Completam-se em dezembro 24 anos do lançamento de A Bela e a Ferra nos cinemas brasileiros. A animação da Disney, realizada por Gary Trousdale e Kirk Wise, virou um marco da história do cinema, e não apenas da animação. Apenas quatro anos depois, em 1995, surgiria na Pixar – e o estúdio mais tarde cerraria fileiras com a lendária Disney -, a primeira animação inteiramente produzido no computador, Toy Story. Em A Bela e a Fera, mesclam-se cenas feitas com animação tradicional com outras computadorizadas. No momento culminante da fábula, a bela e a fera dançam no computador.
Selava-se ali um casamento importante de técnicas e ferramentas. Dez anos mais tarde, em Cannes, o digital seria consagrado com a atribuição da Palma de Ouro a Dançando no Escuro, que Lars Von Trier fez mediante a utilização de câmeras digitais. Tudo isso é história hoje em dia, mas vale lembrar nesse fim de semana em que o desenho de Trousdale e Wise volta com pompa e circunstância como mais um dos clássicos restaurados nas sessões da rede Cinemark.
Nos anos 1940, o livro de Madame Le Prince Beaumont já tivera uma versão live action realizada pelo poeta e cineasta Jean Cocteau, com a colaboração. Na parte técnica, de René Clément. A história é conhecida – a bela, refém da fera, descobre que na verdade ele é um homem que foi vítima de encantamento. Mas a fera só se humanizará de novo pelo amor de uma mulher. Esse é o tipo de história que comporta múltiplas leituras. No livro Psicanálise dos Contos de Fadas, Bruno Bettleheim, associa a fábula ao desejo e ao conflito entre instinto e cultura repressora.
É curioso observar que, embora a fera se assemelhe fisicamente a um cachorro, seu comportamento é de felino, ou felídio. Seria um gato? Seu jeito de mexer o rabo e os grandes saltos evocam um bichano. E, ah, sim, uma coisa que você pode conferir dando pausa no DVD, mas talvez consiga perceber na tela gigantesca do cinema – quando Gaston, o caçador narcisista que quer se casar com a Bela, cai do monte, aparece em seu olho, na íris, uma caveira. A Disney anunciou que era uma maneira de sugerir a morte sem expor as crianças a imagens violentas.
A par de sua contribuição técnica, A Bela e a Fera também fez história ao ser a primeira animação a concorrer, no ano seguinte, ao Oscar de melhor filme. Tasmbém concorreu7 aos Oscars de canção e de triha, e o tema principal, um dueto, foi cantadom por Céline Dion e Peabo Bryson. Paige O’Hara, Robby Benson e Jerry Orbach foram os artistas que cederam suas vozes aios protagonistas na versão original. No Brasil, os protagonistas foram dublados por Ju Cassou e Garcia Júnior. Para o público, a graça do filme está em personagens secundários como o maitre no castelo do príncipe, que foi transformado em candelabro; o mordomo, que virou relógio de pêndulo; a cozinheira que virou bule de chá etc.
Fornecem o chamado ‘alívio cômico’ para a trama carregada de presságios, e significados, sombrios. Em 1994, o filme deu origem ao musical que virou um dos maiores sucessos da Broadway. Em 2013, a Disney anunciou que estava trabalhando numa versão mais sombria do conto, The Beat/A Fera. Em junho do ano passado, a Disney confirmou um remake da animação com Emma Watson. E, em janeiro desse ano, anunciou que será um musical em live action, dirigido por Bill Condon. Ou sejas, vem maios A Bela e a Fera por aí.
Assista o trailer do filme.