Análise: Hugh Jackman e Anthony Hopkins fazem de ‘Um Filho’ um drama nada banal ou gratuito


Longa que trata de tragédia familiar traz Hopkins em pequena aparição, mas que vale por toda uma aula de atuação em alto nível

Por Luiz Zanin Oricchio

Um Filho é um drama familiar no novo filme de Florian Zeller que estreia nesta quinta, 23, nos cinemas. Peter (Hugh Jackman) refaz a vida a com nova parceira, Beth (Vanessa Kirby), com a qual tem um filho pequeno. O cotidiano do casal é abalado quando o filho do primeiro casamento de Peter, o adolescente Nicholas (Zen McGrath), bate à porta dizendo que não consegue mais viver com a mãe, Kate (Laura Dern) e pretende morar com o pai.

Laura Dern e Hugh Jackman, em cena do filme Um Filho Foto: Diamond Films

Tal sinopse pode dar ideia de um banal drama de família, mas o filme vai além disso. Há, a pesar, densidade da vida contemporânea, com Jackman interpretando o grande executivo que, imerso em compromissos, não tem tempo para nada, muito menos para administrar conflitos alheios - mesmo que digam respeito a seu filho mais velho.

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O adolescente Nicholas se diz vítima de uma estranha angústia, que nem ele mesmo sabe de onde vem. Um mal-estar no mundo, generalizado e indefinido, que bem pode ser a marca registrada das gerações mais jovens. Nicholas encarna esse desconforto existencial de forma paroxística. E pede ajuda.

Nada me parece banal ou gratuito no filme. Tentamos entender Nicholas que, por sua vez, não compreende a si mesmo. É um enigma que, não decifrado, pode devorá-lo.

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Por sorte, Zeller não cai no clichê de culpar os pais de forma automática, embora haja esse componente que atribui à vida moderna ultra competitiva a desumanização das pessoas, que pode levar (e em geral leva) a consequências psíquicas destruidoras. No entanto, Pete se esforça em ser um bom pai, assim como a mãe do garoto e a madrasta.

Ninguém é vilão ou vilã nessa tragédia familiar. Todos são vítimas, mas, claro, cada qual é atingido pela disfunção à sua maneira. E apenas um deles a sofrerá em suas últimas consequências.

Peter, o executivo, tem o contraexemplo do que significa a paternidade em seu próprio pai, gélido em termos de relações humanas, interpretado (de forma brilhante, mas isso é redundância) por Anthony Hopkins. A pequena aparição de Hopkins, de apenas alguns minutos, vale por toda uma aula de atuação em alto nível.

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Anthony Hopkins, em cena do filme Um Filho Foto: Jessica Kourkounis

A forma narrativa é límpida. Sem apelações. Emociona porque tem que emocionar, mas nunca de modo apelativo. Às vezes força a atenção do espectador ao mesclar realidade e fantasia, fato e desejo. Mas é justo. Somos feitos dessa argamassa  ambígua, o mesmo material de que são feitos os sonhos, como um gênio já descreveu a nossa condição. Um belo e duro filme.

Um Filho é um drama familiar no novo filme de Florian Zeller que estreia nesta quinta, 23, nos cinemas. Peter (Hugh Jackman) refaz a vida a com nova parceira, Beth (Vanessa Kirby), com a qual tem um filho pequeno. O cotidiano do casal é abalado quando o filho do primeiro casamento de Peter, o adolescente Nicholas (Zen McGrath), bate à porta dizendo que não consegue mais viver com a mãe, Kate (Laura Dern) e pretende morar com o pai.

Laura Dern e Hugh Jackman, em cena do filme Um Filho Foto: Diamond Films

Tal sinopse pode dar ideia de um banal drama de família, mas o filme vai além disso. Há, a pesar, densidade da vida contemporânea, com Jackman interpretando o grande executivo que, imerso em compromissos, não tem tempo para nada, muito menos para administrar conflitos alheios - mesmo que digam respeito a seu filho mais velho.

O adolescente Nicholas se diz vítima de uma estranha angústia, que nem ele mesmo sabe de onde vem. Um mal-estar no mundo, generalizado e indefinido, que bem pode ser a marca registrada das gerações mais jovens. Nicholas encarna esse desconforto existencial de forma paroxística. E pede ajuda.

Nada me parece banal ou gratuito no filme. Tentamos entender Nicholas que, por sua vez, não compreende a si mesmo. É um enigma que, não decifrado, pode devorá-lo.

Por sorte, Zeller não cai no clichê de culpar os pais de forma automática, embora haja esse componente que atribui à vida moderna ultra competitiva a desumanização das pessoas, que pode levar (e em geral leva) a consequências psíquicas destruidoras. No entanto, Pete se esforça em ser um bom pai, assim como a mãe do garoto e a madrasta.

Ninguém é vilão ou vilã nessa tragédia familiar. Todos são vítimas, mas, claro, cada qual é atingido pela disfunção à sua maneira. E apenas um deles a sofrerá em suas últimas consequências.

Peter, o executivo, tem o contraexemplo do que significa a paternidade em seu próprio pai, gélido em termos de relações humanas, interpretado (de forma brilhante, mas isso é redundância) por Anthony Hopkins. A pequena aparição de Hopkins, de apenas alguns minutos, vale por toda uma aula de atuação em alto nível.

Anthony Hopkins, em cena do filme Um Filho Foto: Jessica Kourkounis

A forma narrativa é límpida. Sem apelações. Emociona porque tem que emocionar, mas nunca de modo apelativo. Às vezes força a atenção do espectador ao mesclar realidade e fantasia, fato e desejo. Mas é justo. Somos feitos dessa argamassa  ambígua, o mesmo material de que são feitos os sonhos, como um gênio já descreveu a nossa condição. Um belo e duro filme.

Um Filho é um drama familiar no novo filme de Florian Zeller que estreia nesta quinta, 23, nos cinemas. Peter (Hugh Jackman) refaz a vida a com nova parceira, Beth (Vanessa Kirby), com a qual tem um filho pequeno. O cotidiano do casal é abalado quando o filho do primeiro casamento de Peter, o adolescente Nicholas (Zen McGrath), bate à porta dizendo que não consegue mais viver com a mãe, Kate (Laura Dern) e pretende morar com o pai.

Laura Dern e Hugh Jackman, em cena do filme Um Filho Foto: Diamond Films

Tal sinopse pode dar ideia de um banal drama de família, mas o filme vai além disso. Há, a pesar, densidade da vida contemporânea, com Jackman interpretando o grande executivo que, imerso em compromissos, não tem tempo para nada, muito menos para administrar conflitos alheios - mesmo que digam respeito a seu filho mais velho.

O adolescente Nicholas se diz vítima de uma estranha angústia, que nem ele mesmo sabe de onde vem. Um mal-estar no mundo, generalizado e indefinido, que bem pode ser a marca registrada das gerações mais jovens. Nicholas encarna esse desconforto existencial de forma paroxística. E pede ajuda.

Nada me parece banal ou gratuito no filme. Tentamos entender Nicholas que, por sua vez, não compreende a si mesmo. É um enigma que, não decifrado, pode devorá-lo.

Por sorte, Zeller não cai no clichê de culpar os pais de forma automática, embora haja esse componente que atribui à vida moderna ultra competitiva a desumanização das pessoas, que pode levar (e em geral leva) a consequências psíquicas destruidoras. No entanto, Pete se esforça em ser um bom pai, assim como a mãe do garoto e a madrasta.

Ninguém é vilão ou vilã nessa tragédia familiar. Todos são vítimas, mas, claro, cada qual é atingido pela disfunção à sua maneira. E apenas um deles a sofrerá em suas últimas consequências.

Peter, o executivo, tem o contraexemplo do que significa a paternidade em seu próprio pai, gélido em termos de relações humanas, interpretado (de forma brilhante, mas isso é redundância) por Anthony Hopkins. A pequena aparição de Hopkins, de apenas alguns minutos, vale por toda uma aula de atuação em alto nível.

Anthony Hopkins, em cena do filme Um Filho Foto: Jessica Kourkounis

A forma narrativa é límpida. Sem apelações. Emociona porque tem que emocionar, mas nunca de modo apelativo. Às vezes força a atenção do espectador ao mesclar realidade e fantasia, fato e desejo. Mas é justo. Somos feitos dessa argamassa  ambígua, o mesmo material de que são feitos os sonhos, como um gênio já descreveu a nossa condição. Um belo e duro filme.

Um Filho é um drama familiar no novo filme de Florian Zeller que estreia nesta quinta, 23, nos cinemas. Peter (Hugh Jackman) refaz a vida a com nova parceira, Beth (Vanessa Kirby), com a qual tem um filho pequeno. O cotidiano do casal é abalado quando o filho do primeiro casamento de Peter, o adolescente Nicholas (Zen McGrath), bate à porta dizendo que não consegue mais viver com a mãe, Kate (Laura Dern) e pretende morar com o pai.

Laura Dern e Hugh Jackman, em cena do filme Um Filho Foto: Diamond Films

Tal sinopse pode dar ideia de um banal drama de família, mas o filme vai além disso. Há, a pesar, densidade da vida contemporânea, com Jackman interpretando o grande executivo que, imerso em compromissos, não tem tempo para nada, muito menos para administrar conflitos alheios - mesmo que digam respeito a seu filho mais velho.

O adolescente Nicholas se diz vítima de uma estranha angústia, que nem ele mesmo sabe de onde vem. Um mal-estar no mundo, generalizado e indefinido, que bem pode ser a marca registrada das gerações mais jovens. Nicholas encarna esse desconforto existencial de forma paroxística. E pede ajuda.

Nada me parece banal ou gratuito no filme. Tentamos entender Nicholas que, por sua vez, não compreende a si mesmo. É um enigma que, não decifrado, pode devorá-lo.

Por sorte, Zeller não cai no clichê de culpar os pais de forma automática, embora haja esse componente que atribui à vida moderna ultra competitiva a desumanização das pessoas, que pode levar (e em geral leva) a consequências psíquicas destruidoras. No entanto, Pete se esforça em ser um bom pai, assim como a mãe do garoto e a madrasta.

Ninguém é vilão ou vilã nessa tragédia familiar. Todos são vítimas, mas, claro, cada qual é atingido pela disfunção à sua maneira. E apenas um deles a sofrerá em suas últimas consequências.

Peter, o executivo, tem o contraexemplo do que significa a paternidade em seu próprio pai, gélido em termos de relações humanas, interpretado (de forma brilhante, mas isso é redundância) por Anthony Hopkins. A pequena aparição de Hopkins, de apenas alguns minutos, vale por toda uma aula de atuação em alto nível.

Anthony Hopkins, em cena do filme Um Filho Foto: Jessica Kourkounis

A forma narrativa é límpida. Sem apelações. Emociona porque tem que emocionar, mas nunca de modo apelativo. Às vezes força a atenção do espectador ao mesclar realidade e fantasia, fato e desejo. Mas é justo. Somos feitos dessa argamassa  ambígua, o mesmo material de que são feitos os sonhos, como um gênio já descreveu a nossa condição. Um belo e duro filme.

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