O cinema francês deu a Roman Polanski nesta sexta-feira, 28, o prêmio César de melhor direção pelo filme J'accuse, mesmo com os crescentes protestos dos que rejeitam que se siga aplaudindo um diretor acusado de violação sexual.
Os Miseráveis, que faz uma radiografia do subúrbio parisiense, recebeu o prêmio César de melhor filme. J'accuse, sobre o histórico caso Dreyfus, e Os Miseráveis eram os dois grandes favoritos, con 12 indicações cada um.
J'accuse também ganhou os prêmios de roteiro adaptado, para Polanski e Robert Harris, e melhor figurino. A atriz Emmanuelle Bercot e a diretora Claire Denis receberam o trófeu de melhor direção representando Polanski.
Logo após ser anunciada a vitória de Polanski, que decidiu não assistir ao prêmio, Adele Haenel, primeira atriz francesa de renome que denunciou ter sido vítima de abuso sexual na indústria, abandonou a sala Pleyel de Paris onde se celebrava a cerimônia.
"Que vergonha!", disse ao sair, seguida por vários outros espectadores. "Premiar Polanski é cuspir na cara de todas as vítimas. Equivale a dizer: 'não é tão grave violentar mulheres'", havia declarado a atriz em uma entrevista ao The New York Times.
"Lamento tomar esta decisão, a de não enfrentar um tribunal de opinião autoproclamado disposto a pisotear os princípios do Estado de direito para que o irracional triunfe novamente", afirmou Polanski, de 86 anos, em comunicado no qual dizia não comparecer à cerimônia do César. "Tenho que proteger minha família, minha mulher e meus filhos, que são submetidos a ofensas, afrontas", completa.