Texto publicado originalmente na edição de 20 de março, do novo Sextou!, com dicas de como enfrentar os dias de isolamento em casa para evitar a disseminação do coronavírus. Vamos Comprar um Poeta, de Afonso Cruz, inaugura a nova coluna Um Livro Por Semana.
Há muitos estudos que afirmam que ter um artista, um bailarino, um ator ou mesmo um poeta ajuda a combater o estresse, a baixar o colesterol mau, o que nos torna cidadãos e profissionais mais produtivos, concentrados e eficazes. Quem escreve isso é a narradora de Vamos Comprar um Poeta, do português Afonso Cruz, uma garotinha acostumada a medir tudo e a embasar sua opinião em estudos, sobretudo econômicos, que todos ali conhecem bem e aplicam em nome do "crescimento e da prosperidade".
Vivendo num tempo e lugar não definidos, a menina pede para o pai comprar um poeta. Ele preferia um artista, mas a mãe diz que eles fazem muita porcaria. Aquele ser estranho passa a viver num divã embaixo da escada. Senta à mesa com a família, solta versos aleatórios. Incomoda na mesma medida que transforma.
Vem a crise, a família aperta o cinto. Questiona-se (ainda mais) a utilidade de se ter um poeta e da poesia em si. O que fazer com ele, então? Qual o papel da cultura em momentos difíceis? Autor e poeta tentam responder.
"A ficção é um planejamento para a construção de uma outra hipótese de sociedade", escreve Cruz no apêndice. A lição do poeta? É preciso desembaçar a vida, passar a mão pela realidade até vermos um sorriso.
Vamos comprar um poeta Autor: Afonso Cruz Editora: Dublinense (96 págs.; R$ 39,90; R$ 29,90 o e-book)