‘Amazônia, a nova Minamata?’, de Jorge Bodanzky, aborda impactos do garimpo 


Filme está na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e será exibido nesta quinta, 27 e será reapresentado no dia 2 de novembro

Por Luiz Zanin Oricchio

O título do filme, em forma de pergunta, revela uma preocupação - ‘Amazônia, a Nova Minamata?’ Minamata é a cidade japonesa cuja população sofreu intoxicação por mercúrio nos anos 1950, causada por uma fábrica de plástico. Os efeitos desse envenenamento no organismo são danos neurológicos, distúrbios de fala, visão e de movimento, prejuízo cognitivo, paralisia de membros e morte. A doença passou a ser conhecida como Mal de Minamata. E a Amazônia? Bem, a região brasileira encontra-se sob o mesmo risco, com a contaminação de rios e peixes pelo metilmercúrio, metal pesado usado no garimpo do ouro. Essa é a triste realidade retratada no novo filme do diretor Jorge Bodanzky, cineasta com largo histórico nas causas ambientais.

O tema é explosivo. O filme mostra como a invasão das terras indígenas e a exploração desordenada da região amazônica produz não somente destruição ambiental, mas vítimas entre seus habitantes. Alterna imagens idílicas da região, seus rios e matas, e os estragos mais visíveis causados pela mineração. Alguns dos mineradores são entrevistados. Um dos donos do garimpo mostra como as escavadeiras tornam o trabalho mais produtivo - e mais destrutivo, claro. Carlos da União diz que “apesar de tudo o que falam, não existe melhor maneira de extrair o ouro do que com o mercúrio”. A pressão garimpeira aumentou quando foi descoberto um veio do metal precioso no Rio das Tropas, região do Tapajós.

Cenas do filme 'Amazônia, a nova Minamata?', em cartaz na Mostra de SP.  Foto: Mostra de SP
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Por outro lado, começou a ser observado um aumento do nível de mercúrio no sangue dos indígenas Mundurukus, como constata o médico neurologista Erik Jennings. Dedicado à saúde dos povos amazônicos, Jennings percorreu a região recolhendo amostras de água e de sangue e constatou que a presença de mercúrio nos organismos dos habitantes era muito acima dos níveis normais. Estavam contaminados. Não apenas pelas águas dos rios, mas pelos peixes pescados e consumidos na região. Uma parte desse pescado vai parar nos mercados das cidades próximas, o que aumenta o risco de contaminação por mercúrio também em áreas urbanas.

O problema é bastante complexo, pois existe já toda uma cadeia econômica baseada na extração do ouro, sobretudo no município paraense de Jacarecanga. Tudo lá gira em torno do metal, dos pequenos aos grandes negócios. Gustavo Geiger, inspetor da Polícia Federal, destaca o controle precário sobre essa atividade econômica. “São emitidas notas fiscais em papel, preenchidas com canetas esferográficas, em total dissonância com os meios eletrônicos mais eficientes”. Não se tem muita ideia do volume desse comércio entre os donos do garimpo e as empresas que compram o metal. Boa parte é exportada. “Cerca de 11 a 12 bilhões de reais por ano atravessam as nossas fronteiras”, avalia o agente.

Esses interesses econômicos e mais o empoderamento dos mineradores ilegais pelo governo federal tornam a tarefa dos ambientalistas cada vez mais difícil. E arriscada. Mesmo porque os garimpeiros encontraram uma maneira de arrumar cúmplices nas próprias aldeias, pagando aos indígenas uma porcentagem do ouro extraído.

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População indígena está sendo contaminada por mercúrio por conta do avanço do garimpo nas terras amazônicas. Foto: Mostra de SP

Dessa forma, criaram a divisão entre os indígenas. A cisão gera conflitos e agressões. Uma delas atingiu o próprio Dr. Jennings. Ao descer do avião em uma aldeia, foi ameaçado. Se não saísse de lá imediatamente, o avião seria incendiado e seus ocupantes teriam as cabeças cortadas.

A maior parte das comunidades indígenas, no entanto, está consciente dos malefícios do garimpo. Já sentem seus efeitos, sob a forma de doenças presentes na população adulta e mesmo em crianças que já nascem com altos índices de mercúrio e apresentando sintomas degenerativos. Alguns desses casos dramáticos são vistos no filme.

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Com suas imagens poderosas, Amazônia, a Nova Miramar? é uma advertência sobre o impacto ambiental e humano da exploração predatória dos recursos naturais. Uma pergunta incômoda sobre o país que desejamos para o futuro.

Horários de exibição

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27/10 - Cinesesc às 20h30

02/11 - MIS - Museu da Imagem e do Som às 14h

O título do filme, em forma de pergunta, revela uma preocupação - ‘Amazônia, a Nova Minamata?’ Minamata é a cidade japonesa cuja população sofreu intoxicação por mercúrio nos anos 1950, causada por uma fábrica de plástico. Os efeitos desse envenenamento no organismo são danos neurológicos, distúrbios de fala, visão e de movimento, prejuízo cognitivo, paralisia de membros e morte. A doença passou a ser conhecida como Mal de Minamata. E a Amazônia? Bem, a região brasileira encontra-se sob o mesmo risco, com a contaminação de rios e peixes pelo metilmercúrio, metal pesado usado no garimpo do ouro. Essa é a triste realidade retratada no novo filme do diretor Jorge Bodanzky, cineasta com largo histórico nas causas ambientais.

O tema é explosivo. O filme mostra como a invasão das terras indígenas e a exploração desordenada da região amazônica produz não somente destruição ambiental, mas vítimas entre seus habitantes. Alterna imagens idílicas da região, seus rios e matas, e os estragos mais visíveis causados pela mineração. Alguns dos mineradores são entrevistados. Um dos donos do garimpo mostra como as escavadeiras tornam o trabalho mais produtivo - e mais destrutivo, claro. Carlos da União diz que “apesar de tudo o que falam, não existe melhor maneira de extrair o ouro do que com o mercúrio”. A pressão garimpeira aumentou quando foi descoberto um veio do metal precioso no Rio das Tropas, região do Tapajós.

Cenas do filme 'Amazônia, a nova Minamata?', em cartaz na Mostra de SP.  Foto: Mostra de SP

Por outro lado, começou a ser observado um aumento do nível de mercúrio no sangue dos indígenas Mundurukus, como constata o médico neurologista Erik Jennings. Dedicado à saúde dos povos amazônicos, Jennings percorreu a região recolhendo amostras de água e de sangue e constatou que a presença de mercúrio nos organismos dos habitantes era muito acima dos níveis normais. Estavam contaminados. Não apenas pelas águas dos rios, mas pelos peixes pescados e consumidos na região. Uma parte desse pescado vai parar nos mercados das cidades próximas, o que aumenta o risco de contaminação por mercúrio também em áreas urbanas.

O problema é bastante complexo, pois existe já toda uma cadeia econômica baseada na extração do ouro, sobretudo no município paraense de Jacarecanga. Tudo lá gira em torno do metal, dos pequenos aos grandes negócios. Gustavo Geiger, inspetor da Polícia Federal, destaca o controle precário sobre essa atividade econômica. “São emitidas notas fiscais em papel, preenchidas com canetas esferográficas, em total dissonância com os meios eletrônicos mais eficientes”. Não se tem muita ideia do volume desse comércio entre os donos do garimpo e as empresas que compram o metal. Boa parte é exportada. “Cerca de 11 a 12 bilhões de reais por ano atravessam as nossas fronteiras”, avalia o agente.

Esses interesses econômicos e mais o empoderamento dos mineradores ilegais pelo governo federal tornam a tarefa dos ambientalistas cada vez mais difícil. E arriscada. Mesmo porque os garimpeiros encontraram uma maneira de arrumar cúmplices nas próprias aldeias, pagando aos indígenas uma porcentagem do ouro extraído.

População indígena está sendo contaminada por mercúrio por conta do avanço do garimpo nas terras amazônicas. Foto: Mostra de SP

Dessa forma, criaram a divisão entre os indígenas. A cisão gera conflitos e agressões. Uma delas atingiu o próprio Dr. Jennings. Ao descer do avião em uma aldeia, foi ameaçado. Se não saísse de lá imediatamente, o avião seria incendiado e seus ocupantes teriam as cabeças cortadas.

A maior parte das comunidades indígenas, no entanto, está consciente dos malefícios do garimpo. Já sentem seus efeitos, sob a forma de doenças presentes na população adulta e mesmo em crianças que já nascem com altos índices de mercúrio e apresentando sintomas degenerativos. Alguns desses casos dramáticos são vistos no filme.

Com suas imagens poderosas, Amazônia, a Nova Miramar? é uma advertência sobre o impacto ambiental e humano da exploração predatória dos recursos naturais. Uma pergunta incômoda sobre o país que desejamos para o futuro.

Horários de exibição

27/10 - Cinesesc às 20h30

02/11 - MIS - Museu da Imagem e do Som às 14h

O título do filme, em forma de pergunta, revela uma preocupação - ‘Amazônia, a Nova Minamata?’ Minamata é a cidade japonesa cuja população sofreu intoxicação por mercúrio nos anos 1950, causada por uma fábrica de plástico. Os efeitos desse envenenamento no organismo são danos neurológicos, distúrbios de fala, visão e de movimento, prejuízo cognitivo, paralisia de membros e morte. A doença passou a ser conhecida como Mal de Minamata. E a Amazônia? Bem, a região brasileira encontra-se sob o mesmo risco, com a contaminação de rios e peixes pelo metilmercúrio, metal pesado usado no garimpo do ouro. Essa é a triste realidade retratada no novo filme do diretor Jorge Bodanzky, cineasta com largo histórico nas causas ambientais.

O tema é explosivo. O filme mostra como a invasão das terras indígenas e a exploração desordenada da região amazônica produz não somente destruição ambiental, mas vítimas entre seus habitantes. Alterna imagens idílicas da região, seus rios e matas, e os estragos mais visíveis causados pela mineração. Alguns dos mineradores são entrevistados. Um dos donos do garimpo mostra como as escavadeiras tornam o trabalho mais produtivo - e mais destrutivo, claro. Carlos da União diz que “apesar de tudo o que falam, não existe melhor maneira de extrair o ouro do que com o mercúrio”. A pressão garimpeira aumentou quando foi descoberto um veio do metal precioso no Rio das Tropas, região do Tapajós.

Cenas do filme 'Amazônia, a nova Minamata?', em cartaz na Mostra de SP.  Foto: Mostra de SP

Por outro lado, começou a ser observado um aumento do nível de mercúrio no sangue dos indígenas Mundurukus, como constata o médico neurologista Erik Jennings. Dedicado à saúde dos povos amazônicos, Jennings percorreu a região recolhendo amostras de água e de sangue e constatou que a presença de mercúrio nos organismos dos habitantes era muito acima dos níveis normais. Estavam contaminados. Não apenas pelas águas dos rios, mas pelos peixes pescados e consumidos na região. Uma parte desse pescado vai parar nos mercados das cidades próximas, o que aumenta o risco de contaminação por mercúrio também em áreas urbanas.

O problema é bastante complexo, pois existe já toda uma cadeia econômica baseada na extração do ouro, sobretudo no município paraense de Jacarecanga. Tudo lá gira em torno do metal, dos pequenos aos grandes negócios. Gustavo Geiger, inspetor da Polícia Federal, destaca o controle precário sobre essa atividade econômica. “São emitidas notas fiscais em papel, preenchidas com canetas esferográficas, em total dissonância com os meios eletrônicos mais eficientes”. Não se tem muita ideia do volume desse comércio entre os donos do garimpo e as empresas que compram o metal. Boa parte é exportada. “Cerca de 11 a 12 bilhões de reais por ano atravessam as nossas fronteiras”, avalia o agente.

Esses interesses econômicos e mais o empoderamento dos mineradores ilegais pelo governo federal tornam a tarefa dos ambientalistas cada vez mais difícil. E arriscada. Mesmo porque os garimpeiros encontraram uma maneira de arrumar cúmplices nas próprias aldeias, pagando aos indígenas uma porcentagem do ouro extraído.

População indígena está sendo contaminada por mercúrio por conta do avanço do garimpo nas terras amazônicas. Foto: Mostra de SP

Dessa forma, criaram a divisão entre os indígenas. A cisão gera conflitos e agressões. Uma delas atingiu o próprio Dr. Jennings. Ao descer do avião em uma aldeia, foi ameaçado. Se não saísse de lá imediatamente, o avião seria incendiado e seus ocupantes teriam as cabeças cortadas.

A maior parte das comunidades indígenas, no entanto, está consciente dos malefícios do garimpo. Já sentem seus efeitos, sob a forma de doenças presentes na população adulta e mesmo em crianças que já nascem com altos índices de mercúrio e apresentando sintomas degenerativos. Alguns desses casos dramáticos são vistos no filme.

Com suas imagens poderosas, Amazônia, a Nova Miramar? é uma advertência sobre o impacto ambiental e humano da exploração predatória dos recursos naturais. Uma pergunta incômoda sobre o país que desejamos para o futuro.

Horários de exibição

27/10 - Cinesesc às 20h30

02/11 - MIS - Museu da Imagem e do Som às 14h

O título do filme, em forma de pergunta, revela uma preocupação - ‘Amazônia, a Nova Minamata?’ Minamata é a cidade japonesa cuja população sofreu intoxicação por mercúrio nos anos 1950, causada por uma fábrica de plástico. Os efeitos desse envenenamento no organismo são danos neurológicos, distúrbios de fala, visão e de movimento, prejuízo cognitivo, paralisia de membros e morte. A doença passou a ser conhecida como Mal de Minamata. E a Amazônia? Bem, a região brasileira encontra-se sob o mesmo risco, com a contaminação de rios e peixes pelo metilmercúrio, metal pesado usado no garimpo do ouro. Essa é a triste realidade retratada no novo filme do diretor Jorge Bodanzky, cineasta com largo histórico nas causas ambientais.

O tema é explosivo. O filme mostra como a invasão das terras indígenas e a exploração desordenada da região amazônica produz não somente destruição ambiental, mas vítimas entre seus habitantes. Alterna imagens idílicas da região, seus rios e matas, e os estragos mais visíveis causados pela mineração. Alguns dos mineradores são entrevistados. Um dos donos do garimpo mostra como as escavadeiras tornam o trabalho mais produtivo - e mais destrutivo, claro. Carlos da União diz que “apesar de tudo o que falam, não existe melhor maneira de extrair o ouro do que com o mercúrio”. A pressão garimpeira aumentou quando foi descoberto um veio do metal precioso no Rio das Tropas, região do Tapajós.

Cenas do filme 'Amazônia, a nova Minamata?', em cartaz na Mostra de SP.  Foto: Mostra de SP

Por outro lado, começou a ser observado um aumento do nível de mercúrio no sangue dos indígenas Mundurukus, como constata o médico neurologista Erik Jennings. Dedicado à saúde dos povos amazônicos, Jennings percorreu a região recolhendo amostras de água e de sangue e constatou que a presença de mercúrio nos organismos dos habitantes era muito acima dos níveis normais. Estavam contaminados. Não apenas pelas águas dos rios, mas pelos peixes pescados e consumidos na região. Uma parte desse pescado vai parar nos mercados das cidades próximas, o que aumenta o risco de contaminação por mercúrio também em áreas urbanas.

O problema é bastante complexo, pois existe já toda uma cadeia econômica baseada na extração do ouro, sobretudo no município paraense de Jacarecanga. Tudo lá gira em torno do metal, dos pequenos aos grandes negócios. Gustavo Geiger, inspetor da Polícia Federal, destaca o controle precário sobre essa atividade econômica. “São emitidas notas fiscais em papel, preenchidas com canetas esferográficas, em total dissonância com os meios eletrônicos mais eficientes”. Não se tem muita ideia do volume desse comércio entre os donos do garimpo e as empresas que compram o metal. Boa parte é exportada. “Cerca de 11 a 12 bilhões de reais por ano atravessam as nossas fronteiras”, avalia o agente.

Esses interesses econômicos e mais o empoderamento dos mineradores ilegais pelo governo federal tornam a tarefa dos ambientalistas cada vez mais difícil. E arriscada. Mesmo porque os garimpeiros encontraram uma maneira de arrumar cúmplices nas próprias aldeias, pagando aos indígenas uma porcentagem do ouro extraído.

População indígena está sendo contaminada por mercúrio por conta do avanço do garimpo nas terras amazônicas. Foto: Mostra de SP

Dessa forma, criaram a divisão entre os indígenas. A cisão gera conflitos e agressões. Uma delas atingiu o próprio Dr. Jennings. Ao descer do avião em uma aldeia, foi ameaçado. Se não saísse de lá imediatamente, o avião seria incendiado e seus ocupantes teriam as cabeças cortadas.

A maior parte das comunidades indígenas, no entanto, está consciente dos malefícios do garimpo. Já sentem seus efeitos, sob a forma de doenças presentes na população adulta e mesmo em crianças que já nascem com altos índices de mercúrio e apresentando sintomas degenerativos. Alguns desses casos dramáticos são vistos no filme.

Com suas imagens poderosas, Amazônia, a Nova Miramar? é uma advertência sobre o impacto ambiental e humano da exploração predatória dos recursos naturais. Uma pergunta incômoda sobre o país que desejamos para o futuro.

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