Autor de 'A Grande Aposta' mostra que a covid-19 é um ensaio para uma pandemia ainda mais grave


Michael Lewis. que já esmiuçou o mercado financeiro, volta seu olhar para a atual crise sanitária

Por Alexandra Alter

Em seu livro de 2018, O Quinto Risco, Michael Lewis colocou uma inquietante questão: e se as agências do governo encarregadas de lidar com catástrofes — desastres naturais, escassez de comida ocasionadas pela mudança climática, epidemias — fracassassem em se preparar para uma crise inesperada e ameaçadora?

O jornalista e escritor Michael Lewis Foto: Peter Prato/The New York Times

   “Muitos dos riscos que caíram no colo do governo pareciam tão remotos, como se fossem irreais: a possibilidade de um ciberataque deixar metade do país sem eletricidade; ou de um vírus transmitido por via aérea matar milhões de pessoas”, escreveu ele. 

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No ano passado, quando o coronavírus começou a se espalhar pelos Estados Unidos, Lewis ligou para algumas das fontes do governo que usou em O Quinto Risco. O que ele descobriu foi ainda mais desconcertante do que o cenário assustador a respeito do qual ele lia no noticiário. Os especialistas com os quais ele conversou estavam alarmados não somente com o fracasso do governo em conter o vírus, mas também com a possibilidade de um patógeno ainda mais mortífero estar no horizonte.

“Todos eles consideravam esse evento como um exercício de simulação para algo muito pior, que é inevitável. E como nos preparamos para isso?”, afirmou Lewis em entrevista, na semana passada. “Eles encaravam a pandemia da mesma maneira que o corpo encara a vacina. É como um ensaio para quando a coisa ficar realmente grave.”

Lewis expõe essa aterradora possibilidade em seu novo livro, The Premonition: A Pandemic Story [A premonição: uma história de pandemia], que a editora W.W. Norton publicará em maio, com tiragem anunciada de 500 mil exemplares na primeira impressão.

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“A premonição” acompanha três personagens centrais — um bioquímico, um trabalhador da área da saúde pública e um funcionário do governo federal que trabalha na Casa Branca — enquanto eles combatem a pandemia e descobrem que a resposta do governo americano é terrivelmente inadequada. Todos eles colocam “suas carreiras em risco” enquanto tentam evitar a catástrofe, afirmou Lewis.

Grande parte da narrativa ocorre antes de qualquer um descobrir a rapidez com que o vírus estava se espalhando pelos Estados Unidos. Lewis se recusou a identificar os três personagens, cujos nomes são revelados no livro, porque ele ainda está terminando a obra e não quer interferir no trabalho que eles estão realizando por colocá-los em evidência prematuramente. Os três estão concentrados naquilo que precisa ser feito para evitar futuras pandemias, afirmou ele.

“Quando eles veem algo assim, se dão conta que há coisa pior a caminho”, afirmou ele. “Se a catástrofe não acontecer, meus personagens terão desempenhado um importante papel para que isso não ocorra.”

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Lewis, autor de best-sellers de não ficção como Moneyball: o homem que mudou o jogo e A jogada do século, é conhecido por produzir narrativas convincentes e envolventes a partir de temas complexos e enfadonhos — como valor mobiliários lastreados em hipotecas, dívidas soberanas, estatísticas ou a monótona mas essencial mecânica da burocracia governamental. Seus livros anteriores venderam, ao todo, mais de 10 milhões de exemplares.

Com A premonição, Lewis enfrenta um tema que ainda está em desdobramento. Ele aborda a pandemia de um lugar que descreve como uma perspectiva pouco explorada: a visão térrea de quem liderou “uma espécie de resposta clandestina” à pandemia, enquanto graduados funcionários do governo garantiam falsamente ao público que o coronavírus desapareceria.

A premonição integrará um crescente acervo de não ficção que explora a pandemia e seus impactos. Os livros recentes e vindouros incluem The Corona Crash, de Grace Blakeley, que analisa a pandemia e as novas formas do capitalismo que ela impõe; Surge, da repórter Sheri Fink, do New York Times, que trata das dimensões éticas, sociais e científicas da crise; Fever City, de Gabriel Sherman, a respeito da resposta da cidade de Nova York à disseminação do vírus; e Preventable, um livro sobre as falhas que levaram a infecções e mortes evitáveis pelo coronavírus, de Andy Slavitt, que agora atua como conselheiro-sênior da equipe de resposta à COVID-19 do presidente Joe Biden. Em junho, Lawrence Wright, articulista da revista New Yorker, lançará The Plague Year, com crônicas a respeito das origens do coronavírus e sua disseminação global.

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Lewis iniciou sua apuração a respeito da pandemia no segundo trimestre do ano passado e começou a escrever no quatro trimestre. Quando ligou para seu editor de longa data na Norton, Starling Lawrence, para contar-lhe o que estava escrevendo, ele ficou tão emocionado que começou a gaguejar e não conseguiu descrever a trama.

Lawrence afirmou que “em um dado momento, ele disse, ‘Diabos, não consigo explicar, é melhor escrever'. Eu disse, ‘Isso, ótima ideia.'"

Lewis esperava conseguir publicar o livro o mais rapidamente possível, a tempo de a equipe de transição de Biden conseguir lê-lo. “Eu achava que ele seria mais útil se fosse lançado o quanto antes”, afirmou ele.

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Ao mesmo tempo, ele sentiu que precisava esperar para conferir a eficiência do governo na resposta à pandemia, que se provou tão desastrosa quanto ele temia, com dezenas de milhões de americanos infectados e centenas de milhares de mortes.

Ainda assim, Lewis considera seu livro esperançoso.

“É uma história de super-herói na qual os super-heróis parecem ter perdido a guerra, mas tudo que eles perderam foi uma batalha”, afirmou ele. “Existe uma guerra que eles vão vencer.” /Tradução de Augusto Calil

Em seu livro de 2018, O Quinto Risco, Michael Lewis colocou uma inquietante questão: e se as agências do governo encarregadas de lidar com catástrofes — desastres naturais, escassez de comida ocasionadas pela mudança climática, epidemias — fracassassem em se preparar para uma crise inesperada e ameaçadora?

O jornalista e escritor Michael Lewis Foto: Peter Prato/The New York Times

   “Muitos dos riscos que caíram no colo do governo pareciam tão remotos, como se fossem irreais: a possibilidade de um ciberataque deixar metade do país sem eletricidade; ou de um vírus transmitido por via aérea matar milhões de pessoas”, escreveu ele. 

No ano passado, quando o coronavírus começou a se espalhar pelos Estados Unidos, Lewis ligou para algumas das fontes do governo que usou em O Quinto Risco. O que ele descobriu foi ainda mais desconcertante do que o cenário assustador a respeito do qual ele lia no noticiário. Os especialistas com os quais ele conversou estavam alarmados não somente com o fracasso do governo em conter o vírus, mas também com a possibilidade de um patógeno ainda mais mortífero estar no horizonte.

“Todos eles consideravam esse evento como um exercício de simulação para algo muito pior, que é inevitável. E como nos preparamos para isso?”, afirmou Lewis em entrevista, na semana passada. “Eles encaravam a pandemia da mesma maneira que o corpo encara a vacina. É como um ensaio para quando a coisa ficar realmente grave.”

Lewis expõe essa aterradora possibilidade em seu novo livro, The Premonition: A Pandemic Story [A premonição: uma história de pandemia], que a editora W.W. Norton publicará em maio, com tiragem anunciada de 500 mil exemplares na primeira impressão.

“A premonição” acompanha três personagens centrais — um bioquímico, um trabalhador da área da saúde pública e um funcionário do governo federal que trabalha na Casa Branca — enquanto eles combatem a pandemia e descobrem que a resposta do governo americano é terrivelmente inadequada. Todos eles colocam “suas carreiras em risco” enquanto tentam evitar a catástrofe, afirmou Lewis.

Grande parte da narrativa ocorre antes de qualquer um descobrir a rapidez com que o vírus estava se espalhando pelos Estados Unidos. Lewis se recusou a identificar os três personagens, cujos nomes são revelados no livro, porque ele ainda está terminando a obra e não quer interferir no trabalho que eles estão realizando por colocá-los em evidência prematuramente. Os três estão concentrados naquilo que precisa ser feito para evitar futuras pandemias, afirmou ele.

“Quando eles veem algo assim, se dão conta que há coisa pior a caminho”, afirmou ele. “Se a catástrofe não acontecer, meus personagens terão desempenhado um importante papel para que isso não ocorra.”

Lewis, autor de best-sellers de não ficção como Moneyball: o homem que mudou o jogo e A jogada do século, é conhecido por produzir narrativas convincentes e envolventes a partir de temas complexos e enfadonhos — como valor mobiliários lastreados em hipotecas, dívidas soberanas, estatísticas ou a monótona mas essencial mecânica da burocracia governamental. Seus livros anteriores venderam, ao todo, mais de 10 milhões de exemplares.

Com A premonição, Lewis enfrenta um tema que ainda está em desdobramento. Ele aborda a pandemia de um lugar que descreve como uma perspectiva pouco explorada: a visão térrea de quem liderou “uma espécie de resposta clandestina” à pandemia, enquanto graduados funcionários do governo garantiam falsamente ao público que o coronavírus desapareceria.

A premonição integrará um crescente acervo de não ficção que explora a pandemia e seus impactos. Os livros recentes e vindouros incluem The Corona Crash, de Grace Blakeley, que analisa a pandemia e as novas formas do capitalismo que ela impõe; Surge, da repórter Sheri Fink, do New York Times, que trata das dimensões éticas, sociais e científicas da crise; Fever City, de Gabriel Sherman, a respeito da resposta da cidade de Nova York à disseminação do vírus; e Preventable, um livro sobre as falhas que levaram a infecções e mortes evitáveis pelo coronavírus, de Andy Slavitt, que agora atua como conselheiro-sênior da equipe de resposta à COVID-19 do presidente Joe Biden. Em junho, Lawrence Wright, articulista da revista New Yorker, lançará The Plague Year, com crônicas a respeito das origens do coronavírus e sua disseminação global.

Lewis iniciou sua apuração a respeito da pandemia no segundo trimestre do ano passado e começou a escrever no quatro trimestre. Quando ligou para seu editor de longa data na Norton, Starling Lawrence, para contar-lhe o que estava escrevendo, ele ficou tão emocionado que começou a gaguejar e não conseguiu descrever a trama.

Lawrence afirmou que “em um dado momento, ele disse, ‘Diabos, não consigo explicar, é melhor escrever'. Eu disse, ‘Isso, ótima ideia.'"

Lewis esperava conseguir publicar o livro o mais rapidamente possível, a tempo de a equipe de transição de Biden conseguir lê-lo. “Eu achava que ele seria mais útil se fosse lançado o quanto antes”, afirmou ele.

Ao mesmo tempo, ele sentiu que precisava esperar para conferir a eficiência do governo na resposta à pandemia, que se provou tão desastrosa quanto ele temia, com dezenas de milhões de americanos infectados e centenas de milhares de mortes.

Ainda assim, Lewis considera seu livro esperançoso.

“É uma história de super-herói na qual os super-heróis parecem ter perdido a guerra, mas tudo que eles perderam foi uma batalha”, afirmou ele. “Existe uma guerra que eles vão vencer.” /Tradução de Augusto Calil

Em seu livro de 2018, O Quinto Risco, Michael Lewis colocou uma inquietante questão: e se as agências do governo encarregadas de lidar com catástrofes — desastres naturais, escassez de comida ocasionadas pela mudança climática, epidemias — fracassassem em se preparar para uma crise inesperada e ameaçadora?

O jornalista e escritor Michael Lewis Foto: Peter Prato/The New York Times

   “Muitos dos riscos que caíram no colo do governo pareciam tão remotos, como se fossem irreais: a possibilidade de um ciberataque deixar metade do país sem eletricidade; ou de um vírus transmitido por via aérea matar milhões de pessoas”, escreveu ele. 

No ano passado, quando o coronavírus começou a se espalhar pelos Estados Unidos, Lewis ligou para algumas das fontes do governo que usou em O Quinto Risco. O que ele descobriu foi ainda mais desconcertante do que o cenário assustador a respeito do qual ele lia no noticiário. Os especialistas com os quais ele conversou estavam alarmados não somente com o fracasso do governo em conter o vírus, mas também com a possibilidade de um patógeno ainda mais mortífero estar no horizonte.

“Todos eles consideravam esse evento como um exercício de simulação para algo muito pior, que é inevitável. E como nos preparamos para isso?”, afirmou Lewis em entrevista, na semana passada. “Eles encaravam a pandemia da mesma maneira que o corpo encara a vacina. É como um ensaio para quando a coisa ficar realmente grave.”

Lewis expõe essa aterradora possibilidade em seu novo livro, The Premonition: A Pandemic Story [A premonição: uma história de pandemia], que a editora W.W. Norton publicará em maio, com tiragem anunciada de 500 mil exemplares na primeira impressão.

“A premonição” acompanha três personagens centrais — um bioquímico, um trabalhador da área da saúde pública e um funcionário do governo federal que trabalha na Casa Branca — enquanto eles combatem a pandemia e descobrem que a resposta do governo americano é terrivelmente inadequada. Todos eles colocam “suas carreiras em risco” enquanto tentam evitar a catástrofe, afirmou Lewis.

Grande parte da narrativa ocorre antes de qualquer um descobrir a rapidez com que o vírus estava se espalhando pelos Estados Unidos. Lewis se recusou a identificar os três personagens, cujos nomes são revelados no livro, porque ele ainda está terminando a obra e não quer interferir no trabalho que eles estão realizando por colocá-los em evidência prematuramente. Os três estão concentrados naquilo que precisa ser feito para evitar futuras pandemias, afirmou ele.

“Quando eles veem algo assim, se dão conta que há coisa pior a caminho”, afirmou ele. “Se a catástrofe não acontecer, meus personagens terão desempenhado um importante papel para que isso não ocorra.”

Lewis, autor de best-sellers de não ficção como Moneyball: o homem que mudou o jogo e A jogada do século, é conhecido por produzir narrativas convincentes e envolventes a partir de temas complexos e enfadonhos — como valor mobiliários lastreados em hipotecas, dívidas soberanas, estatísticas ou a monótona mas essencial mecânica da burocracia governamental. Seus livros anteriores venderam, ao todo, mais de 10 milhões de exemplares.

Com A premonição, Lewis enfrenta um tema que ainda está em desdobramento. Ele aborda a pandemia de um lugar que descreve como uma perspectiva pouco explorada: a visão térrea de quem liderou “uma espécie de resposta clandestina” à pandemia, enquanto graduados funcionários do governo garantiam falsamente ao público que o coronavírus desapareceria.

A premonição integrará um crescente acervo de não ficção que explora a pandemia e seus impactos. Os livros recentes e vindouros incluem The Corona Crash, de Grace Blakeley, que analisa a pandemia e as novas formas do capitalismo que ela impõe; Surge, da repórter Sheri Fink, do New York Times, que trata das dimensões éticas, sociais e científicas da crise; Fever City, de Gabriel Sherman, a respeito da resposta da cidade de Nova York à disseminação do vírus; e Preventable, um livro sobre as falhas que levaram a infecções e mortes evitáveis pelo coronavírus, de Andy Slavitt, que agora atua como conselheiro-sênior da equipe de resposta à COVID-19 do presidente Joe Biden. Em junho, Lawrence Wright, articulista da revista New Yorker, lançará The Plague Year, com crônicas a respeito das origens do coronavírus e sua disseminação global.

Lewis iniciou sua apuração a respeito da pandemia no segundo trimestre do ano passado e começou a escrever no quatro trimestre. Quando ligou para seu editor de longa data na Norton, Starling Lawrence, para contar-lhe o que estava escrevendo, ele ficou tão emocionado que começou a gaguejar e não conseguiu descrever a trama.

Lawrence afirmou que “em um dado momento, ele disse, ‘Diabos, não consigo explicar, é melhor escrever'. Eu disse, ‘Isso, ótima ideia.'"

Lewis esperava conseguir publicar o livro o mais rapidamente possível, a tempo de a equipe de transição de Biden conseguir lê-lo. “Eu achava que ele seria mais útil se fosse lançado o quanto antes”, afirmou ele.

Ao mesmo tempo, ele sentiu que precisava esperar para conferir a eficiência do governo na resposta à pandemia, que se provou tão desastrosa quanto ele temia, com dezenas de milhões de americanos infectados e centenas de milhares de mortes.

Ainda assim, Lewis considera seu livro esperançoso.

“É uma história de super-herói na qual os super-heróis parecem ter perdido a guerra, mas tudo que eles perderam foi uma batalha”, afirmou ele. “Existe uma guerra que eles vão vencer.” /Tradução de Augusto Calil

Em seu livro de 2018, O Quinto Risco, Michael Lewis colocou uma inquietante questão: e se as agências do governo encarregadas de lidar com catástrofes — desastres naturais, escassez de comida ocasionadas pela mudança climática, epidemias — fracassassem em se preparar para uma crise inesperada e ameaçadora?

O jornalista e escritor Michael Lewis Foto: Peter Prato/The New York Times

   “Muitos dos riscos que caíram no colo do governo pareciam tão remotos, como se fossem irreais: a possibilidade de um ciberataque deixar metade do país sem eletricidade; ou de um vírus transmitido por via aérea matar milhões de pessoas”, escreveu ele. 

No ano passado, quando o coronavírus começou a se espalhar pelos Estados Unidos, Lewis ligou para algumas das fontes do governo que usou em O Quinto Risco. O que ele descobriu foi ainda mais desconcertante do que o cenário assustador a respeito do qual ele lia no noticiário. Os especialistas com os quais ele conversou estavam alarmados não somente com o fracasso do governo em conter o vírus, mas também com a possibilidade de um patógeno ainda mais mortífero estar no horizonte.

“Todos eles consideravam esse evento como um exercício de simulação para algo muito pior, que é inevitável. E como nos preparamos para isso?”, afirmou Lewis em entrevista, na semana passada. “Eles encaravam a pandemia da mesma maneira que o corpo encara a vacina. É como um ensaio para quando a coisa ficar realmente grave.”

Lewis expõe essa aterradora possibilidade em seu novo livro, The Premonition: A Pandemic Story [A premonição: uma história de pandemia], que a editora W.W. Norton publicará em maio, com tiragem anunciada de 500 mil exemplares na primeira impressão.

“A premonição” acompanha três personagens centrais — um bioquímico, um trabalhador da área da saúde pública e um funcionário do governo federal que trabalha na Casa Branca — enquanto eles combatem a pandemia e descobrem que a resposta do governo americano é terrivelmente inadequada. Todos eles colocam “suas carreiras em risco” enquanto tentam evitar a catástrofe, afirmou Lewis.

Grande parte da narrativa ocorre antes de qualquer um descobrir a rapidez com que o vírus estava se espalhando pelos Estados Unidos. Lewis se recusou a identificar os três personagens, cujos nomes são revelados no livro, porque ele ainda está terminando a obra e não quer interferir no trabalho que eles estão realizando por colocá-los em evidência prematuramente. Os três estão concentrados naquilo que precisa ser feito para evitar futuras pandemias, afirmou ele.

“Quando eles veem algo assim, se dão conta que há coisa pior a caminho”, afirmou ele. “Se a catástrofe não acontecer, meus personagens terão desempenhado um importante papel para que isso não ocorra.”

Lewis, autor de best-sellers de não ficção como Moneyball: o homem que mudou o jogo e A jogada do século, é conhecido por produzir narrativas convincentes e envolventes a partir de temas complexos e enfadonhos — como valor mobiliários lastreados em hipotecas, dívidas soberanas, estatísticas ou a monótona mas essencial mecânica da burocracia governamental. Seus livros anteriores venderam, ao todo, mais de 10 milhões de exemplares.

Com A premonição, Lewis enfrenta um tema que ainda está em desdobramento. Ele aborda a pandemia de um lugar que descreve como uma perspectiva pouco explorada: a visão térrea de quem liderou “uma espécie de resposta clandestina” à pandemia, enquanto graduados funcionários do governo garantiam falsamente ao público que o coronavírus desapareceria.

A premonição integrará um crescente acervo de não ficção que explora a pandemia e seus impactos. Os livros recentes e vindouros incluem The Corona Crash, de Grace Blakeley, que analisa a pandemia e as novas formas do capitalismo que ela impõe; Surge, da repórter Sheri Fink, do New York Times, que trata das dimensões éticas, sociais e científicas da crise; Fever City, de Gabriel Sherman, a respeito da resposta da cidade de Nova York à disseminação do vírus; e Preventable, um livro sobre as falhas que levaram a infecções e mortes evitáveis pelo coronavírus, de Andy Slavitt, que agora atua como conselheiro-sênior da equipe de resposta à COVID-19 do presidente Joe Biden. Em junho, Lawrence Wright, articulista da revista New Yorker, lançará The Plague Year, com crônicas a respeito das origens do coronavírus e sua disseminação global.

Lewis iniciou sua apuração a respeito da pandemia no segundo trimestre do ano passado e começou a escrever no quatro trimestre. Quando ligou para seu editor de longa data na Norton, Starling Lawrence, para contar-lhe o que estava escrevendo, ele ficou tão emocionado que começou a gaguejar e não conseguiu descrever a trama.

Lawrence afirmou que “em um dado momento, ele disse, ‘Diabos, não consigo explicar, é melhor escrever'. Eu disse, ‘Isso, ótima ideia.'"

Lewis esperava conseguir publicar o livro o mais rapidamente possível, a tempo de a equipe de transição de Biden conseguir lê-lo. “Eu achava que ele seria mais útil se fosse lançado o quanto antes”, afirmou ele.

Ao mesmo tempo, ele sentiu que precisava esperar para conferir a eficiência do governo na resposta à pandemia, que se provou tão desastrosa quanto ele temia, com dezenas de milhões de americanos infectados e centenas de milhares de mortes.

Ainda assim, Lewis considera seu livro esperançoso.

“É uma história de super-herói na qual os super-heróis parecem ter perdido a guerra, mas tudo que eles perderam foi uma batalha”, afirmou ele. “Existe uma guerra que eles vão vencer.” /Tradução de Augusto Calil

Em seu livro de 2018, O Quinto Risco, Michael Lewis colocou uma inquietante questão: e se as agências do governo encarregadas de lidar com catástrofes — desastres naturais, escassez de comida ocasionadas pela mudança climática, epidemias — fracassassem em se preparar para uma crise inesperada e ameaçadora?

O jornalista e escritor Michael Lewis Foto: Peter Prato/The New York Times

   “Muitos dos riscos que caíram no colo do governo pareciam tão remotos, como se fossem irreais: a possibilidade de um ciberataque deixar metade do país sem eletricidade; ou de um vírus transmitido por via aérea matar milhões de pessoas”, escreveu ele. 

No ano passado, quando o coronavírus começou a se espalhar pelos Estados Unidos, Lewis ligou para algumas das fontes do governo que usou em O Quinto Risco. O que ele descobriu foi ainda mais desconcertante do que o cenário assustador a respeito do qual ele lia no noticiário. Os especialistas com os quais ele conversou estavam alarmados não somente com o fracasso do governo em conter o vírus, mas também com a possibilidade de um patógeno ainda mais mortífero estar no horizonte.

“Todos eles consideravam esse evento como um exercício de simulação para algo muito pior, que é inevitável. E como nos preparamos para isso?”, afirmou Lewis em entrevista, na semana passada. “Eles encaravam a pandemia da mesma maneira que o corpo encara a vacina. É como um ensaio para quando a coisa ficar realmente grave.”

Lewis expõe essa aterradora possibilidade em seu novo livro, The Premonition: A Pandemic Story [A premonição: uma história de pandemia], que a editora W.W. Norton publicará em maio, com tiragem anunciada de 500 mil exemplares na primeira impressão.

“A premonição” acompanha três personagens centrais — um bioquímico, um trabalhador da área da saúde pública e um funcionário do governo federal que trabalha na Casa Branca — enquanto eles combatem a pandemia e descobrem que a resposta do governo americano é terrivelmente inadequada. Todos eles colocam “suas carreiras em risco” enquanto tentam evitar a catástrofe, afirmou Lewis.

Grande parte da narrativa ocorre antes de qualquer um descobrir a rapidez com que o vírus estava se espalhando pelos Estados Unidos. Lewis se recusou a identificar os três personagens, cujos nomes são revelados no livro, porque ele ainda está terminando a obra e não quer interferir no trabalho que eles estão realizando por colocá-los em evidência prematuramente. Os três estão concentrados naquilo que precisa ser feito para evitar futuras pandemias, afirmou ele.

“Quando eles veem algo assim, se dão conta que há coisa pior a caminho”, afirmou ele. “Se a catástrofe não acontecer, meus personagens terão desempenhado um importante papel para que isso não ocorra.”

Lewis, autor de best-sellers de não ficção como Moneyball: o homem que mudou o jogo e A jogada do século, é conhecido por produzir narrativas convincentes e envolventes a partir de temas complexos e enfadonhos — como valor mobiliários lastreados em hipotecas, dívidas soberanas, estatísticas ou a monótona mas essencial mecânica da burocracia governamental. Seus livros anteriores venderam, ao todo, mais de 10 milhões de exemplares.

Com A premonição, Lewis enfrenta um tema que ainda está em desdobramento. Ele aborda a pandemia de um lugar que descreve como uma perspectiva pouco explorada: a visão térrea de quem liderou “uma espécie de resposta clandestina” à pandemia, enquanto graduados funcionários do governo garantiam falsamente ao público que o coronavírus desapareceria.

A premonição integrará um crescente acervo de não ficção que explora a pandemia e seus impactos. Os livros recentes e vindouros incluem The Corona Crash, de Grace Blakeley, que analisa a pandemia e as novas formas do capitalismo que ela impõe; Surge, da repórter Sheri Fink, do New York Times, que trata das dimensões éticas, sociais e científicas da crise; Fever City, de Gabriel Sherman, a respeito da resposta da cidade de Nova York à disseminação do vírus; e Preventable, um livro sobre as falhas que levaram a infecções e mortes evitáveis pelo coronavírus, de Andy Slavitt, que agora atua como conselheiro-sênior da equipe de resposta à COVID-19 do presidente Joe Biden. Em junho, Lawrence Wright, articulista da revista New Yorker, lançará The Plague Year, com crônicas a respeito das origens do coronavírus e sua disseminação global.

Lewis iniciou sua apuração a respeito da pandemia no segundo trimestre do ano passado e começou a escrever no quatro trimestre. Quando ligou para seu editor de longa data na Norton, Starling Lawrence, para contar-lhe o que estava escrevendo, ele ficou tão emocionado que começou a gaguejar e não conseguiu descrever a trama.

Lawrence afirmou que “em um dado momento, ele disse, ‘Diabos, não consigo explicar, é melhor escrever'. Eu disse, ‘Isso, ótima ideia.'"

Lewis esperava conseguir publicar o livro o mais rapidamente possível, a tempo de a equipe de transição de Biden conseguir lê-lo. “Eu achava que ele seria mais útil se fosse lançado o quanto antes”, afirmou ele.

Ao mesmo tempo, ele sentiu que precisava esperar para conferir a eficiência do governo na resposta à pandemia, que se provou tão desastrosa quanto ele temia, com dezenas de milhões de americanos infectados e centenas de milhares de mortes.

Ainda assim, Lewis considera seu livro esperançoso.

“É uma história de super-herói na qual os super-heróis parecem ter perdido a guerra, mas tudo que eles perderam foi uma batalha”, afirmou ele. “Existe uma guerra que eles vão vencer.” /Tradução de Augusto Calil

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