Animação ‘Mundo Estranho’ mostra uma Disney mais inclusiva


Com um protagonista gay em uma família multirracial, animação retrata preocupação do estúdio com a diversidade

Por Mariane Morisawa

Uma princesa polinésia em Moana (2016). Uma heroína do Sudeste Asiático em Raya e o Último Dragão (2021). Uma família colombiana multirracial em Encanto (2021). O Estúdio de Animação Disney vem dando passos mais firmes em direção à diversidade, à representatividade e à inclusão nos últimos anos. Mundo Estranho, dirigido por Don Hall, com codireção de Qui Nguyen, que acaba de estrear no Brasil, é mais uma animação nessa direção, trazendo uma família multirracial e, pela primeira vez, um personagem principal abertamente gay.

“Fazemos filmes para todas as pessoas do globo”, disse Hall em entrevista ao Estadão. “Por isso, queremos que eles tenham ressonância com todos. Diversidade e inclusão são prioridades absolutas, porque queremos que nossas produções reflitam nosso mundo e sejam abraçadas por ele”, completou o diretor, que, em Operação Big Hero (2014), já tinha criado um protagonista birracial, o adolescente Hiro.

O ator Jaboukie Young-White, que se diz queer, dá voz a Ethan, protagonista abertamente gay da animação. Foto: Disney
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Em relação à orientação sexual, a Disney tem sido mais cautelosa, recebendo críticas da comunidade por anunciar “seu primeiro personagem LGBT+” a todo momento, apenas para decepcioná-la, quando se trata de uma mera menção ou um pequeno gesto. Mas ser gay faz parte da identidade do adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White). Ele perde o jeito na frente do seu crush e passa vergonha quando o pai se apresenta a Diazo (Jonathan Melo).

“Amamos nossos personagens, cada um deles. Amamos Ethan. Ele é um jovem impressionante, uma alegria, cheio de compaixão. Ser gay é só parte de quem ele é”, afirmou o produtor Roy Conli ao Estadão, ao ser indagado sobre as pessoas que criticam narrativas mais inclusivas.

Ser gay não é o conflito

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Para o ator Jaboukie Young-White, que é multirracial e se identifica como queer, foi ótimo interpretar um personagem que não está tentando ser aceito por sua sexualidade nem saindo do armário. “Ethan está descobrindo quem é como um todo, em um ambiente que está pronto para apoiá-lo”, contou, em coletiva de imprensa por videoconferência. Como se trata de um filme da Disney, em seu centro está uma família. Mas seus conflitos não têm nada a ver com Ethan ser ou não gay.

Na animação Mundo Estranho, da Disney, a família Clade vive em Avalonia, um país fictício e meio escondido em um vale. Jaeger (voz de Dennis Quaid na versão original) quer ser definido como um grande explorador e descobridor do que havia além das montanhas. Ele tem certeza de que seu filho Searcher (voz de Jake Gyllenhaal) também é aventureiro e vai seguir seus passos. Mas não. Em uma das expedições, Searcher encontra o Pando, uma planta que fornece energia, e volta para mudar a vida dos habitantes de Avalonia.

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Jaeger some. Seu filho vira um feliz fazendeiro, cultivando a planta mágica. Anos depois, o adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White), filho de Searcher e da piloto Meridian (Gabrielle Union), mostra a mesma vontade de desbravar o mundo do avô, que nunca conheceu.

Família

O conflito, portanto, é geracional. “Quando comecei a pensar em meu próximo filme, ali por 2018, o que estava na minha cabeça eram meus filhos”, contou o diretor Don Hall. “Eu estava pensando muito e bastante profundamente sobre o mundo que eles iam herdar, o que me levou a refletir sobre o mundo que eu herdei do meu pai.” Basicamente, a gênese de Mundo Estranho foi a pergunta: o que significa ser um bom ancestral?

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Daí para pensar também em uma mensagem mais geral sobre o planeta que estamos deixando para as próximas gerações foi um pulo. “A coisa mais importante para pensarmos agora é como vivemos neste mundo, sobre o qual temos tanto controle, e como o tornamos habitável ou não. Acredito que estamos em um ponto de virada”, disse Hall. Qui Nguyen apontou como é difícil para os seres humanos pensarem a longo prazo. “Jaeger quer que Searcher seja um explorador porque é a maneira como compreende o mundo, é algo que oferece uma resposta imediata”, disse. “Dá medo deixar seu filho ou filha ser o que eles querem ser, para que o legado cresça por si só. E essa é uma mensagem que serve em termos emocionais e também ambientais. Se você plantar uma semente hoje, não vai ver a árvore crescida amanhã. Mas é melhor ter aquela árvore e deixá-la ser o que precisa ser.”

A animação 'Mundo Estranho' buscou inspirações em clássicos da literatura.  Foto: Disney

Searcher Clade vai precisar sair de sua vidinha pacata para embarcar em uma nova aventura quando a presidente de Avalonia, Callisto Mal (voz de Lucy Liu), descobre que o Pando está sendo atacado por uma praga, pondo em perigo todo o fornecimento de energia. E assim Searcher, Meridian e Ethan vão parar no tal mundo estranho do título. Um lugar onde o céu é rosa, os animais são estranhos, alguns deles parecendo bolhas transparentes, e plantas geram eletricidade.

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O filme foi buscar suas inspirações em Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne, A Máquina do Tempo e O Homem Invisível de H.G. Wells, os livros de Conan Doyle com Sherlock Holmes, Os Caçadores da Arca Perdida, de Spielberg, King Kong, clássico de 1933, nos quadrinhos de Tintin e nos romances pulp fiction. “Não impusemos fronteiras para a criação deste universo”, admitiu Roy Conli. Don Hall sabe como é raro fazer algo original em uma indústria dominada pela propriedade intelectual conhecida. “É um privilégio e tanto gerar uma história própria e inspirar um grupo de artistas maravilhoso para contá-la.”

Uma princesa polinésia em Moana (2016). Uma heroína do Sudeste Asiático em Raya e o Último Dragão (2021). Uma família colombiana multirracial em Encanto (2021). O Estúdio de Animação Disney vem dando passos mais firmes em direção à diversidade, à representatividade e à inclusão nos últimos anos. Mundo Estranho, dirigido por Don Hall, com codireção de Qui Nguyen, que acaba de estrear no Brasil, é mais uma animação nessa direção, trazendo uma família multirracial e, pela primeira vez, um personagem principal abertamente gay.

“Fazemos filmes para todas as pessoas do globo”, disse Hall em entrevista ao Estadão. “Por isso, queremos que eles tenham ressonância com todos. Diversidade e inclusão são prioridades absolutas, porque queremos que nossas produções reflitam nosso mundo e sejam abraçadas por ele”, completou o diretor, que, em Operação Big Hero (2014), já tinha criado um protagonista birracial, o adolescente Hiro.

O ator Jaboukie Young-White, que se diz queer, dá voz a Ethan, protagonista abertamente gay da animação. Foto: Disney

Em relação à orientação sexual, a Disney tem sido mais cautelosa, recebendo críticas da comunidade por anunciar “seu primeiro personagem LGBT+” a todo momento, apenas para decepcioná-la, quando se trata de uma mera menção ou um pequeno gesto. Mas ser gay faz parte da identidade do adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White). Ele perde o jeito na frente do seu crush e passa vergonha quando o pai se apresenta a Diazo (Jonathan Melo).

“Amamos nossos personagens, cada um deles. Amamos Ethan. Ele é um jovem impressionante, uma alegria, cheio de compaixão. Ser gay é só parte de quem ele é”, afirmou o produtor Roy Conli ao Estadão, ao ser indagado sobre as pessoas que criticam narrativas mais inclusivas.

Ser gay não é o conflito

Para o ator Jaboukie Young-White, que é multirracial e se identifica como queer, foi ótimo interpretar um personagem que não está tentando ser aceito por sua sexualidade nem saindo do armário. “Ethan está descobrindo quem é como um todo, em um ambiente que está pronto para apoiá-lo”, contou, em coletiva de imprensa por videoconferência. Como se trata de um filme da Disney, em seu centro está uma família. Mas seus conflitos não têm nada a ver com Ethan ser ou não gay.

Na animação Mundo Estranho, da Disney, a família Clade vive em Avalonia, um país fictício e meio escondido em um vale. Jaeger (voz de Dennis Quaid na versão original) quer ser definido como um grande explorador e descobridor do que havia além das montanhas. Ele tem certeza de que seu filho Searcher (voz de Jake Gyllenhaal) também é aventureiro e vai seguir seus passos. Mas não. Em uma das expedições, Searcher encontra o Pando, uma planta que fornece energia, e volta para mudar a vida dos habitantes de Avalonia.

Jaeger some. Seu filho vira um feliz fazendeiro, cultivando a planta mágica. Anos depois, o adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White), filho de Searcher e da piloto Meridian (Gabrielle Union), mostra a mesma vontade de desbravar o mundo do avô, que nunca conheceu.

Família

O conflito, portanto, é geracional. “Quando comecei a pensar em meu próximo filme, ali por 2018, o que estava na minha cabeça eram meus filhos”, contou o diretor Don Hall. “Eu estava pensando muito e bastante profundamente sobre o mundo que eles iam herdar, o que me levou a refletir sobre o mundo que eu herdei do meu pai.” Basicamente, a gênese de Mundo Estranho foi a pergunta: o que significa ser um bom ancestral?

Daí para pensar também em uma mensagem mais geral sobre o planeta que estamos deixando para as próximas gerações foi um pulo. “A coisa mais importante para pensarmos agora é como vivemos neste mundo, sobre o qual temos tanto controle, e como o tornamos habitável ou não. Acredito que estamos em um ponto de virada”, disse Hall. Qui Nguyen apontou como é difícil para os seres humanos pensarem a longo prazo. “Jaeger quer que Searcher seja um explorador porque é a maneira como compreende o mundo, é algo que oferece uma resposta imediata”, disse. “Dá medo deixar seu filho ou filha ser o que eles querem ser, para que o legado cresça por si só. E essa é uma mensagem que serve em termos emocionais e também ambientais. Se você plantar uma semente hoje, não vai ver a árvore crescida amanhã. Mas é melhor ter aquela árvore e deixá-la ser o que precisa ser.”

A animação 'Mundo Estranho' buscou inspirações em clássicos da literatura.  Foto: Disney

Searcher Clade vai precisar sair de sua vidinha pacata para embarcar em uma nova aventura quando a presidente de Avalonia, Callisto Mal (voz de Lucy Liu), descobre que o Pando está sendo atacado por uma praga, pondo em perigo todo o fornecimento de energia. E assim Searcher, Meridian e Ethan vão parar no tal mundo estranho do título. Um lugar onde o céu é rosa, os animais são estranhos, alguns deles parecendo bolhas transparentes, e plantas geram eletricidade.

O filme foi buscar suas inspirações em Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne, A Máquina do Tempo e O Homem Invisível de H.G. Wells, os livros de Conan Doyle com Sherlock Holmes, Os Caçadores da Arca Perdida, de Spielberg, King Kong, clássico de 1933, nos quadrinhos de Tintin e nos romances pulp fiction. “Não impusemos fronteiras para a criação deste universo”, admitiu Roy Conli. Don Hall sabe como é raro fazer algo original em uma indústria dominada pela propriedade intelectual conhecida. “É um privilégio e tanto gerar uma história própria e inspirar um grupo de artistas maravilhoso para contá-la.”

Uma princesa polinésia em Moana (2016). Uma heroína do Sudeste Asiático em Raya e o Último Dragão (2021). Uma família colombiana multirracial em Encanto (2021). O Estúdio de Animação Disney vem dando passos mais firmes em direção à diversidade, à representatividade e à inclusão nos últimos anos. Mundo Estranho, dirigido por Don Hall, com codireção de Qui Nguyen, que acaba de estrear no Brasil, é mais uma animação nessa direção, trazendo uma família multirracial e, pela primeira vez, um personagem principal abertamente gay.

“Fazemos filmes para todas as pessoas do globo”, disse Hall em entrevista ao Estadão. “Por isso, queremos que eles tenham ressonância com todos. Diversidade e inclusão são prioridades absolutas, porque queremos que nossas produções reflitam nosso mundo e sejam abraçadas por ele”, completou o diretor, que, em Operação Big Hero (2014), já tinha criado um protagonista birracial, o adolescente Hiro.

O ator Jaboukie Young-White, que se diz queer, dá voz a Ethan, protagonista abertamente gay da animação. Foto: Disney

Em relação à orientação sexual, a Disney tem sido mais cautelosa, recebendo críticas da comunidade por anunciar “seu primeiro personagem LGBT+” a todo momento, apenas para decepcioná-la, quando se trata de uma mera menção ou um pequeno gesto. Mas ser gay faz parte da identidade do adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White). Ele perde o jeito na frente do seu crush e passa vergonha quando o pai se apresenta a Diazo (Jonathan Melo).

“Amamos nossos personagens, cada um deles. Amamos Ethan. Ele é um jovem impressionante, uma alegria, cheio de compaixão. Ser gay é só parte de quem ele é”, afirmou o produtor Roy Conli ao Estadão, ao ser indagado sobre as pessoas que criticam narrativas mais inclusivas.

Ser gay não é o conflito

Para o ator Jaboukie Young-White, que é multirracial e se identifica como queer, foi ótimo interpretar um personagem que não está tentando ser aceito por sua sexualidade nem saindo do armário. “Ethan está descobrindo quem é como um todo, em um ambiente que está pronto para apoiá-lo”, contou, em coletiva de imprensa por videoconferência. Como se trata de um filme da Disney, em seu centro está uma família. Mas seus conflitos não têm nada a ver com Ethan ser ou não gay.

Na animação Mundo Estranho, da Disney, a família Clade vive em Avalonia, um país fictício e meio escondido em um vale. Jaeger (voz de Dennis Quaid na versão original) quer ser definido como um grande explorador e descobridor do que havia além das montanhas. Ele tem certeza de que seu filho Searcher (voz de Jake Gyllenhaal) também é aventureiro e vai seguir seus passos. Mas não. Em uma das expedições, Searcher encontra o Pando, uma planta que fornece energia, e volta para mudar a vida dos habitantes de Avalonia.

Jaeger some. Seu filho vira um feliz fazendeiro, cultivando a planta mágica. Anos depois, o adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White), filho de Searcher e da piloto Meridian (Gabrielle Union), mostra a mesma vontade de desbravar o mundo do avô, que nunca conheceu.

Família

O conflito, portanto, é geracional. “Quando comecei a pensar em meu próximo filme, ali por 2018, o que estava na minha cabeça eram meus filhos”, contou o diretor Don Hall. “Eu estava pensando muito e bastante profundamente sobre o mundo que eles iam herdar, o que me levou a refletir sobre o mundo que eu herdei do meu pai.” Basicamente, a gênese de Mundo Estranho foi a pergunta: o que significa ser um bom ancestral?

Daí para pensar também em uma mensagem mais geral sobre o planeta que estamos deixando para as próximas gerações foi um pulo. “A coisa mais importante para pensarmos agora é como vivemos neste mundo, sobre o qual temos tanto controle, e como o tornamos habitável ou não. Acredito que estamos em um ponto de virada”, disse Hall. Qui Nguyen apontou como é difícil para os seres humanos pensarem a longo prazo. “Jaeger quer que Searcher seja um explorador porque é a maneira como compreende o mundo, é algo que oferece uma resposta imediata”, disse. “Dá medo deixar seu filho ou filha ser o que eles querem ser, para que o legado cresça por si só. E essa é uma mensagem que serve em termos emocionais e também ambientais. Se você plantar uma semente hoje, não vai ver a árvore crescida amanhã. Mas é melhor ter aquela árvore e deixá-la ser o que precisa ser.”

A animação 'Mundo Estranho' buscou inspirações em clássicos da literatura.  Foto: Disney

Searcher Clade vai precisar sair de sua vidinha pacata para embarcar em uma nova aventura quando a presidente de Avalonia, Callisto Mal (voz de Lucy Liu), descobre que o Pando está sendo atacado por uma praga, pondo em perigo todo o fornecimento de energia. E assim Searcher, Meridian e Ethan vão parar no tal mundo estranho do título. Um lugar onde o céu é rosa, os animais são estranhos, alguns deles parecendo bolhas transparentes, e plantas geram eletricidade.

O filme foi buscar suas inspirações em Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne, A Máquina do Tempo e O Homem Invisível de H.G. Wells, os livros de Conan Doyle com Sherlock Holmes, Os Caçadores da Arca Perdida, de Spielberg, King Kong, clássico de 1933, nos quadrinhos de Tintin e nos romances pulp fiction. “Não impusemos fronteiras para a criação deste universo”, admitiu Roy Conli. Don Hall sabe como é raro fazer algo original em uma indústria dominada pela propriedade intelectual conhecida. “É um privilégio e tanto gerar uma história própria e inspirar um grupo de artistas maravilhoso para contá-la.”

Uma princesa polinésia em Moana (2016). Uma heroína do Sudeste Asiático em Raya e o Último Dragão (2021). Uma família colombiana multirracial em Encanto (2021). O Estúdio de Animação Disney vem dando passos mais firmes em direção à diversidade, à representatividade e à inclusão nos últimos anos. Mundo Estranho, dirigido por Don Hall, com codireção de Qui Nguyen, que acaba de estrear no Brasil, é mais uma animação nessa direção, trazendo uma família multirracial e, pela primeira vez, um personagem principal abertamente gay.

“Fazemos filmes para todas as pessoas do globo”, disse Hall em entrevista ao Estadão. “Por isso, queremos que eles tenham ressonância com todos. Diversidade e inclusão são prioridades absolutas, porque queremos que nossas produções reflitam nosso mundo e sejam abraçadas por ele”, completou o diretor, que, em Operação Big Hero (2014), já tinha criado um protagonista birracial, o adolescente Hiro.

O ator Jaboukie Young-White, que se diz queer, dá voz a Ethan, protagonista abertamente gay da animação. Foto: Disney

Em relação à orientação sexual, a Disney tem sido mais cautelosa, recebendo críticas da comunidade por anunciar “seu primeiro personagem LGBT+” a todo momento, apenas para decepcioná-la, quando se trata de uma mera menção ou um pequeno gesto. Mas ser gay faz parte da identidade do adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White). Ele perde o jeito na frente do seu crush e passa vergonha quando o pai se apresenta a Diazo (Jonathan Melo).

“Amamos nossos personagens, cada um deles. Amamos Ethan. Ele é um jovem impressionante, uma alegria, cheio de compaixão. Ser gay é só parte de quem ele é”, afirmou o produtor Roy Conli ao Estadão, ao ser indagado sobre as pessoas que criticam narrativas mais inclusivas.

Ser gay não é o conflito

Para o ator Jaboukie Young-White, que é multirracial e se identifica como queer, foi ótimo interpretar um personagem que não está tentando ser aceito por sua sexualidade nem saindo do armário. “Ethan está descobrindo quem é como um todo, em um ambiente que está pronto para apoiá-lo”, contou, em coletiva de imprensa por videoconferência. Como se trata de um filme da Disney, em seu centro está uma família. Mas seus conflitos não têm nada a ver com Ethan ser ou não gay.

Na animação Mundo Estranho, da Disney, a família Clade vive em Avalonia, um país fictício e meio escondido em um vale. Jaeger (voz de Dennis Quaid na versão original) quer ser definido como um grande explorador e descobridor do que havia além das montanhas. Ele tem certeza de que seu filho Searcher (voz de Jake Gyllenhaal) também é aventureiro e vai seguir seus passos. Mas não. Em uma das expedições, Searcher encontra o Pando, uma planta que fornece energia, e volta para mudar a vida dos habitantes de Avalonia.

Jaeger some. Seu filho vira um feliz fazendeiro, cultivando a planta mágica. Anos depois, o adolescente Ethan (voz de Jaboukie Young-White), filho de Searcher e da piloto Meridian (Gabrielle Union), mostra a mesma vontade de desbravar o mundo do avô, que nunca conheceu.

Família

O conflito, portanto, é geracional. “Quando comecei a pensar em meu próximo filme, ali por 2018, o que estava na minha cabeça eram meus filhos”, contou o diretor Don Hall. “Eu estava pensando muito e bastante profundamente sobre o mundo que eles iam herdar, o que me levou a refletir sobre o mundo que eu herdei do meu pai.” Basicamente, a gênese de Mundo Estranho foi a pergunta: o que significa ser um bom ancestral?

Daí para pensar também em uma mensagem mais geral sobre o planeta que estamos deixando para as próximas gerações foi um pulo. “A coisa mais importante para pensarmos agora é como vivemos neste mundo, sobre o qual temos tanto controle, e como o tornamos habitável ou não. Acredito que estamos em um ponto de virada”, disse Hall. Qui Nguyen apontou como é difícil para os seres humanos pensarem a longo prazo. “Jaeger quer que Searcher seja um explorador porque é a maneira como compreende o mundo, é algo que oferece uma resposta imediata”, disse. “Dá medo deixar seu filho ou filha ser o que eles querem ser, para que o legado cresça por si só. E essa é uma mensagem que serve em termos emocionais e também ambientais. Se você plantar uma semente hoje, não vai ver a árvore crescida amanhã. Mas é melhor ter aquela árvore e deixá-la ser o que precisa ser.”

A animação 'Mundo Estranho' buscou inspirações em clássicos da literatura.  Foto: Disney

Searcher Clade vai precisar sair de sua vidinha pacata para embarcar em uma nova aventura quando a presidente de Avalonia, Callisto Mal (voz de Lucy Liu), descobre que o Pando está sendo atacado por uma praga, pondo em perigo todo o fornecimento de energia. E assim Searcher, Meridian e Ethan vão parar no tal mundo estranho do título. Um lugar onde o céu é rosa, os animais são estranhos, alguns deles parecendo bolhas transparentes, e plantas geram eletricidade.

O filme foi buscar suas inspirações em Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne, A Máquina do Tempo e O Homem Invisível de H.G. Wells, os livros de Conan Doyle com Sherlock Holmes, Os Caçadores da Arca Perdida, de Spielberg, King Kong, clássico de 1933, nos quadrinhos de Tintin e nos romances pulp fiction. “Não impusemos fronteiras para a criação deste universo”, admitiu Roy Conli. Don Hall sabe como é raro fazer algo original em uma indústria dominada pela propriedade intelectual conhecida. “É um privilégio e tanto gerar uma história própria e inspirar um grupo de artistas maravilhoso para contá-la.”

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