ANSA - O ministro da Cultura da Itália, Gennaro Sangiuliano, confirmou que espera que a prisão do mafioso Matteo Messina Denaro, ocorrida na segunda-feira (16) após 30 anos de fuga, possa ajudar a solucionar o roubo de uma obra de Caravaggio estimada em 20 milhões de euros. Isso porque o criminoso era considerado um dos maiores “chefões” da história da Cosa Nostra.
O desaparecimento da pintura Natividade ocorreu entre a noite de 17 e 18 de outubro de 1969. A tela estava na igreja de San Lorenzo, em Palermo, e as investigações sempre apontaram o envolvimento da máfia em seu sumiço, com vários criminosos arrependidos afirmando que a Cosa Nostra tinha feito o roubo.
“Estamos contando com isso. É um setor no qual estamos muito empenhados com o Núcleo de Tutela do Patrimônio dos Carabineiros, que é uma excelência italiana. Está claro que estamos empenhadíssimos nessa frente”, disse Sangiuliano.
Apesar dos depoimentos de vários membros da máfia, as buscas dos policiais italianos nunca conseguiram chegar ao paradeiro do quadro.
Um dos que falaram do caso na década de 1980, chamado Francesco Marino Mannoia, chegou a dizer ao então juiz Giovanni Falcone - morto no início da década de 1990 pela própria Cosa Nostra - que o quadro tinha sido queimado e destruído.
A mesma teoria tinha outro “arrependido”, Gaspare Spatuzza, que disse ter ouvido que o quadro acabou num pasto de porcos e foi roída por ratos em um estábulo localizado na cidade de Santa Maria di Gesù.
Teria sido enterrada?
No entanto, os carabineiros ainda acreditam que a pintura possa ter sobrevivido e conseguiram reconstruir os passos dela entre os anos de 1969 e 1981, quando, após três tentativas fracassadas de venda a colecionadores particulares, ela teria sido enterrada junto com cinco quilos de cocaína e milhões de dólares do narcotraficante Gerlando Alberti.
No lugar desse enterro, indicado pelo ex-mafioso Vicenzo La Piana, a caixa de ferro onde tudo teria sido guardado não estava mais - a máfia chegou para retirá-la antes das forças de segurança.
Com isso, após mais de 50 anos de seu desaparecimento, o destino da pintura de Caravaggio continua a ser um mistério. Em 2018, também o Vaticano entrou na operação de procura. Um ano depois, um detetive holandês chamado Arthur Brand disse que recebeu informações de que a tela ainda estava na Sicília. Mas, até hoje, nada foi encontrado.