Personagem fictício criado por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane na DC Comics, o Coringa, ou The Joker, apareceu pela primeira na revista do Batman # 1, de abril de 1940. Rapidamente, tornou-se um dos vilões preferidos do público. No início, era um psicopata, verdadeiro gênio do crime, que utilizava sua habilidade em engenharia química para produzir misturas letais. Mau, muito mau, e aquele sorriso esculpido no rosto fez dele o pesadelo de muitas crianças.
No fim da década de 1950, por pressão do Comics Code Authority – o código de censura dos quadrinhos –, converteu-se num bandido bobo e atrapalhado, e como tal foi retratado por Cesar Romero na TV e no cinema, e no Batman de Leslie H. Martinson, com Adam West como o herói mascarado.
Aquele era um Homem-Morcego inocente e o diretor incorporava o humor camp da TV e dos quadrinhos, com direito a balões com as expressões características do herói e seus vilões (além do Coringa, também o Charada, o Pinguim e a Mulher-Gato).
Algo muito diferente se passou em 1989, quando Tim Burton fez seu Batman para adultos e que arrebentou na bilheteria. Michael Keaton vestia a armadura, mas o grande personagem era o vilão, Jack Nicholson como o Coringa, embora ambos, na verdade, fossem as duas faces da mesma moeda, dois malucos que perderam todo juízo, têm problemas com as mulheres, os pais e a cidade, e ameaçam destruir o mundo todo.
A grande sacada de Burton, e nisso ele fez história, foi não estabelecer fronteiras muito nítidas. Um louco de máscara e capa, outro maquiado, ou será que se pode confiar, como herói, num sujeito que se pendura em telhados e anda com aquela fantasia, bancando o justiceiro, na calada da noite?
Batman surgiu otimista, virou dark durante a Guerra do Vietnã. Comparativamente, o Coringa de Heath Ledger, no filme de Christopher Nolan – O Cavaleiro das Trevas – que lhe valeu, postumamente, o Oscar de melhor ator coadjuvante, em 2008, é mais insano (de volta às origens?) e o de Jared Leto, em Esquadrão Suicida, de 2016, é mais palhaço sem ser deixar de ser neurótico.
Justamente, o Coringa de Jared. Nove entre dez críticos (onze entre dez?) amam falar mal dele, mas se Jared já não tivesse recebido o Oscar (por Clube de Compras Dallas, de 2014) sua interpretação talvez tivesse sido melhor entendida, e apreciada. É magnífico.