Você deve se lembrar de Jimmy Kimmel, na apresentação do Oscar deste ano. A cada meia hora ele anunciava que Pantera Negra acrescentara mais US$ 1 milhão à sua bilheteria. E acrescentava – “Por isso mesmo não estará aqui (na festa da Academia), no ano que vem.” Talvez esteja. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou uma importante mudança na sua premiação do próximo ano. Certamente para calar produtores e setores da crítica e do público que bradavam contra a ausência de blockbuster das categorias principais – apenas prêmios técnicos –, a Academia está anunciando, para 2019, um Oscar para ‘outstanding achievement in popular film’, o filme mais popular do ano.
A realização notável em filmes populares abre espaço para que a Academia premie blockbusters, sem deixar de honrar os filmes que seus integrantes consideram ‘artísticos’. São critérios na maioria das vezes discutíveis. A maioria dos filmes que concorreram, e foram premiados, este ano e no ano passado já foram esquecidos. As pessoas – os fãs – continuam discutindo o último filme da Marvel, o último da DC.
O prêmio para filmes populares representa mais um esforço da Academia para se aproximar do público. Com a audiência de sua festa de premiação despencando a cada ano, a Academia já tentou ganhar o público aumentando para nove o número de filmes indicados na categoria principal. Não adiantou.
O problema é que um Oscar separado talvez não resolva a questão. Contra todo preconceito – mulheres, negros, gays –, a questão talvez seja agregar os filmes de grande orçamento (e faturamento), que não merecem ser discriminados. Depois de Titanic, em 1998, e O Retorno do Rei, que fechou a trilogia O Senhor dos Anéis em 2003, o filme caro, e bem-sucedido, virou antônimo do que a Academia considera ‘arte’, e é isso que tem de acabar.
Em uma carta aos membros, o conselho de governadores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas também disse que apresentará alguns dos 24 prêmios durante os intervalos comerciais da transmissão de TV.