LOS ANGELES - Keanu Reeves fez comédias escrachadas (Bill e Ted – Uma Aventura Fantástica), dramas conceituados (Garotos de Programa) e até interpretou Buda (O Pequeno Buda). Mas não há dúvida que, desde 1991, quando estrelou Caçadores de Emoção, de Kathryn Bigelow, ao lado de Patrick Swayze, virou um dos grandes astros de filmes de ação, fazendo papéis icônicos em Velocidade Máxima e na trilogia Matrix. Depois de alguns anos afastado do gênero, ele voltou à boa forma em John Wick e repete o papel em John Wick – Um Novo Dia para Matar, de Chad Stahelski. No novo filme, um mafioso (Riccardo Scamarcio) lhe cobra uma dívida, e o assassino de aluguel precisa adiar seu sonho da aposentadoria. Reeves falou com o Estado em Los Angeles:
Você é atingido por carros muitas vezes na primeira sequência. Como foi? Acho que é parte do charme ou da diversão com John Wick, porque ele é atingido por carros, leva surras, é jogado através de janelas, toma tiros. Chad Stahelski realmente gosta de bater em John Wick. É divertido. Ele continua sempre se levantando.
John Wick nunca sorri nem ri, esta sempre triste. Como lida com isso? A mulher dele morreu. Tem um monte de gente atrás dele tentando matá-lo. Poxa! O personagem é delicioso. As cenas são divertidas. Ele é sério, mas não me sinto pesado quando o interpreto. Não sinto vontade de assistir a uma comédia para rebater, ou olhar para o sol e sorrir.
Quando você começou sua carreira, pensou que um dia seria um astro de filmes de ação? Não. Mas sempre gostei de usar meu corpo na atuação. Mesmo quando estava estudando teatro, sempre gostei das lutas de espada. Mas devo isso a Kathryn Bigelow, que me escalou em Caçadores de Emoção e me deu oportunidade de fazer um filme de ação. E aliás adoro esse tipo de filme.
Você jogava hóquei quando jovem. Acha que isso ajudou na sua carreira de alguma forma? Com certeza. O esporte definitivamente influenciou muito quem sou e como sou, o que posso fazer. Só de jogar hóquei, basquetebol ou simplesmente correr por aí, aprendi a competir e ser disciplinado.
Acho que nesse ponto de sua carreira você já praticou todo tipo de artes marciais. Não, não. Ainda faltam algumas. Gostaria de praticar arco e flecha, talvez tentasse a brasileira, a capoeira, deve ser uma loucura.
Como foi trabalhar de novo com Laurence Fishburne, depois de Matrix? O papel do rei do Bowery foi escrito para Laurence, mas ele não sabia. Foi muito legal trabalhar com ele de novo. Somos amigos, ele é uma lenda extraordinária. Mas não teve nenhuma referência proposital a Matrix.
Entende a paixão de John Wick por seu carro? Sim. Eu tinha esse Porsche, que foi roubado. Estivemos em algumas aventuras. É típico ter afeição por seu meio de transporte, especialmente se curte a estética e apega-se às memórias. Acho que é por isso que John Wick quer o carro de volta, por causa das lembranças e da carta de sua mulher que ficou lá dentro.
Tem algum tipo de projeto que gostaria de fazer? Um musical. Nunca vai acontecer, não sei cantar nada. Mas de repente eles podem dublar minha voz. Poderia fazer um musical com dublagem!
Entende a vontade de se aposentar? Acha que vai passar pela sua cabeça algum dia? Ainda não. Eu ainda acho que estou lutando por uma carreira. Mas penso por quanto tempo vou ter a chance de continuar fazendo. Vejo Al Pacino, que está nos seus 70 e muitos e acaba de fazer uma temporada no teatro de Pasadena. Não sei se vou ser esse cara. Não sei se vai acontecer. Talvez.