ações com esse fim.

“O Instituto acredita que a zeladoria compartilhada do legado de Brecheret espalhado pela cidade seria o melhor caminho para integrar a conservação e preservação das obras públicas do escultor. Por isso mantém-se vigilante e atuante junto aos órgãos responsáveis pelo patrimônio artístico da cidade”, diz.

Obras do artista também podem ser vistas na Pinacoteca de São Paulo, no bairro da Luz. No acervo da instituição estão Musa Impassível (1992), Deusa da Primavera (1938) e Moça Reclinada (1940), entre outras

Victor Brecheret (1894-1955) gostava de esculpir em silêncio e, de preferência, em um local em que seus olhos pudessem enxergar o mar. Um paradoxo para um artista com forte identificação com a cidade de São Paulo – sua obra mais famosa, o Monumento às Bandeiras, fica em frente ao Parque do Ibirapuera, entre o vaivém de carros (leia mais abaixo).

O hábito do escultor ítalo-brasileiro parece ainda mais inexplicável ao saber que sua iluminação para se dedicar ao ofício foi aos 15 anos, quando caminhava pelo Viaduto do Chá, no centro da cidade, igualmente longe do mar e da quietude. Na ocasião, o então adolescente Brecheret viu um jornal que publicara uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin. Pediu, então, à tia que o matriculasse no curso de desenho e modelagem do Liceu de Artes e Ofícios, que frequentou por dois anos antes de se especializar em Roma.

É justamente o Liceu que abriga a partir deste sábado, 20, a exposição Victor Brecheret: O Mestre das Formas. A mostra, que ocupa o primeiro andar do centro cultural da instituição, exibe 14 obras de coleção particular, criadas entre 1910 e 1950. A curadoria é de Fernanda Carvalho e a cocuradoria, de Ana Paula Brecheret, neta do artista, realizada em parceria com o Instituto Victor Brecheret.

A obra 'Dama Paulista’ na mostra que celebra o legado do artista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Entre as obras em exibição estão Pietá, única peça esculpida em madeira por Brecheret, Virgem Indígena (1950), de gesso patinado, Beijo (1930), feita de bronze polido, e Veado Enrolado (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

Dividida em seis núcleos temáticos, a exposição tem como objetivo destacar o conceito de modernidade presente em obras realizadas pelo escultor nas vanguardas dos anos 1920 até as peças modernistas dos anos 1950. Foi Brecheret um dos principais responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional.

Nesse sentido, o público poderá ver, no núcleo Vanguardas, a obra Beijos (1930), de formas geometrizadas, além de Dançarina (1920) e Banho de Sol (1930). No mesmo módulo, é possível entrar na intimidade do artista nascido em Farnese, região central da Itália, por intermédio de peças de seu mobiliário.

No núcleo Modernidades – Figura de Convite, a proposta é um diálogo entre o trabalho de Brecheret com outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, que se dá em podcast criado pelas curadoras. “A exposição convoca vários tipos de memória para fazer o visitante conhecer tanto os segredos do fazer artístico de Brecheret quanto os meios materiais disponíveis em diferentes períodos históricos”, diz a curadora Fernanda.

Para aproximar o método de trabalho do escultor do público, a mostra exibe ferramentas e materiais do artista, que podem ser tocados pelos espectadores.

O núcleo Tecnologia abriga a parte interativa da exposição, no qual o visitante tem contato com réplicas digitais de cinco obras icônicas do mestre, entre elas Fuga para o Egito (1925-1929), Sóror Dolorosa(1920) e O Ídolo (1929). “Os hologramas oferecem uma leitura completa das superfícies de um objeto tridimensional”, explica Ana Paula Brecheret.

O grandioso e controverso Monumento às Bandeiras aparecerá em dois momentos da mostra. Uma delas é em forma de maquete. O outro, em uma leitura que o torna “esvoaçante” e, dessa forma, mais leve.

Saiba onde ver as obras de Brecheret na cidade

O 'Monumento às Bandeiras', em frente ao Parque Ibirapuera. A obra mais conhecida de Brecheret Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Victor Brecheret é um dos raros exemplos de artistas que têm grande identificação com uma cidade, no caso, São Paulo. E, o mais importante, de maneira acessível, com obras instaladas em locais públicos.

Além do Monumento às Bandeiras, sua criação mais famosa e grandiosa, inaugurada em 1953, em frente do Parque do Ibirapuera, outra obra importante é a escultura Depois do Banho, dos anos 1940, instalada no Largo do Arouche. Uma sobrevivente em meio ao abandono que o centro da cidade enfrenta.

A obra 'Depois do Banho', no Largo do Arouche Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na Avenida Paulista, dentro do Parque Siqueira Campos, também chamado de Trianon, está Fauno, de granito, também da década de 1940. Peça foi uma encomenda do prefeito Prestes Maia para decorar o jardim da Biblioteca Municipal, atual Praça José Gaspar, em 1944. Entretanto, a obra não ficou muito tempo no local. Os padres da época protestaram contra a figura profana – representação do deus grego Pã. A solução foi transferir a peça para o Trianon, onde ela foi instalada dois anos depois.

A estátua de Fauno reina entre a natureza do Parque Trianon, em plena Avenida Paulista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Muita gente pode não se dar conta, mas próximo da entrada principal do Aeroporto de Congonhas encontra-se o busto do aviador Santos Dumont, considerado o pai da aviação, obra concebida por Brecheret também na década de 1940. A peça fica em um local não tão glorioso, em meio ao espaço reservado aos fumantes.

O busto do aviador Santos Dumont, localizado em frente ao aeroporto de Congonhas, é pouco notado pelo público que passa por lá Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A neta de Brecheret, Ana Paula Brecheret, diz que o instituto que leva o nome do avô se preocupa com a preservação das obras que estão expostas em locais públicos e, na medida do possível, sugere ações com esse fim.

“O Instituto acredita que a zeladoria compartilhada do legado de Brecheret espalhado pela cidade seria o melhor caminho para integrar a conservação e preservação das obras públicas do escultor. Por isso mantém-se vigilante e atuante junto aos órgãos responsáveis pelo patrimônio artístico da cidade”, diz.

Obras do artista também podem ser vistas na Pinacoteca de São Paulo, no bairro da Luz. No acervo da instituição estão Musa Impassível (1992), Deusa da Primavera (1938) e Moça Reclinada (1940), entre outras

Victor Brecheret (1894-1955) gostava de esculpir em silêncio e, de preferência, em um local em que seus olhos pudessem enxergar o mar. Um paradoxo para um artista com forte identificação com a cidade de São Paulo – sua obra mais famosa, o Monumento às Bandeiras, fica em frente ao Parque do Ibirapuera, entre o vaivém de carros (leia mais abaixo).

O hábito do escultor ítalo-brasileiro parece ainda mais inexplicável ao saber que sua iluminação para se dedicar ao ofício foi aos 15 anos, quando caminhava pelo Viaduto do Chá, no centro da cidade, igualmente longe do mar e da quietude. Na ocasião, o então adolescente Brecheret viu um jornal que publicara uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin. Pediu, então, à tia que o matriculasse no curso de desenho e modelagem do Liceu de Artes e Ofícios, que frequentou por dois anos antes de se especializar em Roma.

É justamente o Liceu que abriga a partir deste sábado, 20, a exposição Victor Brecheret: O Mestre das Formas. A mostra, que ocupa o primeiro andar do centro cultural da instituição, exibe 14 obras de coleção particular, criadas entre 1910 e 1950. A curadoria é de Fernanda Carvalho e a cocuradoria, de Ana Paula Brecheret, neta do artista, realizada em parceria com o Instituto Victor Brecheret.

A obra 'Dama Paulista’ na mostra que celebra o legado do artista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Entre as obras em exibição estão Pietá, única peça esculpida em madeira por Brecheret, Virgem Indígena (1950), de gesso patinado, Beijo (1930), feita de bronze polido, e Veado Enrolado (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

Dividida em seis núcleos temáticos, a exposição tem como objetivo destacar o conceito de modernidade presente em obras realizadas pelo escultor nas vanguardas dos anos 1920 até as peças modernistas dos anos 1950. Foi Brecheret um dos principais responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional.

Nesse sentido, o público poderá ver, no núcleo Vanguardas, a obra Beijos (1930), de formas geometrizadas, além de Dançarina (1920) e Banho de Sol (1930). No mesmo módulo, é possível entrar na intimidade do artista nascido em Farnese, região central da Itália, por intermédio de peças de seu mobiliário.

No núcleo Modernidades – Figura de Convite, a proposta é um diálogo entre o trabalho de Brecheret com outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, que se dá em podcast criado pelas curadoras. “A exposição convoca vários tipos de memória para fazer o visitante conhecer tanto os segredos do fazer artístico de Brecheret quanto os meios materiais disponíveis em diferentes períodos históricos”, diz a curadora Fernanda.

Para aproximar o método de trabalho do escultor do público, a mostra exibe ferramentas e materiais do artista, que podem ser tocados pelos espectadores.

O núcleo Tecnologia abriga a parte interativa da exposição, no qual o visitante tem contato com réplicas digitais de cinco obras icônicas do mestre, entre elas Fuga para o Egito (1925-1929), Sóror Dolorosa(1920) e O Ídolo (1929). “Os hologramas oferecem uma leitura completa das superfícies de um objeto tridimensional”, explica Ana Paula Brecheret.

O grandioso e controverso Monumento às Bandeiras aparecerá em dois momentos da mostra. Uma delas é em forma de maquete. O outro, em uma leitura que o torna “esvoaçante” e, dessa forma, mais leve.

Saiba onde ver as obras de Brecheret na cidade

O 'Monumento às Bandeiras', em frente ao Parque Ibirapuera. A obra mais conhecida de Brecheret Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Victor Brecheret é um dos raros exemplos de artistas que têm grande identificação com uma cidade, no caso, São Paulo. E, o mais importante, de maneira acessível, com obras instaladas em locais públicos.

Além do Monumento às Bandeiras, sua criação mais famosa e grandiosa, inaugurada em 1953, em frente do Parque do Ibirapuera, outra obra importante é a escultura Depois do Banho, dos anos 1940, instalada no Largo do Arouche. Uma sobrevivente em meio ao abandono que o centro da cidade enfrenta.

A obra 'Depois do Banho', no Largo do Arouche Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na Avenida Paulista, dentro do Parque Siqueira Campos, também chamado de Trianon, está Fauno, de granito, também da década de 1940. Peça foi uma encomenda do prefeito Prestes Maia para decorar o jardim da Biblioteca Municipal, atual Praça José Gaspar, em 1944. Entretanto, a obra não ficou muito tempo no local. Os padres da época protestaram contra a figura profana – representação do deus grego Pã. A solução foi transferir a peça para o Trianon, onde ela foi instalada dois anos depois.

A estátua de Fauno reina entre a natureza do Parque Trianon, em plena Avenida Paulista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Muita gente pode não se dar conta, mas próximo da entrada principal do Aeroporto de Congonhas encontra-se o busto do aviador Santos Dumont, considerado o pai da aviação, obra concebida por Brecheret também na década de 1940. A peça fica em um local não tão glorioso, em meio ao espaço reservado aos fumantes.

O busto do aviador Santos Dumont, localizado em frente ao aeroporto de Congonhas, é pouco notado pelo público que passa por lá Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A neta de Brecheret, Ana Paula Brecheret, diz que o instituto que leva o nome do avô se preocupa com a preservação das obras que estão expostas em locais públicos e, na medida do possível, sugere ações com esse fim.

“O Instituto acredita que a zeladoria compartilhada do legado de Brecheret espalhado pela cidade seria o melhor caminho para integrar a conservação e preservação das obras públicas do escultor. Por isso mantém-se vigilante e atuante junto aos órgãos responsáveis pelo patrimônio artístico da cidade”, diz.

Obras do artista também podem ser vistas na Pinacoteca de São Paulo, no bairro da Luz. No acervo da instituição estão Musa Impassível (1992), Deusa da Primavera (1938) e Moça Reclinada (1940), entre outras

Victor Brecheret (1894-1955) gostava de esculpir em silêncio e, de preferência, em um local em que seus olhos pudessem enxergar o mar. Um paradoxo para um artista com forte identificação com a cidade de São Paulo – sua obra mais famosa, o Monumento às Bandeiras, fica em frente ao Parque do Ibirapuera, entre o vaivém de carros (leia mais abaixo).

O hábito do escultor ítalo-brasileiro parece ainda mais inexplicável ao saber que sua iluminação para se dedicar ao ofício foi aos 15 anos, quando caminhava pelo Viaduto do Chá, no centro da cidade, igualmente longe do mar e da quietude. Na ocasião, o então adolescente Brecheret viu um jornal que publicara uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin. Pediu, então, à tia que o matriculasse no curso de desenho e modelagem do Liceu de Artes e Ofícios, que frequentou por dois anos antes de se especializar em Roma.

É justamente o Liceu que abriga a partir deste sábado, 20, a exposição Victor Brecheret: O Mestre das Formas. A mostra, que ocupa o primeiro andar do centro cultural da instituição, exibe 14 obras de coleção particular, criadas entre 1910 e 1950. A curadoria é de Fernanda Carvalho e a cocuradoria, de Ana Paula Brecheret, neta do artista, realizada em parceria com o Instituto Victor Brecheret.

A obra 'Dama Paulista’ na mostra que celebra o legado do artista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Entre as obras em exibição estão Pietá, única peça esculpida em madeira por Brecheret, Virgem Indígena (1950), de gesso patinado, Beijo (1930), feita de bronze polido, e Veado Enrolado (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

Dividida em seis núcleos temáticos, a exposição tem como objetivo destacar o conceito de modernidade presente em obras realizadas pelo escultor nas vanguardas dos anos 1920 até as peças modernistas dos anos 1950. Foi Brecheret um dos principais responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional.

Nesse sentido, o público poderá ver, no núcleo Vanguardas, a obra Beijos (1930), de formas geometrizadas, além de Dançarina (1920) e Banho de Sol (1930). No mesmo módulo, é possível entrar na intimidade do artista nascido em Farnese, região central da Itália, por intermédio de peças de seu mobiliário.

No núcleo Modernidades – Figura de Convite, a proposta é um diálogo entre o trabalho de Brecheret com outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, que se dá em podcast criado pelas curadoras. “A exposição convoca vários tipos de memória para fazer o visitante conhecer tanto os segredos do fazer artístico de Brecheret quanto os meios materiais disponíveis em diferentes períodos históricos”, diz a curadora Fernanda.

Para aproximar o método de trabalho do escultor do público, a mostra exibe ferramentas e materiais do artista, que podem ser tocados pelos espectadores.

O núcleo Tecnologia abriga a parte interativa da exposição, no qual o visitante tem contato com réplicas digitais de cinco obras icônicas do mestre, entre elas Fuga para o Egito (1925-1929), Sóror Dolorosa(1920) e O Ídolo (1929). “Os hologramas oferecem uma leitura completa das superfícies de um objeto tridimensional”, explica Ana Paula Brecheret.

O grandioso e controverso Monumento às Bandeiras aparecerá em dois momentos da mostra. Uma delas é em forma de maquete. O outro, em uma leitura que o torna “esvoaçante” e, dessa forma, mais leve.

Saiba onde ver as obras de Brecheret na cidade

O 'Monumento às Bandeiras', em frente ao Parque Ibirapuera. A obra mais conhecida de Brecheret Foto: Tiago Queiroz/ Estadão

Victor Brecheret é um dos raros exemplos de artistas que têm grande identificação com uma cidade, no caso, São Paulo. E, o mais importante, de maneira acessível, com obras instaladas em locais públicos.

Além do Monumento às Bandeiras, sua criação mais famosa e grandiosa, inaugurada em 1953, em frente do Parque do Ibirapuera, outra obra importante é a escultura Depois do Banho, dos anos 1940, instalada no Largo do Arouche. Uma sobrevivente em meio ao abandono que o centro da cidade enfrenta.

A obra 'Depois do Banho', no Largo do Arouche Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na Avenida Paulista, dentro do Parque Siqueira Campos, também chamado de Trianon, está Fauno, de granito, também da década de 1940. Peça foi uma encomenda do prefeito Prestes Maia para decorar o jardim da Biblioteca Municipal, atual Praça José Gaspar, em 1944. Entretanto, a obra não ficou muito tempo no local. Os padres da época protestaram contra a figura profana – representação do deus grego Pã. A solução foi transferir a peça para o Trianon, onde ela foi instalada dois anos depois.

A estátua de Fauno reina entre a natureza do Parque Trianon, em plena Avenida Paulista Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Muita gente pode não se dar conta, mas próximo da entrada principal do Aeroporto de Congonhas encontra-se o busto do aviador Santos Dumont, considerado o pai da aviação, obra concebida por Brecheret também na década de 1940. A peça fica em um local não tão glorioso, em meio ao espaço reservado aos fumantes.

O busto do aviador Santos Dumont, localizado em frente ao aeroporto de Congonhas, é pouco notado pelo público que passa por lá Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A neta de Brecheret, Ana Paula Brecheret, diz que o instituto que leva o nome do avô se preocupa com a preservação das obras que estão expostas em locais públicos e, na medida do possível, sugere ações com esse fim.

“O Instituto acredita que a zeladoria compartilhada do legado de Brecheret espalhado pela cidade seria o melhor caminho para integrar a conservação e preservação das obras públicas do escultor. Por isso mantém-se vigilante e atuante junto aos órgãos responsáveis pelo patrimônio artístico da cidade”, diz.

Obras do artista também podem ser vistas na Pinacoteca de São Paulo, no bairro da Luz. No acervo da instituição estão Musa Impassível (1992), Deusa da Primavera (1938) e Moça Reclinada (1940), entre outras

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