'Cheias de Charme' promove a aproximação entre internet e televisão


Por Cristina Padiglione

Novela de autores estreantes, pela Globo, com enredo protagonizado por empregadas domésticas e capaz de gerar milhões de acessos na internet, onde já se viu? De Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, Cheias de Charme cerra cortinas dentro de duas semanas como um divisor de águas na história da telenovela: foi a primeira vez que as domésticas fizeram a linha de frente do elenco de um folhetim no Brasil e a primeira vez que uma cena importante da trama foi antecipada pela internet. Criou-se aí a novela transmídia.O Ibope não só respondeu com mais de 30 pontos na Grande Paulo, praça onde a concorrência é mais acirrada, como sustentou e foi sustentado pelo fenômeno que a novela gerou na web. O clipe das empreguetes vividas por Thaís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond teve mais de 12 milhões de cliques. A cena, que mereceu todo um suspense na narrativa da trama, foi publicada na web no sábado e só surgiu na novela no capítulo da segunda-feira seguinte. "Nós queríamos que quando o personagem dissesse na novela que o clipe já estava na internet, aquilo realmente já estivesse na web da vida real e os espectadores pudessem ver", conta Filipe Miguez. A Globo, segundo os autores, deu todo o apoio à iniciativa. Vieram as versões dos internautas, as paródias, e estava criado um diálogo inédito entre produtores e telespectadores de novela. Constatado o efeito, outras ações transmídia foram planejadas. Assim que o movimento Empreguetes para Sempre foi criado na novela, o site de fãs do trio (www.empreguetes.com.br) começou a receber vídeos, mensagens e fotos de apoio para a volta do trio, tendo já ultrapassado a marca de 3 milhões de visitas. Em menos de um mês de campanha, foram recebidos mais de 1.300 vídeos e 20 mil mensagens de telespectadores. O post sobre a campanha bateu recorde na fan page de Novelas da TV Globo, com mais de 43 mil compartilhamentos. O clipe mais recente das Empreguetes, da música Nosso Brilho, já ultrapassou 2 milhões de requisições."A internet surgiu mais como uma necessidade da trama do que propriamente uma intenção prévia", conta Miguez. A ideia inicial era contar uma história sobre domésticas e apresentar um meio de ascensão em que "o dinheiro tivesse uma origem muito reconhecível popularmente". Veio então a ideia de levar as empreguetes ao universo da música pop, o que logo inspirou as ações no melhor gênero YouTube.O argumento, que contou com Cláudia Abreu como a patroete, vilã e superstar Chayenne, também rendeu a Cheias de Charme o mérito de explorar o universo dos astros da música, e não faltaram cantores de verdade dispostos a participar da novela. "A participação dos artistas reais, pra nós, foi uma surpresa, porque eles se revelaram bons atores. Isso, mais a participação das personagens em programas de TV fora da novela, só foi tornando a ficção mais crível", completa o autor.Nessa feliz convergência de fatores, o tema patroetes e empreguetes bem poderia ter descambado para o maniqueísmo. "Todo mundo pergunta se a gente escolheu as domésticas para abordar essa mudança de ascensão social no Brasil", diz Izabel de Oliveira. "Não foi isso, mas acho que essa categoria de trabalhadores foi a que mais se modificou nos últimos anos", completa. Ao fazer das patroas as vilãs e das empregadas, as heroínas, a dupla de autores conta ao Estado que se preveniu de eventuais queixas de ambos os lados ao inserir na trama uma patroa bacana, Lygia (Malu Galli), e uma empregada vilãzinha, Socorro (Titina Medeiros). "Eu brinco que nós botamos o dedo na ferida e fizemos cócegas", diz Miguez. Falar sobre as domésticas como uma categoria que conquista novos direitos e possibilidades de ascensão era uma "questão delicada" para os autores, visto que novela da Globo normalmente tem de capturar todos os públicos. "A gente não sabia como as pessoas reagiriam, é um ponto nevrálgico da sociedade brasileira, é um tema que suscita polêmicas e a gente, a custa de muito humor e delicadeza, conseguiu que as pessoas pudessem discutir e até rir disso, com muito cuidado."Da questão social ao linguajar das ruas, "a novela dialoga com a realidade", lembra Izabel. "E a nossa preocupação sempre foi saber o que estava acontecendo ao redor." Em tese, custa imaginar um caldeirão onde a relação entre domésticas e patroas, aliada à ascensão social, música pop e internet produzam um bom caldo, mas as pesquisas da vida real endossam o acerto de Miguez e Izabel. Ou não é a tecnologia que lidera o consumo de uma classe disposta a demonstrar a conquista de um novo poder aquisitivo?Miguez costura as pontas da história: "A novela tem esses dois universos: o doméstico e o dos ídolos musicais. É um universo que realmente não tinha sido retratado em novela e é um universo não somente popular, mas muito na crista da onda. Existe um estrato comum nesses dois universos que é a coisa da periferia, através da tecnologia, ter a chance de se impor culturalmente e mesmo economicamente".

Novela de autores estreantes, pela Globo, com enredo protagonizado por empregadas domésticas e capaz de gerar milhões de acessos na internet, onde já se viu? De Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, Cheias de Charme cerra cortinas dentro de duas semanas como um divisor de águas na história da telenovela: foi a primeira vez que as domésticas fizeram a linha de frente do elenco de um folhetim no Brasil e a primeira vez que uma cena importante da trama foi antecipada pela internet. Criou-se aí a novela transmídia.O Ibope não só respondeu com mais de 30 pontos na Grande Paulo, praça onde a concorrência é mais acirrada, como sustentou e foi sustentado pelo fenômeno que a novela gerou na web. O clipe das empreguetes vividas por Thaís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond teve mais de 12 milhões de cliques. A cena, que mereceu todo um suspense na narrativa da trama, foi publicada na web no sábado e só surgiu na novela no capítulo da segunda-feira seguinte. "Nós queríamos que quando o personagem dissesse na novela que o clipe já estava na internet, aquilo realmente já estivesse na web da vida real e os espectadores pudessem ver", conta Filipe Miguez. A Globo, segundo os autores, deu todo o apoio à iniciativa. Vieram as versões dos internautas, as paródias, e estava criado um diálogo inédito entre produtores e telespectadores de novela. Constatado o efeito, outras ações transmídia foram planejadas. Assim que o movimento Empreguetes para Sempre foi criado na novela, o site de fãs do trio (www.empreguetes.com.br) começou a receber vídeos, mensagens e fotos de apoio para a volta do trio, tendo já ultrapassado a marca de 3 milhões de visitas. Em menos de um mês de campanha, foram recebidos mais de 1.300 vídeos e 20 mil mensagens de telespectadores. O post sobre a campanha bateu recorde na fan page de Novelas da TV Globo, com mais de 43 mil compartilhamentos. O clipe mais recente das Empreguetes, da música Nosso Brilho, já ultrapassou 2 milhões de requisições."A internet surgiu mais como uma necessidade da trama do que propriamente uma intenção prévia", conta Miguez. A ideia inicial era contar uma história sobre domésticas e apresentar um meio de ascensão em que "o dinheiro tivesse uma origem muito reconhecível popularmente". Veio então a ideia de levar as empreguetes ao universo da música pop, o que logo inspirou as ações no melhor gênero YouTube.O argumento, que contou com Cláudia Abreu como a patroete, vilã e superstar Chayenne, também rendeu a Cheias de Charme o mérito de explorar o universo dos astros da música, e não faltaram cantores de verdade dispostos a participar da novela. "A participação dos artistas reais, pra nós, foi uma surpresa, porque eles se revelaram bons atores. Isso, mais a participação das personagens em programas de TV fora da novela, só foi tornando a ficção mais crível", completa o autor.Nessa feliz convergência de fatores, o tema patroetes e empreguetes bem poderia ter descambado para o maniqueísmo. "Todo mundo pergunta se a gente escolheu as domésticas para abordar essa mudança de ascensão social no Brasil", diz Izabel de Oliveira. "Não foi isso, mas acho que essa categoria de trabalhadores foi a que mais se modificou nos últimos anos", completa. Ao fazer das patroas as vilãs e das empregadas, as heroínas, a dupla de autores conta ao Estado que se preveniu de eventuais queixas de ambos os lados ao inserir na trama uma patroa bacana, Lygia (Malu Galli), e uma empregada vilãzinha, Socorro (Titina Medeiros). "Eu brinco que nós botamos o dedo na ferida e fizemos cócegas", diz Miguez. Falar sobre as domésticas como uma categoria que conquista novos direitos e possibilidades de ascensão era uma "questão delicada" para os autores, visto que novela da Globo normalmente tem de capturar todos os públicos. "A gente não sabia como as pessoas reagiriam, é um ponto nevrálgico da sociedade brasileira, é um tema que suscita polêmicas e a gente, a custa de muito humor e delicadeza, conseguiu que as pessoas pudessem discutir e até rir disso, com muito cuidado."Da questão social ao linguajar das ruas, "a novela dialoga com a realidade", lembra Izabel. "E a nossa preocupação sempre foi saber o que estava acontecendo ao redor." Em tese, custa imaginar um caldeirão onde a relação entre domésticas e patroas, aliada à ascensão social, música pop e internet produzam um bom caldo, mas as pesquisas da vida real endossam o acerto de Miguez e Izabel. Ou não é a tecnologia que lidera o consumo de uma classe disposta a demonstrar a conquista de um novo poder aquisitivo?Miguez costura as pontas da história: "A novela tem esses dois universos: o doméstico e o dos ídolos musicais. É um universo que realmente não tinha sido retratado em novela e é um universo não somente popular, mas muito na crista da onda. Existe um estrato comum nesses dois universos que é a coisa da periferia, através da tecnologia, ter a chance de se impor culturalmente e mesmo economicamente".

Novela de autores estreantes, pela Globo, com enredo protagonizado por empregadas domésticas e capaz de gerar milhões de acessos na internet, onde já se viu? De Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, Cheias de Charme cerra cortinas dentro de duas semanas como um divisor de águas na história da telenovela: foi a primeira vez que as domésticas fizeram a linha de frente do elenco de um folhetim no Brasil e a primeira vez que uma cena importante da trama foi antecipada pela internet. Criou-se aí a novela transmídia.O Ibope não só respondeu com mais de 30 pontos na Grande Paulo, praça onde a concorrência é mais acirrada, como sustentou e foi sustentado pelo fenômeno que a novela gerou na web. O clipe das empreguetes vividas por Thaís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond teve mais de 12 milhões de cliques. A cena, que mereceu todo um suspense na narrativa da trama, foi publicada na web no sábado e só surgiu na novela no capítulo da segunda-feira seguinte. "Nós queríamos que quando o personagem dissesse na novela que o clipe já estava na internet, aquilo realmente já estivesse na web da vida real e os espectadores pudessem ver", conta Filipe Miguez. A Globo, segundo os autores, deu todo o apoio à iniciativa. Vieram as versões dos internautas, as paródias, e estava criado um diálogo inédito entre produtores e telespectadores de novela. Constatado o efeito, outras ações transmídia foram planejadas. Assim que o movimento Empreguetes para Sempre foi criado na novela, o site de fãs do trio (www.empreguetes.com.br) começou a receber vídeos, mensagens e fotos de apoio para a volta do trio, tendo já ultrapassado a marca de 3 milhões de visitas. Em menos de um mês de campanha, foram recebidos mais de 1.300 vídeos e 20 mil mensagens de telespectadores. O post sobre a campanha bateu recorde na fan page de Novelas da TV Globo, com mais de 43 mil compartilhamentos. O clipe mais recente das Empreguetes, da música Nosso Brilho, já ultrapassou 2 milhões de requisições."A internet surgiu mais como uma necessidade da trama do que propriamente uma intenção prévia", conta Miguez. A ideia inicial era contar uma história sobre domésticas e apresentar um meio de ascensão em que "o dinheiro tivesse uma origem muito reconhecível popularmente". Veio então a ideia de levar as empreguetes ao universo da música pop, o que logo inspirou as ações no melhor gênero YouTube.O argumento, que contou com Cláudia Abreu como a patroete, vilã e superstar Chayenne, também rendeu a Cheias de Charme o mérito de explorar o universo dos astros da música, e não faltaram cantores de verdade dispostos a participar da novela. "A participação dos artistas reais, pra nós, foi uma surpresa, porque eles se revelaram bons atores. Isso, mais a participação das personagens em programas de TV fora da novela, só foi tornando a ficção mais crível", completa o autor.Nessa feliz convergência de fatores, o tema patroetes e empreguetes bem poderia ter descambado para o maniqueísmo. "Todo mundo pergunta se a gente escolheu as domésticas para abordar essa mudança de ascensão social no Brasil", diz Izabel de Oliveira. "Não foi isso, mas acho que essa categoria de trabalhadores foi a que mais se modificou nos últimos anos", completa. Ao fazer das patroas as vilãs e das empregadas, as heroínas, a dupla de autores conta ao Estado que se preveniu de eventuais queixas de ambos os lados ao inserir na trama uma patroa bacana, Lygia (Malu Galli), e uma empregada vilãzinha, Socorro (Titina Medeiros). "Eu brinco que nós botamos o dedo na ferida e fizemos cócegas", diz Miguez. Falar sobre as domésticas como uma categoria que conquista novos direitos e possibilidades de ascensão era uma "questão delicada" para os autores, visto que novela da Globo normalmente tem de capturar todos os públicos. "A gente não sabia como as pessoas reagiriam, é um ponto nevrálgico da sociedade brasileira, é um tema que suscita polêmicas e a gente, a custa de muito humor e delicadeza, conseguiu que as pessoas pudessem discutir e até rir disso, com muito cuidado."Da questão social ao linguajar das ruas, "a novela dialoga com a realidade", lembra Izabel. "E a nossa preocupação sempre foi saber o que estava acontecendo ao redor." Em tese, custa imaginar um caldeirão onde a relação entre domésticas e patroas, aliada à ascensão social, música pop e internet produzam um bom caldo, mas as pesquisas da vida real endossam o acerto de Miguez e Izabel. Ou não é a tecnologia que lidera o consumo de uma classe disposta a demonstrar a conquista de um novo poder aquisitivo?Miguez costura as pontas da história: "A novela tem esses dois universos: o doméstico e o dos ídolos musicais. É um universo que realmente não tinha sido retratado em novela e é um universo não somente popular, mas muito na crista da onda. Existe um estrato comum nesses dois universos que é a coisa da periferia, através da tecnologia, ter a chance de se impor culturalmente e mesmo economicamente".

Novela de autores estreantes, pela Globo, com enredo protagonizado por empregadas domésticas e capaz de gerar milhões de acessos na internet, onde já se viu? De Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, Cheias de Charme cerra cortinas dentro de duas semanas como um divisor de águas na história da telenovela: foi a primeira vez que as domésticas fizeram a linha de frente do elenco de um folhetim no Brasil e a primeira vez que uma cena importante da trama foi antecipada pela internet. Criou-se aí a novela transmídia.O Ibope não só respondeu com mais de 30 pontos na Grande Paulo, praça onde a concorrência é mais acirrada, como sustentou e foi sustentado pelo fenômeno que a novela gerou na web. O clipe das empreguetes vividas por Thaís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond teve mais de 12 milhões de cliques. A cena, que mereceu todo um suspense na narrativa da trama, foi publicada na web no sábado e só surgiu na novela no capítulo da segunda-feira seguinte. "Nós queríamos que quando o personagem dissesse na novela que o clipe já estava na internet, aquilo realmente já estivesse na web da vida real e os espectadores pudessem ver", conta Filipe Miguez. A Globo, segundo os autores, deu todo o apoio à iniciativa. Vieram as versões dos internautas, as paródias, e estava criado um diálogo inédito entre produtores e telespectadores de novela. Constatado o efeito, outras ações transmídia foram planejadas. Assim que o movimento Empreguetes para Sempre foi criado na novela, o site de fãs do trio (www.empreguetes.com.br) começou a receber vídeos, mensagens e fotos de apoio para a volta do trio, tendo já ultrapassado a marca de 3 milhões de visitas. Em menos de um mês de campanha, foram recebidos mais de 1.300 vídeos e 20 mil mensagens de telespectadores. O post sobre a campanha bateu recorde na fan page de Novelas da TV Globo, com mais de 43 mil compartilhamentos. O clipe mais recente das Empreguetes, da música Nosso Brilho, já ultrapassou 2 milhões de requisições."A internet surgiu mais como uma necessidade da trama do que propriamente uma intenção prévia", conta Miguez. A ideia inicial era contar uma história sobre domésticas e apresentar um meio de ascensão em que "o dinheiro tivesse uma origem muito reconhecível popularmente". Veio então a ideia de levar as empreguetes ao universo da música pop, o que logo inspirou as ações no melhor gênero YouTube.O argumento, que contou com Cláudia Abreu como a patroete, vilã e superstar Chayenne, também rendeu a Cheias de Charme o mérito de explorar o universo dos astros da música, e não faltaram cantores de verdade dispostos a participar da novela. "A participação dos artistas reais, pra nós, foi uma surpresa, porque eles se revelaram bons atores. Isso, mais a participação das personagens em programas de TV fora da novela, só foi tornando a ficção mais crível", completa o autor.Nessa feliz convergência de fatores, o tema patroetes e empreguetes bem poderia ter descambado para o maniqueísmo. "Todo mundo pergunta se a gente escolheu as domésticas para abordar essa mudança de ascensão social no Brasil", diz Izabel de Oliveira. "Não foi isso, mas acho que essa categoria de trabalhadores foi a que mais se modificou nos últimos anos", completa. Ao fazer das patroas as vilãs e das empregadas, as heroínas, a dupla de autores conta ao Estado que se preveniu de eventuais queixas de ambos os lados ao inserir na trama uma patroa bacana, Lygia (Malu Galli), e uma empregada vilãzinha, Socorro (Titina Medeiros). "Eu brinco que nós botamos o dedo na ferida e fizemos cócegas", diz Miguez. Falar sobre as domésticas como uma categoria que conquista novos direitos e possibilidades de ascensão era uma "questão delicada" para os autores, visto que novela da Globo normalmente tem de capturar todos os públicos. "A gente não sabia como as pessoas reagiriam, é um ponto nevrálgico da sociedade brasileira, é um tema que suscita polêmicas e a gente, a custa de muito humor e delicadeza, conseguiu que as pessoas pudessem discutir e até rir disso, com muito cuidado."Da questão social ao linguajar das ruas, "a novela dialoga com a realidade", lembra Izabel. "E a nossa preocupação sempre foi saber o que estava acontecendo ao redor." Em tese, custa imaginar um caldeirão onde a relação entre domésticas e patroas, aliada à ascensão social, música pop e internet produzam um bom caldo, mas as pesquisas da vida real endossam o acerto de Miguez e Izabel. Ou não é a tecnologia que lidera o consumo de uma classe disposta a demonstrar a conquista de um novo poder aquisitivo?Miguez costura as pontas da história: "A novela tem esses dois universos: o doméstico e o dos ídolos musicais. É um universo que realmente não tinha sido retratado em novela e é um universo não somente popular, mas muito na crista da onda. Existe um estrato comum nesses dois universos que é a coisa da periferia, através da tecnologia, ter a chance de se impor culturalmente e mesmo economicamente".

Novela de autores estreantes, pela Globo, com enredo protagonizado por empregadas domésticas e capaz de gerar milhões de acessos na internet, onde já se viu? De Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, Cheias de Charme cerra cortinas dentro de duas semanas como um divisor de águas na história da telenovela: foi a primeira vez que as domésticas fizeram a linha de frente do elenco de um folhetim no Brasil e a primeira vez que uma cena importante da trama foi antecipada pela internet. Criou-se aí a novela transmídia.O Ibope não só respondeu com mais de 30 pontos na Grande Paulo, praça onde a concorrência é mais acirrada, como sustentou e foi sustentado pelo fenômeno que a novela gerou na web. O clipe das empreguetes vividas por Thaís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond teve mais de 12 milhões de cliques. A cena, que mereceu todo um suspense na narrativa da trama, foi publicada na web no sábado e só surgiu na novela no capítulo da segunda-feira seguinte. "Nós queríamos que quando o personagem dissesse na novela que o clipe já estava na internet, aquilo realmente já estivesse na web da vida real e os espectadores pudessem ver", conta Filipe Miguez. A Globo, segundo os autores, deu todo o apoio à iniciativa. Vieram as versões dos internautas, as paródias, e estava criado um diálogo inédito entre produtores e telespectadores de novela. Constatado o efeito, outras ações transmídia foram planejadas. Assim que o movimento Empreguetes para Sempre foi criado na novela, o site de fãs do trio (www.empreguetes.com.br) começou a receber vídeos, mensagens e fotos de apoio para a volta do trio, tendo já ultrapassado a marca de 3 milhões de visitas. Em menos de um mês de campanha, foram recebidos mais de 1.300 vídeos e 20 mil mensagens de telespectadores. O post sobre a campanha bateu recorde na fan page de Novelas da TV Globo, com mais de 43 mil compartilhamentos. O clipe mais recente das Empreguetes, da música Nosso Brilho, já ultrapassou 2 milhões de requisições."A internet surgiu mais como uma necessidade da trama do que propriamente uma intenção prévia", conta Miguez. A ideia inicial era contar uma história sobre domésticas e apresentar um meio de ascensão em que "o dinheiro tivesse uma origem muito reconhecível popularmente". Veio então a ideia de levar as empreguetes ao universo da música pop, o que logo inspirou as ações no melhor gênero YouTube.O argumento, que contou com Cláudia Abreu como a patroete, vilã e superstar Chayenne, também rendeu a Cheias de Charme o mérito de explorar o universo dos astros da música, e não faltaram cantores de verdade dispostos a participar da novela. "A participação dos artistas reais, pra nós, foi uma surpresa, porque eles se revelaram bons atores. Isso, mais a participação das personagens em programas de TV fora da novela, só foi tornando a ficção mais crível", completa o autor.Nessa feliz convergência de fatores, o tema patroetes e empreguetes bem poderia ter descambado para o maniqueísmo. "Todo mundo pergunta se a gente escolheu as domésticas para abordar essa mudança de ascensão social no Brasil", diz Izabel de Oliveira. "Não foi isso, mas acho que essa categoria de trabalhadores foi a que mais se modificou nos últimos anos", completa. Ao fazer das patroas as vilãs e das empregadas, as heroínas, a dupla de autores conta ao Estado que se preveniu de eventuais queixas de ambos os lados ao inserir na trama uma patroa bacana, Lygia (Malu Galli), e uma empregada vilãzinha, Socorro (Titina Medeiros). "Eu brinco que nós botamos o dedo na ferida e fizemos cócegas", diz Miguez. Falar sobre as domésticas como uma categoria que conquista novos direitos e possibilidades de ascensão era uma "questão delicada" para os autores, visto que novela da Globo normalmente tem de capturar todos os públicos. "A gente não sabia como as pessoas reagiriam, é um ponto nevrálgico da sociedade brasileira, é um tema que suscita polêmicas e a gente, a custa de muito humor e delicadeza, conseguiu que as pessoas pudessem discutir e até rir disso, com muito cuidado."Da questão social ao linguajar das ruas, "a novela dialoga com a realidade", lembra Izabel. "E a nossa preocupação sempre foi saber o que estava acontecendo ao redor." Em tese, custa imaginar um caldeirão onde a relação entre domésticas e patroas, aliada à ascensão social, música pop e internet produzam um bom caldo, mas as pesquisas da vida real endossam o acerto de Miguez e Izabel. Ou não é a tecnologia que lidera o consumo de uma classe disposta a demonstrar a conquista de um novo poder aquisitivo?Miguez costura as pontas da história: "A novela tem esses dois universos: o doméstico e o dos ídolos musicais. É um universo que realmente não tinha sido retratado em novela e é um universo não somente popular, mas muito na crista da onda. Existe um estrato comum nesses dois universos que é a coisa da periferia, através da tecnologia, ter a chance de se impor culturalmente e mesmo economicamente".

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