Nova adaptação de ‘O Pequeno Príncipe’ chega aos cinemas no Anima Mundi


Diretor Mark Osborne veio ao Brasil apresentar seu filme adaptado do aclamado romance de Antoine de Saint-Exupéry

Por Luiz Carlos Merten

Há uma overdose de animações nos cinemas brasileiros - e paulistas -, neste momento. Desde animações mainstream, como Divertida Mente, o novo filme da Pixar, e Minions, o preferido das crianças, até animações mais alternativas como Kiriku e os Homens e as Mulheres, do francês Michel Ocelot, e O Conto da Princesa Kaguya, do japonês Isao Takahata. Como se não bastasse isso, e já é muito, começa nesta sexta, 17, a etapa paulista do Anima Mundi, grande vitrine da animação no País. Dentro do Anima Mundi, haverá nesta sexta uma pré-estreia muito especial.

O próprio Mark Osborne veio ao Brasil para lançar O Pequeno Príncipe, que adaptou do livro cultuado de Antoine de Saint-Exupéry. A estreia, propriamente dita, num circuito que ainda está sendo arranjado, mas será grande, está apontada para 20 de agosto. O Pequeno Príncipe teve sua estreia mundial no Festival de Cannes, em maio. Sua exibição foi precedida pela de Divertida Mente, de Pete Docter e, após o sucesso da animação da Pixar - que foi aplaudida de pé -, havia o temor de que O Pequeno Príncipe viesse a ser um anticlímax. Afinal, outra animação e agora adaptada de um livro que já tivera uma versão live action insatisfatória... Havia motivos para apreensão. Deu tudo certo.

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Entrevistado em Cannes, Osborne confessou que tudo isso pesou muito, e quando os produtores lhe propuseram o filme, sua primeira resposta foi um sonoro ‘Não!’. Mas eles insistiram e Osborne começou a pensar que, se o desafio era imenso, a chance de adaptar um livro tão amado (e também tão polêmico, leia por quê) era grande demais para ser desperdiçada. E aceitou. O convite e a aceitação ocorreram em 2010. A estreia mundial foi fixada em 2015. Passaram-se cinco anos de muito trabalho e O Pequeno Príncipe não apenas ficou pronto como fez bela figura no tapete vermelho de Cannes. E agora desembarca no Brasil, via Anima Mundi. Adorável público, o pequeno príncipe está chegando. Ei-lo que surge envolto na sua aura diáfana de extraterrestre que habita um asteroide longínquo. Mas não chega sozinho, e essa é a surpresa da adaptação. Para ser fiel a Saint-Exupéry, Osborne envelopou a história do Pequeno Príncipe numa história maior.

O livro surgiu em 1943, um ano antes do desaparecimento do autor, que também era piloto, num voo sobre a Córsega. A história e o personagem começaram a nascer quando Saint-Exupéry sofreu um acidente e seu avião fez um pouso de emergência no Saara. Foi no deserto que ele teve o insight. A palavra em inglês cabe porque o livro, propriamente dito, foi escrito nos EUA. O piloto encontra, no meio do nada, o garoto. Ele é loiro, veste-se bizarramente e conta que é o único habitante de um asteroide distante. Saint-Exupéry não fez apenas poesia em prosa. Acompanhou sua história de ilustrações - aquarelas que ele mesmo pintou. O primeiro desenho, todo leitor do livro sabe, reproduz o que parece um chapéu, mas não. É o desenho de uma jiboia que engoliu um elefante. Saint-Exupéry prepara o leitor, infantil ou adulto, para ingressar num universo não realista.

“Eu conhecia o livro muito bem. Quando eles (os produtores) me propuseram a adaptação, achei que seria impossível fazer uma que fosse fiel. Mas, depois, pensei como o material era bom e que seria tolice desperdiçar a chance.” Mark Osborne é de New Jersey. Por que um norte-americano, se o livro é de um francês? “O Pequeno Príncipe é universal”, ele diz. Osborne já colhera na DreamWorks o megassucesso Kung Fu Panda. E, dessa vez, a dupla ousadia é que a proposta não era só de adaptar um livro cultuado, mas também fazê-lo de forma independente, longe do guarda-chuva protetor de um grande estúdio.

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“Tivemos de desenvolver a nossa estrutura. Foi como construir os trilhos com o trem já andando, e isso foi assustador. Fiquei um bom tempo com aquele friozinho na barriga, me perguntando se ia dar certo e depois me convencendo de que, sim, ia dar certo. A vantagem de se construir uma estrutura é que você inventa. No livro, o próprio Saint-Exupéry nos convida a imaginar.” Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry foi um escritor, ilustrador e piloto francês, terceiro filho do conde Jean de Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe. Apaixonado por mecânica desde criança, resolveu ser piloto. Entrou para a Societé Latecoère, que se tornou conhecida como Aéropostale. Fez a linha Toulouse/Casablanca/Dacar, voando sobre o deserto na equipe de pilotos lendários como Mermoz e Guillaumet. Suas experiências inspiraram livros como Correio do Sul e Terra dos Homens. E, aí, veio O Pequeno Príncipe. 

No Brasil, houve uma época em que virou moda escarnecer de Saint-Exupéry e de seu personagem. É que no livro ele encontra a Raposa, a Serpente. Aprende coisas - que o essencial é invisível para os olhos e “Você é responsável por aquilo que cativa”. São pensamentos profundos, mas, banalizados, viraram o livro de cabeceira das misses nos anos 1950. Nos 70, o cinema já tentara uma primeira adaptação, em formato de musical, mas embora o diretor fosse o ótimo Stanley Donen, não funcionou. As canções não ajudavam, havia só um grande número - com Bob Fosse como Serpente. Na entrevista em Cannes, Osborne admitiu que o desafio foi transformar as delicadas ilustrações do livro em figuras tridimensionais. “Uma ideia passou a me perseguir - a de que, para ser fiel ao original, eu deveria me distanciar um pouco dele.” E surgiu essa história de uma garota que troca de vizinhança, como a de Divertida Mente, e descobre esse vizinho, um velho piloto que tem um avião enferrujado. Ele lhe conta como encontrou o Pequeno Príncipe no deserto. Volta a voar com a menina. E ela, que acha que o Pequeno Príncipe ficou na Terra e cresceu, parte à procura dele.

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A sacada de Osborne foi perceber quanto a história de Saint-Exupéry é íntima e frágil. Para dar-lhe sustentação, ele a inscreveu numa história maior, que desenvolveu segundo duas técnicas diferentes. “A parte da menina fizemos utilizando computação gráfica de última geração. Para a do Príncipe, usamos a stop motion, em que pequenas figuras de papel são filmadas e animadas quadro a quadro. Dessa forma, conseguimos reproduzir o visual peculiar das ilustrações do livro.” No total, 250 pessoas trabalharam na animação. “Formamos realmente uma família. Foi muito bom termos criado a nossa estrutura”, diz o diretor.

Há uma overdose de animações nos cinemas brasileiros - e paulistas -, neste momento. Desde animações mainstream, como Divertida Mente, o novo filme da Pixar, e Minions, o preferido das crianças, até animações mais alternativas como Kiriku e os Homens e as Mulheres, do francês Michel Ocelot, e O Conto da Princesa Kaguya, do japonês Isao Takahata. Como se não bastasse isso, e já é muito, começa nesta sexta, 17, a etapa paulista do Anima Mundi, grande vitrine da animação no País. Dentro do Anima Mundi, haverá nesta sexta uma pré-estreia muito especial.

O próprio Mark Osborne veio ao Brasil para lançar O Pequeno Príncipe, que adaptou do livro cultuado de Antoine de Saint-Exupéry. A estreia, propriamente dita, num circuito que ainda está sendo arranjado, mas será grande, está apontada para 20 de agosto. O Pequeno Príncipe teve sua estreia mundial no Festival de Cannes, em maio. Sua exibição foi precedida pela de Divertida Mente, de Pete Docter e, após o sucesso da animação da Pixar - que foi aplaudida de pé -, havia o temor de que O Pequeno Príncipe viesse a ser um anticlímax. Afinal, outra animação e agora adaptada de um livro que já tivera uma versão live action insatisfatória... Havia motivos para apreensão. Deu tudo certo.

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Entrevistado em Cannes, Osborne confessou que tudo isso pesou muito, e quando os produtores lhe propuseram o filme, sua primeira resposta foi um sonoro ‘Não!’. Mas eles insistiram e Osborne começou a pensar que, se o desafio era imenso, a chance de adaptar um livro tão amado (e também tão polêmico, leia por quê) era grande demais para ser desperdiçada. E aceitou. O convite e a aceitação ocorreram em 2010. A estreia mundial foi fixada em 2015. Passaram-se cinco anos de muito trabalho e O Pequeno Príncipe não apenas ficou pronto como fez bela figura no tapete vermelho de Cannes. E agora desembarca no Brasil, via Anima Mundi. Adorável público, o pequeno príncipe está chegando. Ei-lo que surge envolto na sua aura diáfana de extraterrestre que habita um asteroide longínquo. Mas não chega sozinho, e essa é a surpresa da adaptação. Para ser fiel a Saint-Exupéry, Osborne envelopou a história do Pequeno Príncipe numa história maior.

O livro surgiu em 1943, um ano antes do desaparecimento do autor, que também era piloto, num voo sobre a Córsega. A história e o personagem começaram a nascer quando Saint-Exupéry sofreu um acidente e seu avião fez um pouso de emergência no Saara. Foi no deserto que ele teve o insight. A palavra em inglês cabe porque o livro, propriamente dito, foi escrito nos EUA. O piloto encontra, no meio do nada, o garoto. Ele é loiro, veste-se bizarramente e conta que é o único habitante de um asteroide distante. Saint-Exupéry não fez apenas poesia em prosa. Acompanhou sua história de ilustrações - aquarelas que ele mesmo pintou. O primeiro desenho, todo leitor do livro sabe, reproduz o que parece um chapéu, mas não. É o desenho de uma jiboia que engoliu um elefante. Saint-Exupéry prepara o leitor, infantil ou adulto, para ingressar num universo não realista.

“Eu conhecia o livro muito bem. Quando eles (os produtores) me propuseram a adaptação, achei que seria impossível fazer uma que fosse fiel. Mas, depois, pensei como o material era bom e que seria tolice desperdiçar a chance.” Mark Osborne é de New Jersey. Por que um norte-americano, se o livro é de um francês? “O Pequeno Príncipe é universal”, ele diz. Osborne já colhera na DreamWorks o megassucesso Kung Fu Panda. E, dessa vez, a dupla ousadia é que a proposta não era só de adaptar um livro cultuado, mas também fazê-lo de forma independente, longe do guarda-chuva protetor de um grande estúdio.

“Tivemos de desenvolver a nossa estrutura. Foi como construir os trilhos com o trem já andando, e isso foi assustador. Fiquei um bom tempo com aquele friozinho na barriga, me perguntando se ia dar certo e depois me convencendo de que, sim, ia dar certo. A vantagem de se construir uma estrutura é que você inventa. No livro, o próprio Saint-Exupéry nos convida a imaginar.” Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry foi um escritor, ilustrador e piloto francês, terceiro filho do conde Jean de Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe. Apaixonado por mecânica desde criança, resolveu ser piloto. Entrou para a Societé Latecoère, que se tornou conhecida como Aéropostale. Fez a linha Toulouse/Casablanca/Dacar, voando sobre o deserto na equipe de pilotos lendários como Mermoz e Guillaumet. Suas experiências inspiraram livros como Correio do Sul e Terra dos Homens. E, aí, veio O Pequeno Príncipe. 

No Brasil, houve uma época em que virou moda escarnecer de Saint-Exupéry e de seu personagem. É que no livro ele encontra a Raposa, a Serpente. Aprende coisas - que o essencial é invisível para os olhos e “Você é responsável por aquilo que cativa”. São pensamentos profundos, mas, banalizados, viraram o livro de cabeceira das misses nos anos 1950. Nos 70, o cinema já tentara uma primeira adaptação, em formato de musical, mas embora o diretor fosse o ótimo Stanley Donen, não funcionou. As canções não ajudavam, havia só um grande número - com Bob Fosse como Serpente. Na entrevista em Cannes, Osborne admitiu que o desafio foi transformar as delicadas ilustrações do livro em figuras tridimensionais. “Uma ideia passou a me perseguir - a de que, para ser fiel ao original, eu deveria me distanciar um pouco dele.” E surgiu essa história de uma garota que troca de vizinhança, como a de Divertida Mente, e descobre esse vizinho, um velho piloto que tem um avião enferrujado. Ele lhe conta como encontrou o Pequeno Príncipe no deserto. Volta a voar com a menina. E ela, que acha que o Pequeno Príncipe ficou na Terra e cresceu, parte à procura dele.

A sacada de Osborne foi perceber quanto a história de Saint-Exupéry é íntima e frágil. Para dar-lhe sustentação, ele a inscreveu numa história maior, que desenvolveu segundo duas técnicas diferentes. “A parte da menina fizemos utilizando computação gráfica de última geração. Para a do Príncipe, usamos a stop motion, em que pequenas figuras de papel são filmadas e animadas quadro a quadro. Dessa forma, conseguimos reproduzir o visual peculiar das ilustrações do livro.” No total, 250 pessoas trabalharam na animação. “Formamos realmente uma família. Foi muito bom termos criado a nossa estrutura”, diz o diretor.

Há uma overdose de animações nos cinemas brasileiros - e paulistas -, neste momento. Desde animações mainstream, como Divertida Mente, o novo filme da Pixar, e Minions, o preferido das crianças, até animações mais alternativas como Kiriku e os Homens e as Mulheres, do francês Michel Ocelot, e O Conto da Princesa Kaguya, do japonês Isao Takahata. Como se não bastasse isso, e já é muito, começa nesta sexta, 17, a etapa paulista do Anima Mundi, grande vitrine da animação no País. Dentro do Anima Mundi, haverá nesta sexta uma pré-estreia muito especial.

O próprio Mark Osborne veio ao Brasil para lançar O Pequeno Príncipe, que adaptou do livro cultuado de Antoine de Saint-Exupéry. A estreia, propriamente dita, num circuito que ainda está sendo arranjado, mas será grande, está apontada para 20 de agosto. O Pequeno Príncipe teve sua estreia mundial no Festival de Cannes, em maio. Sua exibição foi precedida pela de Divertida Mente, de Pete Docter e, após o sucesso da animação da Pixar - que foi aplaudida de pé -, havia o temor de que O Pequeno Príncipe viesse a ser um anticlímax. Afinal, outra animação e agora adaptada de um livro que já tivera uma versão live action insatisfatória... Havia motivos para apreensão. Deu tudo certo.

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Entrevistado em Cannes, Osborne confessou que tudo isso pesou muito, e quando os produtores lhe propuseram o filme, sua primeira resposta foi um sonoro ‘Não!’. Mas eles insistiram e Osborne começou a pensar que, se o desafio era imenso, a chance de adaptar um livro tão amado (e também tão polêmico, leia por quê) era grande demais para ser desperdiçada. E aceitou. O convite e a aceitação ocorreram em 2010. A estreia mundial foi fixada em 2015. Passaram-se cinco anos de muito trabalho e O Pequeno Príncipe não apenas ficou pronto como fez bela figura no tapete vermelho de Cannes. E agora desembarca no Brasil, via Anima Mundi. Adorável público, o pequeno príncipe está chegando. Ei-lo que surge envolto na sua aura diáfana de extraterrestre que habita um asteroide longínquo. Mas não chega sozinho, e essa é a surpresa da adaptação. Para ser fiel a Saint-Exupéry, Osborne envelopou a história do Pequeno Príncipe numa história maior.

O livro surgiu em 1943, um ano antes do desaparecimento do autor, que também era piloto, num voo sobre a Córsega. A história e o personagem começaram a nascer quando Saint-Exupéry sofreu um acidente e seu avião fez um pouso de emergência no Saara. Foi no deserto que ele teve o insight. A palavra em inglês cabe porque o livro, propriamente dito, foi escrito nos EUA. O piloto encontra, no meio do nada, o garoto. Ele é loiro, veste-se bizarramente e conta que é o único habitante de um asteroide distante. Saint-Exupéry não fez apenas poesia em prosa. Acompanhou sua história de ilustrações - aquarelas que ele mesmo pintou. O primeiro desenho, todo leitor do livro sabe, reproduz o que parece um chapéu, mas não. É o desenho de uma jiboia que engoliu um elefante. Saint-Exupéry prepara o leitor, infantil ou adulto, para ingressar num universo não realista.

“Eu conhecia o livro muito bem. Quando eles (os produtores) me propuseram a adaptação, achei que seria impossível fazer uma que fosse fiel. Mas, depois, pensei como o material era bom e que seria tolice desperdiçar a chance.” Mark Osborne é de New Jersey. Por que um norte-americano, se o livro é de um francês? “O Pequeno Príncipe é universal”, ele diz. Osborne já colhera na DreamWorks o megassucesso Kung Fu Panda. E, dessa vez, a dupla ousadia é que a proposta não era só de adaptar um livro cultuado, mas também fazê-lo de forma independente, longe do guarda-chuva protetor de um grande estúdio.

“Tivemos de desenvolver a nossa estrutura. Foi como construir os trilhos com o trem já andando, e isso foi assustador. Fiquei um bom tempo com aquele friozinho na barriga, me perguntando se ia dar certo e depois me convencendo de que, sim, ia dar certo. A vantagem de se construir uma estrutura é que você inventa. No livro, o próprio Saint-Exupéry nos convida a imaginar.” Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry foi um escritor, ilustrador e piloto francês, terceiro filho do conde Jean de Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe. Apaixonado por mecânica desde criança, resolveu ser piloto. Entrou para a Societé Latecoère, que se tornou conhecida como Aéropostale. Fez a linha Toulouse/Casablanca/Dacar, voando sobre o deserto na equipe de pilotos lendários como Mermoz e Guillaumet. Suas experiências inspiraram livros como Correio do Sul e Terra dos Homens. E, aí, veio O Pequeno Príncipe. 

No Brasil, houve uma época em que virou moda escarnecer de Saint-Exupéry e de seu personagem. É que no livro ele encontra a Raposa, a Serpente. Aprende coisas - que o essencial é invisível para os olhos e “Você é responsável por aquilo que cativa”. São pensamentos profundos, mas, banalizados, viraram o livro de cabeceira das misses nos anos 1950. Nos 70, o cinema já tentara uma primeira adaptação, em formato de musical, mas embora o diretor fosse o ótimo Stanley Donen, não funcionou. As canções não ajudavam, havia só um grande número - com Bob Fosse como Serpente. Na entrevista em Cannes, Osborne admitiu que o desafio foi transformar as delicadas ilustrações do livro em figuras tridimensionais. “Uma ideia passou a me perseguir - a de que, para ser fiel ao original, eu deveria me distanciar um pouco dele.” E surgiu essa história de uma garota que troca de vizinhança, como a de Divertida Mente, e descobre esse vizinho, um velho piloto que tem um avião enferrujado. Ele lhe conta como encontrou o Pequeno Príncipe no deserto. Volta a voar com a menina. E ela, que acha que o Pequeno Príncipe ficou na Terra e cresceu, parte à procura dele.

A sacada de Osborne foi perceber quanto a história de Saint-Exupéry é íntima e frágil. Para dar-lhe sustentação, ele a inscreveu numa história maior, que desenvolveu segundo duas técnicas diferentes. “A parte da menina fizemos utilizando computação gráfica de última geração. Para a do Príncipe, usamos a stop motion, em que pequenas figuras de papel são filmadas e animadas quadro a quadro. Dessa forma, conseguimos reproduzir o visual peculiar das ilustrações do livro.” No total, 250 pessoas trabalharam na animação. “Formamos realmente uma família. Foi muito bom termos criado a nossa estrutura”, diz o diretor.

Há uma overdose de animações nos cinemas brasileiros - e paulistas -, neste momento. Desde animações mainstream, como Divertida Mente, o novo filme da Pixar, e Minions, o preferido das crianças, até animações mais alternativas como Kiriku e os Homens e as Mulheres, do francês Michel Ocelot, e O Conto da Princesa Kaguya, do japonês Isao Takahata. Como se não bastasse isso, e já é muito, começa nesta sexta, 17, a etapa paulista do Anima Mundi, grande vitrine da animação no País. Dentro do Anima Mundi, haverá nesta sexta uma pré-estreia muito especial.

O próprio Mark Osborne veio ao Brasil para lançar O Pequeno Príncipe, que adaptou do livro cultuado de Antoine de Saint-Exupéry. A estreia, propriamente dita, num circuito que ainda está sendo arranjado, mas será grande, está apontada para 20 de agosto. O Pequeno Príncipe teve sua estreia mundial no Festival de Cannes, em maio. Sua exibição foi precedida pela de Divertida Mente, de Pete Docter e, após o sucesso da animação da Pixar - que foi aplaudida de pé -, havia o temor de que O Pequeno Príncipe viesse a ser um anticlímax. Afinal, outra animação e agora adaptada de um livro que já tivera uma versão live action insatisfatória... Havia motivos para apreensão. Deu tudo certo.

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Entrevistado em Cannes, Osborne confessou que tudo isso pesou muito, e quando os produtores lhe propuseram o filme, sua primeira resposta foi um sonoro ‘Não!’. Mas eles insistiram e Osborne começou a pensar que, se o desafio era imenso, a chance de adaptar um livro tão amado (e também tão polêmico, leia por quê) era grande demais para ser desperdiçada. E aceitou. O convite e a aceitação ocorreram em 2010. A estreia mundial foi fixada em 2015. Passaram-se cinco anos de muito trabalho e O Pequeno Príncipe não apenas ficou pronto como fez bela figura no tapete vermelho de Cannes. E agora desembarca no Brasil, via Anima Mundi. Adorável público, o pequeno príncipe está chegando. Ei-lo que surge envolto na sua aura diáfana de extraterrestre que habita um asteroide longínquo. Mas não chega sozinho, e essa é a surpresa da adaptação. Para ser fiel a Saint-Exupéry, Osborne envelopou a história do Pequeno Príncipe numa história maior.

O livro surgiu em 1943, um ano antes do desaparecimento do autor, que também era piloto, num voo sobre a Córsega. A história e o personagem começaram a nascer quando Saint-Exupéry sofreu um acidente e seu avião fez um pouso de emergência no Saara. Foi no deserto que ele teve o insight. A palavra em inglês cabe porque o livro, propriamente dito, foi escrito nos EUA. O piloto encontra, no meio do nada, o garoto. Ele é loiro, veste-se bizarramente e conta que é o único habitante de um asteroide distante. Saint-Exupéry não fez apenas poesia em prosa. Acompanhou sua história de ilustrações - aquarelas que ele mesmo pintou. O primeiro desenho, todo leitor do livro sabe, reproduz o que parece um chapéu, mas não. É o desenho de uma jiboia que engoliu um elefante. Saint-Exupéry prepara o leitor, infantil ou adulto, para ingressar num universo não realista.

“Eu conhecia o livro muito bem. Quando eles (os produtores) me propuseram a adaptação, achei que seria impossível fazer uma que fosse fiel. Mas, depois, pensei como o material era bom e que seria tolice desperdiçar a chance.” Mark Osborne é de New Jersey. Por que um norte-americano, se o livro é de um francês? “O Pequeno Príncipe é universal”, ele diz. Osborne já colhera na DreamWorks o megassucesso Kung Fu Panda. E, dessa vez, a dupla ousadia é que a proposta não era só de adaptar um livro cultuado, mas também fazê-lo de forma independente, longe do guarda-chuva protetor de um grande estúdio.

“Tivemos de desenvolver a nossa estrutura. Foi como construir os trilhos com o trem já andando, e isso foi assustador. Fiquei um bom tempo com aquele friozinho na barriga, me perguntando se ia dar certo e depois me convencendo de que, sim, ia dar certo. A vantagem de se construir uma estrutura é que você inventa. No livro, o próprio Saint-Exupéry nos convida a imaginar.” Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry foi um escritor, ilustrador e piloto francês, terceiro filho do conde Jean de Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe. Apaixonado por mecânica desde criança, resolveu ser piloto. Entrou para a Societé Latecoère, que se tornou conhecida como Aéropostale. Fez a linha Toulouse/Casablanca/Dacar, voando sobre o deserto na equipe de pilotos lendários como Mermoz e Guillaumet. Suas experiências inspiraram livros como Correio do Sul e Terra dos Homens. E, aí, veio O Pequeno Príncipe. 

No Brasil, houve uma época em que virou moda escarnecer de Saint-Exupéry e de seu personagem. É que no livro ele encontra a Raposa, a Serpente. Aprende coisas - que o essencial é invisível para os olhos e “Você é responsável por aquilo que cativa”. São pensamentos profundos, mas, banalizados, viraram o livro de cabeceira das misses nos anos 1950. Nos 70, o cinema já tentara uma primeira adaptação, em formato de musical, mas embora o diretor fosse o ótimo Stanley Donen, não funcionou. As canções não ajudavam, havia só um grande número - com Bob Fosse como Serpente. Na entrevista em Cannes, Osborne admitiu que o desafio foi transformar as delicadas ilustrações do livro em figuras tridimensionais. “Uma ideia passou a me perseguir - a de que, para ser fiel ao original, eu deveria me distanciar um pouco dele.” E surgiu essa história de uma garota que troca de vizinhança, como a de Divertida Mente, e descobre esse vizinho, um velho piloto que tem um avião enferrujado. Ele lhe conta como encontrou o Pequeno Príncipe no deserto. Volta a voar com a menina. E ela, que acha que o Pequeno Príncipe ficou na Terra e cresceu, parte à procura dele.

A sacada de Osborne foi perceber quanto a história de Saint-Exupéry é íntima e frágil. Para dar-lhe sustentação, ele a inscreveu numa história maior, que desenvolveu segundo duas técnicas diferentes. “A parte da menina fizemos utilizando computação gráfica de última geração. Para a do Príncipe, usamos a stop motion, em que pequenas figuras de papel são filmadas e animadas quadro a quadro. Dessa forma, conseguimos reproduzir o visual peculiar das ilustrações do livro.” No total, 250 pessoas trabalharam na animação. “Formamos realmente uma família. Foi muito bom termos criado a nossa estrutura”, diz o diretor.

Há uma overdose de animações nos cinemas brasileiros - e paulistas -, neste momento. Desde animações mainstream, como Divertida Mente, o novo filme da Pixar, e Minions, o preferido das crianças, até animações mais alternativas como Kiriku e os Homens e as Mulheres, do francês Michel Ocelot, e O Conto da Princesa Kaguya, do japonês Isao Takahata. Como se não bastasse isso, e já é muito, começa nesta sexta, 17, a etapa paulista do Anima Mundi, grande vitrine da animação no País. Dentro do Anima Mundi, haverá nesta sexta uma pré-estreia muito especial.

O próprio Mark Osborne veio ao Brasil para lançar O Pequeno Príncipe, que adaptou do livro cultuado de Antoine de Saint-Exupéry. A estreia, propriamente dita, num circuito que ainda está sendo arranjado, mas será grande, está apontada para 20 de agosto. O Pequeno Príncipe teve sua estreia mundial no Festival de Cannes, em maio. Sua exibição foi precedida pela de Divertida Mente, de Pete Docter e, após o sucesso da animação da Pixar - que foi aplaudida de pé -, havia o temor de que O Pequeno Príncipe viesse a ser um anticlímax. Afinal, outra animação e agora adaptada de um livro que já tivera uma versão live action insatisfatória... Havia motivos para apreensão. Deu tudo certo.

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Entrevistado em Cannes, Osborne confessou que tudo isso pesou muito, e quando os produtores lhe propuseram o filme, sua primeira resposta foi um sonoro ‘Não!’. Mas eles insistiram e Osborne começou a pensar que, se o desafio era imenso, a chance de adaptar um livro tão amado (e também tão polêmico, leia por quê) era grande demais para ser desperdiçada. E aceitou. O convite e a aceitação ocorreram em 2010. A estreia mundial foi fixada em 2015. Passaram-se cinco anos de muito trabalho e O Pequeno Príncipe não apenas ficou pronto como fez bela figura no tapete vermelho de Cannes. E agora desembarca no Brasil, via Anima Mundi. Adorável público, o pequeno príncipe está chegando. Ei-lo que surge envolto na sua aura diáfana de extraterrestre que habita um asteroide longínquo. Mas não chega sozinho, e essa é a surpresa da adaptação. Para ser fiel a Saint-Exupéry, Osborne envelopou a história do Pequeno Príncipe numa história maior.

O livro surgiu em 1943, um ano antes do desaparecimento do autor, que também era piloto, num voo sobre a Córsega. A história e o personagem começaram a nascer quando Saint-Exupéry sofreu um acidente e seu avião fez um pouso de emergência no Saara. Foi no deserto que ele teve o insight. A palavra em inglês cabe porque o livro, propriamente dito, foi escrito nos EUA. O piloto encontra, no meio do nada, o garoto. Ele é loiro, veste-se bizarramente e conta que é o único habitante de um asteroide distante. Saint-Exupéry não fez apenas poesia em prosa. Acompanhou sua história de ilustrações - aquarelas que ele mesmo pintou. O primeiro desenho, todo leitor do livro sabe, reproduz o que parece um chapéu, mas não. É o desenho de uma jiboia que engoliu um elefante. Saint-Exupéry prepara o leitor, infantil ou adulto, para ingressar num universo não realista.

“Eu conhecia o livro muito bem. Quando eles (os produtores) me propuseram a adaptação, achei que seria impossível fazer uma que fosse fiel. Mas, depois, pensei como o material era bom e que seria tolice desperdiçar a chance.” Mark Osborne é de New Jersey. Por que um norte-americano, se o livro é de um francês? “O Pequeno Príncipe é universal”, ele diz. Osborne já colhera na DreamWorks o megassucesso Kung Fu Panda. E, dessa vez, a dupla ousadia é que a proposta não era só de adaptar um livro cultuado, mas também fazê-lo de forma independente, longe do guarda-chuva protetor de um grande estúdio.

“Tivemos de desenvolver a nossa estrutura. Foi como construir os trilhos com o trem já andando, e isso foi assustador. Fiquei um bom tempo com aquele friozinho na barriga, me perguntando se ia dar certo e depois me convencendo de que, sim, ia dar certo. A vantagem de se construir uma estrutura é que você inventa. No livro, o próprio Saint-Exupéry nos convida a imaginar.” Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry foi um escritor, ilustrador e piloto francês, terceiro filho do conde Jean de Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe. Apaixonado por mecânica desde criança, resolveu ser piloto. Entrou para a Societé Latecoère, que se tornou conhecida como Aéropostale. Fez a linha Toulouse/Casablanca/Dacar, voando sobre o deserto na equipe de pilotos lendários como Mermoz e Guillaumet. Suas experiências inspiraram livros como Correio do Sul e Terra dos Homens. E, aí, veio O Pequeno Príncipe. 

No Brasil, houve uma época em que virou moda escarnecer de Saint-Exupéry e de seu personagem. É que no livro ele encontra a Raposa, a Serpente. Aprende coisas - que o essencial é invisível para os olhos e “Você é responsável por aquilo que cativa”. São pensamentos profundos, mas, banalizados, viraram o livro de cabeceira das misses nos anos 1950. Nos 70, o cinema já tentara uma primeira adaptação, em formato de musical, mas embora o diretor fosse o ótimo Stanley Donen, não funcionou. As canções não ajudavam, havia só um grande número - com Bob Fosse como Serpente. Na entrevista em Cannes, Osborne admitiu que o desafio foi transformar as delicadas ilustrações do livro em figuras tridimensionais. “Uma ideia passou a me perseguir - a de que, para ser fiel ao original, eu deveria me distanciar um pouco dele.” E surgiu essa história de uma garota que troca de vizinhança, como a de Divertida Mente, e descobre esse vizinho, um velho piloto que tem um avião enferrujado. Ele lhe conta como encontrou o Pequeno Príncipe no deserto. Volta a voar com a menina. E ela, que acha que o Pequeno Príncipe ficou na Terra e cresceu, parte à procura dele.

A sacada de Osborne foi perceber quanto a história de Saint-Exupéry é íntima e frágil. Para dar-lhe sustentação, ele a inscreveu numa história maior, que desenvolveu segundo duas técnicas diferentes. “A parte da menina fizemos utilizando computação gráfica de última geração. Para a do Príncipe, usamos a stop motion, em que pequenas figuras de papel são filmadas e animadas quadro a quadro. Dessa forma, conseguimos reproduzir o visual peculiar das ilustrações do livro.” No total, 250 pessoas trabalharam na animação. “Formamos realmente uma família. Foi muito bom termos criado a nossa estrutura”, diz o diretor.

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