Ao som de 'fora Bolsonaro' e com tom político e emotivo, Grande Prêmio do Cinema revela vencedores


'Marighella', sobre o guerrilheiro morto pela ditadura, foi o grande vencedor da noite; Davi Kopenawa foi muito aplaudido

Por Luiz Zanin Oricchio

A cerimônia do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na noite desta quarta-feira, 10, teve tonalidade política do princípio ao fim. Logo na abertura, a atriz Camila Pitanga, que fazia a apresentação ao lado do ator Silvero Pereira, entoou ao microfone: “Lula, queremos você de novo…” E foi muito aplaudida pelo público que lotava a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca.

Nesse clima, o mais político dos concorrentes - o longa Marighella - levou os prêmios principais. Oito troféus Grande Otelo, incluindo os de melhor filme, diretor estreante (Wagner Moura), ator (Seu Jorge), entre outros.

Wagner Moura com elenco e equipe de 'Marighella' no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Roberto Filho
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Wagner Moura subiu diversas vezes ao palco para receber os prêmios por seu filme. Numa das vezes se fez acompanhar por seu filho Bem. O ator - e agora diretor premiado - destacou que começou a carreira de cineasta pelo mais difícil, fazendo uma obra complexa como Marighella, adaptação da biografia escrita pelo jornalista Mario Magalhães. Mas compensou, disse, pois a energia imantada pela memória do guerrilheiro estava lá presente. “É emocionante ver que estamos aqui de volta, juntos”. Disse ainda que estariam juntos quando o atual período político for superado. Alusão às hostilidades do atual governo em relação à classe artística que, no entanto, permanecia unida e ativa.

O tom político prevaleceu durante toda a longa noite, com vários coros de “fora Bolsonaro” entoados à medida que os prêmios iam sendo entregues. O próprio prefeito do Rio, Eduardo Paes, subiu ao palco para registrar que o momento nebuloso que rejeita a cultura e as artes estava perto do fim - alusão à eleição de outubro. 

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Se os prêmios principais de ficção recaíram sobre Marighella, que refaz a trajetória do guerrilheiro assassinado pela ditadura militar em 1969, também como melhor documentário foi escolhido um filme crítico à realidade nacional, A Última Floresta, de Luiz Bolognesi. O diretor recebeu o prêmio em companhia do xamã Yanomami Davi Kopenawa, muitíssimo aplaudido pelo público. Bolognesi destacou que a luta contra a devastação da Amazônia precisa ser feita agora, sob pena de comprometer as futuras gerações. 

O líder indígena Davi Kopenawa ovacionado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Rogerio Resende

Outro que se manifestou politicamente - embora de forma sutil - foi o cineasta Jeferson De, de Doutor Gama. No palco para receber o prêmio de Zezé Motta como melhor coadjuvante, o diretor disse que iria falar 13 vezes o nome da atriz - alusão ao número do Partido dos Trabalhadores. 

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Dira Paes, melhor atriz por Veneza, de Miguel Falabella, fez um discurso emocionado. Assim como Aly Muritiba, que levou o prêmio de melhor roteiro original para o seu Deserto Particular

Mas talvez o momento de maior emoção da noite tenha sido para prêmio de melhor série de ficção para Dom, da Amazon Prime Video, quando os membros da equipe foram receber a estatueta do diretor Breno Silveira, morto prematuramente em maio. Sob Pressão, da Globo, recebeu o troféu de melhor série em TV aberta. 

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Houve prêmios até para o cinema internacional. O melhor filme ibero-americano foi para Ema (Chile), de Pablo Larraín. E o melhor filme internacional para Nomadland (EUA), de Chloe Zhao. 

No total foram distribuídos 32 prêmios (o Oscar concede 23), o que explica a extensão da cerimônia, que começou com 1h15 de atraso e foi terminar de madrugada. 

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Cena do filme Marighella, deWagner Moura Foto: Ariela Bueno

Se Marighella deu a Wagner Moura o troféu de diretor estreante, o veterano Daniel Filho levou o de melhor diretor por seu O Silêncio da Chuva, thriller policial adaptado da obra de Luiz Antonio Garcia-Roza. A melhor comédia foi Depois a Louca Sou Eu, de Julia Rezende.

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O público elegeu o filme O Auto da Boa Mentira, de José Eduardo Belmonte. E o melhor longa infantil foi para Turma da Mônica - Lições, de Daniel Rezende, que, na verdade, concorria apenas com Um Tio Quase Perfeito. Mesmo o longa de animação Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente, de Cesar Cabral, levou uma menção honrosa, embora fosse concorrente único em seu segmento. 

Foi uma festa política e também de celebração. Depois de uma edição presencial realizada no Theatro Municipal de São Paulo e duas transmitidas pela TV Cultura, por causa da pandemia, a cerimônia voltava ao vivo e ao Rio de Janeiro, sua casa original. Celebrava também o início de mandato da primeira presidente mulher da Academia Brasileira de Cinema, a produtora Renata Almeida Magalhães. O tema da noite era uma homenagem às mulheres produtoras de cinema. 

A cerimônia foi transmitida pelo Canal Brasil e teve Simone Zuccolotto na apresentação, junto com uma convidada para os comentários, a atriz Karine Telles. No palco, Camila Pitanga encerrava a noite fazendo o sinal de L com o indicador e o polegar abertos. 

Veja aqui a lista completa dos vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2022.

A cerimônia do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na noite desta quarta-feira, 10, teve tonalidade política do princípio ao fim. Logo na abertura, a atriz Camila Pitanga, que fazia a apresentação ao lado do ator Silvero Pereira, entoou ao microfone: “Lula, queremos você de novo…” E foi muito aplaudida pelo público que lotava a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca.

Nesse clima, o mais político dos concorrentes - o longa Marighella - levou os prêmios principais. Oito troféus Grande Otelo, incluindo os de melhor filme, diretor estreante (Wagner Moura), ator (Seu Jorge), entre outros.

Wagner Moura com elenco e equipe de 'Marighella' no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Roberto Filho

Wagner Moura subiu diversas vezes ao palco para receber os prêmios por seu filme. Numa das vezes se fez acompanhar por seu filho Bem. O ator - e agora diretor premiado - destacou que começou a carreira de cineasta pelo mais difícil, fazendo uma obra complexa como Marighella, adaptação da biografia escrita pelo jornalista Mario Magalhães. Mas compensou, disse, pois a energia imantada pela memória do guerrilheiro estava lá presente. “É emocionante ver que estamos aqui de volta, juntos”. Disse ainda que estariam juntos quando o atual período político for superado. Alusão às hostilidades do atual governo em relação à classe artística que, no entanto, permanecia unida e ativa.

O tom político prevaleceu durante toda a longa noite, com vários coros de “fora Bolsonaro” entoados à medida que os prêmios iam sendo entregues. O próprio prefeito do Rio, Eduardo Paes, subiu ao palco para registrar que o momento nebuloso que rejeita a cultura e as artes estava perto do fim - alusão à eleição de outubro. 

Se os prêmios principais de ficção recaíram sobre Marighella, que refaz a trajetória do guerrilheiro assassinado pela ditadura militar em 1969, também como melhor documentário foi escolhido um filme crítico à realidade nacional, A Última Floresta, de Luiz Bolognesi. O diretor recebeu o prêmio em companhia do xamã Yanomami Davi Kopenawa, muitíssimo aplaudido pelo público. Bolognesi destacou que a luta contra a devastação da Amazônia precisa ser feita agora, sob pena de comprometer as futuras gerações. 

O líder indígena Davi Kopenawa ovacionado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Rogerio Resende

Outro que se manifestou politicamente - embora de forma sutil - foi o cineasta Jeferson De, de Doutor Gama. No palco para receber o prêmio de Zezé Motta como melhor coadjuvante, o diretor disse que iria falar 13 vezes o nome da atriz - alusão ao número do Partido dos Trabalhadores. 

Dira Paes, melhor atriz por Veneza, de Miguel Falabella, fez um discurso emocionado. Assim como Aly Muritiba, que levou o prêmio de melhor roteiro original para o seu Deserto Particular

Mas talvez o momento de maior emoção da noite tenha sido para prêmio de melhor série de ficção para Dom, da Amazon Prime Video, quando os membros da equipe foram receber a estatueta do diretor Breno Silveira, morto prematuramente em maio. Sob Pressão, da Globo, recebeu o troféu de melhor série em TV aberta. 

Houve prêmios até para o cinema internacional. O melhor filme ibero-americano foi para Ema (Chile), de Pablo Larraín. E o melhor filme internacional para Nomadland (EUA), de Chloe Zhao. 

No total foram distribuídos 32 prêmios (o Oscar concede 23), o que explica a extensão da cerimônia, que começou com 1h15 de atraso e foi terminar de madrugada. 

Cena do filme Marighella, deWagner Moura Foto: Ariela Bueno

Se Marighella deu a Wagner Moura o troféu de diretor estreante, o veterano Daniel Filho levou o de melhor diretor por seu O Silêncio da Chuva, thriller policial adaptado da obra de Luiz Antonio Garcia-Roza. A melhor comédia foi Depois a Louca Sou Eu, de Julia Rezende.

O público elegeu o filme O Auto da Boa Mentira, de José Eduardo Belmonte. E o melhor longa infantil foi para Turma da Mônica - Lições, de Daniel Rezende, que, na verdade, concorria apenas com Um Tio Quase Perfeito. Mesmo o longa de animação Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente, de Cesar Cabral, levou uma menção honrosa, embora fosse concorrente único em seu segmento. 

Foi uma festa política e também de celebração. Depois de uma edição presencial realizada no Theatro Municipal de São Paulo e duas transmitidas pela TV Cultura, por causa da pandemia, a cerimônia voltava ao vivo e ao Rio de Janeiro, sua casa original. Celebrava também o início de mandato da primeira presidente mulher da Academia Brasileira de Cinema, a produtora Renata Almeida Magalhães. O tema da noite era uma homenagem às mulheres produtoras de cinema. 

A cerimônia foi transmitida pelo Canal Brasil e teve Simone Zuccolotto na apresentação, junto com uma convidada para os comentários, a atriz Karine Telles. No palco, Camila Pitanga encerrava a noite fazendo o sinal de L com o indicador e o polegar abertos. 

Veja aqui a lista completa dos vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2022.

A cerimônia do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na noite desta quarta-feira, 10, teve tonalidade política do princípio ao fim. Logo na abertura, a atriz Camila Pitanga, que fazia a apresentação ao lado do ator Silvero Pereira, entoou ao microfone: “Lula, queremos você de novo…” E foi muito aplaudida pelo público que lotava a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca.

Nesse clima, o mais político dos concorrentes - o longa Marighella - levou os prêmios principais. Oito troféus Grande Otelo, incluindo os de melhor filme, diretor estreante (Wagner Moura), ator (Seu Jorge), entre outros.

Wagner Moura com elenco e equipe de 'Marighella' no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Roberto Filho

Wagner Moura subiu diversas vezes ao palco para receber os prêmios por seu filme. Numa das vezes se fez acompanhar por seu filho Bem. O ator - e agora diretor premiado - destacou que começou a carreira de cineasta pelo mais difícil, fazendo uma obra complexa como Marighella, adaptação da biografia escrita pelo jornalista Mario Magalhães. Mas compensou, disse, pois a energia imantada pela memória do guerrilheiro estava lá presente. “É emocionante ver que estamos aqui de volta, juntos”. Disse ainda que estariam juntos quando o atual período político for superado. Alusão às hostilidades do atual governo em relação à classe artística que, no entanto, permanecia unida e ativa.

O tom político prevaleceu durante toda a longa noite, com vários coros de “fora Bolsonaro” entoados à medida que os prêmios iam sendo entregues. O próprio prefeito do Rio, Eduardo Paes, subiu ao palco para registrar que o momento nebuloso que rejeita a cultura e as artes estava perto do fim - alusão à eleição de outubro. 

Se os prêmios principais de ficção recaíram sobre Marighella, que refaz a trajetória do guerrilheiro assassinado pela ditadura militar em 1969, também como melhor documentário foi escolhido um filme crítico à realidade nacional, A Última Floresta, de Luiz Bolognesi. O diretor recebeu o prêmio em companhia do xamã Yanomami Davi Kopenawa, muitíssimo aplaudido pelo público. Bolognesi destacou que a luta contra a devastação da Amazônia precisa ser feita agora, sob pena de comprometer as futuras gerações. 

O líder indígena Davi Kopenawa ovacionado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Rogerio Resende

Outro que se manifestou politicamente - embora de forma sutil - foi o cineasta Jeferson De, de Doutor Gama. No palco para receber o prêmio de Zezé Motta como melhor coadjuvante, o diretor disse que iria falar 13 vezes o nome da atriz - alusão ao número do Partido dos Trabalhadores. 

Dira Paes, melhor atriz por Veneza, de Miguel Falabella, fez um discurso emocionado. Assim como Aly Muritiba, que levou o prêmio de melhor roteiro original para o seu Deserto Particular

Mas talvez o momento de maior emoção da noite tenha sido para prêmio de melhor série de ficção para Dom, da Amazon Prime Video, quando os membros da equipe foram receber a estatueta do diretor Breno Silveira, morto prematuramente em maio. Sob Pressão, da Globo, recebeu o troféu de melhor série em TV aberta. 

Houve prêmios até para o cinema internacional. O melhor filme ibero-americano foi para Ema (Chile), de Pablo Larraín. E o melhor filme internacional para Nomadland (EUA), de Chloe Zhao. 

No total foram distribuídos 32 prêmios (o Oscar concede 23), o que explica a extensão da cerimônia, que começou com 1h15 de atraso e foi terminar de madrugada. 

Cena do filme Marighella, deWagner Moura Foto: Ariela Bueno

Se Marighella deu a Wagner Moura o troféu de diretor estreante, o veterano Daniel Filho levou o de melhor diretor por seu O Silêncio da Chuva, thriller policial adaptado da obra de Luiz Antonio Garcia-Roza. A melhor comédia foi Depois a Louca Sou Eu, de Julia Rezende.

O público elegeu o filme O Auto da Boa Mentira, de José Eduardo Belmonte. E o melhor longa infantil foi para Turma da Mônica - Lições, de Daniel Rezende, que, na verdade, concorria apenas com Um Tio Quase Perfeito. Mesmo o longa de animação Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente, de Cesar Cabral, levou uma menção honrosa, embora fosse concorrente único em seu segmento. 

Foi uma festa política e também de celebração. Depois de uma edição presencial realizada no Theatro Municipal de São Paulo e duas transmitidas pela TV Cultura, por causa da pandemia, a cerimônia voltava ao vivo e ao Rio de Janeiro, sua casa original. Celebrava também o início de mandato da primeira presidente mulher da Academia Brasileira de Cinema, a produtora Renata Almeida Magalhães. O tema da noite era uma homenagem às mulheres produtoras de cinema. 

A cerimônia foi transmitida pelo Canal Brasil e teve Simone Zuccolotto na apresentação, junto com uma convidada para os comentários, a atriz Karine Telles. No palco, Camila Pitanga encerrava a noite fazendo o sinal de L com o indicador e o polegar abertos. 

Veja aqui a lista completa dos vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2022.

A cerimônia do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na noite desta quarta-feira, 10, teve tonalidade política do princípio ao fim. Logo na abertura, a atriz Camila Pitanga, que fazia a apresentação ao lado do ator Silvero Pereira, entoou ao microfone: “Lula, queremos você de novo…” E foi muito aplaudida pelo público que lotava a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca.

Nesse clima, o mais político dos concorrentes - o longa Marighella - levou os prêmios principais. Oito troféus Grande Otelo, incluindo os de melhor filme, diretor estreante (Wagner Moura), ator (Seu Jorge), entre outros.

Wagner Moura com elenco e equipe de 'Marighella' no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Roberto Filho

Wagner Moura subiu diversas vezes ao palco para receber os prêmios por seu filme. Numa das vezes se fez acompanhar por seu filho Bem. O ator - e agora diretor premiado - destacou que começou a carreira de cineasta pelo mais difícil, fazendo uma obra complexa como Marighella, adaptação da biografia escrita pelo jornalista Mario Magalhães. Mas compensou, disse, pois a energia imantada pela memória do guerrilheiro estava lá presente. “É emocionante ver que estamos aqui de volta, juntos”. Disse ainda que estariam juntos quando o atual período político for superado. Alusão às hostilidades do atual governo em relação à classe artística que, no entanto, permanecia unida e ativa.

O tom político prevaleceu durante toda a longa noite, com vários coros de “fora Bolsonaro” entoados à medida que os prêmios iam sendo entregues. O próprio prefeito do Rio, Eduardo Paes, subiu ao palco para registrar que o momento nebuloso que rejeita a cultura e as artes estava perto do fim - alusão à eleição de outubro. 

Se os prêmios principais de ficção recaíram sobre Marighella, que refaz a trajetória do guerrilheiro assassinado pela ditadura militar em 1969, também como melhor documentário foi escolhido um filme crítico à realidade nacional, A Última Floresta, de Luiz Bolognesi. O diretor recebeu o prêmio em companhia do xamã Yanomami Davi Kopenawa, muitíssimo aplaudido pelo público. Bolognesi destacou que a luta contra a devastação da Amazônia precisa ser feita agora, sob pena de comprometer as futuras gerações. 

O líder indígena Davi Kopenawa ovacionado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro Foto: Rogerio Resende

Outro que se manifestou politicamente - embora de forma sutil - foi o cineasta Jeferson De, de Doutor Gama. No palco para receber o prêmio de Zezé Motta como melhor coadjuvante, o diretor disse que iria falar 13 vezes o nome da atriz - alusão ao número do Partido dos Trabalhadores. 

Dira Paes, melhor atriz por Veneza, de Miguel Falabella, fez um discurso emocionado. Assim como Aly Muritiba, que levou o prêmio de melhor roteiro original para o seu Deserto Particular

Mas talvez o momento de maior emoção da noite tenha sido para prêmio de melhor série de ficção para Dom, da Amazon Prime Video, quando os membros da equipe foram receber a estatueta do diretor Breno Silveira, morto prematuramente em maio. Sob Pressão, da Globo, recebeu o troféu de melhor série em TV aberta. 

Houve prêmios até para o cinema internacional. O melhor filme ibero-americano foi para Ema (Chile), de Pablo Larraín. E o melhor filme internacional para Nomadland (EUA), de Chloe Zhao. 

No total foram distribuídos 32 prêmios (o Oscar concede 23), o que explica a extensão da cerimônia, que começou com 1h15 de atraso e foi terminar de madrugada. 

Cena do filme Marighella, deWagner Moura Foto: Ariela Bueno

Se Marighella deu a Wagner Moura o troféu de diretor estreante, o veterano Daniel Filho levou o de melhor diretor por seu O Silêncio da Chuva, thriller policial adaptado da obra de Luiz Antonio Garcia-Roza. A melhor comédia foi Depois a Louca Sou Eu, de Julia Rezende.

O público elegeu o filme O Auto da Boa Mentira, de José Eduardo Belmonte. E o melhor longa infantil foi para Turma da Mônica - Lições, de Daniel Rezende, que, na verdade, concorria apenas com Um Tio Quase Perfeito. Mesmo o longa de animação Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente, de Cesar Cabral, levou uma menção honrosa, embora fosse concorrente único em seu segmento. 

Foi uma festa política e também de celebração. Depois de uma edição presencial realizada no Theatro Municipal de São Paulo e duas transmitidas pela TV Cultura, por causa da pandemia, a cerimônia voltava ao vivo e ao Rio de Janeiro, sua casa original. Celebrava também o início de mandato da primeira presidente mulher da Academia Brasileira de Cinema, a produtora Renata Almeida Magalhães. O tema da noite era uma homenagem às mulheres produtoras de cinema. 

A cerimônia foi transmitida pelo Canal Brasil e teve Simone Zuccolotto na apresentação, junto com uma convidada para os comentários, a atriz Karine Telles. No palco, Camila Pitanga encerrava a noite fazendo o sinal de L com o indicador e o polegar abertos. 

Veja aqui a lista completa dos vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2022.

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