'A Vida de Diane', com Mary Kay Place, mostra a errância de uma mãe em busca de seu filho e de si


Coadjuvante veterana ganha finalmente um grande papel em filme que o diretor Kent Jones escreveu para ela; A Vida de Diane está em cartaz nos cinemas

Por Luiz Carlos Merten

Num texto especial para a edição de março/abril da revista Film Comment, à venda nas bancas da Av. Paulista, o diretor e roteirista Kent Jones, sob a rubrica Inspired, lembra as velhas tias que lhe ensinaram a amar o cinema clássico de Hollywood, grandes diretores como John Ford, Howard Hawks e William Wyler. Jones observa que esse classicismo talvez pertença a outra era, mas a complexidade desse cinema, e de seus personagens, segue perene.

No filme, Mary Kay Place faz idosa solidária que tem de encarar o sentido da própria vida Foto: SUPO MUNGAM FILMS

Sim, ele se lembrou de seus clássicos ao escrever e dirigir A Vida de Diane, seu belo filme em cartaz. Para quem se queixa de que o cinema norte-americano é feito só de blockbusters, e de super-heróis, chega esse filme pequeno – no tom, mas não na ambição –, centrado na figura de uma idosa que vive pelos outros, para os outros. Jones, apadrinhado por Martin Scorsese, veio do documentário. Diane é seu primeiro ‘feature film’ de ficção. No texto, ele agradece por haver trabalhado com tantas grandes atrizes maduras, mas esclarece que escreveu o papel para Mary Kay Place, e somente para ela.

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Mary Kay iniciou-se como atriz no começo dos anos 1970, participando de séries – M.A.S.H., Mary Tyler Moore Show. Em 1976, atuou na cinebiografia de Woodie Guthrie, Esta Terra É Minha Terra, por Hal Ashby. Não foi por isso, claro, mas nos anos e décadas seguintes, ela foi também cantora, teve até seus hits. Mostrou talento, mas nunca teve um papel como o de Diane. Viúva, mãe de um filho drogado que se perdeu nas ruas, Diane preenche o vazio de sua vida servindo os outros. A tia, a amiga, moradores de rua. E o filho, cujo rastro nunca deixa de seguir. A primeira parte expressa a errância, transformada em rotina, da vida de Diane. Diálogos banais, relações superficiais. Na segunda, Jones muda o rumo da trama. As pessoas ao redor de Diane começam a desaparecer, a morrer, ela vai deixando de ser necessária. Precisa não apenas encarar o sentido da própria vida como algo que talvez seja mais difícil para ela – Diane, talvez, comece a necessitar da ajuda dos outros.

A mulher solidária colherá a solidariedade do mundo? O filme tem uma memorável cena de diálogo de Diane/Mary Kay com Estelle Parsons, que fazia a histérica Blanche, mulher de Buck Barrow/Gene Hackman, em Bonnie & Clyde. Você entende por que o diretor agradeceu por se beneficiar de tão grandes atrizes. Elas, e os mestres de Kent Jones. Mas, na verdade, como ele próprio reconhece, a maior influência veio da música. Floater, Sugar Baby. Bob Dylan. São músicas com o pé no chão, que respiram como a própria vida. A Vida de Diane possui essa qualidade. A pergunta que não quer calar – Mary Kay será indicada para o próximo Oscar? Deveria, em todo o caso. 

Num texto especial para a edição de março/abril da revista Film Comment, à venda nas bancas da Av. Paulista, o diretor e roteirista Kent Jones, sob a rubrica Inspired, lembra as velhas tias que lhe ensinaram a amar o cinema clássico de Hollywood, grandes diretores como John Ford, Howard Hawks e William Wyler. Jones observa que esse classicismo talvez pertença a outra era, mas a complexidade desse cinema, e de seus personagens, segue perene.

No filme, Mary Kay Place faz idosa solidária que tem de encarar o sentido da própria vida Foto: SUPO MUNGAM FILMS

Sim, ele se lembrou de seus clássicos ao escrever e dirigir A Vida de Diane, seu belo filme em cartaz. Para quem se queixa de que o cinema norte-americano é feito só de blockbusters, e de super-heróis, chega esse filme pequeno – no tom, mas não na ambição –, centrado na figura de uma idosa que vive pelos outros, para os outros. Jones, apadrinhado por Martin Scorsese, veio do documentário. Diane é seu primeiro ‘feature film’ de ficção. No texto, ele agradece por haver trabalhado com tantas grandes atrizes maduras, mas esclarece que escreveu o papel para Mary Kay Place, e somente para ela.

Mary Kay iniciou-se como atriz no começo dos anos 1970, participando de séries – M.A.S.H., Mary Tyler Moore Show. Em 1976, atuou na cinebiografia de Woodie Guthrie, Esta Terra É Minha Terra, por Hal Ashby. Não foi por isso, claro, mas nos anos e décadas seguintes, ela foi também cantora, teve até seus hits. Mostrou talento, mas nunca teve um papel como o de Diane. Viúva, mãe de um filho drogado que se perdeu nas ruas, Diane preenche o vazio de sua vida servindo os outros. A tia, a amiga, moradores de rua. E o filho, cujo rastro nunca deixa de seguir. A primeira parte expressa a errância, transformada em rotina, da vida de Diane. Diálogos banais, relações superficiais. Na segunda, Jones muda o rumo da trama. As pessoas ao redor de Diane começam a desaparecer, a morrer, ela vai deixando de ser necessária. Precisa não apenas encarar o sentido da própria vida como algo que talvez seja mais difícil para ela – Diane, talvez, comece a necessitar da ajuda dos outros.

A mulher solidária colherá a solidariedade do mundo? O filme tem uma memorável cena de diálogo de Diane/Mary Kay com Estelle Parsons, que fazia a histérica Blanche, mulher de Buck Barrow/Gene Hackman, em Bonnie & Clyde. Você entende por que o diretor agradeceu por se beneficiar de tão grandes atrizes. Elas, e os mestres de Kent Jones. Mas, na verdade, como ele próprio reconhece, a maior influência veio da música. Floater, Sugar Baby. Bob Dylan. São músicas com o pé no chão, que respiram como a própria vida. A Vida de Diane possui essa qualidade. A pergunta que não quer calar – Mary Kay será indicada para o próximo Oscar? Deveria, em todo o caso. 

Num texto especial para a edição de março/abril da revista Film Comment, à venda nas bancas da Av. Paulista, o diretor e roteirista Kent Jones, sob a rubrica Inspired, lembra as velhas tias que lhe ensinaram a amar o cinema clássico de Hollywood, grandes diretores como John Ford, Howard Hawks e William Wyler. Jones observa que esse classicismo talvez pertença a outra era, mas a complexidade desse cinema, e de seus personagens, segue perene.

No filme, Mary Kay Place faz idosa solidária que tem de encarar o sentido da própria vida Foto: SUPO MUNGAM FILMS

Sim, ele se lembrou de seus clássicos ao escrever e dirigir A Vida de Diane, seu belo filme em cartaz. Para quem se queixa de que o cinema norte-americano é feito só de blockbusters, e de super-heróis, chega esse filme pequeno – no tom, mas não na ambição –, centrado na figura de uma idosa que vive pelos outros, para os outros. Jones, apadrinhado por Martin Scorsese, veio do documentário. Diane é seu primeiro ‘feature film’ de ficção. No texto, ele agradece por haver trabalhado com tantas grandes atrizes maduras, mas esclarece que escreveu o papel para Mary Kay Place, e somente para ela.

Mary Kay iniciou-se como atriz no começo dos anos 1970, participando de séries – M.A.S.H., Mary Tyler Moore Show. Em 1976, atuou na cinebiografia de Woodie Guthrie, Esta Terra É Minha Terra, por Hal Ashby. Não foi por isso, claro, mas nos anos e décadas seguintes, ela foi também cantora, teve até seus hits. Mostrou talento, mas nunca teve um papel como o de Diane. Viúva, mãe de um filho drogado que se perdeu nas ruas, Diane preenche o vazio de sua vida servindo os outros. A tia, a amiga, moradores de rua. E o filho, cujo rastro nunca deixa de seguir. A primeira parte expressa a errância, transformada em rotina, da vida de Diane. Diálogos banais, relações superficiais. Na segunda, Jones muda o rumo da trama. As pessoas ao redor de Diane começam a desaparecer, a morrer, ela vai deixando de ser necessária. Precisa não apenas encarar o sentido da própria vida como algo que talvez seja mais difícil para ela – Diane, talvez, comece a necessitar da ajuda dos outros.

A mulher solidária colherá a solidariedade do mundo? O filme tem uma memorável cena de diálogo de Diane/Mary Kay com Estelle Parsons, que fazia a histérica Blanche, mulher de Buck Barrow/Gene Hackman, em Bonnie & Clyde. Você entende por que o diretor agradeceu por se beneficiar de tão grandes atrizes. Elas, e os mestres de Kent Jones. Mas, na verdade, como ele próprio reconhece, a maior influência veio da música. Floater, Sugar Baby. Bob Dylan. São músicas com o pé no chão, que respiram como a própria vida. A Vida de Diane possui essa qualidade. A pergunta que não quer calar – Mary Kay será indicada para o próximo Oscar? Deveria, em todo o caso. 

Num texto especial para a edição de março/abril da revista Film Comment, à venda nas bancas da Av. Paulista, o diretor e roteirista Kent Jones, sob a rubrica Inspired, lembra as velhas tias que lhe ensinaram a amar o cinema clássico de Hollywood, grandes diretores como John Ford, Howard Hawks e William Wyler. Jones observa que esse classicismo talvez pertença a outra era, mas a complexidade desse cinema, e de seus personagens, segue perene.

No filme, Mary Kay Place faz idosa solidária que tem de encarar o sentido da própria vida Foto: SUPO MUNGAM FILMS

Sim, ele se lembrou de seus clássicos ao escrever e dirigir A Vida de Diane, seu belo filme em cartaz. Para quem se queixa de que o cinema norte-americano é feito só de blockbusters, e de super-heróis, chega esse filme pequeno – no tom, mas não na ambição –, centrado na figura de uma idosa que vive pelos outros, para os outros. Jones, apadrinhado por Martin Scorsese, veio do documentário. Diane é seu primeiro ‘feature film’ de ficção. No texto, ele agradece por haver trabalhado com tantas grandes atrizes maduras, mas esclarece que escreveu o papel para Mary Kay Place, e somente para ela.

Mary Kay iniciou-se como atriz no começo dos anos 1970, participando de séries – M.A.S.H., Mary Tyler Moore Show. Em 1976, atuou na cinebiografia de Woodie Guthrie, Esta Terra É Minha Terra, por Hal Ashby. Não foi por isso, claro, mas nos anos e décadas seguintes, ela foi também cantora, teve até seus hits. Mostrou talento, mas nunca teve um papel como o de Diane. Viúva, mãe de um filho drogado que se perdeu nas ruas, Diane preenche o vazio de sua vida servindo os outros. A tia, a amiga, moradores de rua. E o filho, cujo rastro nunca deixa de seguir. A primeira parte expressa a errância, transformada em rotina, da vida de Diane. Diálogos banais, relações superficiais. Na segunda, Jones muda o rumo da trama. As pessoas ao redor de Diane começam a desaparecer, a morrer, ela vai deixando de ser necessária. Precisa não apenas encarar o sentido da própria vida como algo que talvez seja mais difícil para ela – Diane, talvez, comece a necessitar da ajuda dos outros.

A mulher solidária colherá a solidariedade do mundo? O filme tem uma memorável cena de diálogo de Diane/Mary Kay com Estelle Parsons, que fazia a histérica Blanche, mulher de Buck Barrow/Gene Hackman, em Bonnie & Clyde. Você entende por que o diretor agradeceu por se beneficiar de tão grandes atrizes. Elas, e os mestres de Kent Jones. Mas, na verdade, como ele próprio reconhece, a maior influência veio da música. Floater, Sugar Baby. Bob Dylan. São músicas com o pé no chão, que respiram como a própria vida. A Vida de Diane possui essa qualidade. A pergunta que não quer calar – Mary Kay será indicada para o próximo Oscar? Deveria, em todo o caso. 

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