‘Os segredos do universo por Aristóteles e Dante’ adapta best-seller romântico com sensibilidade


Atores talentosos e subtextos da história ajudam a tornar mais ampla e complexa a mensagem do filme ao público, acostumado com narrativas similares recentes de relações juvenis

Por Matheus Mans
Atualização:

Um dos protagonistas se chama Aristóteles. Outro, Dante. E acredite: esta não é uma história rebuscada, um drama, nada disso. O longa-metragem protagonizado por personagens com esses nomes improváveis, e que estreia nesta quinta-feira, 30 de novembro, é o romance adolescente Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante.

Dirigido pela americana Aitch Alberto (de Hara Kiri), o filme é a adaptação, aguardada há anos, do livro de Benjamin Alire Sáenz, que virou fenômeno editorial e best-seller global. O motivo do sucesso dessa história nas páginas dos livros é a verdade em sua narrativa sobre esses dois rapazes, Aristóteles (Max Pelayo) e Dante (Reese Gonzales), que se conhecem no verão dos anos 1980 e passam a conviver com sentimentos conflitantes.

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É amor? É amizade? A resposta não é tão simples, dada a conexão peculiar entre eles – algo que lembra um pouco a animação Luca, da Pixar, ainda que voltada para um público mais velho.

LEIA TAMBÉM: Disney+ dá sequência a ‘Luca’ no curta ‘Oi, Alberto’

Amor nas entrelinhas

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Reese Gonzales e Max Pelayo em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, para começo de conversa, a adaptação comandada por Aitch, tanto no roteiro quanto na direção, consegue colocar a essência do livro na tela. O texto do filme não tem o desejo de trazer absolutamente tudo que é contado nas páginas, mas deixar muita coisa subentendida. Isso traz riqueza para dentro da produção, que se torna rapidamente mais sensível na forma com que os dois personagens se relacionam e se compreendem aos poucos.

LEIA MAIS: Quer entender a geração Z? Assista a Heartstopper. Uma das melhores séries da Netflix ensina a viver

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Claro que muitas coisas que funcionam no livro não têm o mesmo efeito aqui. Algumas das cartas trocadas entre os protagonistas se aproximam do ridículo, mas o filme não deixa se contaminar. Afinal, após essa escolha de não deixar tudo exposto, como se fosse necessário colocar até mesmo a narração na telona, a leveza do relacionamento entre os dois personagens é o que ganha espaço, sempre com a sensibilidade como norte da trama.

As discussões raciais e até de entendimento sexual dos personagens, ainda que muitas vezes não sejam explícitas e fiquem restritas ao gestual empregado por Pelayo e Gonzales, também ajuda a dar textura para o longa-metragem. Poderia ser mais profunda? Claro. Mas o encontro desses dois rapazes, de ascendência latina, tentando compreender como se amam, ajuda a dar certa complexidade para algo que poderia ser banal, convencional.

Reese Gonzales é Dante em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação
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Uma estética em comum

Uma pena, porém, que Aitch Alberto pareça ter um desejo de se aproximar de outras obras que já vimos com temáticas parecidas, como Com Amor, Simon e Alex Strangelove. Há uma espécie de estética comum entre esses filmes adolescentes românticos, com personagens LGBTQIA+, deixando-os um tanto quanto pasteurizados. Depois de assistir a Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante, fica a sensação de ser uma coisa só.

Com tanta coisa específica que essa história de Dante e Aristóteles traz, como as cartas, a descoberta da sexualidade e a ascendência latina, a diretora poderia ter mudando o foco ou o estilo da produção, priorizando características e aspectos visuais novos.

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Oras, é frustrante, na tela, ter Dante, o personagem mais interessante e bem resolvido da produção, longe por um longuíssimo período da tela. Será que o roteiro não poderia ter brincado mais com a nossa visão, como espectadores, passeando em diferentes tempos e lugares? Ou será que as cartas, que não funcionam tão bem aqui, deveriam ter outra linguagem estética, beneficiando mais a discussão sobre sexualidade entre os rapazes?

Max Pelayo, como Aristóteles, e Reese Gonzales, como Dante em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante', lançamento de 30 de novembro  Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, ainda que haja essa pasteurização estética, duas coisas ajudam o filme a se manter em uma qualidade acima da média. Primeiramente, a fotografia, que ajuda a dar a dimensão do drama que Aristóteles está vivendo enquanto tenta se entender como pessoa – o primeiro contato com Dante, visto debaixo da água, já ajuda a dar essa compreensão.

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Mas, acima de tudo, temos dois grandes atores aqui. Pelayo e González contam com pouca experiência, mas ajudam a dar profundidade aos personagens, mesmo com a estética jogando contra em vários momentos.

Da metade pro final, quando as cartas se tornam cansativas e a trama fica desencontrada, as atuações salvam o filme do marasmo. E no final, quando as coisas se encontram, a emoção acontece e os erros ficam pra trás.

Cena da piscina em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' é uma das mais emblemáticas do filme Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Um dos protagonistas se chama Aristóteles. Outro, Dante. E acredite: esta não é uma história rebuscada, um drama, nada disso. O longa-metragem protagonizado por personagens com esses nomes improváveis, e que estreia nesta quinta-feira, 30 de novembro, é o romance adolescente Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante.

Dirigido pela americana Aitch Alberto (de Hara Kiri), o filme é a adaptação, aguardada há anos, do livro de Benjamin Alire Sáenz, que virou fenômeno editorial e best-seller global. O motivo do sucesso dessa história nas páginas dos livros é a verdade em sua narrativa sobre esses dois rapazes, Aristóteles (Max Pelayo) e Dante (Reese Gonzales), que se conhecem no verão dos anos 1980 e passam a conviver com sentimentos conflitantes.

É amor? É amizade? A resposta não é tão simples, dada a conexão peculiar entre eles – algo que lembra um pouco a animação Luca, da Pixar, ainda que voltada para um público mais velho.

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Amor nas entrelinhas

Reese Gonzales e Max Pelayo em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, para começo de conversa, a adaptação comandada por Aitch, tanto no roteiro quanto na direção, consegue colocar a essência do livro na tela. O texto do filme não tem o desejo de trazer absolutamente tudo que é contado nas páginas, mas deixar muita coisa subentendida. Isso traz riqueza para dentro da produção, que se torna rapidamente mais sensível na forma com que os dois personagens se relacionam e se compreendem aos poucos.

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Claro que muitas coisas que funcionam no livro não têm o mesmo efeito aqui. Algumas das cartas trocadas entre os protagonistas se aproximam do ridículo, mas o filme não deixa se contaminar. Afinal, após essa escolha de não deixar tudo exposto, como se fosse necessário colocar até mesmo a narração na telona, a leveza do relacionamento entre os dois personagens é o que ganha espaço, sempre com a sensibilidade como norte da trama.

As discussões raciais e até de entendimento sexual dos personagens, ainda que muitas vezes não sejam explícitas e fiquem restritas ao gestual empregado por Pelayo e Gonzales, também ajuda a dar textura para o longa-metragem. Poderia ser mais profunda? Claro. Mas o encontro desses dois rapazes, de ascendência latina, tentando compreender como se amam, ajuda a dar certa complexidade para algo que poderia ser banal, convencional.

Reese Gonzales é Dante em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Uma estética em comum

Uma pena, porém, que Aitch Alberto pareça ter um desejo de se aproximar de outras obras que já vimos com temáticas parecidas, como Com Amor, Simon e Alex Strangelove. Há uma espécie de estética comum entre esses filmes adolescentes românticos, com personagens LGBTQIA+, deixando-os um tanto quanto pasteurizados. Depois de assistir a Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante, fica a sensação de ser uma coisa só.

Com tanta coisa específica que essa história de Dante e Aristóteles traz, como as cartas, a descoberta da sexualidade e a ascendência latina, a diretora poderia ter mudando o foco ou o estilo da produção, priorizando características e aspectos visuais novos.

Oras, é frustrante, na tela, ter Dante, o personagem mais interessante e bem resolvido da produção, longe por um longuíssimo período da tela. Será que o roteiro não poderia ter brincado mais com a nossa visão, como espectadores, passeando em diferentes tempos e lugares? Ou será que as cartas, que não funcionam tão bem aqui, deveriam ter outra linguagem estética, beneficiando mais a discussão sobre sexualidade entre os rapazes?

Max Pelayo, como Aristóteles, e Reese Gonzales, como Dante em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante', lançamento de 30 de novembro  Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, ainda que haja essa pasteurização estética, duas coisas ajudam o filme a se manter em uma qualidade acima da média. Primeiramente, a fotografia, que ajuda a dar a dimensão do drama que Aristóteles está vivendo enquanto tenta se entender como pessoa – o primeiro contato com Dante, visto debaixo da água, já ajuda a dar essa compreensão.

Mas, acima de tudo, temos dois grandes atores aqui. Pelayo e González contam com pouca experiência, mas ajudam a dar profundidade aos personagens, mesmo com a estética jogando contra em vários momentos.

Da metade pro final, quando as cartas se tornam cansativas e a trama fica desencontrada, as atuações salvam o filme do marasmo. E no final, quando as coisas se encontram, a emoção acontece e os erros ficam pra trás.

Cena da piscina em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' é uma das mais emblemáticas do filme Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Um dos protagonistas se chama Aristóteles. Outro, Dante. E acredite: esta não é uma história rebuscada, um drama, nada disso. O longa-metragem protagonizado por personagens com esses nomes improváveis, e que estreia nesta quinta-feira, 30 de novembro, é o romance adolescente Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante.

Dirigido pela americana Aitch Alberto (de Hara Kiri), o filme é a adaptação, aguardada há anos, do livro de Benjamin Alire Sáenz, que virou fenômeno editorial e best-seller global. O motivo do sucesso dessa história nas páginas dos livros é a verdade em sua narrativa sobre esses dois rapazes, Aristóteles (Max Pelayo) e Dante (Reese Gonzales), que se conhecem no verão dos anos 1980 e passam a conviver com sentimentos conflitantes.

É amor? É amizade? A resposta não é tão simples, dada a conexão peculiar entre eles – algo que lembra um pouco a animação Luca, da Pixar, ainda que voltada para um público mais velho.

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Amor nas entrelinhas

Reese Gonzales e Max Pelayo em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, para começo de conversa, a adaptação comandada por Aitch, tanto no roteiro quanto na direção, consegue colocar a essência do livro na tela. O texto do filme não tem o desejo de trazer absolutamente tudo que é contado nas páginas, mas deixar muita coisa subentendida. Isso traz riqueza para dentro da produção, que se torna rapidamente mais sensível na forma com que os dois personagens se relacionam e se compreendem aos poucos.

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Claro que muitas coisas que funcionam no livro não têm o mesmo efeito aqui. Algumas das cartas trocadas entre os protagonistas se aproximam do ridículo, mas o filme não deixa se contaminar. Afinal, após essa escolha de não deixar tudo exposto, como se fosse necessário colocar até mesmo a narração na telona, a leveza do relacionamento entre os dois personagens é o que ganha espaço, sempre com a sensibilidade como norte da trama.

As discussões raciais e até de entendimento sexual dos personagens, ainda que muitas vezes não sejam explícitas e fiquem restritas ao gestual empregado por Pelayo e Gonzales, também ajuda a dar textura para o longa-metragem. Poderia ser mais profunda? Claro. Mas o encontro desses dois rapazes, de ascendência latina, tentando compreender como se amam, ajuda a dar certa complexidade para algo que poderia ser banal, convencional.

Reese Gonzales é Dante em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Uma estética em comum

Uma pena, porém, que Aitch Alberto pareça ter um desejo de se aproximar de outras obras que já vimos com temáticas parecidas, como Com Amor, Simon e Alex Strangelove. Há uma espécie de estética comum entre esses filmes adolescentes românticos, com personagens LGBTQIA+, deixando-os um tanto quanto pasteurizados. Depois de assistir a Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante, fica a sensação de ser uma coisa só.

Com tanta coisa específica que essa história de Dante e Aristóteles traz, como as cartas, a descoberta da sexualidade e a ascendência latina, a diretora poderia ter mudando o foco ou o estilo da produção, priorizando características e aspectos visuais novos.

Oras, é frustrante, na tela, ter Dante, o personagem mais interessante e bem resolvido da produção, longe por um longuíssimo período da tela. Será que o roteiro não poderia ter brincado mais com a nossa visão, como espectadores, passeando em diferentes tempos e lugares? Ou será que as cartas, que não funcionam tão bem aqui, deveriam ter outra linguagem estética, beneficiando mais a discussão sobre sexualidade entre os rapazes?

Max Pelayo, como Aristóteles, e Reese Gonzales, como Dante em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante', lançamento de 30 de novembro  Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, ainda que haja essa pasteurização estética, duas coisas ajudam o filme a se manter em uma qualidade acima da média. Primeiramente, a fotografia, que ajuda a dar a dimensão do drama que Aristóteles está vivendo enquanto tenta se entender como pessoa – o primeiro contato com Dante, visto debaixo da água, já ajuda a dar essa compreensão.

Mas, acima de tudo, temos dois grandes atores aqui. Pelayo e González contam com pouca experiência, mas ajudam a dar profundidade aos personagens, mesmo com a estética jogando contra em vários momentos.

Da metade pro final, quando as cartas se tornam cansativas e a trama fica desencontrada, as atuações salvam o filme do marasmo. E no final, quando as coisas se encontram, a emoção acontece e os erros ficam pra trás.

Cena da piscina em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' é uma das mais emblemáticas do filme Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Um dos protagonistas se chama Aristóteles. Outro, Dante. E acredite: esta não é uma história rebuscada, um drama, nada disso. O longa-metragem protagonizado por personagens com esses nomes improváveis, e que estreia nesta quinta-feira, 30 de novembro, é o romance adolescente Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante.

Dirigido pela americana Aitch Alberto (de Hara Kiri), o filme é a adaptação, aguardada há anos, do livro de Benjamin Alire Sáenz, que virou fenômeno editorial e best-seller global. O motivo do sucesso dessa história nas páginas dos livros é a verdade em sua narrativa sobre esses dois rapazes, Aristóteles (Max Pelayo) e Dante (Reese Gonzales), que se conhecem no verão dos anos 1980 e passam a conviver com sentimentos conflitantes.

É amor? É amizade? A resposta não é tão simples, dada a conexão peculiar entre eles – algo que lembra um pouco a animação Luca, da Pixar, ainda que voltada para um público mais velho.

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Amor nas entrelinhas

Reese Gonzales e Max Pelayo em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, para começo de conversa, a adaptação comandada por Aitch, tanto no roteiro quanto na direção, consegue colocar a essência do livro na tela. O texto do filme não tem o desejo de trazer absolutamente tudo que é contado nas páginas, mas deixar muita coisa subentendida. Isso traz riqueza para dentro da produção, que se torna rapidamente mais sensível na forma com que os dois personagens se relacionam e se compreendem aos poucos.

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Claro que muitas coisas que funcionam no livro não têm o mesmo efeito aqui. Algumas das cartas trocadas entre os protagonistas se aproximam do ridículo, mas o filme não deixa se contaminar. Afinal, após essa escolha de não deixar tudo exposto, como se fosse necessário colocar até mesmo a narração na telona, a leveza do relacionamento entre os dois personagens é o que ganha espaço, sempre com a sensibilidade como norte da trama.

As discussões raciais e até de entendimento sexual dos personagens, ainda que muitas vezes não sejam explícitas e fiquem restritas ao gestual empregado por Pelayo e Gonzales, também ajuda a dar textura para o longa-metragem. Poderia ser mais profunda? Claro. Mas o encontro desses dois rapazes, de ascendência latina, tentando compreender como se amam, ajuda a dar certa complexidade para algo que poderia ser banal, convencional.

Reese Gonzales é Dante em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Uma estética em comum

Uma pena, porém, que Aitch Alberto pareça ter um desejo de se aproximar de outras obras que já vimos com temáticas parecidas, como Com Amor, Simon e Alex Strangelove. Há uma espécie de estética comum entre esses filmes adolescentes românticos, com personagens LGBTQIA+, deixando-os um tanto quanto pasteurizados. Depois de assistir a Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante, fica a sensação de ser uma coisa só.

Com tanta coisa específica que essa história de Dante e Aristóteles traz, como as cartas, a descoberta da sexualidade e a ascendência latina, a diretora poderia ter mudando o foco ou o estilo da produção, priorizando características e aspectos visuais novos.

Oras, é frustrante, na tela, ter Dante, o personagem mais interessante e bem resolvido da produção, longe por um longuíssimo período da tela. Será que o roteiro não poderia ter brincado mais com a nossa visão, como espectadores, passeando em diferentes tempos e lugares? Ou será que as cartas, que não funcionam tão bem aqui, deveriam ter outra linguagem estética, beneficiando mais a discussão sobre sexualidade entre os rapazes?

Max Pelayo, como Aristóteles, e Reese Gonzales, como Dante em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante', lançamento de 30 de novembro  Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, ainda que haja essa pasteurização estética, duas coisas ajudam o filme a se manter em uma qualidade acima da média. Primeiramente, a fotografia, que ajuda a dar a dimensão do drama que Aristóteles está vivendo enquanto tenta se entender como pessoa – o primeiro contato com Dante, visto debaixo da água, já ajuda a dar essa compreensão.

Mas, acima de tudo, temos dois grandes atores aqui. Pelayo e González contam com pouca experiência, mas ajudam a dar profundidade aos personagens, mesmo com a estética jogando contra em vários momentos.

Da metade pro final, quando as cartas se tornam cansativas e a trama fica desencontrada, as atuações salvam o filme do marasmo. E no final, quando as coisas se encontram, a emoção acontece e os erros ficam pra trás.

Cena da piscina em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' é uma das mais emblemáticas do filme Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Um dos protagonistas se chama Aristóteles. Outro, Dante. E acredite: esta não é uma história rebuscada, um drama, nada disso. O longa-metragem protagonizado por personagens com esses nomes improváveis, e que estreia nesta quinta-feira, 30 de novembro, é o romance adolescente Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante.

Dirigido pela americana Aitch Alberto (de Hara Kiri), o filme é a adaptação, aguardada há anos, do livro de Benjamin Alire Sáenz, que virou fenômeno editorial e best-seller global. O motivo do sucesso dessa história nas páginas dos livros é a verdade em sua narrativa sobre esses dois rapazes, Aristóteles (Max Pelayo) e Dante (Reese Gonzales), que se conhecem no verão dos anos 1980 e passam a conviver com sentimentos conflitantes.

É amor? É amizade? A resposta não é tão simples, dada a conexão peculiar entre eles – algo que lembra um pouco a animação Luca, da Pixar, ainda que voltada para um público mais velho.

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Reese Gonzales e Max Pelayo em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, para começo de conversa, a adaptação comandada por Aitch, tanto no roteiro quanto na direção, consegue colocar a essência do livro na tela. O texto do filme não tem o desejo de trazer absolutamente tudo que é contado nas páginas, mas deixar muita coisa subentendida. Isso traz riqueza para dentro da produção, que se torna rapidamente mais sensível na forma com que os dois personagens se relacionam e se compreendem aos poucos.

LEIA MAIS: Quer entender a geração Z? Assista a Heartstopper. Uma das melhores séries da Netflix ensina a viver

Claro que muitas coisas que funcionam no livro não têm o mesmo efeito aqui. Algumas das cartas trocadas entre os protagonistas se aproximam do ridículo, mas o filme não deixa se contaminar. Afinal, após essa escolha de não deixar tudo exposto, como se fosse necessário colocar até mesmo a narração na telona, a leveza do relacionamento entre os dois personagens é o que ganha espaço, sempre com a sensibilidade como norte da trama.

As discussões raciais e até de entendimento sexual dos personagens, ainda que muitas vezes não sejam explícitas e fiquem restritas ao gestual empregado por Pelayo e Gonzales, também ajuda a dar textura para o longa-metragem. Poderia ser mais profunda? Claro. Mas o encontro desses dois rapazes, de ascendência latina, tentando compreender como se amam, ajuda a dar certa complexidade para algo que poderia ser banal, convencional.

Reese Gonzales é Dante em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Uma estética em comum

Uma pena, porém, que Aitch Alberto pareça ter um desejo de se aproximar de outras obras que já vimos com temáticas parecidas, como Com Amor, Simon e Alex Strangelove. Há uma espécie de estética comum entre esses filmes adolescentes românticos, com personagens LGBTQIA+, deixando-os um tanto quanto pasteurizados. Depois de assistir a Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante, fica a sensação de ser uma coisa só.

Com tanta coisa específica que essa história de Dante e Aristóteles traz, como as cartas, a descoberta da sexualidade e a ascendência latina, a diretora poderia ter mudando o foco ou o estilo da produção, priorizando características e aspectos visuais novos.

Oras, é frustrante, na tela, ter Dante, o personagem mais interessante e bem resolvido da produção, longe por um longuíssimo período da tela. Será que o roteiro não poderia ter brincado mais com a nossa visão, como espectadores, passeando em diferentes tempos e lugares? Ou será que as cartas, que não funcionam tão bem aqui, deveriam ter outra linguagem estética, beneficiando mais a discussão sobre sexualidade entre os rapazes?

Max Pelayo, como Aristóteles, e Reese Gonzales, como Dante em cena de 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante', lançamento de 30 de novembro  Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

Felizmente, ainda que haja essa pasteurização estética, duas coisas ajudam o filme a se manter em uma qualidade acima da média. Primeiramente, a fotografia, que ajuda a dar a dimensão do drama que Aristóteles está vivendo enquanto tenta se entender como pessoa – o primeiro contato com Dante, visto debaixo da água, já ajuda a dar essa compreensão.

Mas, acima de tudo, temos dois grandes atores aqui. Pelayo e González contam com pouca experiência, mas ajudam a dar profundidade aos personagens, mesmo com a estética jogando contra em vários momentos.

Da metade pro final, quando as cartas se tornam cansativas e a trama fica desencontrada, as atuações salvam o filme do marasmo. E no final, quando as coisas se encontram, a emoção acontece e os erros ficam pra trás.

Cena da piscina em 'Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante' é uma das mais emblemáticas do filme Foto: Blue Fox Entertainment/Divulgação

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